Este nosso país tem um povo consumista, habituado a "comer" sem questionar muito aquilo que lhe é "empurrado", seja pela publicidade, seja por supostos
opinion makers, nem sempre inocentes nos seus desígnios. Foi assim que, há cerca de três anos, um grupo de sociais-democratas desejosos de ver Cavaco na cadeira presidencial, com os socialistas a aproveitar o "jeito", e mais a comunicação social bem canhota a apanhar o comboio, puseram, à sua vontade, o país todo encarneiradamente a repetir que Santana Lopes era um "trapalhão", ideia que lhe conseguiram colar até hoje, sem que contudo ninguém, em plena consciência e honestidade, consiga apontar objectivamente uma única "trapalhada" de Santana durante o tempo em que esteve em São Bento. Mas a imagem já estava convenientemente criada, e a opinião "culta" (se entendermos por "culto" ler o Expresso, e mandar uns "bitaites" em seguida) não se preocupou muito em questionar os fundamentos do pressuposto e, no fundo, até sabia bem atirar uns tomates podres a quem parecia ter uma carreira tão irritantemente bem sucedida!
Mas a vida dá muitas voltas, e o homem continua a "andar por aí", para desespero de muitos. E continua a mostrar a dignidade que fez dele o
enfant terrible que se sabe, como o mostra a
atitude na SIC Notícias há uns dias. Há que ter noção do ridículo, e interromper a entrevista de um ex-primeiro ministro para transmitir em directo a chegada de um treinador de futebol, por muito respeito que Mourinho nos mereça, faz-nos crer que a estação televisiva perde por vezes (secalhar demasiadas...) essa noção.
Chapeau, Santana!