2007/12/07

Barracas em Lisboa (ou em São Julião da Barra)

Se por absurda hipótese eu fosse o Presidente do Zimbabwe (cruzes, canhoto!), decerto estaria espantado com toda a polémica que antecedeu, e decerto vai acompanhar, a minha estadia em Lisboa para a cimeira com os países africanos, ou lá como se chama.

De facto, não consigo perceber por que raio Mugabe se pode destacar tão especialmente num catálogo de facínoras, ditadores e tiranos como o que por estes dias passeia por Lisboa as suas assustadoras taras, atravancando-nos alarvemente o trânsito, qual freak show de pacotilha.

2007/11/01

Sonhos adiados


Isto, e mais a garagem para guardar tanto oldtimer, que já começam a ser muitos, e tempo para os usar, dinheiro para os manter...

O melhor jogador do Benfica foi o árbitro!

Como bom vitoriano que me orgulho de ser, também ontem rumei ao estádio do Bonfim para confirmar o excelente momento de forma que o Vitória está a atravessar (e, contrariamente ao que dizem alguns ressabiados, com tendência claramente ascendente), para ver uma equipa unida e honesta a derrotar com toda a justiça um grupo de pseudo-vedetas, que auferem salários milionários, mas que amiúde se esquecem de que têm que jogar à bola, preferindo esperar pelo sempre presente auxílio do árbitro para chegar ao golo. Como vitoriano sofri com as injustiças e aberrações que se passaram impunemente em frente aos nossos olhos, e como vitoriano festejei a merecida vitória. Não falarei aqui da qualidade do adepto português que, na sua esmagadora maioria, tem que "encarneiradamente" pertencer a um dos três ditos "grandes", o que levou a que muitos - provavelmente a maioria - dos que comigo partilharam a alegria o fizessem mais como anti-benfiquistas do que como vitorianos. É pena, mas cada um saberá escolher os seus caminhos.

Também não me apetece aqui perder demasiado tempo a comentar o atávico mau perder dos benfiquistas, que depressa se apressaram a escavar as mais rebuscadas justificações para o resultado. Antes do jogo já se falava da opção dum espanhol, mais palavroso do que actuante, de colocar a jogar os seus ditos reservas, sem ninguém se lembrar de que, provavelmente alguns desses "reservas" ganham mais do que quase o plantel completo do Vitória. De qualquer forma, a desculpa soa a pífia: o que diríamos se Lewis Hamilton tivesse participado no último Grande Prémio da temporada ao volante do seu utilitário de ir às compras, alegadamente para poupar o seu Mercedes de Fórmula 1? Possivelmente que tinha medo de perder, e que já estava à partida a criar a justificação perfeita para o seu mau resultado, não era? Pois, tal e qual como o Benfica: se ganhasse com a equipa de reservas (os tais apresentados como "coxos", e que fizeram jus ao epíteto), diriam que bastava a equipa de segunda escolha para arrumar o Vitória; no entanto, se perdesse, como esperava, diriam que tal tinha apenas acontecido por não terem usado a equipa principal. Simples e demasiado óbvio para ser aceite como desculpa. Ainda existem os que, agora, depois do duche em Setúbal, desvalorizam o objectivo. A táctica também está estafada, mas há sempre quem, em desespero de causa, ache que vai convencer alguém utilizando-a: um dos casos nacionais mais recentes foi o de Luís Filipe Menezes e a sua sombra, Ribau Esteves, que, perante a irredutibilidade de António Capucho relativamente à ocupação do lugar destinado ao PSD no Conselho de Estado, se multiplicaram em contra argumentar com a "pouca importância do cargo", e o desinteresse que o mesmo teria para o recém eleito presidente do partido. La Fontaine resumiu este comportamento com a frase lapidar "estão verdes, não prestam!", na fábula "A raposa e as uvas”. Trata-se, simplesmente, de, na impossibilidade de alcançar demasiado objectivo, desvalorizá-lo, como fazem agora alguns benfiquistas “considerando” que a Taça da Liga não é um objectivo suficientemente importante para o seu clube. Previsível e apenas digno de um sorriso de comiseração.

Mas já falei mais do que me apetecia da triste saga duma equipa que não rentabiliza os seus milionários investimentos, e agora há coisas bem mais importantes para referir sobre o futebol em Portugal: as várias visitas que tenho feito aos estádios nacionais mostraram-me cabalmente que não há de todo imparcialidade por parte dos árbitros em Portugal. Não falo exclusivmente do Vitória, mas de qualquer equipa dita "pequena" em confronto com os tais três ditos "grandes". A presença de uma destas equipas causa, intencionalmete ou não, mas inevitavelmente, uma tal inibição ao árbitro, qualquer que ele seja, que o impede de tomar qualquer tipo de decisão contra a equipa "grande", compensando com um excesso de iniciativas contra a outra equipa, a dita "pequena", por exclusão de partes. Normalmente tal comportamento fica restrito ao espaço físico de um campo de futebol, e testemunhado apenas pelas rvoltadas pessoas que se sentam nas bancadas, principlmente quando não há transmissão televisiva. Só que ontem, uma criatura de servilismo aviltante, de nome Paulo Costa, teve azar: foi-lhe manifestamente incumbida a tarefa de levar o Benfica "ao colo" até à vitória na eliminatória, fosse qual fosse o preço. Mas esqueceu-se de que o seu lamentável favorecimento estava a ser transmitido para todo o país, numa véspera de feriado, num canal de sinal aberto, e com uma grande assistência curiosa por conhecer o resultado do confronto. Assim, a sua parcialidade, os seus penalties inventados a favor do Benfica, os outros "não vistos" a favor do Vitória, e toda a panóplia de situações a favorecerem permanentemente os vermelhos (provavelmente do seu "coração"...) foram testemunhadas por um país inteiro que só não viu as injustiças se não quis, ou se a sua "clubite" fosse daquelas que provoca cegueira. Mas houve outros azares para esse tal Paulo Costa: por mais que tentasse, por mais que se esforçasse, a equipa de primas donnas do Benfica não foi capaz de fazer o resto, e Deus acabou por escrever direito por linhas tortas!

O triste espectáculo de arbitragem a que assistimos ontem não é, infelizmente, caso único, mas um fulano tão descarado, que em pleno jogo chegou a dizer a um jogador do Vitória (noutra ocasião) que "detestava o clube", e que o mesmo "merecia era estar na segunda divisão", não é um árbitro, nem sequer um homem, e devia ser irradiado da arbitragem liminar e imediatamente.

Não falarei também da ausência de brio profissional dos comentadores televisivos, que os leva a fazer em directo tendenciosos comentários que deveriam manter restritos às imperiais com os amigos, porque também aqui a esperança é pouca e a incompetência muita!

Mas é o futebol que temos, e ainda agora estou apenas a descobrir a pontinha do iceberg...

2007/10/23

Quarenta e quatro aninhos


Já não é a primeira vez que publico esta foto no blog, e por isso me penitencio, mas a culpa é só vossa, leitores. Nos quatro anos e picos de vida que leva este blog, tenho-vos recordado, quase sempre, do dia do meu aniversário, e tenho também aproveitado para, subtilmente, vos lembrar da minha predilecção pelos modelos british, como este Morgan Aero 8. Mas a subtileza tem sido provavelmente demasiada, pelo que tenho que passar a ser mais descarado e sugerir-vos que hoje, dia 23, dia do meu aniversário, até às vinte e quatro horas, me comprem uma prenda - e , já agora, se não tiverem ideias, aproveitem a minha!

P.S.: Não é parecido, eu sei, mas também ando a sonhar com uma coisa destas:

2007/10/22

Actualização da "Galeria dos Contorcionistas"


Na senda de outros personagens, sem pingo de vergonha nem pudor, capazes de renegarem por trinta dinheiros o que ainda ontem defendiam com unhas e dentes, sem sequer tomarem o tempo para um respeitoso nojo, vemos agora (bom, não é bem agora, mas ela vai-nos relembrando...) Zita Seabra assumir o seu merecido lugar ao lado de vultos como José Miguel Júdice ou Maria José Nogueira Pinto!

2007/10/21

Ao redor desta fogueira


Vi ontem, ou anteontem, já não me lembro, na RTP2, "Brava Dança", o documentário sobre os Heróis do Mar que por aí anda. E lá voltaram os anos e a nostalgia da adolescência e da juventude, no deslumbramento que senti ao ouvir os primeiros acordes do so called "rock militar". Primeiro os Spandau Ballet, no fabuloso "Journeys to Glory", e logo depois os nacionalíssimos Heróis do Mar, com o seu primeiro álbum homónimo - e estes com a vantagem de serem portugueses, de terem uma atitude frontalmente a romper com as estéticas supostamente alternativas mas que, de tão implantadas, se tornavam mainstream, e, principalmente, a enaltecerem a nossa terra, os feitos de quem por cá andou antes de nós. Tudo novo, era o fascínio perfeito, e apenas pensava por que raio não fazem uma estátua a estes gajos?

Resta dizer que os segundos álbuns de ambos os grupos (aliás, no caso dos Heróis foi um maxi-single, "Amor") me desiludiram, não por não serem bons, mas por desistirem aparentemente do estilo que me fez repensar a abordagem à música.

2007/10/19

Lá como cá

Como alguns saberão, não sou militante, nem sequer simpatizante, do PSD, mas factos recentes passados naquele partido deixaram-me particularmente incomodado, com uma sensação de dejá vu, como se estivesse a assistir ao remake de um mau filme.

