2003/09/26

Boas e más notícias (para mim)

Primeiro as boas: fiquei a saber, nesta curta estadia em Peniche, onde estavam um Datsun 1600 SSS e um Porsche 911, ambos da década de 70; as más notícias são que o dono também sabe o que eles valem...

Mas ainda acredito que vou conseguir ter aquele Sunbeam Alpine (igual a este) que eu sei onde está à venda.

2003/09/25

Mais filmes bons!

Não quero ter a pretensão ou a veleidade de sugerir que os responsáveis de marketing do "Público" foram sensíveis a um post que publiquei aqui, o mês passado, sugerindo uma lista para uma - então - hipotética terceira série da sua colecção Y de DVDs; no entanto, a verdade é que surgiu mesmo uma terceira série, que começa precisamente hoje, com "Traffic", de Steven Soderbergh (teria preferido "Sexo, mentiras e vídeo", mas não está nada mal), e nela surgem duas das propostas que eu então havia deixado: "E a tua mãe também!", do mexicano Alfonso Cuarón, e "Toda a gente diz que te amo", de Woody Allen.

A colecção, como sucedeu com a segunda série, é, toda ela, excelente; mas, se me permitem, aconselho-vos especialmente estes dois. Depois digam-me se gostaram.

Provocação

A minha semana em Peniche está a chegar ao fim; mal conhecia esta terra maravilhosa, mas fiquei adepto incondicional. E ainda menos conhecia as suas gentes, como é natural. Agora, já conheço um pouco melhor alguns penichenses, e constato, com grande alegria, que a esmagadora maioria tem um apego e orgulho na sua vila notáveis.

Consigo até encontrar alguns pontos comuns com os azeitonenses: não serão todos, mas a verdade é que muitos penichenses nutrem uma paixão desmesurada pelas Berlengas. Para quem não sabe, as Berlengas são ilhas, às quais esta gente vai sempre que pode. E fazer o quê? Acampar, passear, mergulhar, enfim: ir!

Metem-se nos seus barcos semi-rígidos e aí vão eles, atravessando esta amostra de oceano traiçoeiro que medeia entre o Cabo Carvoeiro e a "sua" ilha. Durante a semana, é vê-los a combinar: "vais à Berlenga este fim de semana?". Não têm nenhum objectivo enunciável - vão às Berlengas apenas por as amarem!

Os azeitonenses, por sua vez, veneram a Serra da Arrábida; qualquer azeitonense que se preze já calcorreou os caminhos da serra, já acampou na areia do Portinho, já se perdeu no Conventinho - em suma, todos os azeitonenses, herdeiros bastardos de Sebastião da Gama, sentem a "Serra-mãe" como sua, tal como as gentes de Peniche "possuem" as Berlengas!

Como é que querem que eu goste de Lisboa? O que é que eu teria lá para me afeiçoar? O Colombo?

2003/09/24

O Padre Manuel

Não sei se já mencionei aqui o Padre Manuel mas, se não o fiz ainda, devia tê-lo feito. O Padre Manuel Frango de Sousa foi, provavelmente, a mais polémica figura pública que passou por Azeitão nas últimas décadas - e digo "foi" porque, infelizmente, morreu há pouco tempo, num estúpido acidente doméstico.

Foi ele quem celebrou o meu casamento, na capela da quinta de Nossa Senhora d'El Carmen, no coração da Serra Mãe, e também o da maioria dos meus amigos, quase sempre na Igreja de São Lourenço, a sua paróquia. O Padre Manuel, entre outras idiossincrasias, tinha uma forma de celebrar os casamentos que arrepiava todos aqueles que não estavam familiarizados com a personagem, mas que divertia todos os autóctones; começava sempre as cerimónias dizendo: "se algum dos presentes conhecer algum motivo pelo qual este casamento não se deva realizar, peço-lhe que fale agora!" - assim, a frio!

