2003/08/09

A praia

Não, não vou falar do blog homónimo do precoce bloquista - agora mais bloguista - Ivan Nunes, nem tampouco do excelente livro de Alex Garland. Vou falar literalmente de praia, e, mais concretamente, de um artigo que surge no suplemento "Fugas" do jornal "Público" de hoje, intitulado "A praia não é para todos". Tal artigo foi assinado pelo jornalista Luís Maio que, contudo, confessa que bebeu muita da inspiração para o escrever numa outra peça, de Ann Laffeaty.

Tentei há pouco confirmar se este mesmo artigo, a que os responsáveis editoriais conferiram importância suficiente para uma chamada de capa, se encontrava disponível na versão online daquele diário, mas apenas consegui aceder a um conjunto de esotéricos hieróglifos. Por isso, e para contextualizar alguns dos meus leitores que não compraram o jornal, posso dizer que, na peça em questão, L.M. faz uma descrição mais ou menos exaustiva dos diferentes tipos de indivíduos que o incomodam nas suas incursões balneares, e que são: "famílias", "crianças e cães" (assim mesmo, equiparados no mesmo grupo), "casais in love", "melómanos", "jogadores", "surfistas", "pescadores", "telemobilizados", "colunáveis", "exibicionistas", "voyeurs e gigolos", "viciados e maníacos", "topless" e "mete-nojo" - resumindo, todos os ocupantes da praia excepto o Sr. L.M. e, provavelmente, dois ou três amigos escolhidos.

Muitas considerações haveria a fazer sobre este texto, supostamente humorístico, mas ficar-me-ei por duas modestas reflexões:

L.M. considera equivalentes, para efeitos de incómodos causados, "crianças e cães" (nem a autora do texto plagi... - desculpem! - inspirador teve tamanho mau gosto). Presumo que L.M. já tenha sido criança (duvido de que tenha sido cão, mas isso é irrelevante), e posso até crer que, na sua infância, alguém lhe fez o favor de o levar à praia. Partindo então do princípio de que esta premissa é verdadeira, ficamos a saber que L.M., nas suas infantis idas a banhos, nunca incomodou qualquer adulto que se encontrasse por perto (ou até por longe...) - doutra forma, seria difícil arranjar moral para escrever o que escreveu!

Por outro lado, e dando de barato que as descrições que faz dos diversos tipos de banhista abrangem cerca de 99% da população das praias, resta-me perguntar em que grupo se inclui L.M.; ou será que se acha uma excepção? A mim parece-me, realmente, excepcional, mas não direi em que aspecto.

Se se incomodasse tanto com quem está na praia, faria como eu: só ia à praia no Inverno. E também é melhor que este senhor nunca venha a ter filhos, para que não tenha que se envergonhar do que escreveu!

Sudoeste

Leio, em muitos blogs, as mais variadas loas ao Festival Sudoeste, na Zambujeira do Mar; eu também já fui assim, confesso. Em 1997, primeiro ano da "coisa", fiquei entusiasmadíssimo com o cartaz e assisti a todos - todos mesmo - os concertos. Até Marilyn Manson eu vi, acreditem. Valeu, principalmente, pela grande performance dos Suede, apesar de já longe dos tempos de Bernard Butler e do som indie de "Dog man star".

Em 1998 ainda voltei para ver um concerto; o meu principal objectivo era ver os Portishead mas, en passant, vi também os excelentes Placebo e Polly Jean Harvey. Boa malha, se bem que Brian Molko soe melhor nas gravações do que ao vivo. Mas algo se estava já a passar - "aquilo" já não era a Zambujeira!

Nunca mais voltei à Zambujeira do Mar em dias de festival, e digo mais: agora, tal como a maior parte das pessoas que não "descobriram" a terra só por causa do concerto, amaldiçoo a hora em que este evento lá foi parar.

