2003/08/27

Com dedicatória especial à rapaziada do "País Relativo"

O meu amigo João Titta Maurício enviou-me um mail onde, como de costume, escreve tudo aquilo que eu gostaria de saber escrever sobre este PS. Sem mais delongas, deixo-vos com o seu excelente texto - é longo, mas vale a pena:

Ferro Rodrigues, o cabalista...

Uma vez mais (e é de temer que não seja a última), tivemos uma amostra do descontrolo político da actual gerência do PS, agora entregue a retardados soixante-huitards. A política em Portugal atravessa momentos de crispação e conflito, pois o partido da esquerda democrática é hoje liderado por uma não reciclada “guarda revolucionária”, que vive na ilusão de um tempo que já passou. O triste espectáculo de uma verborreia de “quinta categoria”, começou com Ferro Rodrigues (os célebres “palermas”...), passou por Mário Soares (“o extirpador implacável”), continuou com Ana Gomes (a “passionária-de-trazer-por-casa”...), culminando, de novo, no actual Secretário-Geral do PS que, entusiamado pelas palmas daqueles que o querem substituír, impante proclamou que, no Governo de Portugal, «há tiques de nacionalismo, por vezes com contornos serôdios» [e] fotografias típicas do Estado Novo e do neofascismo»!?!
A “linguagem de caserna” usada por políticos com altas responsabilidades demonstra não só o baixo nível cultural e moral dos seus protagonistas, como revela a sua impreparação e o seu elevado desconhecimento da História (onde poderiam colher alguns bons exemplos – e nem seria grande o esforço: qualquer razoável dicionário de citações é uma boa fonte de inspiração)! Mas não: o Dr. Ferro Rodrigues fala como se estivesse numa RGA. Diz umas palavras difíceis, dá uns berros, espuminha marota ao canto da boca, faz “cara-de-mau” e, perante os aplausos encomendados pelos “pontos” do costume, satisfeito, sorri: julga que é líder da oposição... e quase Primeiro-ministro! Coitado!
“Cada Povo [e cada partido] tem os líderes que merece”. E “quem semeia ventos colhe tempestades”!
Quando o ouço, eufórico e vibrante, bradando tão insano discurso, imagino-lhe a vontade de (embraçado com a Dra. Ana Gomes) cantarolar(em), com toda a convicção, “força, força companheiro Vasco! Nós seremos a muralha de aço...” Então, recordo as consequências, ainda presentes, da insana loucura desse “Verão Quente” de 75. E só uma coisa fazer se pode: chorar! Não por nostalgia desses tempos. Antes um pranto de raiva ante a tresloucada (mas premeditada) acção que, em meia dúzia de meses, conduziu à destruição de nações, à fome e à morte que tantos povos, ao desbaratar de um capital de crédito, de seriedade, de honestidade, de orgulho pátrio, de valorização do trabalho. Uma destruição perpetrada por Vasco Gonçalves (ao ritmo de uma pauta ditada pelo PCP) que teve úteis “compagnons de route” (onde estavam Ferro Rodrigues, Jorge Sampaio, João Cravinho e outros...?).
Alimentados a ódio e inveja, estes “esquerdóides” nunca se deram conta do mal que a todos fizeram (e cujas consequências ainda hoje estamos a padecer): esbulharam bens aos proprietários, arruinaram empresas que eram bastiões do país económico (e a procedência do pão dos seus trabalhadores). Desse “feito” o algoz-mor reafirma o orgulho na obra que pariu! Os seus ajudantes nem sequer pediram desculpa! Pelo contrário: na sua última passagem pelo governo de Portugal, de novo encharcaram a administração pública com nova colheita de boys e girls. E a um ritmo tal que (porque o dinheiro da Fazenda Pública não é alforbe sem fundo) fizeram disparar o deficit público. Uma vez mais, os mesmos imbecis revolucionários, são autores de um saque com consequências tão negativas que perdurarão nas próximas décadas.
Nas últimas semanas, vários foram os casos de “incontinência discursiva”. Há alguns meses atrás, o discurso era «demita-se Dr. Portas: o caso Moderna exige-o!» Como foi “chão-que-já-deu-uva”, agora o que importa é afastar a “direita radical” do poder: os alvos são os mesmos?!? O CDS-PP e o seu presidente. Assim se vê como é boa a convicção daqueles que (como eu) sempre afirmaram que a questão “Moderna-Portas” era uma inventona... Sabem a quem aproveitaria? Então conhecem quem a criou!
Interrogou-se o Dr. Ferro Rodrigues: «como é possível que se deixe governar a Defesa em conflito permanente contra meio mundo»... Preferiria o modelo PS quando, em nome de Portugal, dialogou e agachou-se ao mundo inteiro!?! Mais, exigiu a demissão do Dr. Paulo Portas, pois (disse) para exercer a pasta da Defesa é necessário «rigor, serenidade e sentido de Estado». Estará de novo convencido que o modelo PS é melhor? É que no seu tempo como ministro os chefes militares mantiveram-se mas, em 6 anos, foram os 5 ministros... Num país democrático, a hierarquia é feita com subordinação do poder militar aos representantes eleitos pelo Povo ou designados por aqueles. Faria sentido que um Ministro se demitisse por pressão de um dos seus subordinados?
Alguém que lhe recorde: Dr. Ferro Rodrigues, manda quem pode e obedece quem deve!
Não contente, virou a mira e acusou o Dr. Bagão Félix de ser um «agente da direita radical» (é tão mau quando as pessoas há muito perderam a noção do ridículo...) e de ter retirado «a palavra solidariedade do Ministério». É bem verdade que se procedeu à mudança no nome do Ministério. Porém, ninguém o acusa de ter rimado Solidariedade com Desperdício, Subsídio à preguiça ou à fraude! Esse prémio é merecidamente atribuído os Drs. Ferro Rodrigues e Paulo Pedroso.
Já a celeuma criada pela Dra. Ana Gomes aquando do justo, merecido e tardio funeral do Tenente-Coronel Maggiolo Gouveia é bem prova da má-consciência com que vivem alguns dos actuais dirigentes do PS: enlameados até aos ossos com os trágicos acontecimentos desse vergonhoso “Verão Quente”, querem esconder as suas pessoais responsabilidades político-históricas atrás do biombo das “especiais relações”. São as mesmas que, durante décadas, acoitaram os sangrentos e cleptomaníacos totalitarismos que flagelaram povos e riquezas dos PALOP, e outros.
Mal vai a esquerda democrática portuguesa quando continua a recusar aprender com os erros e a não agir em conformidade. Mal vai quando continua a dar ouvidos a extremistas travestidos de “bons democratas” e “devotos do mercado”, mas que continuam à procura de vítimas para as suas alucinadas propostas, frutos das suas desvairadas teses pseudo-marxistas e do relativismo e desregramento moral a que sempre acabam por conduzir.
Sim, é verdade: eles andam por aí!
“Dêem-lhes trela” e depois queixem-se!!!

Só mais uma dúvida. Como a liderança do Dr. Ferro Rodrigues balança entre a postura pseudo-responsável e um “passionarismo” militante, é justo que se pergunte: Que PS é este? Afinal quem manda no PS? É o Dr. Ferro Rodrigues ou é a Dra. Ana Gomes? Ou será o Dr. Mário Soares?!?...

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