2005/12/07

Deliberação

Os moradores desta casa, reunidos em plenário, decidiram por unanimidade o seguinte: de momento não se vislumbram quaisquer motivos para celebrar ocasiões tais como o Natal, passagem de ano ou similares pelo que, e até que suceda algo que altere este estado de espírito, as respectivas comemorações estão proibidas dentro destas paredes.

2005/12/06

A quem puder interessar:

A legislação deste cantinho onde vivemos possui certas idiossincrasias, normalmente desconhecidas da maioria dos cidadãos. Não sei se é o caso da que vou mencionar, até porque desde já assumo a minha total ignorância no que ao assunto diz respeito, mas trata-se de uma lei, no mínimo curiosa. Sabiam, pois, os caríssimos leitores que, após um divórcio, deverá obrigatoriamente ser observado um período de carência por parte dos ex-conjuges antes de voltar a dar o nó? Ora, a curiosidade aqui é que este tempo não é igual para ambos os géneros - assim, o homem poderá voltar a celebrar o seu casamento seis meses depois da consumação do divórcio, enquanto que a mulher apenas o poderá fazer dez meses após aquela data. Isto, dizem os especialistas, apesar de parecer machismo "puro e duro", destina-se apenas a salvaguardar a hipótese de a mulher se encontrar grávida aquando do divórcio, e vir a casar com novo noivo prestes a dar à luz um rebento do destituído. Quanto puritanismo...

Bom, mas afinal serve apenas este post para informar que, segundo a lei actual, me encontro desde ontem, dia 5 de Dezembro do ano da graça de 2005, livre para voltar a contrair matrimónio, bastando apenas para tal que me surja alguém que cumpra os requisitos mínimos exigíveis para a função. Não é uma efeméride alegre, admito, mas não deixa de ser uma efeméride, pois não?

2005/11/18

Vera, 6 anos, linda:

- Olha lá Verinha, conta cá uma coisa ao tio: já tens namorado?
- (Chegando-se muito junto a mim e falando baixinho ao ouvido) Sim, tio; é o Bruno!
- O Bruno? Quem é o Bruno? Anda lá na tua escola?
- Não, só tem 4 anos, anda na Casa do Povo (Infantário de Azeitão); por isso agora não nos vemos.
- ...
- Mas quando nos encontramos na rua é cá uma paixão, tio; agarramo-nos e é só beijos e mais beijos...
- O quê?
- Sim, e quando ele vier cá a casa vamo-nos fechar à chave no quarto...
- (De olhos esbugalhados) O quê, o quê, o quê?
- ...como nos "Morangos com açúcar"!

2005/11/13

Os filmes da minha vida - 3

Dr. Strangelove

Desculpem lá o hiato nos posts, mas foi uma semana... estranha.

2005/11/04

Sindroma do alpinista

Nunca vos aconteceu sentirem-se à beira da conquista, mas em pânico por saberem que, não obstante todo o difícil percurso efectuado, a parte decisiva só agora começa? Aquela fase em que qualquer escorregadela, qualquer passo em falso, pode comprometer e deitar a perder todo o esforço, todo o empenho, todo o sacrifício anterior?

Quando estamos longe, uma montanha é igual a outra montanha, a outra montanha, a outra montanha... Mas, uma vez iniciada a subida, cada passo, cada gota de suor, cada socalco superado, tornam-se parte de um património que nos vai engrandecendo, que nos vai dando ânimo para prosseguir - contudo, nesse progresso, carregamos cada vez mais a responsabilidade de todo o investimento anterior, e sabemos que não podemos, não temos o direito de dar passos em falso, por respeito ao que já fomos capazes de fazer. E é a história da pescadinha de rabo na boca: o saber que não podemos errar cria-nos uma tal tensão que passamos a questionar doentiamente tudo o que fazemos, para saber se está certo ou errado - e vem então a ansiedade de percebermos finalmente que não sabemos que raio é isso de "certo ou errado", que nem sabemos como chegámos ali, não fazemos a mínima de qual o passo correcto a seguir, e tudo o que nos resta é arriscar e acreditar.

Mas nunca ninguém se gabou de ter chegado quase ao topo do Everest, pois não?

2005/10/25

Os filmes da minha vida - 2


Nota: O 2 deve-se ao facto de considerar "El sol del membrillo" (ver post "Madrid" mais abaixo), como o primeiro post desta série.

2005/10/23

É hoje!

No fim da adolescência ia a jantares de aniversário. A partir de meados dos vintes até aos trinta e tal, eram casamentos quase todos os dias. Depois veio a fase dos baptizados e das visitas às maternidades. Agora, depois dos quarenta, os jantares de divorciados começam a ser cada vez mais frequentes - isto não é nada animador.

