O país depois de 20 de Fevereiro:
Depois de uma campanha sinuosa, em que a frase mais ouvida será "eu nunca disse isso", o PS ganhará finalmente as eleições, mais por demérito do adversário do que por mérito próprio. Sócrates assumirá então o cobiçado lugar de Primeiro Ministro, mas o facto de apenas dispor de uma maioria relativa não o deixará instalar todos os
boys necessários para um bom controle do aparelho. Desorientado, abandonará o cargo (muito) antes do fim do mandato, deixando-nos como mensagem "eu não sei andar nisto!".
Canibalizado por dentro, o PSD lutará até ao fim, mas não será suficiente, mesmo tendo em conta a debilidade intelectual do principal adversário. Santana Lopes apresentará a demissão de líder do partido, ainda nessa noite, e deixará aos ressabiados que minaram o seu trabalho a responsabilidade de fazer melhor. No entanto, os Pachecos, Marcelos e Cavacos do PSD ainda demorarão a perceber que existe vida para além do seu umbigo, pelo que se seguem tempos difíceis para o partido. Triste, muito triste...
O CDS prosseguirá tranquilamente o seu caminho, mostrando ao país que é o único partido com um projecto coerente e estruturado para o poder. Depois de uma campanha em que vai tirar dividendos óbvios do excelente trabalho efectuado pelos seus ministros, obterá um resultado histórico, ultrapassando os 10%, e provavelmente chegando aos 20 deputados (não obstante, as sondagens dar-lhe-ão sempre cerca de 3 a 4%, como de costume). Mas, mais importante do que isso, o partido assumir-se-á finalmente como uma opção credível para disputar a vitória em eleições legislativas num futuro talvez não tão longínquo como alguns pensam.
Aproveitando da melhor forma a desilusão e o marasmo que grassam no país, o BE voltará ao seu discurso demagógico, inconsistente e inconsequente. No entanto, a sua atitude trauliteira granjeia-lhe cada vez mais adeptos entre o povo português (
vide comportamento dos nossos automobilistas), pelo que não será de admirar se conseguirem chegar aos 4 tachos - digo, deputados.
Tendo que descontar do seu eleitorado cativo as pessoas já falecidas, a CDU deverá quedar-se pelos 5 deputados, ou menos. No entanto, todos estamos ansiosos por ouvir Jerónimo de Sousa na Assembleia, e - porque não? - vê-lo ensaiar alguns passos de dança.
Manuel Monteiro tem fortes possibilidades de se tornar o líder político mais popular no seu prédio.
Depois conversamos.