Haverá honrosas excepções, admito, mas este festival não passa de um amontoado de putos bêbedos e "charrados", para os quais tanto faz estar ali a ouvir Brett Anderson ou Jamiroquai, como estar num estádio a ver um jogo de futebol, de preferência com porrada pelo meio. "Dar" Beth Gibbons & Rustin Man a esta gente é como deitar pérolas a porcos!

E, entretanto, a "minha" Zambujeira foi irremediavelmente violada. Egoísta? Sou, sim!

Ajuda

Alguém me poderia fazer o favor de explicar como, neste template, poderei inserir uma lista de links para outros blogs? E imagens (para os posts, mas também para o cabeçalho)?

Respostas em português, por favor. Desde já agradeço.

Tamanho dos posts

Existe um filme, da década de 80, chamado "Os amigos de Alex", realizado por Lawrence Kasdan, que retrata as dúvidas existenciais de um grupo de quarentões, quando percebem que o fim da vida é a morte (Lili Caneças não diria melhor). Em minha opinião, trata-se de um filme "fraquinho", muito american style, mas que conseguiu ir ao encontro dos sentimentos confusos de toda uma geração - a nascida nos anos 50. Essa empatia, e também a presença discreta mas charmosa de Meg Tilly, garantiram-lhe o sucesso e o estatuto de objecto de culto.

Nesse filme participa também Jeff Goldblum, que faz o papel de um jornalista; a certa altura, J.G. diz aos seus amigos - a propósito dos seus critérios editoriais - que "o tamanho médio de um artigo não deve ser superior àquilo que uma pessoa consegue ler durante uma cagada" (cito de memória).

Talvez isso se passe também com os posts deste blog; tenho reparado que existe uma tendência generalizada, por parte dos meus queridos leitores, para escrever feedbacks maioritariamente nos posts mais curtos. Confere, ou será apenas uma impressão minha?

Vá-se lá perceber isto!

Nunca vi coisa tão irregular como o número de visitas deste blog; anteontem foram 33, ontem 37, e hoje 11. Alguém me explica?

2003/08/08

TSF

A chegada de Emídio "Big show" Rangel à TSF já se começa a fazer anunciar; para já serão abolidos os chatérrimos programas "Flashback" e "Grande Júri TSF".

O primeiro será substituído por um novo programa de painel, mas em que as "paineleiras" serão Lili Caneças, Cinha Jardim e a lontra Amália, do Oceanário (para manter o nível intelectual), e em que se falará de temas prementes da actualidade, como o barulho que o gelo faz nos copos, ou a confusão que tem sido a "Casa do Castelo" este ano. Por sua vez, no lugar do "Grande Júri" surgirá um novo programa de entrevistas, mas desta vez conduzidas por Bárbara Guimarães - este programa terá um horário irregular, pois B.G. não abdica da sua make-up prévia para aparecer na rádio, e nunca se sabe quanto tempo demorará tal processo. Na primeira semana, o entrevistado será Pedro Miguel Ramos, e futuramente Bárbara pretende localizar e entrevistar algumas figuras famosas da nossa cultura, tais como Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis ou Bernardo Soares; se não conseguir localizar nenhum destes, talvez opte por Rodrigo Herédia.

Este último parágrafo é invenção minha, claro, mas espero que Rangel nunca visite este blog, pois pode dar-lhe ideias...

The Smiths

Hoje ouvi de novo "Heaven knows I'm miserable now", naquela voz divina de Morrissey.

I was looking for a job
And then I found a job
And heaven knows I'm miserable now


Não é lindo?

Será grave?

Os meus sogros disseram-me agora que o Sérgio Conceição, que era para ir para o Milão, afinal foi para o Sporting, ou coisa parecida. Eu perguntei-lhes quem é o Sérgio Conceição.

Será possível que isto seja uma notícia importante? Estarei eu mal, ou está-lo-ão os restantes 99% da população? Tanta gente não pode estar errada, pelo que devo ser eu o anormal.

