2006/06/09

Secção "No gira-discos do meu carro":

Comecemos pelo mais óbvio: o álbum "At War with the Mystics" dos The Flaming Lips, e não me parece que seja necessário falar muito dele, pois toda a gente já deve conhecer, por esta hora, pelo menos a canção do Yeah, Yeah, Yeah... Se não conhecem, ainda vão a horas - se já conhecem, aproveitem para ouvir o resto do álbum que, apesar de algumas críticas menos favoráveis, é muito, mas mesmo muito bom. É claro que não podemos esperar que os rapazes agora criem um "Yoshimi battles the pink robot" em cada álbum que façam - Da Vinci também só criou uma Gioconda, o que não significa que os seus restantes trabalhos fossem maus. De qualquer forma este último trabalho chegou ao sexto lugar de vendas no Reino Unido, mas presumo que cá teria muita dificuldade em combater a qualidade melódica de um Tony Carreira!


Passando a "Here come the Tears" dos... The Tears, trata-se de nomes provavelmente desconhecidos da maior parte dos leitores, e - digo-o por experiência própria - mesmo da maior parte dos empregados da FNAC, até daqueles "especializados" nas prateleiras do "Alternativos". Mas se eu disser que na formação desta banda entram Brett Anderson, ex-vocalista dos defuntos Suede, bem como Bernard Butler, guitarrista dos dois primeiros álbuns da mesma banda (os melhores, de longe), a sobrancelha já começa a levantar, não é? Então oiçam lá as músicas e depois digam qualquer coisa.

Por fim temos os Babyshambles: o seu vocalista constitui uma das maiores fontes de rendimento dos tablóides britânicos, e já começa também a aparecer com frequência nas secções de curiosidade das publicações portuguesas - infelizmente nunca é por razões relacionadas com a música que produz, nem sequer é por boas razões: Pete Doherty, assim se chama o rapaz, foi suspenso da sua anterior banda, os magistrais The Libertines, devido à sua grande adição às drogas, e resolveu formar esta banda onde nos continua a encantar com a sua voz rouca. Infelizmente, apenas o faz nos intervalos entre as suas detenções, que começam a ser cada vez mais frequentes. Mas as notícias nunca referem a qualidade do trabalho produzido, razão porque este blog de espírito missionário vem asseverar aos seus estimados leitores que vale a pena deixar de pensar por um pouco nos problemas pessoais do jovem e escutar as suas palavras cantadas, com atenção, neste álbum, "Down in Albion". Para os curiosos das referências mais famosas, ainda posso deixar aqui a informação extraordinária de que esta personagem foi namorado da modelo Kate Moss a qual, de resto, faz um sensual coro logo na primeira faixa do álbum.

2006/06/06

Desinteressante

Sei bem que o que vou escrever não tem o mínimo interesse para quem quer que seja, mas mesmo assim deixo aqui registado que vou aproveitar o pôr do sol deste dia cansativo para fumar um Romeo y Julieta n.º 2 aqui, no meu terraço.

2006/06/05

A pergunta:

Numa vanguardista iniciativa de antecipação da legislação Portuguesa, inédita para já e ao que sei, apresenta hoje este blog o presente post, que pretende ser um percursor da lei da paridade aplicada à blogosfera - com efeito, trata-se do primeiro post destinado exclusivamente a mulheres, se bem que não se possa, naturalmente, impedir os homens de o ler. Outras acções de justiça social decerto se seguirão.

Mas, voltando ao tema do post, trata-se de apresentar às minhas queridas leitoras uma questão muito simples, mas que poderá ajudar-nos a todos a definir onde se situa exactamente a fronteira entre o que é politicamente correcto e o que se sente na realidade. Então é assim: é um facto insofismável e conhecido que praticamente todas as mulheres afirmam, quando questionadas e com razoável convicção, que preferem como companheiro um homem não necessariamente bonito, mas sensível, culto, com sentido de humor, e com outros atributos similares, que fica sempre bem apresentar como quesitos a quem não quer passar por fútil ou superficial.

Mas a prática mostra-nos muitas vezes o contrário, ou seja: entre um tipo gorducho, careca, de mediana aparência física, mas que seja capaz de proporcionar uma conversa agradável e uma boa companhia, ou um loiro bronzeado, praticante de surf, que pensa que Beckett é o novo central do Chelsea e que Modigliani é o nome de uma pizzaria da linha, nem vale a pena perguntar para que lado vai o coração feminino pender, não é?

Bom, exposta a verificação, e apelando à honestidade das minhas leitoras que poderão, sem remorsos ou sentimentos de culpa, refugiar-se no anonimato, para mais numa questão tão delicada como é a presente, deixo aqui a questão: onde fica, exactamente, a ponderação entre o aspecto estético e os restantes aspectos de um homem na altura de escolher?

Posso deixar aqui mais umas pistas para uma possível resposta: da minha observação pessoal, penso que há uma altura em todas as mulheres em que, devido às experiências passadas bem como à maturidade adquirida, os pratos da balança se começam a equilibrar. Não gostaria de balizar, mas acredito que tal tenda a suceder por volta dos trinta anos. Estarei correcto, ou pelo menos a aproximar-me da realidade?

No entanto, penso que não existe mulher imune ao aspecto exterior do homem, seja qual for a sua idade e estágio de maturidade, e muitas, inclusive, dispostas a arriscar tudo numa relação que a conduza a anos de sofrimento, desde que ao lado de um sósia de George Clooney. Será isto uma reacção genética, ou tem a ver com algo que nos é imposto pela sociedade consumista? Afinal, trata-se da velha história de comprar um mau produto num bom embrulho...

P.S.: Antes que me acusem de machista, desde já deixo aqui bem claro que sei muito bem que, com a devida inversão dos termos, toda esta teoria é igualmente aplicável ao género masculino, em alguns casos com sérias agravantes. Afinal, serão muito poucos os homens que desdenhariam pavonear-se na Expo de braço dado com a Isabel Figueira, se bem que a cachopa já tenha declarado publicamente que "não leva livros para férias, porque as férias são para descansar" (in revista "Maxmen" há uns meses atrás).