A história é pública e conhecida: Menezes discorda da linha da direcção do seu partido traçada por Mendes, concorre contra ele em eleições directas em que disputam a liderança do partido, e ganha. A ignomínia começa no momento seguinte: das mais abjectas tocas surgem os especialistas em contorcionismo, que até ao dia antes eram mendistas convictos, e que, de um momento para o outro, se transfiguram em menezistas "desde o dia em que nasceram". Em alguns casos até, por ser demasiado descarado o oportunismo e a colagem, recorrem à pífia metáfora de não serem como "o dono da bola, que ao perder leva a bola para casa", ou outra coisa parecida e igualmente cretina. Conseguem assim, duma forma que dificilmente conseguirei adjectivar (se bem que me baile na cabeça a expressão, ainda assim benévola, "esperteza saloia"), tentar passar a peregrina ideia de que são indispensáveis ao partido, e de que fazem o especial favor de, apesar de ser algo que os deveria horrorizar, esquecer as diferenças e aceitar um qualquer "tachito" na nova direcção. Disse "tentar" e friso, porque, na verdade, tudo o que conseguem passar para fora é a imagem canina e ignóbil de quem, por um penacho qualquer, está disposto a engolir qualquer ponta de dignidade.

Depois há outros, aqueles que cometeram erros de avaliação graves, principalmente em pessoas com as suas auto apregoadas capacidades de análise e antecipação, como o ubíquo e polivalente "professor Marcelo" (parece nome artistíco de um qualquer entertainer brasileiro), ou o especialista em nos informar, avant la lettre, sobre tudo o que nos vai acontecer, incluindo a ementa do jantar, Pacheco Pereira. Do primeiro, Marcelo, não tenho ouvido grandes justificações, e parece-me que, para além dos seus acrobáticos comentários televisivos dominicais, a roçar o óbvio primário, se remeteu a um prudente silêncio, que deverá utilizar para meditar sobre as "barracas" que os excessos de confiança (e egos inchados) nos proporcionam, bem como para calibrar melhor as suas capacidades de cartomante. Já Pacheco Pereira não consegue, por mais que tente, disfarçar a azia provocada e destila bílis por todo o lado: mesmo antes de Menezes ter alcançado a vitória, já JPP punha as suas capacidades adivinhatórias ao nosso serviço para nos informar de que com ele surgiria aí de novo o fantasma do "populismo" - expressão, aliás, que, em crónica na revista "Sábado", nos faz o favor de informar que, se não é da sua invenção, anda lá perto, mas que será a ele, JPP, que inequivocamente deveremos agradecer a contribuição desinteressada de ter trazido a sua utilização para o léxico político cá do burgo. Depois da vitória de Menezes, a infantilidade tornou-se risível e merecedora de comiseração: desde concordar e andar por todo o lado a chamar a atenção para o discurso de Jardim no Congresso, algo inédito para quem conhece minimamente os antecedentes da relação entre os dois polémicos militantes, até à encenação de colocar os símbolos do seu partido em situação invertida, tentando com tal indigno procedimento chamar a atenção da direcção do seu partido, para que esta lhe fizesse o favor de lhe colocar, no mínimo, um processo disciplinar, e o ajudasse a atingir o ambicionado estatuto de vítima pelo qual suspira. Mas nem nisso o homem tem sorte, e tudo o que conseguiu foi que tal fosse intentado, sim, mas por um anónimo militante de Braga, o que é manifestamente insuficiente para quem tem tão altas pretensões de protagonismo.

Em suma, no PSD parece-me que existem os que levam a bola para casa quando perdem, os que perdem mas não levam a bola para casa (e passam rapidamente para o lado de quem ganha), e ainda os que, vendo que estão a perder, tentam escaqueirar a bola, a baliza, os adversários, tudo o que aparecer à frente, no mais puro estilo "se não for para mim, não é para ninguém". Mas, infelizmente, não é só no PSD que tal acontece...

2007/10/15

Olha, boa ideia! (*)


Duchamp (acima), Man Ray e Picabia na Tate Modern, lá para Fevereiro do ano que vem.

(*): Como diz o Lourenço quando nos quer convencer de alguma coisa.

O Algarve e eu

A minha relação com a província mais a sul do país é antiga, e assemelha-se muito a um romance de cordel, com amores, zangas, amuos, e toda a demais panóplia de situações comuns às grandes paixões; metade da minha família é algarvia, não "das praias" mas "da serra", como se usa na região, e isso fez-me começar a visitar a zona quase desde o berço, numa altura em que as torres por todo o lado ainda eram um projecto, infelizmente já não muito distante. Tudo era simples, como se é simples quando se é criança ou pré-adolescente, e vivia sistematicamente as minhas férias estivais à beira mar algarvia, sem mais preocupações do que guardar o tempo das digestões antes de mais um banho. Depois, veio a fase da adolescência, das férias sozinho, ou pelo menos já sem os pais. O Algarve manteve-se o destino regular, mais por hábito do que por qualquer outro motivo, mas o gosto pela terra começou a esbater-se na proporção inversa da quantidade de pessoas que demandavam aquelas terras, lusos ou etrangeiros. Foi o tempo da construção desenfreada, das lojecas de souvenirs por todo o lado, dos restaurantes com péssima qualidade de comida e serviços e altos preços, das discotecas onde se tinha que ir para se ser alguém, e depois gente, gente demais por todo o lado... Enfim, demasiados condicionamentos para a minha veia alternativa, e assim acabei por colocar uma grande cruz no mapa sobre o Algarve. Fim do primeiro acto, cai o pano.

Mal sabia então que, passados alguns anos, iria aceitar um emprego em que teria que me deslocar praticamente todas as semanas ao Algarve, com estadia de alguns dias. Pensei desde logo que dificilmente me manteria muito tempo em funções em tal cenário mas, como de costume, os factos surpreederam-me: as idas ao Algarve fora da época estival fizeram-me olhar para a terra com outros olhos, e até as ruas carregadas de lojas de souvenirs e marroquinaria, que anteriormente me pareciam descaracterizar as terras, passaram a concorrer, aos meus olhos, para o novo aspecto típico do Algarve, com o seu quê de kitsch. Voltei a apreciar a terra, depois de muitos anos, mudando apenas a perspectiva estética com que olhava para ela. E agora, é a nostalgia que me guia nas viagens ao Algarve.

Epílogo: esta semana voltei ao Algarve, em lazer. Fui para um desses hotéis de apartamentos, de sistema "tudo incluído", que tanto facilitam a vida das pessoas, principalmente a de quem tem filhos. Vim de lá completamente reconciliado com o Algarve, mesmo com as suas partes mais "plásticas", mas com uma nova embirração de estimação - ou melhor, não é nova mas reacendeu-se. Os turistas estrangeiros que nos visitam, sempre com um ar de sobranceria como se estivessem a visitar uma reserva indígena, mas que não passam, em mais de 90% dos casos, de perfeitos selvagens, com níveis de educação comparáveis aos dos primatas do Zoo. Usando o tal sistema "tudo incluído" pedem coisas que não consumirão e que deixam intocadas em cima das mesas, atropelam-se, e a nós, para atafulhar alarvemente os pratos de comida, deixam as suas pestinhas de 4 e 5 anos andarem livremente sem vigilância, a fazerem todo o tipo de asneiras e a colocarem-se, a elas próprias, em situações bem arriscadas. Enfim, a lista seria longa, e acredito que alguns dos que me lêem já conhecem o estilo; os ruidosos espanhóis, principalmente, mas também bastantes ingleses com formação de aborígene. E ainda sentimos nós alguma preocupação relativamente àquilo que de nós é dito lá fora. Tem tudo a ver com o nível de civismo de quem escreve ou fala. Para mim, ingleses javardos, como os que vi, virem dizer que Portugal é isto ou aquilo, equivale a ouvir Mugabe dizer que a Birmânia é uma ditadura. Credibilidade, ou a sua ausência, só isso.

2007/10/08

Sonhos adiados:


Galeão em tempos usado para o transporte do sal nas águas do Sado, actualmente adquirido e restaurado pela Câmara Municipal de Cascais, e utilizado para passeios com quem quiser ao largo da baía da vila. O sonho aqui passaria por poder adquirir um veleiro antigo, obrigatoriamente de madeira, e dispôr do tempo, da habilidade e das possibilidades para o conseguir restaurar e usufruir dele. Os sonhos amadurecem mas não morrem

2007/10/07

AA's & bêbedos conhecidos


Abstémios, façam um favor às vossas almas e às vossas vidas: comprem este livro, leiam-no, bebam-no...

2007/10/05

A má consciência da república

Neste dia, em que alguns comemoram o aniversário da implantação da república em Portugal, é bom lembrar que este regime apenas foi introduzido no nosso país na sequência de um crime hediondo perpetrado a mando dos seus partidários, e do subsequente golpe de estado que completou a urdidura. Antes disso, o regime monárquico e democrático vigente permitia a realização de eleiçõs livres, às quais concorria regularmente o partido republicano, não tendo ultrapassado contudo, em nenhuma ocasião, a barreira dos 10%. No entanto, se por acaso este partido alguma vez tivesse ganho eleições há cem anos atrás, teria tido nas mãos de imediato os instrumentos para acabar com o regime monárquico e implantar naquela altura a república em Portugal, de forma legal e honesta e não com as mãos sujas de sangue, até de menores, como sucedeu; já a "nossa" república apresenta características bem mais ditatoriais, uma vez que tratou, desde o princípio, de vetar através da constituição a possibilidade de o país evoluir para uma monarquia, bem como de proibir liminarmente qualquer hipotético referendo ou consulta que viessem a ser feitos nesse sentido.

