Não gosto de discotecas e bares; acho que o convívio se perde, e todos nos tornamos uma espécie de alienados nesses espaços. Confesso, contudo, que já tive os meus tempos de "correr todas as capelinhas", em Lisboa e em todo o país.
Mas nenhum desses estabelecimentos me cativou o suficiente para me deixar memórias importantes, boas ou más - nenhum, excepto um: a discoteca "Seagull", em Galapos, na Serra da Arrábida.
Comecei a ir ao Seagull (os de Lisboa diziam " ir à Seagull"), era ainda adolescente, já lá vão 23 anos. Na altura era apenas um barracão palafítico, em cima do mar, mas já dispunha daquela varanda mágica. O tecto era baixíssimo, e facilmente poderíamos retirar as lâmpadas que faziam o ambiente com a mão. O disc-jockey ficava numa cabine, em forma de posto de comando de barco, mesmo no meio da pista de dança. Bons tempos...
O Seagull foi ganhando fama e foi crescendo; do barracão incipiente, passou a armazém sobre o mar, mas sempre com a varanda que o diferenciava de qualquer outro lugar similar neste mundo. Isso, e a música, que só ouvida. O Zé Gato (paz à sua alma), disc-jockey da casa durante muitos anos, gravou-me várias cassettes que eu me deliciava a ouvir no carro: Led Zeppelin, Deep Purple, Fleetwood Mac, e tantas outras músicas que eu hoje não consigo ouvir sem uma ponta de emoção.
As pessoas de outras paragens foram "descobrindo" o Seagull, e havia noites em que se tinha que estacionar a mais de um quilómetro; mas nós sentíamos que aquela casa era especial para nós, era a "nossa" casa desde o princípio.
No Seagull ri, chorei, bebi, dancei, namorei, lutei... - e pedi em casamento a minha mulher, a Lu, no restaurante que lá chegou a existir.
O Seagull ficou completamente destruído numa explosão seguida de incêndio, em 1998, e o Parque Natural da Arrábida, bem como outras entidades competentes, não autorizaram a sua reconstrução no mesmo sítio por considerarem que se tratava de uma zona de alto risco de derrocadas.
Sei que o actual dono não desistiu ainda de o reconstruir, mas duvido que o consiga; e, para além disso, já não seria a "barraca de pau" da minha adolescência e juventude!
Arte e fruta...
Há 7 horas
1 comentário:
ola
Descobri por acaso aquele sitio, e adorei.mas fiquei muito triste nao entender o que aquilo era ou foi.No entanto sinto muito quando ninguem agarra aquilo e faz algo dali, de um local tao lindo.
vanessa
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