2003/08/29

Adivinha

"Esta universidade tem 450 anos. A primeira universidade do Brasil foi fundada nos anos 20, no século vinte. Isso mostra que a colonização portuguesa foi muito eficaz no nosso país..."

Pergunta: quem fez estas declarações, em tom irónico e fazendo rir a plateia, enquanto era homenageado numa Universidade peruana? Algumas pistas: usa barba, é brasileiro, a intelligentsia esquerdista cá do burgo idolatra-o, e esteve em Portugal há pouco tempo, acompanhado de generoso séquito; neste pontificava um (ex?) cantor de MPB, agora "promovido" a ministro (paradigma do princípio de Peter), que nos fez o favor de informar que a nossa imagem na Europa não é das melhores.

Outra ajuda: ficou muito ofendido por, no discurso de recepção, o Dr. Mota Amaral ter tecido algumas considerações sobre a exequibilidade das sua propostas políticas para o Brasil.

Se não conseguiu adivinhar, poderá ver a resposta aqui.

Patriotismo

Era suposto sentir orgulho por um tal de Cristiano Reinaldo (que eu só soube que era português e jogava cá há pouco mais de uma semana) ter ido jogar para uma equipa de futebol inglesa?

Não sinto nada, desculpem lá!

Cinema

São engraçadas as empatias que por vezes, sem querer, se geram. Às pessoas que não conhecem, sempre tenho utilizado a expressão "um murro no estômago" para definir o filme "O quarto do filho", de Nanni Moretti. Agora, o "Público", na publicidade que antecipa o próximo lançamento do filme, Quinta-feira que vem, utiliza precisamente essa mesma expressão para designar a citada obra-prima.

Escusado será dizer que este é, novamente, um DVD imperdível, assim como o era o de ontem, "O fabuloso destino de Amélie" (a propósito, na semana passada enganei-me ao dizer que o Café Trois Moulins, onde "trabalhava" Amélie Poulain, se situava no bairro parisiense de Montparnasse, quando na realidade se situa em Montmartre; as minhas desculpas pelo lapso). Não vos avisei ontem, primeiro porque tive pouco tempo para vir aqui, e segundo porque me parece que já não deve ser preciso - quem gosta de bom cinema, já não se deve esquecer.

Aproveitando a embalagem, e como sei que este blog é razoavelmente visto a partir do jornal "Público", aqui aproveito para deixar uma "cunha" para que a "colecção Y" seja prolongada com uma terceira série, e até tenho o atrevimento de sugerir alguns filmes que, na minha modesta opinião, mereceriam publicação:

"Cinema Paraíso", de Giuseppe Tornatore (versão uncut);
"O cowboy da meia noite", de John Schlesinger;
"A mulher do lado", de François Truffaut;
"Trainspotting", de Danny Boyle;
"O carteiro de Pablo Neruda", de Michael Radford;
"Toda a gente diz que te amo", de Woody Allen;
"Agosto", de Jorge Silva Melo;
"Lua de mel, lua de fel", de Roman Polanski;
"Quatro casamentos e um funeral", de Mike Newell;
"E a tua mãe também", de Alfonso Cuarón;
"Saltos altos", de Pedro Almodôvar;
"Corte de cabelo", de Joaquim Sapinho;
"Às segundas ao sol", de Fernando Léon de Aranoa;
"Cães danados", de Quentin Tarantino;
"Noite na terra", de Jim Jarmusch;
"The commitments", de Alan Parker;
"O monstro", de Roberto Benigni;

Bom, vamos ficar por aqui, porque isto é como as cerejas: enquanto escrevo o nome de um, já me estou a lembrar de mais dois ou três, e, por este andar, nunca mais parava! De qualquer forma - e sem nenhuma garantia de que esta sugestão seja seguida pelo "Público" - convido os meus leitores a deixarem, nas caixas de comentários (se elas funcionarem), mais sugestões de filmes que os marcaram, e que gostariam de possuir.

P.S.: Não sei se repararam, mas aquela conversa de sugerir estes filmes ao "Público" serviu apenas como pretexto para este exercício de catarse, de mencionar filmes de que gosto. Quer eles os publiquem ou não, penso vir a adquiri-los a todos, e a muitos outros, ainda que paulatinamente.