É uma questão de consciência e justiça elementar: se condenamos Chavez, os militares birmaneses ou os chineses por terem tomado, ou mantido, o poder pela força, com que moral nos podemos afirmar republicanos, sabendo de antemão como o país chegou aqui?

2007/10/02

Lesmas

Aos poucos vamos vendo que, afinal, a famosa carapaça de arrogância e autismo deste malfadado governo é apenas uma maquilhagem para consumo interno - um pouco como aquele fulano frustrado, vítima de um patrão déspota ao qual não tem coragem de responder, e que se vinga da sua miséria em casa, batendo na mulher e nos filhos. Querem evidências? A China rosna, e aí surge o primeiro ministro candidamente, qual menino bem comportado, a dizer que o Tibete não é um país, que nunca foi invadido, e que o Dalai Lama não merece a (duvidosa) honraria de ser recebido por membros do governo luso.

Agora é um casal inglês, de hábitos mais que questionáveis, mas apoiados num marketing monstruoso (é este o melhor termo) e, principalmente, nos seus conhecimentos ao nível do governo inglês, casal esse que não gostou de ser "espremido" pela nossa Judiciária - vai daí queixa-se aos outros beefs, estes puxam novamente as orelhas ao "menino" Sócrates, e este, vergonhosamente subserviente, logo demite (ou manda demitir) o inspector encarregado da investigação do caso, Gonçalo Amaral, que tanto incomoda os ingleses.

O problema não é que este governo não tenha pingo de dignidade; o problema é que confunde, lá fora, a imagem do português com coluna vertebral, com a sua própria imagem de molusco invertebrado.

Navegar é preciso!


Enquanto não vou ao Faial, a marina de Oeiras vai-me dando para sonhar...

2007/10/01

Rally Magic


Gosto de ver o Vitória a ganhar, gosto de ir aos jogos, e até admito que me sinto envolvido pelo entusiasmo do povo, logo eu que sou um céptico militante, do mais difícil de convencer que existe - agora o que eu não consigo descobrir, por mais que tente, é a tal "magia" das imagens de futebol. Admito que exista, e que a dificuldade seja minha, assim como aceitarei se a maior parte dos meus leitores não descortinar ponta de magia nesta foto. Afinal as coisas são como são.

P.S.: Obrigado ao JAM pela foto.

Irra!

Homem, pode parar com essa choradeira, que parece-me que já toda a gente, incluindo a pastorinha da SIC, o Tino de Rans e o emplastro, percebeu o que é que você acha da eleição de Luís Filipe Menezes para a liderança do PSD, ou ainda lhe dá uma apoplexia. Bolas, que eu não sou do seu partido, mas não embirro tanto com ele e com o que lá se passa como você. Conhece aquela anedota, do fulano que segue na auto-estrada e ouve na rádio dizer que, na via em que segue, anda um condutor em sentido contrário, e logo responde em voz alta: "Um? São todos!"? Pois, já pensou se estará mesmo no lugar certo?

2007/09/29

Sonhos adiados:


A piada é que saía mais barato comprar um bom Jaguar XJS, recondicioná-lo até ficar "de lamber" (como se diz entre os amantes dos clássicos), e usá-lo, do que comprar alguns carros "desportivo-familiares" - seja lá isso o que fôr - que a publicidade nos impinge, e que povoam os sonhos de muita gente. E há lá coisa que se compare com o som daquele V12...

Laranjas espremidas

Luís Filipe Menezes parece ser o novo líder do PSD, segundo oiço agora nas várias estações noticiosas. Do ponto de vista de um militante do CDS/PP, ainda que a coisa possa parecer relativamente indiferente, seria de supôr que este seria o resultado menos bom, dada a maior tendência para o mediatismo de Menezes. Correr-se-ia assim o risco de ver a agenda política da direita, normalmente marcada pelo CDS/PP, face à passividade de Marques Mendes, escorregar ligeiramente para o PSD, diminuindo o espaço de manobra à direita. Mas, como bem lembra o 31 da Armada, Menezes tem agora outro problema pela frente, antes de chegar à ribalta - melhor, tem dois (pelo menos), e trazem sempre a sombra do que aconteceu recentemente a Ribeiro e Castro: primeiro, é mais que certo que Menezes não vai deixar a Câmara de Gaia, como Castro não deixou o Parlamento Europeu, mas vai ter que suportar as acusações de falta de entrega total, e até de não ter querido largar a segurança da "rede" daí decorrentes. Por outro lado, tal como Castro, está na oposição mas não no Parlamento, ie, falta-lhe algo essencial em política: palco. Com certeza que a bancada será mexida, e que a sua liderança deverá passar rapidamente para Santana Lopes, que nunca deixou de "andar por aí"; mas tal só vai servir de rápido trampolim para Lopes brilhar na oposição a Sócrates (e ofuscar Menezes), e para ele próprio, o enfant terrible, preparar o assalto ao poder daqui a um ano e tal. Não auguro tarefa fácil para Menezes, mas isso não me preocupa nem um bocadinho, para ser sincero.

Desanuviemos

2007/09/28

Erro de casting


Depois de um "assobiar para o lado" que durou vinte anos, durante os quais o petróleo e o gás sairam da Birmânia satisfatoriamente, foi precisa agora a morte de um jornalista japonês para que o ocidente comece a perceber que algo tem que ser feito ali. Mas certamente ainda muitos monges e outros civis serão mortos em nome dessa causa, antes que a pesada máquina ocidental comece a mostrar algum serviço - se chegar a mostrar.

Azar dos tibetanos, não terem petróleo nem gás.

Quem, eu?

Há pouco vi, e ouvi, o inefável Alberto João Jardim, num telejornal, dizer que não se identificava com "este PSD", presumo que o dos últimos dias, da campanha para as directas. Calculo que a falta de empatia do senhor se aplica especialmente às atitudes truculentas e aos excessos linguísticos. Sim, realmente Jardim não tem nada a ver com isso...

2007/09/27

Mas está tudo doido?

Este nosso país tem um povo consumista, habituado a "comer" sem questionar muito aquilo que lhe é "empurrado", seja pela publicidade, seja por supostos opinion makers, nem sempre inocentes nos seus desígnios. Foi assim que, há cerca de três anos, um grupo de sociais-democratas desejosos de ver Cavaco na cadeira presidencial, com os socialistas a aproveitar o "jeito", e mais a comunicação social bem canhota a apanhar o comboio, puseram, à sua vontade, o país todo encarneiradamente a repetir que Santana Lopes era um "trapalhão", ideia que lhe conseguiram colar até hoje, sem que contudo ninguém, em plena consciência e honestidade, consiga apontar objectivamente uma única "trapalhada" de Santana durante o tempo em que esteve em São Bento. Mas a imagem já estava convenientemente criada, e a opinião "culta" (se entendermos por "culto" ler o Expresso, e mandar uns "bitaites" em seguida) não se preocupou muito em questionar os fundamentos do pressuposto e, no fundo, até sabia bem atirar uns tomates podres a quem parecia ter uma carreira tão irritantemente bem sucedida!

Mas a vida dá muitas voltas, e o homem continua a "andar por aí", para desespero de muitos. E continua a mostrar a dignidade que fez dele o enfant terrible que se sabe, como o mostra a atitude na SIC Notícias há uns dias. Há que ter noção do ridículo, e interromper a entrevista de um ex-primeiro ministro para transmitir em directo a chegada de um treinador de futebol, por muito respeito que Mourinho nos mereça, faz-nos crer que a estação televisiva perde por vezes (secalhar demasiadas...) essa noção. Chapeau, Santana!

Então?

O blog está de volta, repararam? Pois, podem escrever comentários, se quiserem. Era só para lembrar...

Pequenas infâmias

Por respeito, e porque não quero fazer a mal educada figura de intrometido de toda a gente que se achou no direito de opinar e preconizar futuros mais ou menos sombrios, ou mesmo apocalípticos, aquando das eleições directas no CDS/PP, não me irei pronunciar sobre a qualidade do debate (em) público a que estamos a assistir no processo das directas do PSD. Mas também não me parece que qualquer coisa que eu diga vá adiantar muito, e até arrisco que a maior parte das pessoas sabe o que penso sobre isso, mesmo sem o escrever.

Onde é que existe um rio azul igual ao meu?

No domingo fui a Alvalade, e ontem acompanhei as eliminatórias da liga. Mesmo sem Mourinho, e jogando invariavelmente contra as outras doze pessoas em campo, o Vitória continua a dar-me grandes alegrias - e tristezas a muitas outras pessoas, pelo menos às mais distraídas.

And now for something completly different...

Não tenciono ir, e não irei certamente, ver o espectáculo de suposta "recriação" dos sketches dos Monty Python que um punhado de humoristas portugueses puseram em cena recentemente - e não irei simplesmente porque considero que não se pode imitar o que é inimitável. Ir ver aquilo, estou certo, apenas contribuiria para aumentar a minha tristeza por ver que há quem tenha a petulância de querer repetir algo que é único. Já alguém imaginou uma imitação de Nureyev ou de Aldous Huxley, ou de qualquer outro génio?

Só poderá achar piada a pindéricas imitações quem não cresceu com o flying circus.

