2003/08/15

Opinião preconceituosa e snob

...mas assumida:

"Paulo Coelho: não li e não gostei."
(Elsa T.S.)

A Elsa conseguiu sintetizar, de forma sublime, a minha opinião sobre "escritores da moda". Obrigado!

Porque será?

Numa breve ronda pela blogosfera, acabei de fazer uma nova constatação, que tem tanto de lógica como de cretina. Nos blogs ditos "generalistas" (como este), e em que é possível deixar comentários aos posts colocados (como neste), verifico o seguinte:

Em qualquer post que o autor do blog coloque sobre futebol (o que não acontece neste), a adesão dos leitores às caixas de comentários é enorme, enquanto que um hipotético post no mesmo blog sobre, por exemplo, Luiz Pacheco (também ainda não aconteceu neste, mas ainda hei-de escrever algo sobre este meu ilustre e excêntrico vizinho), estará, com um elevado grau de probabilidade, condenado ao mais humilhante desprezo.

Poder-se-á, porventura, extrapolar algo sobre o perfil do leitor médio de blogs a partir desta verificação, ou será um exercício arriscado?

Que inveja!

Alberto Gonçalves informa-nos de que, ao contrário de 9.999.000 conterrâneos seus, que preferiram as calmas e tranquilas praias do Algarve, vai de férias para Vimioso, Trás os Montes.

Ainda há - pelo menos na blogosfera - quem tenha bom gosto!

Desapareçam!

Por toda a blogosfera vejo relatos de tipos que foram ao Sudoeste, "adoraram" estar no meio de uns milhares de bêbedos e vomitado, e, en passant, ainda ouviram umas músicas (aprendam: Beth Gibbons ouve-se no Coliseu - enquanto não tenho possibilidades de a contratar para um concerto privado, com uma dúzia de amigos - e nunca na Zambujeira).

Estes excursionistas gabam-se de se terem perdido "poucas" vezes no caminho, e cheguei até a ler um relato de alguém que dizia que nunca tinha feito uma "viagem tão longa" como a da Zambujeira a Tróia. Para quem não conhece, informo que se faz facilmente em menos de uma hora e meia, e que é incomparavelmente menos stressante do que fazer o IC19 ás 18.30!

Em suma; assumem que não conhecem o caminho, a terra, as gentes, isto é, só descobriram a Zambujeira para o festival, e o resto do ano passam-no no seu querido Algarve, com mais uns milhares (milhões?) de amigos - alguns da Zambujeira, mas "emprestados", daqueles do Sudoeste.

Agora, que eu vou usufruir da Zambujeira, espero que já me tenham todos desamparado a loja!

2003/08/14

Lista de links

Finalmente, e graças à inestimável ajuda da Papoila, já tenho aqui ao lado uma lista de links para alguns dos blogs que mais frequento. A partir de agora poderei partilhar com os meus leitores - principalmente com alguns deles, neófitos nestas andanças - os melhores pedaços de prosa e poesia (e mesmo imagens, e até som...) da blogosfera.

O critério para a escolha destes blogs foi simples; são aqueles que eu leio. A sua arrumação também obedece a uma ordem lógica - a ordem por que eu me fui lembrando deles. Minto, aliás; por uma questão de reconhecimento (e não retribuição), coloquei nos primeiros lugares da lista aqueles blogs que fizeram links para a Serra Mãe, ainda ela era um pequeno morro.

Evidentemente que esta lista está longe de se encontrar completa, mas tem tempo para ir crescendo; até lá, desfrutem-na sem moderação!

Não está certo!

É isso mesmo: não está certo, não é justo...

Gregory Hines

Os famosos também morrem; por vezes tropeçamos em notícias de mortes de actores que nos habituámos a ver nas nossas divagações cinéfilas. No entanto, apesar de lamentarmos, não ficamos normalmente chocados com o facto, dado que se trata, em geral, de pessoas de avançada idade. Não é o caso, contudo, de Gregory Hines. Não era um jovem mas, com 57 anos, também não seria um velho.

G. H. era um bailarino excepcional, e um actor também bastante bom. Nas (poucas) notícias que tenho lido sobre o assunto, são destacadas principalmente as suas participações em filmes como o mediano "Cotton Club", mas não surge nenhuma referência ao mais genial filme por si protagonizado: "O sol da meia-noite", em que brilha ao lado de Mikhail Baryshnikov.

Levou-o o cancro, esse monstro, no Sábado passado, o mesmo dia em que terminou o sofrimento do pequeno Nicolas, espancado até á morte pelos seus familiares. O Céu está mais rico!

"O leão da Estrela"

Aviso-vos cedinho para não terem desculpas: hoje, o DVD que sai com o "Público" é o indicado acima. Completa-se assim uma trilogia imperdível, iniciada com "A canção de Lisboa" e "O Costa do castelo", publicados, respectivamente, há duas semanas e a semana passada. Por acaso ainda não fui buscar o meu, mas no quiosque aqui da aldeia costumam guardar-mo.