BD

A banda desenhada nunca foi propriamente o meu forte, mas, mesmo assim, houve personagens e autores que me marcaram. Lembro-me de comprar o "Tintin" ("revista para os jovens dos 8 aos 88 anos") em fascículos a suivre, e de ler todos os meses, na secção do "correio dos leitores", acesas polémicas sobre a qualidade de Corto Maltese, de Hugo Pratt; havia quem o achasse genial, e quem dissesse que não passava de um embuste, desenhado "às três pancadas". Hesitei na minha apreciação durante anos, e só mais tarde, na faculdade, o Miguel Mira me conseguiu mostrar a genialidade do traço.

Mas havia uma outra personagem, esta dos comics americanos, que sempre me fascinou pela singeleza do traço, pela inovação nas perspectivas e até pela inverosimilhança dos próprios argumentos: refiro-me ao Spirit, de Will Eisner. Por que raio é que eu me fui lembrar disto agora?

2003/08/28

De bestial a besta

Ana Sá Lopes diz-nos que "afinal, o Umbigo é um bronco"; não nos são prestados mais esclarecimentos sobre os motivos que levaram A.S.L. a esta conclusão, mas penso que não andarei muito longe da verdade se presumir que tal se ficou a dever a um deslize para a brejeirice do U., ao sugerir que Filipa Melo deveria levar o seu VW Polo à "oficina camoniana", e aí ser "assistida" pelos respectivos mecânicos.

Também eu fiquei um bocadinho desiludido, confesso, mas daí a achar que o autor (ou autora) daquela prosa é "bronco", ainda vai um passo razoável - e o que fazer a todos os escritos brilhantes que já postou? Compreendo que U., algo deslumbrado com a boa recepção que teve na blogosfera com os seus primeiros posts, tenha sentido a tentação de "esticar um pouco a corda". Mas Pipi há só um - as cópias (e elas também abundam na blogosfera) já não são admissíveis.

Também há outro problema subjacente às estreias fantásticas: é que depois é muito difícil manter o nível. Isto verifica-se frequentemente, por exemplo, na música; por mais álbuns que Grant Lee Buffalo publique (enquanto vos escrevo, estou a ouvir "Copperopolis", que também é excelente) nenhum chega ou chegará aos calcanhares de "Fuzzy", a sua estreia mágica em 1992, se não me engano. E também podem perguntar a Possidónio Cachapa se tal não é verdade; os seus livros recentes são muito bons (ainda há pouco terminei "O mar por cima"), mas parece-me difícil que alguma vez venha a conseguir atingir o nível estratosférico de "A materna doçura"!

Chateado

Não, a culpa não é da chuva - de que até gosto - mas de um conjunto de situações (mainly business) que me tira a vontade de escrever. Estou aqui, mas não estou!

Mas vocês também têm culpa; farto-me eu de postar, e ninguém escreve um comentáriozinho sequer. Assim qualquer um desmoraliza...

2003/08/27

Recomendado

Não me lembro se já tinha utilizado este título - acho que sim - mas, como é por uma boa causa, não importa a repetição.

Nas minhas deambulações pela blogosfera vou "descobrindo" novas coisas e, como não sou egoísta, gosto de as partilhar com o leitor. É o caso do "Encalhado", um blog de histórias simples mas, simultaneamente, tão profundas e humanas. Fiquei cliente!

O link já está na respectiva secção; mas não me peçam para ordenar aquilo tudo por ordem alfabética. Talvez na noite de Natal...

Marte ataca!

Dói-me a cabeça, o meu carro tem os médios demasiado altos, os esguichos demasiado baixos, a minha caixa de e-mail está a receber mais de cinquenta (!) mensagens com vírus por hora e o meu blog não tem comentários (quero dizer, só de vez em quando). Terá isto alguma coisa a ver com a passagem de Marte perto da terra?

Empatia

Este jovem (que eu não conheço) tem 22 anos, mora em Ermesinde e comprou, sem os pais saberem, um Citröen GS Pallas com 24 anos, igual a centenas de outros que apodrecem em sucatas. Depois, durante meses a fio, restaurou-o da melhor forma que soube, e agora utiliza-o no seu dia-a-dia. A paixão pelos automóveis antigos - no meu caso os da década de 70, principalmente - não se consegue explicar nem compreender, mas ao menos consegue-se ver!

