Não sou propriamente um "rato de museu", mas já visitei muitos, cá e no estrangeiro, e neles já vi muitas exposições temporárias, temáticas ou de determinados artistas; assim de repente, lembro-me, por exemplo, de uma excelente mostra de desenhos de Modigliani no
Reina Sofia, em Madrid, ou de uma não menos impressionante mostra de quadros de Edward Munch, na
Tate Gallery, em Londres. Mas, em todos os casos visitados até aqui, havia um denominador comum: a exposição temporária é exibida numa determinada parte do edifício, mas podemos continuar a apreciar a exposição permanente do museu no mesmo espaço.
Ora bem, serve isto para introduzir o que me aconteceu esta manhã; vou ao Museu de Arte Moderna de Sintra, para ver a colecção Berardo, e logo à entrada sou avisado, através de um painel, de que está patente uma mostra de quadros de Júlio Pomar. "Óptimo", pensei, "até gosto bastante de Júlio Pomar". Mas, o que o painel não avisava, era que os quadros de Júlio Pomar não estavam expostos "além dos" habituais, mas sim "em vez de".
Desculpem lá o desabafo, mas não lembra ao diabo uma coisa destas; então será que não era possível encher duas ou três salas - ou até um piso - do museu com as pinturas de Pomar, mas deixar os Pollock, os Wahrol, os Haring, os Lichtenstein, e todas as outras preciosidades que constituem o acervo deste museu? É que nem toda a gente vai lá apenas para ver os quadros de Pomar. E o pior é que esta tal exposição "substituta" vai estar patente até Novembro; só depois é que nos poderemos deliciar de novo com a arte
pop.
Eu gostava de Júlio Pomar, sim, mas desta forma arranjam maneira de um tipo ficar a embirrar com o homem!