2007/09/21

Paixão


Vou ouvindo, como todo o mundo de resto, as evoluções recentes de José Mourinho, meu ex-colega dos corredores do Liceu de Setúbal. Não é preciso procurar muito para que as notícias venham ter connosco, e foi assim que, depois de jantar, acabei por prestar alguma atenção a uma entrevista que o self called "Special One" dava a um canal nacional, dando conta da separação do Chelsea, numa atitude mista de alívio e emoção, pelo que me pareceu. Dizia ele, por outras palavras, que neste momento procurava alguma distância dos factos recentes, e também tempo para se reencontrar - luxo a que, como todos sabemos, se pode dar sem que os recursos financeiros disso se ressintam. E disse, no meio desses desabafos de alguém que afinal é apenas um ser humano, que, depois da adrenalina despertada pela experiência na Velha Albion, só aceitaria novamente desafios com algum grau de dificuldade.

Pois bem, Zé Mário: é pouco provável - para não dizer bastante improvável - que alguma vez venhas a tropeçar neste espaço da blogosfera. Mas se, por eventual acaso, isso se vier a verificar, não será de esperar que te lembres de mim, apesar de eu me lembrar muito bem de ti, do Conde de Arcos, do Seagull, e de todos os lugares que frequentávamos em Setúbal há mais de vinte anos. Mas se aqui vieste parar, e se ainda te encontras a ler isto, então é porque os deuses quiseram que acontecesse e, nesse caso, tenho um pedido a fazer-te, que é meu e de todos os vitorianos: esquece o dinheiro por um ano, ou mais - afinal pouca falta te faz mais milhão ou menos milhão - e vem treinar e ajudar o clube da tua terra. A felicidade às vezes custa bem pouco.

2007/09/19

Segredos mal guardados:

O Restaurante Afonso, em Mora: as entradas, o arroz de lebre, os vinhos, a simpatia, a terra, e tudo o resto!

Coisas simples...







Estas três imagens foram tiradas no mesmo lugar, à mesma hora, por mim, em Junho deste ano. Não existe muito mais que possa ser dito.

Decadência


Que saudades dos Grandes Prémios, quando eram disputados por homens verdadeiros, ao volante de carros verdadeiros...

Pedaços de sonho:

Uma noite da semana passada a olhar para a tempestade sobre a planície, da janela do meu quarto na Mina Juliana, Santa Vitória, Beja.

2007/09/17

Interpretações

A passagem do Dalai Lama pelo nosso país causou muitos e notórios embaraços, ainda que concorde que o mais mediático foi o do próprio Governo, vergonhosamente subserviente à China (talvez ainda à espera dos investimentos dos empresários chineses, em busca dos tais "baixos ordenados" aqui praticados); não obstante, esse mesmo pudor não impediu o suposto licenciado em engenharia José Sócrates de receber oficialmente Bob Geldof, cantor de méritos discutíveis mas, principalmente, mentor de grandes camapanhas de auxílio aos países do terceiro mundo, sendo que, pelo que consta, os portadores das verbas angariadas nem sempre têm conseguido encontrar esse tal "terceiro mundo", confundindo-o bastas vezes com as montanhas suíças e as suas apelativas instituições bancárias.

Mas houve mais quem tivesse andado "às aranhas", sem saber o que fazer ao Dalai Lama, tendo achado providencial a atrapalhação do ministro Luís Amado, e a consequente distracção da opinião pública: os comunistas portugueses, ainda a sonhar com os "amanhãs que cantam" vindos de algum dos últimos bastiões mais ou menos comunistas, como a China, acharam coerente não darem, com a sua presença, razão a quem acha que o Tibete foi indecentemente ocupado pela China, pelo que apenas participaram, para manter a face, numa recepção em que o senhor se apresentou como "líder religioso", já que, em boa verdade, e face à ocupação chinesa, ele não é chefe de estado nenhum! Curioso, no entanto, é notar que esse rigor e preciosismo apenas são utilizados pelos comunistas quando interessa, já que ao acolherem, na sua festa anual, partidos com ligações directas a grupos terroristas, conseguem arranjar, candidamente, forma de nos mostrar que as "coisas não são exactamente como se dizem" - mesmo quando quem o diz, que as FARC são perigosas forças terroristas, são as principais organizações de segurança mundiais!

Obrigado, Colin!


Não sei se foi o melhor, mas tinha de certeza o maior coração de todos!

2007/09/09

Fénix

A SIC Notícias não pára de me surpreender, normalmente pela positiva. É bem verdade que há ali coisas dispensáveis, como a polivalência e prosápia de Moita Flores no caso da criança inglesa desaparecida, por exemplo, se bem que as suas declarações pouco passem do óbvio - mesmo para leigos. Mais eficazes, para uma razoável percepção da evolução do caso, com objectividade, são as visões lúcidas de Barra da Costa na RTP.

Mas há muitas coisas mais que meritórias, a principal das quais, sem dúvida, o renascimento de Mário Crespo no grande jornalismo, depois da travessia do deserto que lhe foi imposta na RTP, e que quase o atirou para a prateleira de recordações, da qual pouco mais reteríamos do que o transatlântico "F...-se!" em directo, aqui há uns anos - de resto tema de uma oportuna e brilhante (como sempre) crónica de Miguel Esteves Cardoso. Isto, evidentemente, se não tivesse acontecido o seu resgate pela SIC, e que nos proporciona actualmente o melhor jornal televisivo - com a vantagem adicional de encostar às cordas muita "esperteza saloia" deste nosso rectângulo.

"Agarrem-me..."

Conhecem aqueles cartoons, maioritariamente da época de ouro da Warner, tipo Tex Avery e quejandos, que parecem ter uma personalidade muito calma e sisuda e depois, de repente, por um qualquer motivo estapafúrdio e pífio, se descontrolam subitamente, esbugalhando olhos, gritando, dando saltos descontrolados? Pois é o que Pacheco Pereira me lembra de cada vez que alguém murmura sequer os nomes de Paulo Portas ou Santana Lopes perto de si. É absolutamente desconcertante ver aquela figura de inteligência e capacidade de raciocínio enormes, qualidades de dimensão apenas comparável, de resto, à vaidade que o próprio tem nas mesmas, a debater com lucidez e conhecimento de causa impressionantes qualquer tema chamado à colação n'"A Quadratura do Círculo", e depois ler uma crónica como a sua na "Sábado" da semana passada, em que se consegue até adivinhar a espuma nos cantos da boca enquanto gasta cerca de meia crónica - que é de duas páginas - a criticar Portas pela (incorrecta, na sua opinião) utilização do YouTube na rentrée, ou pela não criação de um blog próprio, e não alimentado por zelosos assessores, como no caso de Luis Filipe Menezes - e aqui até concordo. Mas a paranóia da perseguição aqui reside no facto de Pacheco Pereira criticar o putativo blog que Paulo Portas podia ter, presumindo que, a existir, ele seria feito em moldes não capazes de cativar os habitués da net. Ou seja, não feliz por atacar de forma descontrolada e obsessiva Paulo Portas pelo que faz, agora resolve atacá-lo pelo que não faz mas podia fazer. Patético. Paulo Portas, presumo, agradece.

2007/09/03

Sonhos ou disparates?


Anda aí novamente um bichinho, mas há tanta coisa pela frente antes...

2007/09/02

O meu regresso, parte CCXLIV

Gostava de poder prometer agora que os meus escritos vão retomar uma mais sadia regularidade - e prometê-lo-ia sem hesitações, se fosse um membro do governo - mas a verdade é que as sucessivas "falsas partidas" dos últimos meses me retiraram quase toda a credibilidade. Por isso, tudo o que posso garantir é que é essa, de momento, a minha firme intenção, mas quem sabe o que eu pensarei amanhã? Assim, só posso continuar a pedir aos estóicos dois vírgula quarenta e seis leitores que insistem em passar de vez em quando por este espaço, que mantenham essa paciência mandarim, que eu tentarei não vos desiludir (demasiado).

Nesta rentrée, depois de férias de nada, existiriam muitos temas que gostava de abordar: a minha estadia maravilhosa de Junho, em São Pedro de Moel (as hordas que só "conhecem" o Algarve não sabem o que perdem - nem saberão nunca, felizmente!); o excelente início de época do Vitória, que surpreenderá mais que um esta época - e não sou só eu que o afirmo, mas pessoas que realmente sabem; a minha progressiva e irreversível conversão à causa monárquica, por descobrir cada vez mais as injustiças, prepotências e faltas de democracia do regime republicano; a minha lenta adaptação à vida urbana de Lisboa, depois de mais de quatro décadas em meio rural; os meus contactos recentes com serviços públicos, pejados de estrangeiros que "entopem" qualquer sistema, e em que funcionários aberrantes - como só podem ser funcionários públicos - embirram com quem traz os seus pedidos de forma objectiva e organizada, e missionariamente encaminham quem não traz um único papel, mal sabe o seu nome e muito menos o que anda ali a fazer; as minhas dificuldades em voltar ao mercado laboral, não obstante enviar centenas de Curricula Vitae, numa demonstração prática de que as vistas de largura discutível das empresas preferem um qualquer recém-licenciado, mesmo daqueles que não sabem sequer qual é o maior oceano do mundo, desde que tenha 28 a 30 anos, do que alguém com comprovados conhecimentos, formação e experiência, mas cuja idade já ultrapassou os 40 anos; a condescendência, quase romantismo, com que a imprensa (não toda, graças a Deus...) designa por "activistas" um bando de energúmenos com graus de intoxicação diversos que, a pretexto de zelarem pelo "bem público" (A propósito, quem os investiu nessa qualidade? Eu não, de certeza...), destroem criminosamente propriedade privada, num gesto "simbólico" - tão "simbólico", de resto, como a quebra de montras e vandalismos avulsos desta cambada de imberbes (que mais não mereciam que um bom e profiláctico par de estalos, e de seguida fechados no quarto, normalmente em casa dos paizinhos) aquando de uma anterior manifestação em Lisboa contra skinheads e neo-nazis, não reparando, en passant, que os seus actos são tão vis ou piores do que os daqueles contra os quais protestam; a morte de Eduardo Prado Coelho, espécie de "salta-pocinhas" ideológico que várias vezes critiquei neste blog, mas cuja coluna no "Público" lia sempre - e essa assunção é a melhor homenagem póstuma que lhe posso prestar; a evolução política nacional, e a "coincidência" da desinformação nunca confirmada mas sempre generalizada, de cada vez que o CDS assume uma caminhada de retoma (leia-se, quando a liderança de Paulo Portas começa a ameaçar poderes instituídos); os meus novos projectos na área automobilística, para já dependentes de muitas coisas, mas principalmente deixando para os mais "jovens" as participações nos ralis e corridas mais competitivas dos campeonatos nacionais, e orientando agulhas para os clássicos, minha paixão de sempre e coisa bem mais social e civilizada, e assim mais adequada à minha idade e atitude; o quarto aniversário deste blog, um dos primeiros do país, passado há uns meses; e muitos, muitos outros assuntos. A alguns destes certamente voltarei, mas procurarei pincipalmente "despejar" com maior frequência aquilo que me vai na alma em cada momento - pelo menos aquilo que pode ser publicamente "despejado".

