2003/08/26

Addicted to music

A minha relação com a música já vem de há muito tempo atrás; no entanto, desde adolescente que recusei algum "encarneiramento" nos gostos, e sempre me lembro de revelar alguma alergia ao mainstream. Ia regularmente a uma discoteca (de vender discos, não de dançar...) em Setúbal, a "Vitrola", na qual o dono, um "castiço" de que não me lembro o nome, me mostrava tudo aquilo que havia chegado e não se encontrava na montra por não ser vendável, apesar de bom. Nessa altura tive um "trabalhão" para encontrar LPs de Lloyd Cole, Til' Tuesday ou Microdisney, só para citar alguns.

Mais tarde comecei a ir com alguma frequência a Londres e, para grande gáudio meu, descobri que, na "Tower Records" (em Picadilly), havia uma secção exclusivamente destinada a "alternative music" - sim, eu sei que esse tipo de secção agora se banalizou, mas acreditem-me: há quase quinze anos não era assim, nem mesmo em Londres.

Desenvolvi então uma técnica muito curiosa de seleccionar os meus CDs: sabia que gostava do britpop mais alternativo, também de algum experimentalismo, e passei a escolher os CDs pela capa. Sim, pela capa!

Os mais conhecidos já existiam cá ao mesmo preço, pelo que, se ia à "Meca da música", tinha que aproveitar para comprar algo de completamente novo. Assim via a capa, o tipo de instrumentos, quando podia ouvia um bocadinho, e zás - Portugal com o CD!

Comprei assim primeiros álbuns de bandas hoje famosíssimas, mas que na altura ninguém conhecia; quem tinha já ouvido falar de Portishead ou Suede em 1992? Isto já para não mencionar Sleeper, Stereolab, Drugstore ou Elastica. Também comprei coisas completamente desconhecidas, mas muito boas: alguém sabe o que é Khaya? Canta "We've got rhymes for times like these", mas não sei mais nada.

Entretanto o ritmo das minhas travessias da Mancha, infelizmente, começou a diminuir, mas em contrapartida já se encontra cá muita e boa música alternativa. Mas agora há outro vício que me assola: não posso entrar num hipermercado (também não o faço muitas vezes), sem ir ver se, na secção dos CDs há algum "saldo" de restos de colecção, e se sim, se lá se encontra alguma "pérola" esquecida. Foi o que aconteceu ontem: estou cá sozinho, passei pelo "Jumbo" de Setúbal para comprar jantar, e encontrei, a seis euros e tal, "Way beyond blue", álbum de 1996 dos Catatonia, banda da qual, imperdoavelmente, ainda não tinha nem uma gravação!

Já foi promovido a powerplay da semana no meu carro, claro!

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