O defeito é meu, assumo; nada com que não consiga viver, e até se trata de algo que não deveria incomodar ninguém - deixem-me apenas ser feliz com as minhas idiossincrasias. Mas, desde que comecei a tomar consciência de mim, que me tornei um bocado "bicho do mato" nos gostos. Se toda a gente gosta de algo, normalmente dá-me para desconfiar - e até já me desinteressei de coisas depois de ver que elas começavam a andar na boca do mundo: foi assim na música, nas leituras, e em muitas outros aspectos. O ponto aqui, contudo, é saber se foram essas coisas que mudaram, ou apenas eu, snob semi-assumido, que não gosto de me misturar com gostos populares.
Não gostaria de perder coisas boas apenas por estúpido preconceito, mas deixei de me sentir verdadeiramente confortável há uns anos, por exemplo, a ouvir Oasis, depois de ter comprado o seu primeiro álbum um ano antes, quase clandestinamente, em Londres. E não queria que fosse o meu preconceito também a impedir-me de usufruir do Gato Fedorento, que tanto me fez rir antes. Por isso voltei hoje a vê-los na tv, mas é escusado: uma sucessão de clichés, muita produção, piada óbvia (os matarruanos locais não percebem o non sense, não estamos em Inglaterra), e a mensagem política e, pior, ferozmente tendenciosa, sempre presente. Aprecie quem quiser - parece que agora é toda a gente - que eu já dei para esse peditório.
Davam grandes passeios pelo jornal
Há 1 hora