A patética e triste saga recente de José Sá Fernandes, renegando quem lhe proporcionou o ambicionado tacho, numa sabuja busca das migalhas que o PS lhe possa dar e prometer, prestar-se-ia facilmente a várias graçolas e picardias para chatear os bloquistas, mas o nível do protagonista provoca-me um tão forte nó no estômago que se me vai a vontade de brincar.
Sempre me chocou a falta de carácter de quem abandona um partido num dia, e no dia seguinte (às vezes até no mesmo) já diz cobras e lagartos de quem até há pouco tempo o acolhia e lhe dava benefícios objectivos. Zita Seabra, Freitas do Amaral, Helena Roseta ou, mais recentemente, José Miguel Júdice ou Maria José Nogueira Pinto ilustram bem a falta de princípios a que me refiro. Pessoas que não guardam sequer o nojo da viuvez recente, e já dançam em cima do caixão antes do enterro, sem perceberem que a imagem que anda pela lama não é a do partido que largam, mas sim a sua, de oportunistas sem escrúpulos.
Sá Fernandes não merece, pela sua ínfima importância e competência, o espaço destas linhas, mas serve bem para mostrar, de novo, que nem toda a gente está disposta a manter a dignidade de olhar todos de frente, desde que lhes acenem com a mais raquítica cenoura.
Neste quadro triste e deprimente, também não sai nada bem o PS; como o abutre, aproveita necrofagamente as excrescências doutros partidos, sem sinais de pudor ou problemas de consciência, o que, no entanto, e tratando-se de socialistas, já dificilmente surpreende alguém.
Davam grandes passeios pelo jornal
Há 1 hora