Em 1975 tinha 11 anos. Lembro-me de a "malta" mais velha do Barreiro, onde vivia então, andar a combinar uma ida a Cascais para ver os Genesis, supra-sumo da época do psicadelismo. Com muita inveja, nós, os pequeninos, ouvíamos mas sabíamos de antemão que não podíamos ir, não só porque era demasiado longe para irmos on our own, mas também porque o bilhete já na altura custava uns indecentes oitenta "paus"!
No regresso do "pessoal do Bairro", os tipos mais velhos que tinham ido ao Dramático de Cascais, ficámos todos a saber que este percursor dos agora banalizados concertos de bandas estrangeiras tinha sido um delírio, e isso apenas contribuiu para aguçar mais a nossa vontade de "ganhar asas". Entretanto, íamos ouvindo o "Foxtrot" até as espirais do vinyl estarem gastas.
Só fui ao Dramático de Cascais muitos anos mais tarde, mas menos de dois anos depois do concerto dos Genesis estava no comboio da linha, com o meu amigo J.G., de mochila às costas, para acamparmos no autódromo uma semana porque iria decorrer o Campeonato Mundial de Karting, e nós não queríamos perder pitada. Éramos, na maior parte dos dias, as únicas pessoas na bancada, assistindo a treinos, mangas, eliminatórias, e sei lá o quê mais. Entre os muitos miúdos que aceleravam nos "gingarelhos" dava especialmente nas vistas o virtuosismo de um tal Ayrton Senna da Silva, de que todos voltámos a ouvir falar muitos anos mais tarde.
Mas estou a transivergir, e tudo isto vem a propósito do famoso concerto dos Genesis em Cascais, em 1975, e da vontade de voar que esse acontecimento despertou nas crianças que nós éramos, à beira da adolescência. E tudo isso veio de novo ao meu encontro hoje, trinta anos depois, ao comprar a revista "Cais" de Março, integralmente dedicada ao tal concerto.
Davam grandes passeios pelo jornal
Há 1 hora