2006/07/01

Fairplay

A julgar pela reportagem apresentada na versão online do Daily Mirror, escassos minutos após o término da partida dos quartos de final do Mundial de Futebol 2006, que opôs Portugal à Inglaterra, é de supôr que as televisões inglesas não passaram o mesmo jogo que os portugueses viram. Senão, porquê escrever isto?

"But Simao scored the first and Cristiano Ronaldo hit the fifth after Jamie Carragher failed to put England back on terms. The shoot-out was particularly harsh on the Liverpool man, who had been brought on as substitute in the dying minutes of extra time with penalties in mind, as his first effort easily beat Ricardo in the Portugal goal. However, the referee decided he wasn't ready and ordered Carragher to re-take the kick."
(Estará o jornalista, quando diz que "bateu facilmente Ricardo", a referir-se a um penalty que Carragher marcou antes do apito do árbitro, e para o qual Ricardo nem se mexeu?)

E isto?

"Wayne Rooney - alone and upfront for much of the match - was given a straight red card in the 62nd minute as he reacted while being challenged and hacked by three Portuguese players in the centre of the pitch. It felt another harsh decision against England by the Argentinian referee. (...) The most remarkable incident of the second period was Rooney's sending off - not helped by Ronaldo running over to the referee in a blatant attempt to get him to take action against his Manchester United colleague. With the excellent Gary Neville and impeccable Rio Ferdinand also on the pitch, it's hard to see how Ronaldo can be assured a warm reception when he next returns to training at Carrington. If he does. He has said he wants to join Real Madrid - as far as many English fans are concerned (not to mention Manchester United's own) that might not be a bad idea."
(Gostei especialmente da candura com que se diz que Rooney levou um cartão vermelho directo "por ter reagido enquanto estava a ser pressionado por três jogadores portugueses...")

Há mais coisas giras na imprensa inglesa, mas o tom não varia muito. A dôr de cotovelo é uma coisa do arco da velha...

2006/06/30

Novidades da medicina:

Diogo Freitas do Amaral apresentou hoje a demissão do cargo que ocupava no Governo devido a problemas na coluna vertebral que, segundo o seu porta-voz, se têm vindo a agravar nos últimos tempos. Duas informações curiosas podemos extrair inequivocamente desta notícia:

Afinal o professor sempre tem coluna vertebral.

O contorcionismo, como já se calculava, é bastante prejudicial à dita.

2006/06/28

Coisas simples:


...para ir agora a Cacela Velha, comer umas ostras no largo e ver o pôr do sol...

Dependências

É sabido que nem tudo o que dá prazer nos é permitido; aliás, a maior parte das coisas que sabem bem são proibidas, engordam, ou ambas.

Há muitos anos que não dispensava a compra do jornal "Blitz", mas isto apenas até à altura em que percebi o quão pernicioso esse hábito se andava a tornar para a minha carteira - não pela parca quantia que custava o jornal em si, mas pelas excursões que logo em seguida fazia à FNAC para adquirir CD's que, face à crítica, se apresentavam como simplesmente indispensáveis. São desta fase as minhas "descobertas" de muitas bandas, tais como os Mansun, Mercury Rev, ou, mais recentemente, os Ordinary Boys, Delays ou The Libertines, e isto só para citar alguns. A decisão teve que ser drástica: deixar de comprar o jornal, com apenas algumas recaídas ocasionais, tão frequentes nos viciados. Olhos que não veêm, coração que não sente.

As finanças reorganizaram-se, até ao dia em que apareceram estes tipos a perturbar-me o espírito. Também lhes vou enviar, em breve as facturas referentes a despesas não previstas, se bem que gratificantes. Desta fase recordo, ainda a semana passada, a compra do álbum dos Final Fantasy, com o mentor dos Arcade Fire, cujo nome agora não recordo (e estou demasiado preguiçoso para pesquisas).

Agora a tentação voltou: o Blitz deixou o seu formato de pasquim semanal e passou a apresentar-se numa revista mensal que é impossível não comprar. Tempos difíceis se aproximam. A propósito, sabiam que Richard Hawley (o que eu penei à espera do primeiro CD, "Lowedges") já tem um novo álbum? E que Thom Yorke, dos Radiohead, lançou um álbum a solo? E que Neil Hannon, aka The Divine Comedy, também tem novo trabalho? Ai, ai...

Olé!


Sexta passada, por las ocho de la tarde, retomei um dos meus maiores prazeres: os toiros no único lugar onde podem ser vistos - em Espanha, claro.

A corrida foi mediana, com um El Juli razoavelmente inspirado e um Miguel Angel Perera numa das piores exibições que já lhe vi, ambos a terem que se defrontar com a nova estrela ascendente do toureio espanhol e, por inerência, mundial: Alejandro Talavante!

Há já dois anos, desde que vi César Jimenez em Almendralejo, que não tinha tamanha surpresa ao ver uma lide. Talavante, de apenas dezoito anos, e que tomou a alternativa há apenas duas semanas numa praça de nome impronunciável, confirmou todas as críticas que já tinha conhecido, e que o tornam no maior fenómeno da temporada, pelo menos até ver. Certo que algumas impetuosidades, a par com alguma dificuldade na avaliação da aprendizagem dos toiros durante a lide, pechas apenas imputáveis à sua juventude, o impediram de colher como troféus mais do que duas discutíveis orelhas na segunda lide. Mas a forma corajosa e elegante como executa as estatuárias, as gaoneras perfeitas, e a maestria com a muleta tornam-no, para já, num matador que aconselho vivamente aos aficcionados. Eu fiquei admirador, e decerto tudo farei para voltar a assistir a uma corrida onde ele conste no cartel - de preferência na Real Maestranza, em Sevilha, afinal a verdadeira "catedral" do toureio!

2006/06/26

Delírio duma noite quente

A minha vida bem que poderia ser um longo fim de semana, com ar condicionado em todos os lugares, bons restaurantes, cheios de coisas boas que não engordassem nem fizessem mal (incluindo charutos), livros por todo o lado, varandas sobre o mar, boas conversas, boas companhias, aqueles CD's que nos arrepiam, os jornais do dia espalhados pelo chão da sala, dinheiro no bolso, estrada para rolar, e o meu filho sempre perto de mim...