2006/07/23

Há males que vêm por bem!

Na semana passada pensei que o meu programa cultural para esta semana bem que poderia passar por um reencontro com David Gahan y sus muchachos na próxima sexta-feira, em Alvalade. Não estava completamente convencido, não só porque seria a terceira vez que veria a banda - e a segunda no espaço de alguns meses - mas principalmente porque começo a ficar um bocadinho farto destes espaços demasiado grandes, cheios de gente com idade para serem meus filhos, e tudo numa noite que podia revelar-se de sauna. A única coisa que mantinha a minha decisão pendente era apenas o gosto que teria em reouvir ao vivo "Enjoy the silence" e "It´s just a question of time", mas os rapazes, ou os seus promotores em Portugal, fizeram o favor de decidir por mim ao cancelar o concerto, e assim pouparam-me provavelmente a uma noite demasiado agitada para alguns cabelos brancos que me começam a despontar.

Posta de parte a hipótese Depeche Mode, surgiu-me de imediato nova opção de concerto para o mesmo dia. O meu Lourenço descobriu que os D'zrt iriam actuar na mesma sexta-feira no espaço da Feira de Santiago, em Setúbal. Novamente apenas havia um único argumento a favor da comparência, mas era um argumento que facilmente se superiorizava a qualquer outro: a felicidade do Lourenço. Quero lá saber que a feira tenha perdido o carisma de outros tempos, de quando era na Avenida Luísa Todi, desterrada que foi para lugares da cidade do Sado que mal conhecia. Não me interessa também que os sons emitidos pelos imberbes actores se situe bem abaixo de medíocre numa hipotética escala qualitativa. Tampouco me importaria o convívio com alguns milhares de teenagers em delírio, desde que com isso pudesse satisfazer o ainda pouco ambicioso gosto cultural do meu filho. Mas de novo houve quem decidisse por mim: os avós do petiz irão resgatá-lo já quarta-feira para umas férias a quatrocentos quilómetros daqui, junto ao Douro, e agora a minha dúvida reside apenas em saber se serei capaz de aguentar mais de duas semanas sem o ver, ou se terei que improvisar um raid-relâmpago intercalar para matar saudades.

Mas voltando à agenda cultural desta semana, parece afinal que os deuses se estavam a conluiar para me proporcionar algo bem mais condizente com a minha disposição actual: em viagem recente aos lados do Cabo da Roca recordei, através dos cartazes afixados na marginal, que Ive Mendes actua na próxima quinta-feira no espaço intimista da Cidadela de Cascais. Pode ser que seja agora que algo comece a correr bem na minha vida...