Sempre que digo isto sinto-me pedante, mas é a mais pura das verdades: depois de já se ter experimentado um rali "por dentro", perde-se mais de metade do gosto de os ver na berma da estrada. E, não obstante, já passei muitas noites no carro, já apanhei muito frio nas orelhas, tudo para ver evoluir os "colegas" e poder saudá-los à saída duma curva - tal como, quando vou "lá dentro", gosto de ver os amigos a incentivar-me nos lugares mais improváveis.
Não foi o caso ontem, dia do Rali Casino da Póvoa, primeira prova do Campeonato Nacional de Ralis: depois de muitas hesitações "vou-não-vou", e na ressaca de uma semana de mudança de emprego anormalmente agitada, acabei mesmo por me decidir por ficar em casa. Eram quase 1000 km a fazer, e depois havia ainda aquela dificuldade de digestão do facto de este ano não ter conseguido um lugar dentro de um carro de corrida (está bem, eu sei que andei meio "perdido" e que acordei tarde), pelo que o apelo de um pacato Sábado de descanso partilhado com o meu filho falou mais alto - isso e a perspectiva de poder encontrar alguém cá, confesso, mesmo que só de vislumbre.
Pelos vistos tive razão: a intempérie causou bastantes problemas a organizadores, concorrentes e público, e várias classificativas tiveram mesmo que ser anuladas, deixando um amargo de boca a todos os intervenientes. Mesmo assim, vendo hoje as fotos publicadas, não consigo deixar de sentir uma pontinha de inveja dos bravos que por lá andaram (sim, aquilo é neve, e a foto foi tirada ontem na zona de Vieira do Minho!). Talvez se lembrem de mim numa próxima prova, mas talvez então eu não possa... Talvez as coisas possam começar agora a correr-me melhor.