Vómito

Dando mostras de uma intolerância espantosa, pelo menos no que toca ao respeito devido às opções de outrem - no caso, as religiosas - esta senhora deu-se ao trabalho de escrever ao jornal "Público" para dizer que "estas imagens (de Paulo Portas ajoelhado, durante as cerimónias do funeral do tenente-coronel Maggiolo Gouveia)(...) cobrem-no irremediavelmente de ridículo".

A falta de respeito e de educação da esquerda já não é novidade para ninguém, e esta carta não deveria merecer mais do que um olímpico desprezo, pelo que revela de má formação de quem a escreveu. No entanto, considerei-a útil para demonstrar uma coisa: o que mais incomoda a esquerda no Dr. Paulo Portas não são as suas políticas ou convicções - é o seu aspecto, e a sua forma de estar. E, provado que está este facto, não posso deixar de considerar, por extrapolação, que toda a esquerda é fútil e falha de ideias!

Com dedicatória especial à rapaziada do "País Relativo"

O meu amigo João Titta Maurício enviou-me um mail onde, como de costume, escreve tudo aquilo que eu gostaria de saber escrever sobre este PS. Sem mais delongas, deixo-vos com o seu excelente texto - é longo, mas vale a pena:

Ferro Rodrigues, o cabalista...

Uma vez mais (e é de temer que não seja a última), tivemos uma amostra do descontrolo político da actual gerência do PS, agora entregue a retardados soixante-huitards. A política em Portugal atravessa momentos de crispação e conflito, pois o partido da esquerda democrática é hoje liderado por uma não reciclada “guarda revolucionária”, que vive na ilusão de um tempo que já passou. O triste espectáculo de uma verborreia de “quinta categoria”, começou com Ferro Rodrigues (os célebres “palermas”...), passou por Mário Soares (“o extirpador implacável”), continuou com Ana Gomes (a “passionária-de-trazer-por-casa”...), culminando, de novo, no actual Secretário-Geral do PS que, entusiamado pelas palmas daqueles que o querem substituír, impante proclamou que, no Governo de Portugal, «há tiques de nacionalismo, por vezes com contornos serôdios» [e] fotografias típicas do Estado Novo e do neofascismo»!?!
A “linguagem de caserna” usada por políticos com altas responsabilidades demonstra não só o baixo nível cultural e moral dos seus protagonistas, como revela a sua impreparação e o seu elevado desconhecimento da História (onde poderiam colher alguns bons exemplos – e nem seria grande o esforço: qualquer razoável dicionário de citações é uma boa fonte de inspiração)! Mas não: o Dr. Ferro Rodrigues fala como se estivesse numa RGA. Diz umas palavras difíceis, dá uns berros, espuminha marota ao canto da boca, faz “cara-de-mau” e, perante os aplausos encomendados pelos “pontos” do costume, satisfeito, sorri: julga que é líder da oposição... e quase Primeiro-ministro! Coitado!
“Cada Povo [e cada partido] tem os líderes que merece”. E “quem semeia ventos colhe tempestades”!
Quando o ouço, eufórico e vibrante, bradando tão insano discurso, imagino-lhe a vontade de (embraçado com a Dra. Ana Gomes) cantarolar(em), com toda a convicção, “força, força companheiro Vasco! Nós seremos a muralha de aço...” Então, recordo as consequências, ainda presentes, da insana loucura desse “Verão Quente” de 75. E só uma coisa fazer se pode: chorar! Não por nostalgia desses tempos. Antes um pranto de raiva ante a tresloucada (mas premeditada) acção que, em meia dúzia de meses, conduziu à destruição de nações, à fome e à morte que tantos povos, ao desbaratar de um capital de crédito, de seriedade, de honestidade, de orgulho pátrio, de valorização do trabalho. Uma destruição perpetrada por Vasco Gonçalves (ao ritmo de uma pauta ditada pelo PCP) que teve úteis “compagnons de route” (onde estavam Ferro Rodrigues, Jorge Sampaio, João Cravinho e outros...?).
