2003/08/05

O novo Carlos Borrego

No melhor pano cai a nódoa; parece que todos os governos estão condenados a ter um ministro assim - que mantém normalmente um reservado low profile, mas que, quando fala, "borra a pintura toda"!

O ministro do ambiente, Amilcar Theias (de quem nem sequer conhecia a cara), visitou ontem algumas regiões onde continuam a arder estes incêndios criminosos, e não se lembrou de nada mais inteligente para dizer do que considerar que a sua autoria (dos incêndios) se poderia dever ao facto de existirem ex-combatentes que guardam material bélico em casa. Ouvi na rádio, ontem à noite, e não queria acreditar!

Esqueceu-se, contudo, de referir que dos aviões particulares que combatem as chamas (e que custam quase três mil euros por hora), também caem engenhos explosivos e incendiários. E que os incêndios são um excelente negócio para esses empresários (nem todos portugueses). Já para não falar em quem comercializa material de incêndio (uma simples mangueira de auto-tanque custa uma pequena fortuna e, regra geral, depois de um incêndio não é reutilizável), ou em quem lucra objectivamente com a destruição das florestas (madeireiros, urbanizadores, entre outros).

Não são só "maluquinhos" inimputáveis que provocam os fogos. Nunca pensei vir a concordar com o Partido da Nova Democracia, mas sou forçado a reconhecer que algo deve ser feito em relação ao quadro penal para incendiários (executantes e mandantes) - e equiparar esse crime a terrorismo parece-me uma excelente ideia. E que sejam punidos exemplarmente os culpados já capturados, nem que para isso alguns deles possam ter que vir a ser transformados em bodes expiatórios. Os potenciais incendiários têm que sentir um medo real.

Voltando ao PND, e ao seu líder, o inconstante Dr. Manuel Monteiro, acabo contudo por ter que discordar de Manuel Falcão num aspecto elementar: os timings. Soa um bocadinho a "abutre" vir, no meio da catástrofe, tentar capitalizar dividendos políticos à custa de tamanha desgraça. Até o "desbocado" Ferro Rodrigues percebeu isso; só M.M., com o seu sui generis sentido de oportunidade, não percebeu que há alturas em que mais vale estar calado.

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