2003/08/18

Excitações

O PS tem este efeito perverso sobre os independentes que a ele aderem: de discretos e simpáticos cidadãos, ao assinarem a sua ficha de militantes passam rapidamente a ferozes activistas, prontos a atacar tudo e todos, mais que não seja, para ganhar uma duvidosa visibilidade.

Passou-se com Vicente Jorge Silva que, no seu trajecto desde director do "Público" até deputado socialista, perdeu o low profile e o ar circunspecto que lhe eram típicos, para adoptar uma atitude agressiva e desafiadora que não lhe conhecíamos. Até contra os seus correligionários disparou - lembram-se da "tralha ideológica"?

Agora é Ana Gomes, ex-representante dos interesses Nacionais no território Indonésio, que tão boa conta e imagem deu de si durante os conflitos em Timor, que está "a borrar a pintura", ao tentar por-se em bicos de pés ao serviço do seu partido. Dando de barato os recorrentes ataques a Paulo Portas - transversais entre a esquerda, guiada pelo BE - fica o caricato das declarações da senhora sobre o caso do funeral com honras militares proporcionado a Maggiolo Gouveia. A propósito do acto, referiu A.G. que tal cerimónia estaria a servir de pretexto para um alegado aproveitamento político por parte do Governo e, particularmente de P.P.. Hoje, o "Diário de Notícias" (salvo erro), lembrou-nos que tal decisão havia sido tomada por um Governo de Guterres, nomeadamente pela mão do então ministro Rui Pena.

A.G., contudo, não desarmou e hoje já veio afirmar que, se fosse agora, estava certa de que R.P. não tomaria aquela decisão. Só que R.P., pouco cooperante, afirmou esta manhã aos microfones da TSF que, se fosse hoje, faria exactamente o que fez então.

Há dias em que mais valia não sair de casa, deverá estar a pensar Ana Gomes.

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