O que virá a seguir? Funerais?

Desculpem lá a neura; o ano de reorganização pessoal está quase a acabar, alguns dos objectivos estão cumpridos, outros estão próximos e o resto virá por acréscimo, espero.

2005/10/20

Ainda a propósito da co-incineração:

José Sócrates tem a estranha capacidade de me despertar sentimentos que eu próprio desconhecia em mim - qualquer coisa assim a meio caminho entre sádico e criminoso.

2005/10/19

Madrid


Coisas simples que nos prendem.

2005/10/18

Conchas e búzios

Por diversos motivos, que me absterei de voltar a pormenorizar aqui, tenho andado algo desinteressado das notícias nos últimos tempos. Contudo, num tour de force que me impus a mim mesmo, aos poucos vou procurando reatar velhos hábitos como se nunca os tivesse deixado. Foi por isso que hoje retomei um dos meus gestos favoritos, apesar de mal educado: almoçar sozinho no restaurante, ao mesmo tempo que leio o jornal.

E foi precisamente no "Público" que li este fait divers delicioso: ao que parece, no âmbito do processo Casa Pia tem sido ouvido nos últimos tempos um jovem, ex-aluno da instituição, e as perguntas têm incidido sobre o comportamento de um tal arqueólogo subaquático, peça chave no supra citado processo. A parte encantadora da peça é quando se lê que aquela testemunha, ao referir-se ao dito arqueólogo, chama-lhe - por dislexia, desconhecimento ou pura malícia, vá-se lá saber - "astrólogo submarino"!

O que isto me deu para rir o resto da tarde.

2005/10/16

Taylor made


Ferrari? Porsche? Coisas de nouveaux riches.

Para mim, só há três tipos de carros: os confortáveis (leia-se discretos, espaçosos, com cinco portas, silenciosos, económicos e preferencialmente vans), os de competição (leia-se potentes, desconfortáveis, barulhentos, cheios de cheiros, mas estupidamente viciantes - para usar moderadamente e em local próprio, fazendo logo a seguir uma desintoxicação num "confortável") e os Morgan!

P.S.: Pronto, está bem, admito; tal como nos mosqueteiros, são três mais um. Também existem os carros velhos, aquelas latas da década de setenta que se vêem aí abandonadas pelas cidades, e que me despertam estúpidos instintos esbanjadores, mas quanto a esses estou a tentar deixar a adição. Mas não é fácil - ainda anteontem "descobri" um Triumph Dolomite em Setúbal, e tive que morder a língua para não parar e ir lá deixar um cartãozito com o meu contacto!

Projectos

Decisões de Outono, uma espécie de preâmbulo para as decisões de Ano Novo, aquelas que se guardam habitualmente na gaveta em Fevereiro:

- Comer menos porcarias, andar mais de bicicleta e jogar mais ténis;

- Tentar ganhar mais dinheiro, ainda que não saiba bem como;

- Ler mais, ouvir mais música, ir mais ao cinema - enfim, renascer;

- Mudar de casa, talvez;

- Mostrar a alguém o óbvio: que eu sou, de longe, a sua melhor opção, para não dizer a única (desculpem a petulância, mas uma terapia de autoestima é fundamental);

- Preparar o regresso às corridas de automóveis, paradas este ano abruptamente, nem sei bem porquê;

- Envolver-me de vez nos já demasiado adiados projectos do golfe e do mergulho - respectivamente com os meus grande amigos V.C.S. e G.V.M;

- Passar mais tempo na casa do meu pai, no Alentejo, com o Lourenço, pelo menos;

- Reaprender a sonhar e a acreditar.

Não será isto exposição suficiente para um blog masculino, Vieira?

2005/10/15

Romance

Rob Flemming, o protagonista do excelente "High Fidelity", de Nick Hornby, desmonta, a certa altura do seu relato na primeira pessoa, o mito de que há músicas que parecem ter sido escritas especial e exclusivamente para o nosso estado de espírito de cada momento. Diz ele que, seja qual for a nossa disposição, é facílimo encontrar uma música que se adapte a ela - ou, melhor dizendo, cuja letra se encaixe na perfeição, de tal forma que nos parece que só poderia ter sido escrita para nós. Só que, continuando a tese, essa música também se adapta a, pelos menos, um milhão de almas - e isto é especialmente válido para os apaixonados, como é óbvio e sabido.