Agora, contudo, a novidade é bem pequenina - mais concretamente com 48 cm, 3,010 Kg, isto segundo medições efectuadas no passado dia 07 de Agosto, data de nascimento, no Hospital da Estefânia, da Maria Madalena, a minha segunda filha, a menina mais bonita do mundo!

2007/05/21

Paixão

Há algo que me faz alguma confusão em Portugal: é que é mais difícil encontrar alguém cujo clube favorito não seja um dos ditos três "grandes", do que acertar duas semanas consecutivas nos números do Euromilhões. Lá fora, noutros países de hábitos talvez mais excêntricos, é possível encontrar quem goste do Sevilha, do Marselha, do Milão, do Liverpool, e podia ficar aqui eternamente a dar exemplos de clubes descentralizados, mas com verdadeira aficción, se a minha cultura futebolística mo permitisse. Cá, se não se é do Benfica, é-se do Sporting ou do Porto. Quem não for adepto de um destes três é, futebolisticamente falando, órfão. Se um marciano de repente aqui aterrasse, seria difícil fazê-lo acreditar, sem provas factuais, que existem mais de três clubes em Portugal. Conheço até pessoas cuja afinidade com o Porto não vai além de saber indicar razoavelmente a cidade num mapa, que nunca foram sequer lá, mas que não hesitam em indicar o Futebol Clube do Porto como o seu "clube do coração". Normalmente há também a variação politicamente correcta de se ser do clube da terra, seja ela Coimbra, Barcelos, Faro, Campo Maior, ou outra qualquer, como se se cumprisse uma espécie de obrigação moral, mas salvaguardano inevitavelmente a verdadeira admiração por um dos malfadados três que lhe podem garantir a segurança, quase freudiana, de lhe irem fornecendo regularmente vitórias: o Porto, o Benfica ou o Sporting!

Não era grande adepto de futebol, e só recentemente assumi o gosto, reconheço. No entanto, se existia clube que me despertava fortes simpatias, esse clube sempre foi o Vitória de Setúbal, desde os tempos em que alguns colegas de liceu me convidavam para assistir aos seus treinos nos intervalos das aulas. De ténue interesse, passei recentemente a sócio interessado e sofredor, e agora não concebo sequer a hipótese de apoiar outro clube, pelo menos enquanto o Vitória existir - e tanto se me faria que ele tivesse descido à segunda divisão, pois a minha intenção de o continuar a apoiar já estava decidida. Preparados para o pior, eis que hoje, no final de noventa minutos que pareceram novecentos, temos a feliz notícia: a equipa com o orçamento mais baixo da primeira divisão, em que o conjunto dos ordenados de todos os jogadores, do treinador e seus adjuntos, poderiam ser facilmente pagos com o ordenado de apenas um jogador das equipas de tôpo, conseguiu o milagre da permanência, subindo dois lugares na última jornada. São eles, para mim, os heróis da época, e não produtos de marketing, primas donnas, que apenas conseguem jogar se encontrarem a conjugação de uma série infinda de condições ideais.

E é por isso que me dá alguma vontade de rir - ou de chorar, já nem sei - quando alguém me pergunta qual o clube da minha simpatia e, confrontado com a resposta óbvia de que se trata da equipa sadina, insiste para saber, para além disso, qual dos "outros", dos tais três, é, "de verdade", o meu favorito. Normalmente olham-me com um ar assim meio condescendente e até pesaroso, como se soubessem de algo que eu não sei, quando respondo convicto que, tirando o Vitória, nada mais me interessa.

No domingo passado, José Diogo Quintela, talvez o menos "interventivo-justiceiro" da troupe humorística Gato Fedorento (e, talvez por isso, o único que ainda consegue manter alguma piada em anúncios e quejandos), na sua crónica habitual no "Público" corporizava o pensamento de quase dez milhões de portugueses, ao afirmar que não compreendia como era possível que alguém fosse de um clube que nunca ganhava nada. Tenho pena, mas quem não compreende isto, não compreende nada...

Economia de inteligência

Este fim de semana o CDS voltou aos seus Congressos interessantes, com mensagem para fora, e eu com ele. Não que entretanto me tivesse afastado das lides partidárias, mas fiz também a minha travessia do deserto, deixando os holofotes por conta de quem pensa que se pode andar eternamente na ribalta, sem que ninguém repare nos seus ziguezagues constantes. Afinal parece que nem todos andam distraídos, e surgem agora os primeiros sinais, tristes, por sinal, de anunciadas derrocadas e implosões diversas entre quem se pensava, impunemente, a chegar ao Céu. Mas não me adiantarei muito mais sobre assuntos que se passaram nos bastidores de um Congresso que apenas pareceu morno, preferindo esperar, no meu camarote, pelas cenas dos próximos capítulos.

Se falei aqui do Congresso, foi, primeiramente, e antes de começar alguns desvios políticos, por questões fundamentalmete urbanísticas, outra das minhas paixões: como alguns saberão, o Congresso decorreu numa excelente infraestrutura de Torres Novas, o Pavilhão dosDesportos. Trata-se de uma construção aparentemente bastante recente, com capacidade para receber eventos desportivos de modalidades diversas, mas encontrando-se também prevista, como se viu esta semana, a sua utilização para outros fins, tais como precisamente congressos, aos quais comparecem milhares de congressistas, convidados, jornalistas, e muitas outras pessoas. Ora é aqui precisamente que começa a aberração urbanística: não sei como se faz em Torres Novas, mas asseguro que, no resto do país, é usual as pessoas percorrerem trajectos de alguns quilómetros nos seus carros, e até, pasme-se, tentar estacioná-lo nas imediações do local de destino. Pois, o tal Pavilhão de Torres Novas esté preparado para receber milhares de pessoas, mas apenas o carro de umas cinquenta delas, já que o projectista, os promotores (penso que municipais, o que não admira...), e toda a gente que geriu este empreendimento nunca deve ter previsto que, no futuro, existiriam pessoas a levarem carro para as imediações deste espaço. Disse "nunca" e reforço, porque me parece que ainda hoje em dia os responsáveis não perceberam o aborto urbanístico que conceberam nas imediações de uma obra arquitectónica de indubitável interesse, sejamos justos. Só assim se justifica que, nos dias antes do Congresso, temendo afluências superiores a trinta carros, tenham andado a "semear" pequenos pilares metálicos nos passeios, a fim de evitar que os energúmenos que se atrasassem e não conseguissem ocupar a meia dúzia de lugares de estacionamento previstos, largassem as suas viaturas em cima dos imaculados passeios da área!

2007/04/22

Alternativo

O defeito é meu, assumo; nada com que não consiga viver, e até se trata de algo que não deveria incomodar ninguém - deixem-me apenas ser feliz com as minhas idiossincrasias. Mas, desde que comecei a tomar consciência de mim, que me tornei um bocado "bicho do mato" nos gostos. Se toda a gente gosta de algo, normalmente dá-me para desconfiar - e até já me desinteressei de coisas depois de ver que elas começavam a andar na boca do mundo: foi assim na música, nas leituras, e em muitas outros aspectos. O ponto aqui, contudo, é saber se foram essas coisas que mudaram, ou apenas eu, snob semi-assumido, que não gosto de me misturar com gostos populares.

Não gostaria de perder coisas boas apenas por estúpido preconceito, mas deixei de me sentir verdadeiramente confortável há uns anos, por exemplo, a ouvir Oasis, depois de ter comprado o seu primeiro álbum um ano antes, quase clandestinamente, em Londres. E não queria que fosse o meu preconceito também a impedir-me de usufruir do Gato Fedorento, que tanto me fez rir antes. Por isso voltei hoje a vê-los na tv, mas é escusado: uma sucessão de clichés, muita produção, piada óbvia (os matarruanos locais não percebem o non sense, não estamos em Inglaterra), e a mensagem política e, pior, ferozmente tendenciosa, sempre presente. Aprecie quem quiser - parece que agora é toda a gente - que eu já dei para esse peditório.

2007/04/09

Desta é que é mesmo!

Os Rolling Stones voltarão este ano a Portugal para tocar, outra vez, o seu último concerto de sempre em Portugal!

