2003/07/16

Ralis

Gosto muito de Ralis. Para quem não conhece, explico que são corridas de automóveis, disputadas nas estradas normais - e não em pista - que se encontram, naturalmente fechadas para o efeito. Nestas provas os participantes não competem directamente uns com os outros, mas com o cronómetro. Grosso modo, quem fizer menos tempo, ganha!

De acrescentar que em cada carro vão duas pessoas: o piloto, que "pilota", e o navegador, que não "navega" lá grande coisa, mas dá as indicações sobre a sinuosidade da estrada, para que mais rápido o piloto possa ser.

Como se pode calcular pela natureza da coisa, é uma actividade dispendiosa; tanto que, até hoje, nunca tive possibilidades de participar num, a conduzir.

Mas, há uma nuance; os navegadores, normalmente, não pagam nada, e alguns até são pagos para correr. Estão a pensar o mesmo que eu? Claro! Em 1987 arranjei um piloto e, daí para cá, tenho feito Ralis sem pagar um tostão, com toda a gente que se dispõe a levar-me ao lado.

Modéstia à parte, não é uma função despicienda; muitas vezes vai-se depressa (algumas até demasiado depressa), mas o navegador experimentado tem que manter a calma para, enquanto a paisagem desfila, manter o olhar nas notas de andamento, por forma a optimizar o rendimento da equipa. É daquelas coisas que não dá para descrever - só experimentando! (pois, exactamente como isso que pensaram!)

Porque é que me deu para falar disto hoje? Porque nós, o grupo de "alienados" que gostamos de fazer Ralis, não pensamos bem nos perigos que corremos; e só caímos na realidade quando ouvimos notícias como a de há umas semanas - "morreu Loris Roggia, cinquenta anos, pai de três filhos, navegador de Andrea Aghini, quando o carro que tripulavam se despistou, durante a disputa do Rali Salento, em Itália" - ou a de domingo: "morreram Mark Lovell e Roger Freeman quando o Subaru que tripulavam chocou com uma árvore, durante a disputa de um Rali no Oregon, Estados Unidos".

Mark Lovell era daqueles nomes que, para quem anda "nisto" há muito tempo, não pode deixar de ser familiar; na década de oitenta, chegou a ser Campeão de Inglaterra, mas actualmente tinha uma "reforma dourada" nos Estados Unidos, onde a modalidade ainda não está muito implantada, e ele "aviava" facilmente os azelhas yankees.

A morte assusta-me; pensar em pessoas, mesmo que não as conheça, que há bocado estavam vivas e agora não. Eu posso muito bem estar aqui a escrever e de repente cair morto (cruzes, canhoto).

Então, porque é que faço Ralis? Não sei, e o mais estúpido é que não quero nem ouvir falar em deixar de os fazer.

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