Alimentados a ódio e inveja, estes “esquerdóides” nunca se deram conta do mal que a todos fizeram (e cujas consequências ainda hoje estamos a padecer): esbulharam bens aos proprietários, arruinaram empresas que eram bastiões do país económico (e a procedência do pão dos seus trabalhadores). Desse “feito” o algoz-mor reafirma o orgulho na obra que pariu! Os seus ajudantes nem sequer pediram desculpa! Pelo contrário: na sua última passagem pelo governo de Portugal, de novo encharcaram a administração pública com nova colheita de boys e girls. E a um ritmo tal que (porque o dinheiro da Fazenda Pública não é alforbe sem fundo) fizeram disparar o deficit público. Uma vez mais, os mesmos imbecis revolucionários, são autores de um saque com consequências tão negativas que perdurarão nas próximas décadas.
Nas últimas semanas, vários foram os casos de “incontinência discursiva”. Há alguns meses atrás, o discurso era «demita-se Dr. Portas: o caso Moderna exige-o!» Como foi “chão-que-já-deu-uva”, agora o que importa é afastar a “direita radical” do poder: os alvos são os mesmos?!? O CDS-PP e o seu presidente. Assim se vê como é boa a convicção daqueles que (como eu) sempre afirmaram que a questão “Moderna-Portas” era uma inventona... Sabem a quem aproveitaria? Então conhecem quem a criou!
Interrogou-se o Dr. Ferro Rodrigues: «como é possível que se deixe governar a Defesa em conflito permanente contra meio mundo»... Preferiria o modelo PS quando, em nome de Portugal, dialogou e agachou-se ao mundo inteiro!?! Mais, exigiu a demissão do Dr. Paulo Portas, pois (disse) para exercer a pasta da Defesa é necessário «rigor, serenidade e sentido de Estado». Estará de novo convencido que o modelo PS é melhor? É que no seu tempo como ministro os chefes militares mantiveram-se mas, em 6 anos, foram os 5 ministros... Num país democrático, a hierarquia é feita com subordinação do poder militar aos representantes eleitos pelo Povo ou designados por aqueles. Faria sentido que um Ministro se demitisse por pressão de um dos seus subordinados?
Alguém que lhe recorde: Dr. Ferro Rodrigues, manda quem pode e obedece quem deve!
Não contente, virou a mira e acusou o Dr. Bagão Félix de ser um «agente da direita radical» (é tão mau quando as pessoas há muito perderam a noção do ridículo...) e de ter retirado «a palavra solidariedade do Ministério». É bem verdade que se procedeu à mudança no nome do Ministério. Porém, ninguém o acusa de ter rimado Solidariedade com Desperdício, Subsídio à preguiça ou à fraude! Esse prémio é merecidamente atribuído os Drs. Ferro Rodrigues e Paulo Pedroso.
Já a celeuma criada pela Dra. Ana Gomes aquando do justo, merecido e tardio funeral do Tenente-Coronel Maggiolo Gouveia é bem prova da má-consciência com que vivem alguns dos actuais dirigentes do PS: enlameados até aos ossos com os trágicos acontecimentos desse vergonhoso “Verão Quente”, querem esconder as suas pessoais responsabilidades político-históricas atrás do biombo das “especiais relações”. São as mesmas que, durante décadas, acoitaram os sangrentos e cleptomaníacos totalitarismos que flagelaram povos e riquezas dos PALOP, e outros.
Mal vai a esquerda democrática portuguesa quando continua a recusar aprender com os erros e a não agir em conformidade. Mal vai quando continua a dar ouvidos a extremistas travestidos de “bons democratas” e “devotos do mercado”, mas que continuam à procura de vítimas para as suas alucinadas propostas, frutos das suas desvairadas teses pseudo-marxistas e do relativismo e desregramento moral a que sempre acabam por conduzir.
Sim, é verdade: eles andam por aí!
“Dêem-lhes trela” e depois queixem-se!!!

Só mais uma dúvida. Como a liderança do Dr. Ferro Rodrigues balança entre a postura pseudo-responsável e um “passionarismo” militante, é justo que se pergunte: Que PS é este? Afinal quem manda no PS? É o Dr. Ferro Rodrigues ou é a Dra. Ana Gomes? Ou será o Dr. Mário Soares?!?...

Heresia

Que saudades que eu tinha da chuva!

Onde é que eu já ouvi isto?

"Yasser Arafat vai tomar medidas contra grupos extremistas palestinianos, desde que Israel suspenda os ataques aos líderes destes grupos", ouvi na TSF quando vinha para o escritório. Logo de seguida o comentador vermelho mais "independente" da casa, José Goulão, dizia aos microfones da mesma estação que sim, que era uma medida positiva, desde que Israel colaborasse - talvez, digo eu, concedendo passes sociais aos terroristas para estes entrarem livremente nos autocarros, ou comparticipando nos prémios atribuídos aos familiares dos suicidas!