Ele há com cada uma...

Ainda bem que há gente conhecedora, como Mariano Gago ou António Vitorino, entre outros, que nos concedem a graça de iluminar os nossos espíritos com aquilo que, afinal, tem estado desde sempre à frente dos nossos olhos: afinal é público e notório, como se diz em Direito, que os serviços da Universidade Independente foram satisfatórios até cerca de 1996, data da suposta licenciatura de Sócrates, mas a sua qualidade veio a degradar-se progressivamente depois dessa data. Eu até arriscaria que a degradação começou logo na segunda-feira seguinte à data da licenciatura do nosso Primeiro Ministro, e que o responsável por essa espiral de rebaldaria foi precisamente o Sr. Costa dos arquivos que, depois de ter utilizado os papéis comprovativos da formação do "engenheiro" para finalidades menos próprias, se viu forçado a compor um novo e criativo dossier, possivelmente com o fito de, daí a mais de dez anos, induzir os jornais e os portugueses em crasso erro!

2007/03/27

O melhor de dois mundos

Alguns de vós saberão que já desde o ano passado resido mais perto de Lisboa, mais concretamente em Carnaxide, no concelho de Oeiras. A minha capacidade de adaptação a novas situações não me tem deixado mal ao longo da vida, e por isso nunca me coloquei objectivamente a questão sobre se preferia esta nova morada ou a anterior, em Vila Nogueira de Azeitão - nunca me tinha passado pela cabeça, pronto. Mas este fim de semana o meu amigo Paulo colocou-me directamente a questão, em conversa casual e descontraída, e fez-me pensar.

É verdade que quem mora perto da cidade tem uma quantidade de infraestruturas disponíveis que não podem ombrear com as de uma aldeia que ainda mantém algumas características de rusticidade: aqui, à distância de alguns passos, existem famácias, táxis, bancos, supermercados, tabacarias, quiosques, e apenas falo de algumas coisas a que posso aceder sem sequer mexer no carro (aliás, a partir de certa hora é melhor nem pensar nisso, pois seguramente no regresso não terei lugar para o estacionar). Mas, em contrapartida, existe aqui uma impessoalidade a que um assumido rústico, como eu, talvez não se habitue facilmente. De acordo que os simpáticos empregados do café aqui de baixo, um dos principais e mais movimentados cá da terra, me cumprimentam com cordialidade quando lá passo a tomar o pequeno almoço - e que excelentes croissants eles lá têm. Mas em Azeitão tudo é diferente, mais lento, já com um cheirinho a Alentejo (que ainda não é, contrariamente ao que se pensa): não há lugar a que se vá em que não encontremos meia dúzia de pessoas conhecidas, com tudo o que isso tem de bom e de mau. E depois há o trânsito, mas disso falarei noutra altura.

Mas, balanço feito, e voltando sempre que posso a Azeitão, não me estou a dar nada mal com esta nova experiência - até porque não falei dos motivos por que aqui estou, e esses fazem toda a diferença. Afinal, acho que me vou habituar a isto.

Os "engenheiros" deste Governo

Se eu fosse engenheiro civil, se além diso defendesse a aberrante localização do novo aeroporto de Lisboa na Ota, se tivesse sido convidado para defender esta posição no programa "Prós e Contras" da RTP1, ontem, e se tivesse um pingo, pelo menos, de ética profissional não me parece que tivesse muitas soluções a não ser declinar a proposta. É que tornou-se absolutamente confrangedor ver profissionais, alguns deles certamente com grande capacidade e conhecimentos técnicos, a "embatucarem" na defesa do indefensável, sem quaisquer dados de engenharia a sustentarem as suas teses - e com os poucos arremedos de números a serem de imediato arrasados, para mais com o ridículo acrescido de os estarem a tentar justificar perante uma plateia de colegas, assim um pouco como se um médico quisesse justificar, num congresso ou simpósio, a eficácia da Aspirina contra o cancro da pele. E, por fim, foi triste ver estes profissionais a enveredarem envergonhados, mas na flagrante ausência de algo mais para dizer, pela argumentação política, mostrando inequivocamente os seus interesses em algo que só politicamente poderia ter alguma justificação.

2007/03/23

Constança, Júdice & outros "Zandingas"

Estaria rico se as sentenças de todos os "especialistas" que, desde há muitos anos, se dedicam, de forma quase obsessiva, a vaticinar a morte do CDS/PP e/ou do Vitória de Setúbal tivessem algum tipo de fiabilidade e eu ganhasse, digamos, um Euro por palpite certo. Infelizmente para essa minha putativa bolsa, mas felizmente para as instituições de que gosto, nenhum deles tem a capacidade de Garcia Marquez para anunciar mortes!

P.S.: Lúcida (sem trocadilhos), é a apreciação de hoje, no "Público", de Vasco Pulido Valente (não faço link para o jornal porque é pago, mas o Paulo Pinto Mascarenhas deu-se ao trabalho de scannerizar o artigo, o que desde já agradeço).

2007/03/21

Talvez durem mais um ano...

Há uns anos, fui dos primeiros a reconhecer-lhes o talento, ainda eles andavam por aqui, na blogosfera. Agora parece-me que o fedor se deve à putrefacção do bichano. O Gato Fedorento, como seria de esperar, rendeu-se ao mercado e adaptou-se a ele. A piada agora é formatada, repetitiva, quase revisteira em alguns casos. A subtileza perdeu-se para dar lugar ao riso fácil, ao trocadilho esperado, quase alarve, e os quatro jovens irreverentes que em tempos não muito distantes me fizeram rir às lágrimas, aburguesaram-se. Mudam-se os tempo, mudam-se os alvos...

Além disso, os rapazes têm ideias políticas, como é natural e desejável, especialmente numa época de tanto desinteresse social; discutível é, porém, o facto de não se coibirem de as misturar com o seu programa de entretenimento, numa promiscuidade aparentemente inocente, mas à qual subjaz uma perfeita consciência do seu efeito sobre o telespectador. Porque será que, do actual espectro político, apenas o Bloco de Esquerda é sistematicamente poupado às caricaturas da trupe? Só os ingénuos acreditam em acasos.

2007/03/19

Patético

A história é velha mas repete-se sempre; Fernando Nogueira, Ferro Rodrigues ou Marques Mendes sabem contá-la bem. Mas há sempre ingénuos para cair nela. To cut a long story short, nos períodos em que é pouco previsível que os partidos cheguem perto do poder, surge fatalmente alguém cheio de ambição e ingenuidade que pensa que vai fazer a diferença, e impor um novo rumo até às próximas eleições. Depois, quando se apercebe que apenas serviu para "cozer em lume brando", revolta-se contra o sistema de que voluntariamente fez parte e, numa estratégia de lémingue, apenas passa a acreditar na fuga em frente.

Como já alguns terão percebido, falo de Ribeiro e Castro; numa primeira fase, pós anúncio de candidatura à liderança de Paulo Portas, pensou que iria vender cara a pele, e até acreditou, nos seus sonhos cor de rosa, que se poderia manter líder do partido. Depois, ao ver os ratos, que antes o idolatravam, a abandonar o barco, percebeu que a sua única dúvida existencial seria se perderia o partido em directas, com 10%, ou em congresso, com 20%. Nessa altura, em desespero de causa, regrediu aos piores tempos da sua infância e pensou: "se não pode ser para mim, não será para ninguém!". E, na impossibilidade de deformar o partido com um ataque de ácido sulfúrico, resolveu destrui-lo por dentro com patéticas e desesperadas manobras que apenas visam protelar o seu inevitável declínio - uma política de terra queimada, muito aquém do que se pensaria ser expectável de alguém com este tipo de formação.

Só não esperava, confesso,que Maria José Nogueira Pinto se prestasse a este tipo de comportamentos perversos e manipuladores. Mas a senhora ainda não esqueceu o congresso de Braga em 1998, e acha que a vingança é um prato que se serve frio - e não se importa de prejudicar milhares de militantes e simpatizantes, na sua sanha de repôr a (sua) justiça.

Dignidade, por onde é que andas?

2007/03/15

Vou ser mãe!

Afinal não é menino - é menina! Vai-se chamar Madalena e vai ser linda! Eu disse "vai ser"? Já é!

Círculo empenado

Parece impossível; tanta associação de protecção disto e daquilo, e não há uma única liga de defesa de qualquer coisa que impeça o massacre público e sádico a que Jorge Coelho é sujeito semanalmente n'"A Quadratura do Círculo". As pessoas não têm culpa de ser como são, e é feio gozar com os outros...

2007/03/14

"A vida é sempre a perder" (*)

Estranha sensação esta, de percebermos que temos mais passado que futuro, e ainda assim não nos sentirmos tristes...

(*): Parte da letra de "O Homem do Leme", dos Xutos e Pontapés; o título deste post também poderia ter sido "Je ne regrette rien", de Edith Piaf.

2007/03/13

Domingo

O meu amigo E. tem razão: a política anda especialmente desinteressante, a maior parte da gente que lá anda ainda mais e a pachorra começa a faltar-me. Desinteressante por desinteressante, falo da minha vida, que essa ao menos interessa pelo menos a uma pessoa!

E falo de domingo passado, um dia que podia ser passado em casa, a ver as janelas do prédio em frente, e a acumular aquela neura do fim de semana a escoar-se. Mas reagimos, fomos comer umas belas tostas ao Bar do Guincho, e eu aproveitei para beber a primeira caipirinha deste ano. Havia gente a mais, um pouco de sol a mais, e faltava-me um livro - mas foi bom, muito bom.