Mas, mesmo sabendo de antemão tudo isto, custa-me a crer que M. Kretzmer não estivesse a pensar em mim, e em como eu me estaria a sentir agora, quando há mais de trinta anos escreveu, para Charles Aznavour cantar, isto:

She may be the face I can't forget
A trace of pleasure or regret
May be my treasure or the price I have to pay
She may be the song that summer sings
May be the children autumn brings
May be a hundred different things
Within the measure of a day

She may be the beauty or the beast
May be the famine or the feast
May turn each day into a Heaven or a Hell
She may be the mirror of my dream
A smile reflected in a stream
She may not be what she may seem
Inside her shell

She, who always seems so happy in a crowd
Whose eyes can be so private and so proud
No one's allowed to see them when they cry
She may be the love that cannot hope to last
May come to leap from shadows of the past
That I'll remember 'till the day I die

She may be the reason I survive
The why and wherefore I'm alive
The one I'll care for through the rough and ready years

Me, I'll take the laughter and her tears
And make them all my souvenirs
For where she goes I've got to be
The meaning of my life is
She, She
Oh, She

2005/10/12

Chuva


Hoje vou-me deitar mais cedo.

Photomaton


Mondariz, Galiza, Rali de Invierno, Janeiro de 2005.

2005/10/11

Manhã amarela

O Lourenço (4 anos, para quem não sabe) dormiu cá esta noite. De manhã dou-lhe banho em estilo greco-romano, visto-o e digo-lhe para ir para o piso de baixo ver desenhos animados, enquanto eu despacho as minhas próprias abluções matinais. Quando desço, pronto para sairmos, noto umas estranhas manchas amarelas, já algo desbotadas, no chão da sala.

- Lourenço, o que é isto, filho?

Depois de inspeccionar cuidadosamente a mancha, como se nunca a tivesse visto mais gorda, lá diz meio a medo:

- Fui eu que estava a fazer uma pintura...
- Aqui, no chão?
- Não, aqui neste papel.

Dirige-se para o outro lado da sala e apanha do chão uma folha A4 a pingar uma espécie de pasta amarela para o tapete.

- Não, filho, não mexas nisso. Cuidado, está a pingar!

Tiro-lhe num repente a folha das mãos, viro-a para cima e finjo examiná-la, enquanto ele me olha algo desiludido. Com remorsos, resolvo desagravar:

- Hmm, está muito bonito; como é que fizeste?

E ele muito contente, dirigindo-se para trás do sofá e reaparecendo a sacudir uma espécie de marcador que deitava a tal pasta amarela pela ponta em golfadas:

- Foi com esta caneta, pai; agora só temos que deixar secar!
- Que caneta é essa? Dá cá isso, filho!

Levo a caneta, ou lá que raio é aquilo, rapidamente para a cozinha, não conseguindo, contudo, evitar mais uns pingos nos mosaicos e no balcão. De volta à sala, pergunto-lhe:

- Mas olha lá, ainda não me disseste como é que apareceram aquelas manchas ali do outro lado da sala...

Ele hesita, mas lá explica:

- É que eu pus o desenho no chão para secar, mas depois estava a olhar para a televisão e pus um pé em cima, e fui à casa de banho lavar o ténis. Olha!

Mostra-me a sola do sapato, que realmente está amarela, assim como o caminho até à casa de banho. E depois continua:

- Mas eu limpei o chão!
- Limpaste o chão? Com quê?
- Com isto!

E, triunfante, mostra-me uma esponja de engraxar sapatos toda manchada de amarelo.

Desce o pano, entre gargalhadas e mimos.

Serviço público


Não sei se isto é jazz, se é rock'n'roll, se o tipo é um crooner (ena, tantos anglicismos em tão poucas palavras!), mas lá que é muito bom, isso é!

Sonhos

Um dos maiores dramas de quem sofre desilusões é que depois tornamo-nos cépticos - e, quando algo parece estar a acontecer exactamente como gostaríamos que acontecesse, nós simplesmente não acreditamos que seja verdade. Talvez fosse mais fácil não sonhar, e esperar apenas, mas será alguém capaz de tal?

E agora, um pouco de ar puro:


Esquece lá essa história de irmos a Búzios e ao Rio; porque é que não vamos antes aqui enfeirar, como tu dizes, já em Janeiro?

2005/10/10

2,99%!

Se fosse para termos tido um resultado decente, preferiria que não tivesse sido assim, mas o meu orgulho palerma obriga-me a informar que a lista por mim encabeçada nestas desgraçadas eleições, concorrente pelo CDS-PP à Junta de Freguesia de São Lourenço de Azeitão, obteve a mais alta percentagem de votação de entre todas as listas concorrentes pelo meu partido a todos os órgãos autárquicos do concelho. Mais: em todo o distrito, e em todas as muitas dezenas de organismos a que o CDS-PP concorreu sozinho, a "minha" lista teve, sempre em termos percentuais, a terceira melhor votação. É obra, num cenário como o deste triste reduto vermelho.

Obrigado, pois, a todos os meus queridos amigos azeitonenses que acreditaram no meu partido de há mais de vinte anos e em mim; daqui a quatro anos prometo-vos que as coisas serão muito diferentes!