Não me lixem - o velho, além de criminoso, é um tratante e um interesseiro; só veio com esta conversa porque Israel lhe está a abater os criminosos que organizam as células terroristas! Imagine-se o capitão dos piratas a dizer aos guardas da Rainha, que acabaram de lhe arrestar o barco: "Se não incomodarem os meus homens, eu prometo dar-lhes uma valente reprimenda quando vocês se forem embora!"

2003/08/26

Peixeirada

Em muitos dos blogs, os seus redactores inventam expressões curiosas para agrupar e subagrupar os links de outros blogs que recomendam. Não é o caso do "Serra Mãe", que se ficou por um fraquinho "lugares com interesse" (memo: pensar em mudar isso), mas é certamente o caso do "Jaquinzinhos", divertido e inteligente blog que leio com assiduidade.

O "Jaquinzinhos" aconselha muitos blogs, e divide-os por diversos grupos, presumo que de acordo com as suas características. No entanto, os títulos são algo crípticos, e não fora conhecermos previamente os blogs em questão, dificilmente descobriríamos o que significam os nomes dos grupos. Mas lá que são divertidos, isso ninguém pode negar. Ora vejam: temos a "Piscicultura", "Peixe livre", "Chocos com tinta", "Peixe fresco", "Lingueirão da Ria Formosa", "Peixinhos coloridos", "Palmeta congelada", "Ovas de palmeta", "Garoupas", "Peixe prata", "Azevias e encharrocos", "Golfinhos e toninhas", "Águas calmas", "Caldeirada", "Peixes variados", "Mar alto", "Em salmoura" e "Fora de prazo".

Agora um desafio: sem ir lá espreitar, em que grupo se encontra o "Serra Mãe"? Não, não há nenhum grupo de "Tubarões"!

Desilusão

Num blog como o "Serra Mãe", de qualidade mediana, passe a pretensão, uma coisa destas até passaria despercebida - mais que não fosse pelo incomparavelmente menor número de visitas. Mas num blog como o "Glória fácil", que só nos habituou ao melhor, e que nem sequer olhou a custos na hora de contratar Ana Sá Lopes, confesso que me desiludiu um bocadinho.

Já havia sido anunciada há uns dias uma secção de "Sobe e desce" para classificar os comportamentos de pessoas ou entidades, à semelhança de diversos jornais e revistas. E finalmente chegou o dia: hoje. Só que o problema é que, em quatro hipóteses possíveis de nomeações, não se lembraram de nada mais importante para monopolizar os lugares do "sobe" do que de dois futebolistas, ou assimilados. Bolas, parece que não há mais nada neste país senão futebol!

Também não queria um decalque do que se faz no lugar de emprego destes jornalistas, em que, Sábado após Sábado, alguém se esquece de dizer ao paginador para retirar a fotografia de Paulo Portas que saíu na semana anterior do "desce"; mas tanta banalidade?

Eu sei que vocês não têm nada a ver com isso, mas deixem-me desabafar!

Acabei de receber um fax da "Autoeuropa" com mais de cem páginas em inglês e letra minúscula, para ler, preencher, anexar documentos e devolver até daqui a uma semana. E isto no meu próprio interesse (profissional, claro). Logo a mim, que lido tão mal com o stress, é que acontece isto!

E o que é que eu estou a fazer aqui no blog, com tanta coisa para fazer?

Quanto mais me bates...

"Eu e o José Maria (Tallon) somos muito amigos"
Catarina Fortunato de Almeida à VIP, citada pelo "Público"

Isto acontece-vos?

A mim acontece-me recorrentemente isto: tive uma importante reunião esta manhã, com uma pessoa que pensava desconhecer e, antes de iniciar a dita, a minha interlocutora diz: "nós já nos conhecemos de algum lado, não conhecemos?"

Eu, sem estar realmente a reconhecer qualquer traço distintivo na pessoa, lá balbucio: "pois, a sua cara também não me é estranha..." Mas este é apenas o capítulo 4.893 da história da minha vida; isto sem contar as inumeráveis pessoas com quem me cruzo, me cumprimentam - por vezes efusivamente, como aconteceu ainda ontem em Palmela - e que eu não faço a mínima ideia sobre quem são.

Dando de barato que as pessoas não me podem reconhecer por ser figura pública - pelo simples facto de que não sou! - restam-me duas hipóteses: ou conheço gente demais, e excedi a minha capacidade de armazenamento de informação, ou a minha memória fotográfica necessita de reparação.