Excelente

É o mínimo que posso dizer da carta publicada hoje n'"O Independente", assinada pelo meu amigo João Titta Maurício, e que subscrevo incondicionalmente. Infelizmente, não me parece que a carta esteja disponível no site do jornal, pelo que, quem a quiser conhecer, terá que comprar a versão em papel.

Agora não tenho aqui o jornal - deixei-o no carro - mas sempre vos digo que o assunto é o caso de "senilidade galopante" de Mário Soares, bem como a sua súbita e conveniente perda de memória. Então não é que o Senhor não se lembra de outros "tumores" mais antigos, como, por exemplo, a descolonização "exemplar" pela qual foi responsável, ou a sua declaração (escrita) em que manifestava a sua opinião de que Timor deveria ter sido anexado à Indonésia?

Haja pudor!

2003/08/07

Estamos salvos!

Não desesperem, leitores viciados neste e noutros blogs! O nosso problema já pode ser tratado. Juntemo-nos aos "blogólatras anónimos".

P.S.: A César o que é de César; quem "descobriu" este oásis de salvação das almas foi a minha amiga, blogólatra também, papoila - eu só copiei!

Volta a Portugal em bicicleta

Desde pequenino que me faz confusão a Volta a Portugal em bicicleta; e faz-me confusão, principalmente, por causa da data em que se disputa. Eu via franceses, italianos, e outros países menos inteligentes a organizarem corridas com tempo fresco, mas cá em Portugal era sempre no pino de Verão, com temperaturas como a de agora, que os ciclistas iam para a estrada. Lembro-me de pensar no calor que eles não deviam passar a atravessar o Alentejo, por exemplo!

Com este calor, o simples acto de pensar em bicicletas já me deixa fatigado...

Mas o que é que aconteceu?

Onze horas da noite, e já batemos o record de ontem; foram 33 visitas ontem, e hoje já vamos em 36!

Estou contente com este crescimento, mas, ao mesmo tempo, também começo a ficar um bocadinho como a minha amiga C.: que vergonha, pensar que tanta gente vai ler o que escrevo!

Doentinho

A minha família já está comigo de novo, mas o meu principezinho vem doente; fomos à tarde para o hospital, e o médico diagnosticou-lhe uma gastrenterite, com um princípio de desidratação. Vai ficar bom, eu sei...

Maldito calor!

O erro de Voltaire

Voltaire disse: "o trabalho livra-nos de três grandes males: o tédio, o vício e a pobreza". Comigo, não acertou em nenhuma!

Pena de morte

Como todos já devem saber, foi esta manhã condenado à morte por fuzilamento o indonésio Amrozi, por se ter considerado provado o seu envolvimento no atentado que, há quase um ano, vitimou mais de duzentas pessoas numa discoteca de Bali.

Já aqui disse várias vezes: não concordo com a pena de morte. Contudo, neste caso específico, admito que ela tem uma função pedagógica, pois servirá de exemplo para outros potenciais assassinos fundamentalistas. É triste para o desgraçado que vai morrer - aliás, ele parece não achar, pois sorriu até quando ouviu a sentença - mas decerto outros radicais semelhantes poderão vir a pensar duas vezes.

Bem sei que se diz que os fundamentalistas islâmicos não temem a morte, mas não me parece que essa seja uma característica de todos eles. Se não concordam, tentem recordar a expressão de bicho acossado de Yasser Arafat quando, há algum tempo, os israelitas lhe cercaram o quartel-general. Sou levado a concluir por uma de duas hipóteses: ou as trezentas virgens que esperam os mártires no paraíso não são um argumento suficientemente convincente para Y.A., ou o senhor é adepto do adágio "faz o que eu mando e não o que eu faço"!

