Como bom vitoriano que me orgulho de ser, também ontem rumei ao estádio do Bonfim para confirmar o excelente momento de forma que o Vitória está a atravessar (e, contrariamente ao que dizem alguns ressabiados, com tendência claramente ascendente), para ver uma equipa unida e honesta a derrotar com toda a justiça um grupo de pseudo-vedetas, que auferem salários milionários, mas que amiúde se esquecem de que têm que jogar à bola, preferindo esperar pelo sempre presente auxílio do árbitro para chegar ao golo. Como vitoriano sofri com as injustiças e aberrações que se passaram impunemente em frente aos nossos olhos, e como vitoriano festejei a merecida vitória. Não falarei aqui da qualidade do adepto português que, na sua esmagadora maioria, tem que "encarneiradamente" pertencer a um dos três ditos "grandes", o que levou a que muitos - provavelmente a maioria - dos que comigo partilharam a alegria o fizessem mais como anti-benfiquistas do que como vitorianos. É pena, mas cada um saberá escolher os seus caminhos.
Também não me apetece aqui perder demasiado tempo a comentar o atávico mau perder dos benfiquistas, que depressa se apressaram a escavar as mais rebuscadas justificações para o resultado. Antes do jogo já se falava da opção dum espanhol, mais palavroso do que actuante, de colocar a jogar os seus ditos reservas, sem ninguém se lembrar de que, provavelmente alguns desses "reservas" ganham mais do que quase o plantel completo do Vitória. De qualquer forma, a desculpa soa a pífia: o que diríamos se Lewis Hamilton tivesse participado no último Grande Prémio da temporada ao volante do seu utilitário de ir às compras, alegadamente para poupar o seu Mercedes de Fórmula 1? Possivelmente que tinha medo de perder, e que já estava à partida a criar a justificação perfeita para o seu mau resultado, não era? Pois, tal e qual como o Benfica: se ganhasse com a equipa de reservas (os tais apresentados como "coxos", e que fizeram jus ao epíteto), diriam que bastava a equipa de segunda escolha para arrumar o Vitória; no entanto, se perdesse, como esperava, diriam que tal tinha apenas acontecido por não terem usado a equipa principal. Simples e demasiado óbvio para ser aceite como desculpa. Ainda existem os que, agora, depois do duche em Setúbal, desvalorizam o objectivo. A táctica também está estafada, mas há sempre quem, em desespero de causa, ache que vai convencer alguém utilizando-a: um dos casos nacionais mais recentes foi o de Luís Filipe Menezes e a sua sombra, Ribau Esteves, que, perante a irredutibilidade de António Capucho relativamente à ocupação do lugar destinado ao PSD no Conselho de Estado, se multiplicaram em contra argumentar com a "pouca importância do cargo", e o desinteresse que o mesmo teria para o recém eleito presidente do partido. La Fontaine resumiu este comportamento com a frase lapidar "estão verdes, não prestam!", na fábula "A raposa e as uvas”. Trata-se, simplesmente, de, na impossibilidade de alcançar demasiado objectivo, desvalorizá-lo, como fazem agora alguns benfiquistas “considerando” que a Taça da Liga não é um objectivo suficientemente importante para o seu clube. Previsível e apenas digno de um sorriso de comiseração.
Mas já falei mais do que me apetecia da triste saga duma equipa que não rentabiliza os seus milionários investimentos, e agora há coisas bem mais importantes para referir sobre o futebol em Portugal: as várias visitas que tenho feito aos estádios nacionais mostraram-me cabalmente que não há de todo imparcialidade por parte dos árbitros em Portugal. Não falo exclusivmente do Vitória, mas de qualquer equipa dita "pequena" em confronto com os tais três ditos "grandes". A presença de uma destas equipas causa, intencionalmete ou não, mas inevitavelmente, uma tal inibição ao árbitro, qualquer que ele seja, que o impede de tomar qualquer tipo de decisão contra a equipa "grande", compensando com um excesso de iniciativas contra a outra equipa, a dita "pequena", por exclusão de partes. Normalmente tal comportamento fica restrito ao espaço físico de um campo de futebol, e testemunhado apenas pelas rvoltadas pessoas que se sentam nas bancadas, principlmente quando não há transmissão televisiva. Só que ontem, uma criatura de servilismo aviltante, de nome Paulo Costa, teve azar: foi-lhe manifestamente incumbida a tarefa de levar o Benfica "ao colo" até à vitória na eliminatória, fosse qual fosse o preço. Mas esqueceu-se de que o seu lamentável favorecimento estava a ser transmitido para todo o país, numa véspera de feriado, num canal de sinal aberto, e com uma grande assistência curiosa por conhecer o resultado do confronto. Assim, a sua parcialidade, os seus
penalties inventados a favor do Benfica, os outros "não vistos" a favor do Vitória, e toda a panóplia de situações a favorecerem permanentemente os vermelhos (provavelmente do seu "coração"...) foram testemunhadas por um país inteiro que só não viu as injustiças se não quis, ou se a sua "clubite" fosse daquelas que provoca cegueira. Mas houve outros azares para esse tal Paulo Costa: por mais que tentasse, por mais que se esforçasse, a equipa de
primas donnas do Benfica não foi capaz de fazer o resto, e Deus acabou por escrever direito por linhas tortas!
O triste espectáculo de arbitragem a que assistimos ontem não é, infelizmente, caso único, mas um fulano tão descarado, que em pleno jogo chegou a dizer a um jogador do Vitória (noutra ocasião) que "detestava o clube", e que o mesmo "merecia era estar na segunda divisão", não é um árbitro, nem sequer um homem, e devia ser irradiado da arbitragem liminar e imediatamente.
Não falarei também da ausência de brio profissional dos comentadores televisivos, que os leva a fazer em directo tendenciosos comentários que deveriam manter restritos às imperiais com os amigos, porque também aqui a esperança é pouca e a incompetência muita!
Mas é o futebol que temos, e ainda agora estou apenas a descobrir a pontinha do
iceberg...