O "Público" devia pagar-me uma comissão pelos fregueses que eu lhe tenho arranjado. No entanto, pensando melhor, talvez não sejam assim tantos, pelo menos a julgar pelas visitas e comentários. As férias, o calor, a moleza, têm sido péssimos para este "negócio".

Entretanto, não sei se já repararam mas ultrapassámos esta noite a barreira dos 500 visitantes (as pageviews são mais do triplo), precisamente no dia em que o blog faz um mesinho de vida. Contudo, por este andar, só devemos chegar aos mil lá para a rentré.

Silly season

Estava a guardar o título supra para uma ocasião mais apropriada, mas depois lembrei-me de Robin Williams e do seu "carpe diem" - pode nunca vir a haver "uma ocasião mais apropriada" do que a presente!

Passe o dramatismo, gostava de saber o que se passa para, ultimamente, estar a ter tão poucas visitas e, principalmente, tão poucos comentários nas caixas de feedback.

Será devido à "estação palerma"? Os meus posts estão a perder interesse? Muito calor? Muito trabalho antes das férias? Muito trabalho no regresso das férias? Ou só preguiça...?

2003/08/13

"Marquetingue"

Porque será que, na publicidade às agências funerárias, surge sempre uma fotografia do gerente ou proprietário da casa, às vezes acompanhada de fotografias dos seus antecedentes?

Melhor dizendo, porque é que uma agência funerária precisa de fazer publicidade?

Nostalgia

Quando oiço as canções do meu tempo, do "Rock em Stock", fico melancólico. Ontem à noite, na Radar, estava a passar "Dead Fish" dos New Muzik; é uma linda música, com mais de vinte anos, mas fez-me lembrar uma outra do mesmo grupo que, na altura, foi quase um hino (pelo menos para mim): "World of water", do álbum "From A to B".

O "Rock em Stock", para quem não sabe, era um programa de rádio dos fins da década de 70, princípios da de 80, apresentado por Luís Filipe Barros, que passava diariamente, das 16 às 18 horas, música rock e alternativa (se bem que, naquela altura, não entendessemos ainda bem o conceito de alternativa). E nós ouvíamos religiosamente aquilo!

Bons tempos, como dizem (dizemos?) os velhos...

Porto sentido

Gosto da cidade do Porto, confesso; não a conheço suficientemente bem, mas acho muito bonitas todas as zonas ribeirinhas que conheço, começando pela Ribeira. Tenho vários amigos do Porto, e outros que para lá foram morar, como o Pedro Cid, que está lá há dois anos e já tem imensos amigos (diga-se de passagem que o Pedro, com o seu bom feitio, faria amigos até na Libéria!).

Do que eu não gosto no Porto, é de uma mentalidade provinciana e tacanha, predominante entre uma determinada facção da população, e que encontra o seu expoente máximo de imbecilidade na área futebolística. "Chamando os bois pelos nomes", abomino a mentalidade simplória e arrivista de J.N. Pinto da Costa, e de todos os "pintaínhos" que ele arregimenta. Gente dessa é que faz do Porto uma cidade provinciana!

Admiro a integridade e urbanidade de Rui Rio, que tenta mostrar aos portuenses (não confundir com "portistas") que a parte mais importante da cidade está longe de ser o "Fêquêpê"! E admiro o seu estoicismo ao resisitir ao nojento lobby do futebol, bem como a oportunistas ressabiados, "à boleia" dos grunhos do futebol (leia-se Luis Filipe Menezes). Porventura será uma missão inglória, mas só as verdadeiras gentes do Porto saberão recompensá-la - ou não!

De qualquer forma, tenho dito a várias pessoas que uma cidade que tem as "francesinhas", e para a qual alguém foi capaz de escrever e cantar uma canção tão bonita como o "Porto sentido" (Rui Veloso), não pode ser um mau lugar!

Já sei!

As caixas de feedback estão intermitentes, mas a culpa não é minha (acho...). Vão fazendo refresh de vez em quando e, se for muito urgente (!), enviem e-mail.

2003/08/12

Porquê?

Acabei de ler que, no passado Sábado, o pequeno Nicolas de nove anos foi espancado e torturado até à morte pelos próprios pais e avós. Aconteceu em França.

Queria escrever qualquer coisa sobre isto, mas nada parece fazer sentido...

W.H. Auden

Com uma dedicatória muito especial para a Lu - e também para o Lou que, sem este poema, provavelmente não existiria - partilho com os leitores o poema mais importante das nossas vidas:

Poem No. 9 from "Twelve Songs"
W.H. Auden

Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever: I was wrong.

The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the wood;
For nothing now can ever come to any good.

Cabidela

Sempre me fascinou a ânsia que as pessoas mostram, principalmente quando se encontram em estados de grande sofrimento, de se agarrar a seja o que for que lhes prometa melhorias na sua vida - sejam essas melhorias em questões de saúde, dinheiro, vícios, amor, sexo, etc., etc.

