Para quem não sabe,
"O País relativo" não é apenas uma expressão criada por Alexandre O'Neill; é também nome de um blog criado por um grupo de jovens e modernos socialistas, que até conhecem o "Portugal profundo" - pelo menos vão à Zambujeira do Mar quando há festival!
Uma das principais actividades deste blog - que, aliás, não é original entre a esquerda - consiste em zurzir "a torto e a direito" o ministro Paulo Portas. P.P. elogiou a atitude de Maggiolo Gouveia ao colocar os interesses pátrios à frente de outros interesses dúbios? Então P.P. está a fazer um aproveitamento político da coisa; P.P. tem um fato azul às riscas? Então é "insuportável" a pose de P.P.; P.P. espirrou? Então P.P. está a tentar, com jogos de palavras e actos, chamar a atenção para o problema da descolonização. Estão a ver o género? Basta lembrarem-se de que P.P. existe para logo entrarem em descontrolados acessos de histerismo justiceiro (
vd. Ana Gomes). Seria um pouco como embirrar com José Sócrates, putativo líder da tribo, só porque ele tem aquela irritante voz de falsete, ou com Ferro Rodrigues porque o homem diz mais vezes "pá" numa simples frase do que uma claque de futebol durante um jogo inteiro!
O curioso desta atitude esquerdista, é que ela apenas tem como alvo o próprio Portas, deixando de lado todos e quaisquer companheiros de Partido ou coligação. O ressabiamento e a inveja pelo mérito e pela competência alheia é, pelos vistos, um engulho difícil de engolir.
A mais recente diatribe destes aprumados jovens socialistas contra o ministro, consiste num post ontem publicado, intitulado "O baú de certa direita portuguesa I" (note-se a discreta
nuance do "I" - os socialistas fizeram o trabalho de casa e, à espera de provável polémica, resolveram desde já precaver a hipótese de terem que vir a criar um "baú II", e mesmo um "III", e sabe-se lá que mais...), no qual, novamente a propósito da distinção póstuma prestada a M.G., tentam entrever enviesadas alusões e saudosismos, na direita portuguesa, aos tempos do "império colonial";
en passant, deixam cair com desprendimento a reclamação de que esta direita invoca permanentemente os crimes cometidos na descolonização, como se estes fossem um assunto menor, uma espécie de "bóia de salvação" a que os detractores de Soares se agarram quando o querem menosprezar. Na opinião destes "aprendizes do soarismo", este é um assunto enterrado, e com uma dimensão injusta e artificialmente empolada por quem não gosta do patriarca da casa.
Mas há mais quem faça os trabalhos de casa; a "descolonização exemplar" de Soares não é um assunto despiciendo, e o "ídolo com pés de barro" de um partido falho de referências deveria algum dia responder pela forma como conduziu um processo nada transparente. Milhares de espoliados sonham com o improvável dia em que hão-de confrontar M.S. com os seus fantasmas. Mais: tantos dirigentes africanos, que acusam M.S. & clã das mais diversas negociatas escuras, estarão todos enganados?
A respeito das colónias imperiais, e das virtudes que a ditadura lhes encontrava - e cuja perda, alegadamente, a direita "chora" - também encontrei alguma informação curiosa; pelo que descobri, a criação do "império português" não se ficou a dever a Portas, nem tampouco se verificou durante o Estado Novo, tendo começado há alguns séculos atrás, penso que ainda Salazar não tinha nascido. Salvo melhor opinião ou visões revisionistas da história de Portugal, parece-me que, a irem por aí, terão um longo caminho a percorrer.