O meu amigo E. tem razão: a política anda especialmente desinteressante, a maior parte da gente que lá anda ainda mais e a pachorra começa a faltar-me. Desinteressante por desinteressante, falo da minha vida, que essa ao menos interessa pelo menos a uma pessoa!
E falo de domingo passado, um dia que podia ser passado em casa, a ver as janelas do prédio em frente, e a acumular aquela neura do fim de semana a escoar-se. Mas reagimos, fomos comer umas belas tostas ao Bar do Guincho, e eu aproveitei para beber a primeira caipirinha deste ano. Havia gente a mais, um pouco de sol a mais, e faltava-me um livro - mas foi bom, muito bom.
Mas o sol e o calor não abrandavam, os guarda-sóis desta temporada ainda não haviam sido fornecidos pelos especialistas de
merchandising, e lembrei-me de algo que já há muito andava a adiar: uma visita ao Palácio Anjos, em Algés, para ver a colecção de Manuel de Brito - os seus Paula Rego, Vieira da Silva, Hogan, Rui Chafes e tantas, tantas mais coisas lindas. Algés, numa tarde solarenga de domingo, estava entregue aos velhos no banco do jardim, e a poucas mais pessoas, tudo situações a apelar à minha costela "estético-depressiva" - a tal coisa de saber apreciar um pôr do sol reflectido numa marquise de Moscavide, lembram-se?
Há muito que não me lembro de passar um domingo tão bom...