"O Costa do castelo"

Já se esqueceram do meu aviso de há uma semana? Corram para o quiosque, pois o DVD que sai hoje com o "Público" traz o filme que dá título a este post. Mais que não seja, para ouvir Milú a cantar "A minha casinha", ou António Silva a dizer "como é diferente o amor em Portugal".

E, até ao fim desta série, ainda vão sair vários títulos excelentes; não tenho o jornal aqui à mão, mas lembro-me que, nas próximas semanas sairão, entre outros, os lindíssimos "O quarto do filho", de e com Nanni Moretti, e "Cyrano de Bérgerac", com a fabulosa interpretação de Gérard Dépardieu.

Ainda em tempo

Ainda antes de "fechar a loja", gostaria de deixar mais duas sugestões de leituras, algo que me foi pedido logo no início deste blog, e que eu tenho andado a descurar.

Os livros que eu hoje recomendo, bem apropriados para férias, são relativamente recentes, e foram ambos escritos pelo mesmo autor: chama-se Magnus Mills, e era (é?) condutor de buses em Londres.

Quanto às obras, são elas "O curral das bestas" e "Nada de novo no Expresso do Oriente"; são duas histórias fantásticas, de um humor non sense como só os ingleses são capazes. Delirantes. Depois de os ler, ainda dava muitas vezes comigo a pensar nas mais caricatas situações dos livros, e a rir sozinho. Imperdíveis, absolutamente!

A "Fraldas"

A "Fraldas" é a minha cadela. Não era justo já ter falado da família toda neste blog, e ainda não ter postado uma palavra sobre a "Fraldas".

É uma simpática - mas teimosa - basset hound, que começou por se chamar "Mafalda". No entanto, descobrimos que há pessoas susceptíveis, que não gostam de partilhar o nome com um cão, e resolvemos fazer umas pequenas adaptações no nome - ficou "Fraldas". Faço qualquer coisa para evitar discussões.

Não percebo essas pessoas, confesso; eu preferiria chamar-me "Bobi" do que "Bobone", por exemplo (duvido que seja socialmente correcto dizer isto, mas o facies da dita Sr.ª Bobone lembra-me um cão - um bulldog, para ser mais preciso).

Mas passemos adiante; a "Fraldas" está aqui a dormir, no chão, aos meus pés. Quero dizer, finge que está a dormir; na realidade, está só à espera que eu me deite e adormeça para trepar para cima da cama. E eu acho que lhe vou fazer a vontade.

2003/08/06

Veneza

Na nossa lua-de-mel fomos a Veneza; era Carnaval. Veneza, como muito bem disse Truman Capote, "é como comer, de uma assentada, uma caixa inteira de bombons com licor".

Não foi a primeira vez que lá fui e, se Deus quiser, não será a última!

Pós-laboral

Como já disse várias vezes, desde há uns dias para cá só consigo postar neste blog à noite; não que me faltem motivos ou vontade. A razão é, infelizmente, mais prosaica: andaram uns "especialistas" a instalar a ADSL lá no escritório, e a reconfigurar a rede em todos os computadores. Resultado: antigamente ainda tinha Internet aos soluços, mas agora, nem isso, nem rede, nem nada! Só para perceberm a dimensão da tragédia, digo-vos que, para imprimir um documento, tenho que o gravar numa disquete e ir ao computador da recepção!

Há um "técnico" que passa lá os dias - literalmente - mas pouco mais consegue fazer do que olhar para os computadores e esperar que o mal seja do calor.

Escusado será dizer que sinto a falta de ir respondendo, quando posso, aos feedbacks que aqui vão sendo colocados. Mais: temo até que, por falta de resposta, algumas pessoas percam a motivação para escrever neste blog!

Mas também há alguns motivos para alegria; depois de uns dias a "meio-gás", e mesmo sem que eu tenha tido acesso ao blog durante todo o dia, hoje, à hora em que escrevo, já tinha sido igualado o anterior record de visitas diárias (31). E ainda faltam mais de duas horas para o fim do dia!