Depois, fazia um silêncio de mais de um minuto (uma eternidade nessas circunstâncias, acreditem), em que todos nos entreolhávamos, na expectativa de ver aparecer uma mulher com três crianças ao colo, a reclamar a assunção da paternidade por parte do noivo. Durante esse hiato, olhava fixamente para todos os presentes, e, por vezes, interpelava mesmo directamente algum porventura mais sorridente, perguntando no seu tom circunspecto: "o senhor (ou senhora) conhece algum motivo? Quer partilhá-lo connosco?", ou outra coisa do género.

Uma vez, em conversa informal e meio divertido, o Padre Manuel confidenciou-me que procedia dessa forma para garantir a atenção dos presentes que, doutro modo, tenderiam a dispersá-la.

Contudo, outra das características dos casamentos por si celebrados, que normalmente horrorizavam as "beatas" mais fervorosas e menos habituadas a inovações, consistia no facto de pedir sempre uma salva de palmas aos presentes para festejar a união dos noivos.

Não pude, por isso, deixar de me lembrar do bom Padre Manuel, quando li esta notícia de hoje no, "Público", em que se refere que o Vaticano se encontra a ultimar um documento, no qual, entre outras inanidades, se prevê a futura proibição de palmas nas igrejas. O Padre Manuel era um Padre Católico, e acredito que, apesar da admissível surpresa, nunca ninguém terá pensado estar a lavrar em pecado ao bater palmas na Casa de Deus.

E ainda falam em modernização, e em cativar fiéis...

2003/09/23

Ingratos

Apanham uma pessoa com pouco tempo disponível para postar, e viram-me todos as costas!

2003/09/22

O que mais se pode pedir?

Há muito tempo que não sentia uma paz de espírito tão "filha da mãe" como a que estou a sentir agora. Acabei o dia a ver um pôr do sol, como penso que nunca vi igual: o céu vermelho, o Atlântico cinzento, o chão molhado da chuva, e as Berlengas e os Farolhões (agora já sabem onde estou...) perfeitamente recortados num cenário de nuvens cinzentas - e, no rádio do carro (nem sei que posto era), começou a tocar "I can see clearly now"!

Para encerrar as novidades do dia, estou a escrever de um cibercafé, algo que nunca tinha feito antes, situado num parque de campismo por cima da falésia, onde disponho de um bungallow só para mim - e tudo de graça!

Para este cenário ser perfeito, só me faltava ter a minha família perto de mim; tenho tantas saudades do meu Lou...

2003/09/21

"Incompreensível"

Sim, "incompreensível", foi o adjectivo que a Charlotte (a propósito, parabéns atrasados!) usou para classificar a magnífica série "The Royle family"; confesso que me desiludiu um bocadinho.

Dou de barato que, se C. não a conseguiu compreender, não foi, decerto, por não ser suficientemente inteligente; talvez tenha sido, isso sim, porque os Royles funcionam num comprimento de onda que apenas pode ser assimilado por quem consiga gerar alguma empatia com aquela família disfuncional - uma espécie de representantes do bas fond mais decadente da vida familiar. E isso preocupa-me: é que eu compreendo os Royle até demais!

Intervalo

Por motivos profissionais, a partir de amanhã estarei fora da base, e esta situação durará até Domingo. Não sei se, no sítio para onde vou (um sítio lindo, mas que eu não vos digo onde é...), terei acesso à Internet. Se tiver, continuarei, certamente, a postar estas coisas inconsequentes a que vos habituei; se derem pela minha falta durante muitos dias seguidos, é porque não arranjei computador - mas também pode ser porque apenas me apetece ouvir o mar, ou até por ter sido preso ou assassinado!

Route 66

Não sei se se têm estado a aperceber do que são as coisas; ainda há dias mal sabia do paradeiro do meu amigo José Carlos Soares - apesar de ele morar a cerca de 10 km da minha casa - e, neste momento, estou prestes a embarcar com ele, e com mais o Jorge Costa - que só conheço da blogosfera, mas que, avalizado pelo J.C.S., só pode ser boa pessoa - estou prestes a embarcar, dizia, na aventura da minha vida: atravessar, de carro, os Estados Unidos da América, coast to coast, pela mítica Route 66. São 12.000 km de deserto e, se lá fôr, vou carregado de bloquinhos e máquinas fotográficas; daqui a um ano procurem o livro nas bancas!