Addicted to music

A minha relação com a música já vem de há muito tempo atrás; no entanto, desde adolescente que recusei algum "encarneiramento" nos gostos, e sempre me lembro de revelar alguma alergia ao mainstream. Ia regularmente a uma discoteca (de vender discos, não de dançar...) em Setúbal, a "Vitrola", na qual o dono, um "castiço" de que não me lembro o nome, me mostrava tudo aquilo que havia chegado e não se encontrava na montra por não ser vendável, apesar de bom. Nessa altura tive um "trabalhão" para encontrar LPs de Lloyd Cole, Til' Tuesday ou Microdisney, só para citar alguns.

Mais tarde comecei a ir com alguma frequência a Londres e, para grande gáudio meu, descobri que, na "Tower Records" (em Picadilly), havia uma secção exclusivamente destinada a "alternative music" - sim, eu sei que esse tipo de secção agora se banalizou, mas acreditem-me: há quase quinze anos não era assim, nem mesmo em Londres.

Desenvolvi então uma técnica muito curiosa de seleccionar os meus CDs: sabia que gostava do britpop mais alternativo, também de algum experimentalismo, e passei a escolher os CDs pela capa. Sim, pela capa!

Os mais conhecidos já existiam cá ao mesmo preço, pelo que, se ia à "Meca da música", tinha que aproveitar para comprar algo de completamente novo. Assim via a capa, o tipo de instrumentos, quando podia ouvia um bocadinho, e zás - Portugal com o CD!

Comprei assim primeiros álbuns de bandas hoje famosíssimas, mas que na altura ninguém conhecia; quem tinha já ouvido falar de Portishead ou Suede em 1992? Isto já para não mencionar Sleeper, Stereolab, Drugstore ou Elastica. Também comprei coisas completamente desconhecidas, mas muito boas: alguém sabe o que é Khaya? Canta "We've got rhymes for times like these", mas não sei mais nada.

Entretanto o ritmo das minhas travessias da Mancha, infelizmente, começou a diminuir, mas em contrapartida já se encontra cá muita e boa música alternativa. Mas agora há outro vício que me assola: não posso entrar num hipermercado (também não o faço muitas vezes), sem ir ver se, na secção dos CDs há algum "saldo" de restos de colecção, e se sim, se lá se encontra alguma "pérola" esquecida. Foi o que aconteceu ontem: estou cá sozinho, passei pelo "Jumbo" de Setúbal para comprar jantar, e encontrei, a seis euros e tal, "Way beyond blue", álbum de 1996 dos Catatonia, banda da qual, imperdoavelmente, ainda não tinha nem uma gravação!

Já foi promovido a powerplay da semana no meu carro, claro!

2003/08/25

Agora coisas sérias:

Foi iniciado hoje um novo, anónimo e assustador blog. Vão lá, e depois digam-me em quem devemos acreditar. Isto é muito sério - e grave!

Ele há com cada coisa...

Eu a dizer que nenhum dos meus amigos tem (ainda) um blog, e não é que, numa inocente "voltinha" antes de dormir, descubro o José Carlos Soares?

Sim, sim, esse mesmo dos "futebóis" e do "Perdoa-me", ou lá o que era (toda a gente tem direito a errar). Está bem instalado na blogosfera, o rapaz; até tem uma Universidade e tudo!

Vão lá visitá-lo e digam que vão da minha parte. Eu vou-lhe já mandar um mail, para ele vos receber como me recebia (a mim e ao Vítor) na "Belle Epoque"!

A nossa liberdade termina onde começa a liberdade dos outros!

Este talvez seja o título mais longo que já escolhi até agora para um post, mas o assunto justifica. Como alguns sabem, tenho uma cadela; chama-se "Fraldas" e é uma basset hound. Quem conhece a raça sabe quão pachorrentos são estes cães. E a "Fraldas" faz jus à raça: é a cadela menos agressiva que eu já alguma vez vi. O meu filho Lou, antes de fazer um ano de idade, já se montava no seu dorso e puxava-lhe as grandes orelhas. Nunca vi ou ouvi da "Fraldas" mais do que um simples resmungo.