Estou felicíssimo!

A minha família volta amanhã! Se demorassem mais um dia que fosse, acho que morria de saudade...

Vendido!

Eu leio e não acredito!

O realizador mexicano Alfonso Cuarón, que dirigiu os fantásticos "Amores perros" (não me lembro como foi traduzido em português) e "E a tua mãe também", está a realizar o novo filme de Harry Potter.

Não se sentirá o homem envergonhado? Não passará as noites acordado, a ouvir a sua consciência a atazaná-lo? Se não, merecia!

O que os dólares fazem à integridade de uma pessoa...

Quanto aos dois filmes mencionados em cima, se não os viram ainda, corram. São simplesmente divinos, mas brutais como murros no estômago.

2003/08/05

Já pensaram?

"E se este mundo for o Inferno de outro planeta?"
Aldous Huxley

Espionagem

Hoje dediquei parte da noite a indagar do que se vai fazendo de novo, e bom, na blogosfera. Para já, recomendo o "Homem a dias", que ainda não percebi se conta com a colaboração de Eduardo "não-sei-se-diga-mal-se-bem-se-faça-um-só-para mim-ou-se-espere-que-acabem-todos" Prado Coelho, o "Outro, eu", do radialista Carlos Vaz Marques, e ainda o novíssimo "A espuma dos dias" (que título lindo; Boris Vian estaria orgulhoso), presumo que da jornalista Sarah Adamopoulos.

Há ainda o já clássico, mas sempre muito interessante, "Prazer inculto", do escritor Possidónio Cachapa (gostei mais d'"A materna doçura" do que d'"O mar por cima", mas recomendo a leitura de ambos).

Kant para principiantes

"EMMANUEL KANT

O filósofo Emmanuel Kant foi um exemplo de introspecção antes mesmo que Freud tivesse inventado esse curioso método de olhar para dentro. O pai, fabricante de correias, tinha à mão o método mais eficaz de fazer do seu filho um sábio. Por isso Kant passou a vida inteira a estudar e aos sessenta anos escreve o primeiro livro, «Desideratio De Mundo Sensibillis Attque Inteliggibilis Forma et Principiis», (que a Sic, pela mão do Rangel e do Ediberto Lima, pensa adaptar à televisão com o João Baião encarnando o filósofo). Daí para diante, Kant ficou quase tão famoso como o Eusébio ou o José Saramago, sobretudo depois de ter afirmado que «a necessidade apodictiva pode ser descoberta na casualidade». Esta teoria tornou-o talvez tão popular como o seu homónimo, o cantor Emanuel e a sua inteligência era tal que passou a ser considerado como o Manuel Maria Carrilho de Konisberg. E com toda a justiça pois, se não fosse ele, ainda hoje não saberíamos que existimos num sistema apriorístico.

Da sua vida privada pouco se sabe. Apenas se tem a certeza de que era casado, embora ninguém lhe conhecesse a mulher. Dizia-se que ela escutava silenciosamente as teorias do marido enquanto descascava as batatas para o jantar. Mas um dia Kant surpreendeu-a com aquele conceito famoso: «O ego prático possui um imperativo categórico na determinação da sua própria vontade». Então, depois de quarenta e tantos anos de absoluta indiferença pela sabedoria do esposo, ela rompeu num riso histérico e disse:

— Oh! Emmanuel! Essa é mesmo de uma pessoa se mijar a rir!"


Com a devida vénia a José Vilhena.

Recomendado

Nas minhas deambulações pela blogosfera, descobri mais um blog "daqueles" que valem a pena; chama-se "A natureza do mal". Ora fiquem-se lá com este "cheirinho":

"A mulher-a-dias não entende que os livros não são das prateleiras, são dos cantos todos da casa. Todas as terças e quintas feiras tenho de os devolver à circulação."

Só fiquei com pena por as caixas de feedback não funcionarem.

