Fernando Rosas tem um aspecto patusco; não sei se é do cachimbo, mas aquele putativo candidato a Presidente da República desperta-me normalmente sentimentos parecidos com os que me desperta o Avô Cantigas, cada vez que vejo um ou outro - o que, felizmente, é raro.
F.R. faz parte de uma associação de partidos de extrema-esquerda, admiradores de Estaline e quejandos, que conseguiu eleger alguns deputados à Assembleia da República. Chama-se, esse pequeno grupo, Bloco de Esquerda, mas, tirando a menção à dita na designação, têm comportamentos sociais mais equiparados aos de pequenos-burgueses e nouveaux riches. Há até uma deputada que, pelas declarações que dela li, faz perfeitamente jus ao estereótipo da "loura-burra", e que magnanimamente dispensa os auxílios que a instituição prevê para a sua deslocação em transporte público, preferindo locomover-se no seu proletário Mercedes-Benz.
Bom, mas com isto tudo desviamo-nos de F.R.. Pois bem, o Avô Cantigas esteve de maus fígados esta semana, e publicou ontem no "Público" um artigo de opinião carregado de bílis e azedume contra Paulo Portas, a quem, entre outras coisas pouco edificantes, epitetava de "trauliteiro de extrema-direita" e, mais cripticamente, de "Pato Donald". En passant, Rosas referia-se ao C.D.S. como "um partido de extrema-direita", e ao seu eleitorado como "franjas menos exigentes do eleitorado". Ofender-me-ia, e a mais umas centenas de milhares de portugueses, se o impropério tivesse sido proferido por alguém com nível intelectual e cívico para o fazer - vindo de quem vem, pouco mais poderá merecer do que o profundo desprezo que se confere a quem se pôe em bicos de pés, porque doutra forma não será visto.
Talvez o tom do discurso surpreenda os mais distraídos; para mim, no entanto, é tristemente típico da esquerda deste país.
Davam grandes passeios pelo jornal
Há 1 hora