Só alguma fraqueza de espírito, a par com uma situação de grave debilidade emocional, poderá explicar os transes colectivos de IURDs e quejandos, com um punhado de oportunistas a aproveitarem-se escandalosamente da crendice e ignorância de milhares de pessoas.

Lembrei-me novamente disso ontem, quando soube (atrasado, como sempre) que tinha morrido a Santa da Ladeira, e ao assisitir ao histerismo que acompanhou as suas cerimónias fúnebres; e recordei uma notícia de jornal de há muitos anos, em que se podia ler que, após análises laboratorais, se havia comprovado que o sangue que alegadamente surgia nos crucifixos desta "Santa" provinha afinal de galináceos!

O oportunismo é um fenómeno transversal, sem escrúpulos nem tabus!

Canção

"Train in vain", dos Clash, no álbum "London calling", de longe o melhor álbum rock de sempre!

Ética

Novamente o meta-bloguismo, agora para falar de ética; muita coisa tenho lido a respeito de uma ética tácita na blogosfera mas, mesmo assim, continuo a ter algumas dúvidas sobre os procedimentos a adoptar.

Eu, por exemplo, nunca apago os posts depois de escritos. Confesso que já apaguei um ou outro feedback, mas apenas e exclusivamente porque, por lapso, havia saído repetido; mas agora, com o downgrade que me fizeram da conta, nem isso posso fazer. Também já cheguei a corrigir posts depois de publicados, mas só em situações de "gralha" ou erro, e sem nunca alterar minimamente o sentido dos mesmos. Verifico, no entanto, que há pessoas que apagam amiúde posts anteriormente escritos, sem nenhuma razão para o fazer; alguns assumem-no mesmo como uma situação normal, como é o caso de José Bragança de Miranda, na discussão que há poucos dias o opôs a Alberto Gonçalves. Pergunto: quem tem razão?

Outra questão: há dias, na "Toca do coelho", dizia o autor que "metade" (será uma força de expressão, mas enfim...) das visitas que o seu contador de visitas indicava tinham sido efectuadas pelo próprio. Ora, eu activei no sitemeter uma função que nos permite ignorar até dois IPs. Escolhi o de casa e o do escritório pelo que, quando acedo ao blog a partir desses locais, o contador não regista qualquer visita. De contrário, provavelmente já teria registado também o dobro. Novamente, quem estará certo?

Por fim, Luís Filipe Borges critica acesamente os blogs que, como é o caso da Serra mãe, não fazem uma lista de links para outros blogs. Admito que L.F.B estará correcto, e estou já a tratar disso; só que, por caricato que possa parecer, o meu único impedimento tem a ver com a minha inépcia relativamente a computadores - vontade de fazer isso tenho eu desde o princípio. Mas agora, que a Papoila me resolveu ajudar, acho que isto vai "andar" (a propósito, Papoila; li o teu feedback, e agradeço-te muito, mas o mail ainda não chegou. Vou esperar até amanhã).

2003/08/11

Aljezur

Depois de todo o Centro do país, é agora a vez da linda zona de Aljezur, que eu tão bem conheço, ser pasto de chamas. Aljezur, e a Serra de Monchique, são os últimos redutos de Algarve decente nesta altura - para Sul é só miséria.

Mas o fogo, e os seus autores, não se compadeceram com isso; não vou ao extremo de T.R., que diz que deveriam arder outras coisas piores em vez da nossa floresta (se bem que a ideia de ver arder os estádios do Euro seja sedutora). Mas parece-me injusto que só arda tudo o que é bonito...

O problema do costume

Já se está a tornar um hábito: a Internet do escritório continua em manutenção, há duas semanas, e depois de se ter "corrido" com um "técnico".

Mais conversa, em princípio, só à noite.

Hospitais

Por motivos que, felizmente, já se encontram em fase de resolução, tive que passar grande parte das duas últimas noites no Banco de Urgência do Hospital de São Bernardo, em Setúbal.

Porventura o que eu vou dizer a seguir será um rematadíssimo cliché, mas a verdade é que, quando estamos algum tempo num lugar desses, tomamos contacto com uma parte do mundo que normalmente escapa aos nossos olhos. Para além de convivermos directamente com toda a sorte de infelicidade alheia, com a qual, contudo, nos sentimos irmanados pelo espaço de umas horas, tendemos a aperceber-nos de reais e efectivas situações de miséria, física e moral.

É evidente que não sou um snob, que pensa que todo o mundo é cor-de-rosa, mas a não convivência sistemática com a realidade torna-nos algo insensíveis, e até pouco solidários com quem realmente sofre; cria uma espécie de cortina sobre o "mundo real".

2003/08/10

Ausência

Amanhã (já é hoje...) não posso postar; vou para um casamento. Que "sorte", não acham?