Meta-bloguismo aplicado

Os meus leitores mais atentos decerto terão reparado ultimamente na entrada em cena frequente, nas caixas de feedback, de dois leitores bastante "críticos", se bem que nem sempre coerentes.

Sei que a blogosfera é um espaço livre, e sabia à partida que, tão logo iniciasse este blog, rapidamente iria perder o controle do mesmo. Sei também que, apesar de serem os primeiros, estes dois não serão com certeza as últimas pessoas a estar em desacordo comigo.

O meu blog não é grande; escrevo-o para ser lido - é verdade - mas não tenho veleidades de comparar números de visitas com quem anda nestas "andanças" há vários anos (se bem que já tenha, por várias vezes, brincado com o assunto). Também não nego que, tirando o caso específico das duas criaturas supra mencionadas, as mensagens que me têm sido dirigidas são-no quase sempre em tom empático, e até simpático.

Não sou masoquista, e confesso que me regozijo com a boa receptividade que este blog tem tido entre os (poucos, admito) leitores que o visitam. Isto não quer dizer, no entanto, que não seja capaz de "encaixar" críticas. E é aqui que começa a minha divergência com as duas pessoas a que me referi no início do post.

Um fulano, que, muito apropriadamente se autodenomina "Banano", passa o tempo a visitar este blog para postar as mais diversas inanidades. Quando eu respondo, contudo (e tenho tentado fazê-lo em tom contido), aqui d'el-rei, "que não tenho capacidade para ouvir críticas", subvertendo, muito convenientemente, o sentido da palavra "crítica".

Para que se perceba de que tipo de pessoa estamos a falar, deixo aqui algumas citações dos seus feedbacks, em que me "critica":

"Para quem diz que que nas discotecas se perde o convivio, presumo que quando pediste a tua actual esposa em casamento, estavas bebado, não ?!"

"Já que gostas de touradas, porque não vais substituir o touro?"


Se isto são críticas, vou ali e já venho.

Há ainda um outro sujeito, com ainda maiores problemas de personalidade e carácter, como se pode facilmente confirmar pelas suas sucessivas mudanças de nick, cujo discurso é semelhante, com a nuance, contudo, de me comparar amiúde com os militantes ortodoxos do PCP. Eis o tipo de "crítica" desta segunda personagem:

"Um blog de "rôtos", e ainda para mais nem disfarçam..."

Esta será, definitivamente, a última vez que perco tempo com tais tarados. As críticas neste blog são, e serão sempre bem vindas. Palhaçadas cobardes, a coberto do anonimato que a net permite, não me interessam. Poderão, naturalmente, estes e outros frustrados continuar a escrever neste blog; eu deixarei de os ler, e os leitores realmente interessados no blog decidirão por si.

O novo Carlos Borrego

No melhor pano cai a nódoa; parece que todos os governos estão condenados a ter um ministro assim - que mantém normalmente um reservado low profile, mas que, quando fala, "borra a pintura toda"!

O ministro do ambiente, Amilcar Theias (de quem nem sequer conhecia a cara), visitou ontem algumas regiões onde continuam a arder estes incêndios criminosos, e não se lembrou de nada mais inteligente para dizer do que considerar que a sua autoria (dos incêndios) se poderia dever ao facto de existirem ex-combatentes que guardam material bélico em casa. Ouvi na rádio, ontem à noite, e não queria acreditar!

Esqueceu-se, contudo, de referir que dos aviões particulares que combatem as chamas (e que custam quase três mil euros por hora), também caem engenhos explosivos e incendiários. E que os incêndios são um excelente negócio para esses empresários (nem todos portugueses). Já para não falar em quem comercializa material de incêndio (uma simples mangueira de auto-tanque custa uma pequena fortuna e, regra geral, depois de um incêndio não é reutilizável), ou em quem lucra objectivamente com a destruição das florestas (madeireiros, urbanizadores, entre outros).

