Apesar de, graças a Deus, nunca ter passado dificuldades financeiras por aí além, noto em mim, por vezes e cada vez mais, uma tendência para o "forretismo", se bem que, na maior parte dos casos, a consiga justificar com a simples invocação da razão.
Para ilustrar o que digo, não consigo conceber como, por exemplo, se gastam fortunas abissais em peças de roupa quando, muitas vezes, apenas estamos a comprar o emblema ou a griffe. Como diz com alguma graça e muita razão o meu amigo P.R., é absolutamente despudorado comprar uma peça de vestuário, seja ela qual for, cujo custo seja superior ao ordenado mínimo nacional. Claro que este raciocínio não poderá valer, por exemplo, para uma camisa, em que o plafond terá que ser forçosamente muito mais baixo, e cujo valor razoável de aquisição não poderá exceder nunca os cinquenta ou sessenta euros, e isto para casos de comprovada qualidade.
O mesmo para os automóveis: por muitos Euromilhões que me pudessem sair, não me veria em caso algum a comprar aqueles carros estranhos que os príncipes árabes ou o Vítor Baía compram, com preços superiores a meio milhão de euros. Acho que é um desrespeito a todas as pessoas com necessidades este tipo de desperdícios e, apesar de ser um grande adepto de automóveis em muitas das suas vertentes, considero que existem excelentes carros com todas as comodidades exigíveis muito abaixo dos cinquenta mil euros.
Por fim, um fenómeno recente: os telemóveis. Observo frequentemente, mesmo no meu círculo de amigos mais restrito, mudanças frequentes e dispendiosas de aparelhos cujo único defeito é não serem os últimos do catálogo, por forma a dispor permanentemente de toda a parafernália dos gadgets mais recentes que estes aparelhos oferecem, tais como máquina fotográfica, berbequim, cortadora de fiambre, máquina de café, e sei lá mais o quê. Esta mentalidade impressiona-me e arrepia-me, a mim que só compro um telemóvel quando o anterior está mesmo kaput. Aconteceu há dias e, contrariado, dirigi-me a uma loja da especialidade para adquirir um novo telemóvel. O vendedor bem me queria convencer da utilidade de comprar um modelo que podia receber e-mails, telegramas e correio azul, mas os meus olhos desde a entrada na loja recaíram num singelo aparelho que, por cerca de cinquenta euros, me oferece a possibilidade de fazer e receber chamadas, afinal tudo aquilo para que eu quero um telemóvel!
Em adenda às reflexões expressas acima, gostaria ainda de informar que o anterior aparelho, talvez ressabiado com a sua troca por uma unidade mais jovem e pujante, se recusou a colaborar na hora de passagem do testemunho, isto é, quando tentei salvar os números que possuía em agenda. É, pois, por esse motivo, que aproveito a amplitude deste espaço blogosférico para solicitar a todos os meus leitores e amigos, principalmente àqueles que ainda não incomodei através de e-mail ou mensagem de Hi5, o favor de me reenviarem os vossos números, usando para o efeito o endereço electrónico situado ao lado (em "Recados"), ou, caso o possuam já, o meu número de telemóvel, que não sofreu alterações.
Davam grandes passeios pelo jornal
Há 1 hora