Não obstante tudo o que acabei de dizer, sempre que a "Fraldas" vai à rua, fá-lo pela trela (excepto situações muito pontuais, de visitas à praia no Inverno). Insisto nisto, não evidentemente porque ache que a cadela se vá atirar a alguém, mas porque sei perfeitamente que existe quem se sinta incomodado com cães, e até quem tenha dos mesmos um pânico de morte. Mais do que discutir este tipo de atitudes, é fundamental ressalvar uma coisa: é absolutamente legítimo que quem não goste de cães possa andar na rua sem ser incomodado por cães alheios (os vadios já levantam uma questão colateral)!

Contudo, há quem assim não pense. Ainda este fim de semana vi uma cena na Zambujeira que me revoltou e chocou: uma menina, com não mais de cinco anos, brincava com uma trotinete frente a várias esplanadas. De repente, um cão bem tratado, de porte médio e coleira, começou a correr atrás da menina, provavelmente para brincar. A menina ficou assustadíssima e começou a chorar, mas pensam que o "educado" dono do cão se levantou e chamou o animalzinho? "É o chamas"! Não tentasse este vosso amigo enxotar o cão e, principalmente, não se distraísse o bicho com qualquer outra coisa, e ainda a menina lá estaria a chorar. Mais tarde, uma madame com uma mini-saia que já lhe deve ter ficado bem há uns vinte anos, levantou-se discretamente e assobiou ao animal que prontamente obedeceu.

Não me interessam argumentos do tipo: "ele não faz mal nenhum!" Eu - e qualquer pessoa - não sou obrigado a "levar" com os cães dos outros, principalmente de uma nova cretinice emergente que se dedica a criar raças perigosas, como rottweillers ou dobermans, e a passeá-los - sem trela! - em parques infantis, como sucede, por exemplo, em Setúbal.

Ainda há dias um amigo me contou que uma conhecida cantora, mais famosa pela sua alegada sexualidade alternativa, patuscava alegremente com umas "amigas", enquanto o seu encantador doberman investigava entre as mesas do Bar do Peixe, no Meco, incomodando todos os clientes, principalmente os que tinham crianças.

O civismo não é uma característica comum a todos, mas existe gente que deveria ser exemplarmente punida pela sua falta!

"Pás" à sua alma!

O "Guerra e pás" morreu; não era dos blogs que eu mais visitava, confesso, até porque o seu autor (o jornalista Pedro Boucherie Mendes - corrijam-me se estiver enganado) não era dos mais profícuos a postar. Mas, de cada vez que lá ia, lia com grande interesse os textos publicados, escritos com evidente conhecimento de causa.

Não sei - ninguém sabe? - as razões de tal decisão, mas vamos certamente sentir a sua falta.

Injustiça

E pensar que, há pouco mais de doze horas estava no Carvalhal, vazio (não há sol, não interessa...) com aqueles de que gosto, e agora estou aqui stressado até mais não; isto devia ser proibido.

Sugestão ao ministro Morais Sarmento

No meio da "sangria desatada" que deve ser a lista de despesas da RTP, talvez a que vou referir seja apenas uma gota; no entanto, e como "grão a grão enche a galinha o papo", não será de todo descabida a sua revisão. Por que raio de carga de água é que são necessários dois jornalistas - dois! - para comentar cada Grande Prémio de fórmula 1?

Se os homens ainda percebessem alguma coisa do assunto... Mas não - limitam-se a tentar adivinhar o nome dos pilotos de cada carro e, principalmente, a debitar abalizadas estratégias para o desenrolar das corridas. Não sei mesmo se Jean Todt ou Frank Williams não estarão permanentemente a ouvir, nos seus headphones, as importantes opiniões de Carlos Blanco e companhia, para decidirem em consonância.

Outra peculiariedade destes comentadores, que todos os telespectadores de fórmula 1 já devem ter notado, é que, apesar de se encontrarem no local, só começam a relatar qualquer ocorrência que se passe em pista alguns minutos depois de nós a termos visto no pequeno ecrã, e com o tom sensacionalista de quem acabou de descobrir a pedra filosofal!

Agora pergunto eu: com tamanha competência, não seria a coisa muito melhor resolvida com um comentador nos estúdios em Lisboa, e um simples terminal de computador online?

Por mim, prefiro ver as corridas de fórmula 1 no RTL, não porque perceba alguma coisa de alemão, mas porque assim não me enervo tanto.

E já me ia embora sem falar da magnífica vitória de Fernando Alonso; aquele "puto" vai longe; vai, vai!