Não são só "maluquinhos" inimputáveis que provocam os fogos. Nunca pensei vir a concordar com o Partido da Nova Democracia, mas sou forçado a reconhecer que algo deve ser feito em relação ao quadro penal para incendiários (executantes e mandantes) - e equiparar esse crime a terrorismo parece-me uma excelente ideia. E que sejam punidos exemplarmente os culpados já capturados, nem que para isso alguns deles possam ter que vir a ser transformados em bodes expiatórios. Os potenciais incendiários têm que sentir um medo real.

Voltando ao PND, e ao seu líder, o inconstante Dr. Manuel Monteiro, acabo contudo por ter que discordar de Manuel Falcão num aspecto elementar: os timings. Soa um bocadinho a "abutre" vir, no meio da catástrofe, tentar capitalizar dividendos políticos à custa de tamanha desgraça. Até o "desbocado" Ferro Rodrigues percebeu isso; só M.M., com o seu sui generis sentido de oportunidade, não percebeu que há alturas em que mais vale estar calado.

A correr

Continuo sem Internet no escritório (dizem que hoje fica tudo resolvido, mas não sei...), pelo que, por estes dias, os posts só são escritos à noite, ou numas "escapadinhas" de dia, como esta.

Para além disso, a saudade continua a corroer-me o espírito e a bloquear-me a inspiração; como tal, aceito agradecidamente toda e qualquer sugestão de tema para desenvolver. Já sabem o contacto: ou para aqui, para as famosas caixinhas de feedback (ao princípio houve tanta gente a usá-las, e agora desapareceu tudo - onde é que andam?), ou para o e-mail.

Antecipadamente agradeço.

E para dormir...

"I fought in a war", de Belle & Sebastian:

I fought in a war
and I left my friends behind me

Falha técnica

Peço desculpa se hoje também não postar nada, nem tampouco responder às vossas simpáticas mensagens, mas os computadores lá do escritório estão em greve à Internet, e os técnicos que por lá têm andado não me parecem muito próximos da solução do problema.

Contudo, não se coibam de usar livremente as caixas de feedback e o e-mail; eles foram feitos para vocês, e eu gosto de ler (quase) tudo o que me escrevem.

Um bom dia de trabalho ou de descanso.

Seagull

Não gosto de discotecas e bares; acho que o convívio se perde, e todos nos tornamos uma espécie de alienados nesses espaços. Confesso, contudo, que já tive os meus tempos de "correr todas as capelinhas", em Lisboa e em todo o país.

Mas nenhum desses estabelecimentos me cativou o suficiente para me deixar memórias importantes, boas ou más - nenhum, excepto um: a discoteca "Seagull", em Galapos, na Serra da Arrábida.

Comecei a ir ao Seagull (os de Lisboa diziam " ir à Seagull"), era ainda adolescente, já lá vão 23 anos. Na altura era apenas um barracão palafítico, em cima do mar, mas já dispunha daquela varanda mágica. O tecto era baixíssimo, e facilmente poderíamos retirar as lâmpadas que faziam o ambiente com a mão. O disc-jockey ficava numa cabine, em forma de posto de comando de barco, mesmo no meio da pista de dança. Bons tempos...

O Seagull foi ganhando fama e foi crescendo; do barracão incipiente, passou a armazém sobre o mar, mas sempre com a varanda que o diferenciava de qualquer outro lugar similar neste mundo. Isso, e a música, que só ouvida. O Zé Gato (paz à sua alma), disc-jockey da casa durante muitos anos, gravou-me várias cassettes que eu me deliciava a ouvir no carro: Led Zeppelin, Deep Purple, Fleetwood Mac, e tantas outras músicas que eu hoje não consigo ouvir sem uma ponta de emoção.

As pessoas de outras paragens foram "descobrindo" o Seagull, e havia noites em que se tinha que estacionar a mais de um quilómetro; mas nós sentíamos que aquela casa era especial para nós, era a "nossa" casa desde o princípio.