Mas o sol e o calor não abrandavam, os guarda-sóis desta temporada ainda não haviam sido fornecidos pelos especialistas de merchandising, e lembrei-me de algo que já há muito andava a adiar: uma visita ao Palácio Anjos, em Algés, para ver a colecção de Manuel de Brito - os seus Paula Rego, Vieira da Silva, Hogan, Rui Chafes e tantas, tantas mais coisas lindas. Algés, numa tarde solarenga de domingo, estava entregue aos velhos no banco do jardim, e a poucas mais pessoas, tudo situações a apelar à minha costela "estético-depressiva" - a tal coisa de saber apreciar um pôr do sol reflectido numa marquise de Moscavide, lembram-se?

Há muito que não me lembro de passar um domingo tão bom...

2007/03/12

"Roma não paga a traidores!"

Para já é tudo o que me apetece dizer sobre as manobras de bastidores no meu partido de há vinte anos, o CDS/PP, na perspectiva da próxima mudança de liderança. De repente, todos aqueles que "cacicaram" congressos para levar Ribeiro e Castro ao colo, se tornaram "portistas" desde pequeninos.

Mas pode-se enganar muita gente durante pouco tempo, ou pouca gente durante muito tempo, mas nunca ninguém conseguiu enganar toda a gente o tempo todo...

2007/02/12

O tosco

Os últimos dias deste nosso cantinho trouxeram ao conhecimento da população uma espécie que andava meio hibernada desde que abandonou os bancos da escola e começou a tratar da vidinha. Trata-se dos "Tipos que Optaram Sim Com Orgulho", ie, os T.O.S.C.O ou, para maior simplicidade deste post, os toscos. Também existem os T.O.S.S.E., os que optaram pelo sim "Semi Envergonhados", mas como o argumentário de ambas as sub-espécies é muito similar, e está todo profusamente descrito na cartilha do Guru Francisco Louçã, apenas descreverei de seguida os toscos com que me cruzei nos últimos dias, e que me fazem temer pelo futuro deste país.

Ora bem, o tosco reapareceu agora, depois de há uns anos ter querido partir a Indonésia aos bocadinhos e de ter chorado emocionado com os resultados da selecção Nacional nos Campeonatos Internacionais de futebol, isso sim, um facto digno de orgulho Nacional e merecedor dos maiores encómios. É exactamente a mesma pessoa que passa os serões no sofá a indignar-se com a fome em África e com o aumento da temperatura do planeta, mas que sistematicamente adia a sua redentora intervenção em áreas tao prementes. Tambem há a variante mais humanitária do tosco que partilha a sua visão solidária para com os que sofrem, com os seus colegas de balcão, num qualquer estabelecimento nocturno da moda, enquanto os dedos arrefecem agarrados ao copo. Mas agora chegou a altura de, com pouco esforço, o tosco poder contribuir para o avanço do país; trata-se de uma criatura que sempre sofreu um bocadinho da nostalgia de não ter estado presente nos grandes acontecimentos recentes da sua raça, designadamente por não ter atirado uns calhaus aos gendarmes no Maio de 1968, ou de não ter fumado umas belas "ganzas" e ter agido em consonância com o espírito do Woodstock. Contudo, interiorizou as conquistas dos bravos que lutaram nessa altura, e agora é a sua vez (do tosco), de fazer algo para preservar o património herdado, como por exemplo o amor livre sem consequências - a não ser para o bébé, mas isso são pormenores, ate porque ele - o bébé - não se queixa.

O tosco sente-se, pois, um justiceiro, alguém especialmente iluminado para resolver, através do seu voto-Excalibur, os grandes problemas da humanidade, especialmente o das pessoas que gostam de ir para a cama sem precauções, mas depois não querem assumir as consequências do que fizeram. Aqui vem também uma outra faceta do tosco à superfície: a de yuppie-de-trazer-por-casa, o fulano que acha que o prosseguimento de uma carreira que lhe permita ter um carro em leasing, um T3 em Telheiras, e ir de vez em quando ao Brasil, não é compaginável com um filho, e que é um argumento suficiente para se matar alguem. O tosco, infelizmente, anda um pouco atrasado nos seus ideais: ele quer ser um incurável romântico, mas as causas soixante-huitardes, hippies ou yuppies já ficaram para trás e ninguém lhe disse.

No entanto, estudos recentes provaram que, apesar de se tratar de algo de difícil detecção, os toscos parecem possuir uma consciência, ou um seu arremedo. É por isso que o tosco não consegue responder quando o questionam sobre a justiça de matar alguém, sobre o facto de eles, toscos, andarem neste mundo porque alguém decidiu pela sua vida, mas agora arrogarem-se o direito de brincarem aos deuses e decidirem o futuro, a vida ou a morte de outras pessoas. É por isso que fogem à discussão como gato escaldado de água fria, e apenas discutem o tema em auto-apologéticas reuniões somente dedicadas a toscos, como quem consome pornografia mas naturalmente tem vergonha de o assumir. Normalmente sao reuniões pouco produtivas, onde apenas se usam as palavras "mata" e "esfola", nos seus sentidos mais literais. Mas é a única hipótese de o fazerem, já que, quando discutem com quem defende a vida, os argumentos que antes lhes pareciam tão fortes e definitivos, lhes soam agora, a eles próprios, pífios e ridículos, sentindo vergonha e frustração por não serem capazes de dizer, num fiozinho de voz, algo mais importante e consistente do que o reaccionário chavão "apenas as mulheres deviam votar", ou "a opção é apenas da mulher" (de certa forma é uma triste verdade, pois a outra pessoa que poderia ter interesse em dar opinião infelizmente não consegue falar, e nem sabe o que a espera - mas não seria difícil imaginar o que diria, se pudesse. E garanto que nem o patético Rui Rio, agora tão moderno ao lado dos "okupas", ou coisa parecida, teria querido ser abortado se interrogado no ventre materno!).

Não obstante, o tosco continua a sentir-se um incompreendido pelas pessoas que defendem a vida humana. Pensa que já está num patamar mais avançado de evolução, o que lhe permite ver que a solução para o futuro da humanidade está na morte dos seus, mas tem dificuldade em mostrá-lo a quem não partilha a sua transcendência. Não consegue, infelizmente, ver que este é um retrocesso civilizacional de séculos, e que, por este andar, qualquer dia, quando velho, será abandonado pelos seus filhos num qualquer monte, apenas com um cobertor.

Depois de ter lutado e conseguido que a morte de bébés se tornasse legal, o tosco sente-se agora cheio de energia para as novas batalhas que se avizinham: tornar ilegais as corridas de toiros (principalmente com a morte do animal) e a caça à raposa!

O tosco acha-se um tipo moderno, avant la lettre. Mas para fora só consegue passar a impressão de uma pessoa que, para colocar algum movimento na sua vida triste, decidiu polemizar (poucochinho) e mudar o mundo - da pior maneira!

Deus tenha piedade dos toscos.

2007/02/09

Scoop

Noutros realizadores não seria mau, mas vindo de Woody Allen, estava à espera de bem melhor.

2007/02/07

Desculpem lá, mas até dia 11 vai ter que ser assim...

Às vezes penso que os defensores do "sim" se acham especialmente inteligentes, assim acima do mortal comum, com aquele ar "eu-sei-mais-que-tu" do Francisco Louçã; a parte especialmente irritante deste comportamento é a maneira que eles têm de achar que todas as pessoas que não estão especialmente iluminadas pela sua luz, são estúpidas.

É só isso que eu posso pensar quando oiço atentados à minha inteligência como o de há pouco, no Telejornal da RTP: contava a Dra. Maria José Alves, uma acérrima e empolgada (às vezes demais) defensora da liberalização do aborto, que, na sua vida de médica, se deparou há uns anos com uma rapariga grávida, de nome Natália, com graves problemas de saúde - não percebi se decorrentes da gravidez ou com outra origem. Diz ela que, reunidos em conselho de emergência, os vários médicos presentes resolveram tentar o parto em lugar de provocar o aborto, ao que se deu a entender para não contrariar a lei vigente. A coisa correu mal, o bébé salvou-se, mas a mãe faleceu, o que lamento profunda e sinceramente. Isto foi o que contou a dita médica, e logo, de forma oportunista, aproveitou para chamar a atenção dos portugueses (que ela deve pensar que andam todos a dormir), para a vida que assim se perdeu devido ao cumprimento da lei. O que a doutora não explicou foi que a lei já prevê - e previa, nessa altura - o aborto, completamente justificado e descriminalizado, sempre que haja conflito entre a saúde do bébé e a da mãe ou, por outras palavras, quando a vida da mãe está em perigo. Ou seja, se houve a lamentável morte da mãe, ela só se pode atribuir à incompetência técnica dos médicos na altura da avaliação, pois do ponto de vista legal possuíam todos os instrumentos para efectuar um aborto.

Lembra-me esta outra falácia propalada pelo "sim": a de que, a aprovar-se a por eles tão desejada liberalização do aborto até às dez semanas, deixariam de haver as humilhações públicas de mulheres como as que se verificaram nos julgamentos da Maia, de Setúbal e outros. Só que, muito convenientemente, não referem que todos estes casos de julgamento sucederam com mulheres que abortaram com mais de dez semanas de gravidez, pelo que, com a sua aberrante lei que prevê a criminalização e prisão às dez semanas e um dia, sucederiam na mesma.

Haja paciência.