No Seagull ri, chorei, bebi, dancei, namorei, lutei... - e pedi em casamento a minha mulher, a Lu, no restaurante que lá chegou a existir.

O Seagull ficou completamente destruído numa explosão seguida de incêndio, em 1998, e o Parque Natural da Arrábida, bem como outras entidades competentes, não autorizaram a sua reconstrução no mesmo sítio por considerarem que se tratava de uma zona de alto risco de derrocadas.

Sei que o actual dono não desistiu ainda de o reconstruir, mas duvido que o consiga; e, para além disso, já não seria a "barraca de pau" da minha adolescência e juventude!

2003/08/04

Sem inspiração

A grande vantagem de se ser burro é que, quem o é, raramente tem consciência disso, e vive feliz na sua ignorância. Isto vale, como já devem ter percebido, para algumas pessoas que aqui têm andado a escrever nas caixas de feedback.

Tirando isso, não tenho mais nada a dizer hoje; preocupações no trabalho, uma internet "intermitente" no escritório, este maldito calor, e uma saudade imensa, cortaram-me completamente a inspiração. As minhas sinceras desculpas.

Bom gosto

"Há momentos em que tem que se escolher entre ser humano ou ter bom gosto."
Bertolt Brecht

2003/08/03

Rule Britannia

Acabei de rever, na SIC Radical, mais um episódio de uma das melhores sitcoms inglesas - se não mesmo a melhor - que já passaram pelos nossos ecrãs: "The Royles".

Ao mesmo tempo, o país inteiro deve estar a ver uma série de tipos de calções, algures no Porto, a correr atrás de uma bola de futebol.

Fora do prazo de validade

No melhor estilo "lixaste-o-tacho-à-minha-senhora-agora-vou-tentar-lixar-te", Mário Soares comparou ontem Paulo Portas a "um tumor que deve ser extirpado".

Será que o avôzinho ensandeceu de vez? Ou pensa que goza da inimputabilidade dos velhos malucos e malcriados para dizerem os dislates que lhes vêm à cabeça? Mas esses velhos, que ele tenta imitar, estão no banco de jardim e, por natureza, os seus comentários são inconsequentes. O de M.S., apesar de também inconsequente, torna-se muito mais grave porque público!

Por este andar, qualquer dia arrota e dá traques enquanto está a ser entrevistado; que tristeza...

Gatunos

Se há gente que trabalha em cartel, aproveitando-se do facto de não terem concorrência para nos pedirem pequenas fortunas por coisas com qualidade abaixo de duvidosa, são os concessionários das áreas de serviço das auto-estradas.

Vim agora pela auto-estrada do Norte, e, apesar de ter por sistema não comer nada nesses lugares, acabei por parar para comprar uma garrafa de água; 1,12€!

Se eles não estivessem já lá a fazê-lo, dava vontade de os mandar ir roubar para a estrada!

Já estou de volta!

Pois é; infelizmente, o fim de semana passou a correr, e amanhã tenho que estar de volta ao trabalho. Mas isso não é o pior; o que mais me custa é que a minha família ficou no Norte, com os meus sogros, e eu, sem a minha mulher e o meu filho, não sou ninguém.

Chamem-me piegas, se quiserem, mas há bocado, quando me despedia do meu Lourenço (quem o conhece sabe que ele parece gente com cara de anjo - mas eu acho que ele é um anjo com cara de gente), deixei correr uma lágrima. E só vou estar sem eles até Sexta-feira!

Salvam-se as coisas boas: almocei hoje, mais uma vez, a melhor cabidela do mundo. Fá-la o Sr. Leonel, e temos que a reservar com dois dias de antecedência. Este segredo vou guardá-lo para mim e para os meus, mas sempre vos digo que fica no meio das serras, a menos de uma hora do Porto.