E agora, para desanuviar:


Podem preparar as palmatórias; como já muitos me disseram, pela boca morre o peixe. Neste caso é pior, porque as minhas opiniões de ontem estao registadas algures nas catacumbas deste blog. Mas é verdade: mudei de opinião. Detestava futebol e agora até me entusiasmo com a coisa. Ainda não sei distinguir as posições dos jogadores em campo, a não ser a do guarda-redes, mas tambem não se pode querer tudo duma vez, não é?

E inscrevi-me no único clube que, mesmo durante os tempos em que reneguei o fenómeno, me fazia desviar o olho para a televisão: o Vitória de Setúbal, evidentemente.

Mas os tipos só me dão desgostos...

2007/02/06

A mim, a paternidade deixa-me susceptível...

Pois é, Ana. Também eu tenho registado alguns comportamentos e impressões inesperadas nesta campanha:

- À Dra. Maria de Belém Roseira, parece-me que lhe devia ter sido concedida uma autorização especial para fazer o número de abortos que muito bem entendesse. A educação que tem não chega para ela, e muito menos para educar terceiros;

- O Engenheiro Sócrates nao é tão parvo como parece. Antes que lhe falassem da interrupção de vida que tem que fazer no Governo, ele, ainda de olhos em bico, já se encarregou de amuar de forma a pressionar e amedrontar os defensores do "não" mais impressionáveis, com ameaças radicais e inquisitórias;

- Deveria ser obrigatória a utilização de legendas ou tradução simultânea sempre que o Professor Vital Moreira aparece na televisão, principalmente quando começa a ficar roxinho e a falar com voz de Pato Donald;

- O Dr. Rui Pereira e o Dr. Miguel Oliveira e Silva deveriam contratar um assessor de imagem para resolver os seus problemas bucais. Num denota-se facilmente o grau de irritação pela quantidade de espuma que se acumula nos cantos da boca, enquanto que o outro passa o tempo, enquanto fala, a passar a língua pelos labios para retirar cascas de tremoços, ou coisa parecida;

- O Dr. José Pinto da Costa não tem ar de maluco;

- Lídia Jorge devia escrever mais e falar menos. E talvez ler qualquer coisa: "O Princípio de Peter", por exemplo;

- A comunicação social perdeu a vergonha e decidiu atacar decididamente pelo lado do "sim" (leia-se de quem está no poder). Mesmo os órgãos habitualmente isentos e insuspeitos, como o "Público" (hoje com 6 - seis! - artigos de opinião pelo "sim", com erros de ortografia até, e apenas 1 - um! - pelo "não"), a TSF, ou o Portugal Diário alinharam na euforia. O patrão está de volta e o respeitinho é muito bonito;

- Em bom rigor, nesta campanha, e até agora, pelo lado do "sim" a única pessoa que me convenceu foi a Dra. Marta Rebelo - e não foi por nada que ela tivesse dito;

- Mas continuo a achar que há muito boa gente no "sim"...

De regresso

Antes de mais, não tenho palavras para demonstrar o meu reconhecimento por quem esperou que eu voltasse a escrever neste espaço, apesar do hiato decorrido. A todos o meu penhoradíssimo agradecimento.

Muita coisa aconteceu, e muita coisa teria agora para dizer, mas como tenciono incrementar uma mais sadia regularidade na escrita, até por questões de sanidade mental, apenas escreverei para já o fundamental e inadiável.

Como alguns já saberão, estou à espera do meu segundo filho; em princípio será um rapaz, cujo nome não está ainda decidido (a propósito, aceito sugestões, sem contudo me comprometer a segui-las), e que entrou há dias na sua décima terceira semana de gestação. Devido a uma ligeira confusão da médica que segue a gravidez, a ecografia que se encontrava prevista para algures entre a décima primeira e a décima segunda semanas de gravidez, acabou por se realizar à décima. Foi assim, pois, que vi o meu filho com dez semanas, a idade com que os defensores da liberalização do aborto acham razoável eliminar uma vida, a colocar as mãozinhas na cara e a procurar a melhor posição no ventre materno.

O actual debate a que assistimos na praça publica a propósito da dita liberalização de algo a que eufemisticamente se chama "interrupção", como se pudesse haver mais tarde um reatamento da vida, tem-nos mostrado o quão falha de valores se tornou grande parte da sociedade portuguesa, eminentemente rendida aos capitalistas valores do consumismo e da progressão, não obstante o "sim" ser principalmente defendido por uma esquerda que se tem por "moderna". Há um ruído enorme à volta dos direitos de opção da mulher, mas um ensurdecedor silencio sobre os direitos do bébé que, por não ter possibilidade de se exprimir ou defender, acaba por ser eliminado liminarmente precisamente pela unica pessoa no mundo em que poderia confiar para a sua protecção.

Apesar disso, é evidente que a mulher (e o homem, já agora) tem direito a optar por ter ou não um filho - só que essa opção, manda o bom senso, deve ser tomada a montante, ie, antes da concepção. Não existirá, no cantinho mais recôndito deste país, e pesem embora todas as deficiências acumuladas do nosso sistema educativo ao nível da educação sexual, uma unica alma adulta, ou em idade de procriar, que desconheça que, caso tenha relações, pode vir a engravidar. Em aparente desorientação ou desespero de causa, invoca-se agora insistentemente a falibilidade dos métodos contraceptivos; de repente, sistemas que nos eram apresentados pelos seus fabricantes como possuindo taxas de deficiência meramente residuais, aparecem agora como toscas e primárias formas de protecção que falham em mais de metade dos casos.

Sejamos sérios, amigos: por muito que haja quem o tente maquilhar, existe uma vida humana em plena formação a partir da data da sua concepção, e essa vida tem que ser protegida. Os nossos actos têm que ser consequentes, e temos que nos responsabilizar por eles. O curioso é que a maior parte das pessoas que agora fala da liberdade "da mulher" para não assumir as consequencias de algo que fez voluntariamente - sim, porque em caso de violação, ou outras situações anómalas, já existe o devido enquadramento jurídico - sabe condenar veementemente, por exemplo, a irresponsabilidade e imoralidade de quem aceitou um cachorrinho "porque era muito fofinho", mas que mais tarde, perdido o encanto e roídos alguns sofás, o foi abandonar numa qualquer zona industrial.

Outros aspectos desta proposta de liberalização que servem aos seus defensores para justificar a mesma, prendem-se com o actual enquadramento penal existente para uma mãe que faz um aborto. É um facto que a lei em vigor prevê uma pena de até três anos de prisão efectiva para quem praticar esse ilícito, mas a verdade é que os juízes perceberam desde logo o espírito da lei, e nunca uma mulher foi presa por ter feito um aborto em Portugal. Afirmar o contrário, em imagens choque tão queridas ao Bloco de Esquerda e ao Partido Socialista que vai a seu reboque, é uma desonestidade e uma manipulação grosseira da verdade que em nada abona quanto à idoneidade de quem a pratica. Aliás, tanto quanto se sabe, as mulheres que até hoje têm sido indiciadas pela prática de aborto não o são por iniciativa isolada do Ministério Publico, antes surgindo como réus na sequência das investigações efectuadas por aquele relativamente a clínicas "de vão de escada", estas sim, merecedoras de efectiva punição. E a exposição publica que esta "moderna" esquerda tanto condena, apenas se deve ao folclore que a mesma vai fazer para as portas dos tribunais, chamando a atenção massiva dos media para uma pessoa que, noutra situação, se apresentaria discretamente a julgamento e sairia absolvida no espírito da lei.

Isto dito, não se pense que eu, e a maioria - arriscaria a quase totalidade - dos defensores do "não" concorda com a actual legislação relativamente a quem aborta. Mas existem, e os ultimos dias têm-nos demonstrado isso, meios efectivos de transformar a sanção aplicável, sem no entanto promover a liberalização total do aborto. Mas, no seu pânico de poder perder terreno e até o referendo, o Primeiro Ministro José Sócrates, no seu tom arrogante de criança mimada, ja nos veio dizer que, caso vença o "não", o Governo não se encontra disponível para alterar a actual lei, mesmo que seja no objectivo interesse da população. Um típico caso de amuo que mostra bem que, para este Governo, o referendo apenas constitui um medir de forças políticas, e a situação de quem aborta pouco interessa.

Muito mais haveria aqui a dizer, designadamente a discutibilidade de um aborto a pedido, sem mais explicações, poder ser feito num hospital público, passando à frente, por exemplo, de uma operação de cancro ou de transplante (muito) anteriormente agendada. Também se pergunta onde ficou a coerência, quando vemos pessoas a defender que uma mulher com uma gravidez de dez semanas pode abortar livremente, e é até ajudada a fazê-lo pelo Estado, enquanto que a que tem uma gravidez de dez semanas e um dia, para além de ter de procurar outros meios (ilegais) para o fazer, pratica um crime punível com os "famosos" três anos de prisão. Também merecedora de atenção especial é a proposta de se legalizar algo que não se consegue (ou não se quer?) combater doutra forma, o que nos abriria um precedente que nos permitiria legalizar em seguida a droga, a prostituição e, no limite, os furtos ou assassinatos. Não são, pois, todas estas coisas que sempre existirão, pese embora a legislação contraria?

Sem comentários, pelo menos da minha parte, ficam as declarações de Lídia Jorge em pleno directo na RTP, chamando ao bébé no ventre materno, "coisa humana". Mostra o nível, afere os valores...

Muito mais haveria a dizer, é verdade, mas ficará para outra altura. Hoje o meu filho mais velho, o Lourenço, faz seis anos e é altura de festejar a sua presença neste mundo, perto de mim.