O último reduto

Lord Byron escreveu, há uns dois séculos atrás, sobre as belezas naturais e arquitectónicas de Sintra por oposição à barbárie e fealdade do povo que lá morava que, na sua aristocrática opinião, não era merecedor de tão belo lugar.

Neste momento parece-me que tudo o que o inglês disse em Sintra pode ser aplicado, quase ipsis verbis, a Setúbal - substituindo apenas a "barbárie e fealdade" por "incultura política e fanatismo". Que vergonha...

2005/10/08

Outubro II

O Verão é feio - é horroroso!

Finalmente chegou a minha estação, aquela em que me sinto bem, em que a minha cabeça e restantes órgãos começam a funcionar com alguma clareza e naturalidade. Devia haver alguma forma de poder hibernar mal os termómetros atingissem os 24º centígrados, e só voltar a acordar quando daí baixassem de novo. Digam lá, mesmo os mais ferrenhos defensores deste inferno na terra: tem alguma piada passar os dias a fugir do sol escaldante, a entrar em carros a ferver, a sentir a roupa a colar-se-nos ao corpo, a desejar estar em qualquer outro lugar menos naquele em que estamos? O calor é doentio, bolas!

Deus queira que comece a chover e nunca mais pare!

2005/10/06

Quase no fim da campanha:


Se votam noutro lugar, votem bem. Agora se vão votar em São Lourenço, Azeitão, já sabem qual a única escolha possível, não é?

2005/10/04

Ó Alentejo esquecido...

- Boa tarde, desculpe; por aqui vou bem para Vila Viçosa?
- Por aí? Não, isso não tem saída. O melhor é virar já por aqui, vai sempre em frente até chegar a um largo com um poste no meio... (silêncio)
- (após alguns segundos de expectativa) E depois?
- Depois? Então depois não faz nada, que a estrada há-de vir ter consigo!

(ler com sotaque)

Nem às paredes confesso!


A cidade até parece bonita assim, não é?

2005/10/03

Sem interesse

O bom deste meu terraço, entre muitas outras coisas, é a hipótese que me dá de fumar uns charutos nocturnos, a ver as estrelas - às vezes há umas cadentes, mas devem estar estragadas - e a pensar calmamente no muito que precisa de mudar urgentemente na minha vida, e no pouco que eu posso fazer para que tal aconteça.

O problema é que, quando pareço estar perto do Graal, o charuto acaba-se.

Outubro


Bom, eu detestaria que me achassem chato e repetitivo por isto, mas a verdade é que estamos, pela terceira vez desde que este blog é blog, a entrar no mês do meu aniversário...

2005/10/02

Nem tudo pode ser mau!

Descobri agora que a RTP Memória anda a passar a melhor série de humor de todos os tempos, a mãe de todas as séries de humor: "Monty Python's Flying Circus"! Quem perder isto está morto e não sabe!

2005/09/30

Este blog tem andado assim:

Tem certos dias em que eu penso em minha gente
E sinto assim todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece de repente
Como um desejo de eu viver sem me notar

Igual a como quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem, vindo de trem de algum lugar
E aí me dá como uma inveja dessa gente
Que vai em frente sem nem ter com que contar

São casas simples com cadeiras na calçada
E na fachada escrito em cima que é um lar
Pela varanda flores tristes e baldias
Como a alegria que não tem onde encostar

E aí me dá uma tristeza no meu peito
Feito um despeito de eu não ter como lutar
E eu que não creio peço a Deus por minha gente
É gente humilde, que vontade de chorar


("Gente Humilde", Vinicius de Moraes)

2005/09/26

Ar fresco! (private joke)

Quem imaginaria o que podia estar escondido, possivelmente à nossa espera, numa pobrezinha exposição de província. Desculpem não haver mais explicações para já.

2005/09/22

Sunday


Viciaste-me no Hopper, Paulo; achas que se faz?

2005/09/17

Outra vez?

Vai-te embora, ansiedade! Deixa-me ver bem o que me rodeia. Deixa-me pensar e decidir com clareza.

2005/09/14

O verdadeiro artista ataca outra vez!


Rali de Loulé, 11 de Setembro de 2005: podíamos ter ficado em terceiros do Troféu, mas aqueles dois malditos furos no penúltimo troço...

2005/09/12

Princesa encantada

Se não me quisesse expôr, não tinha um blog, não é?

A verdade é que vos posso informar, com conhecimento de causa, que uma das partes mais dolorosas de um divórcio, e da subsequente solidão, é a ausência de motivação para fazer as coisas, por não ter ninguém com quem as partilhar. Por que raio irei eu comprar CDs novos, ver os filmes que sairam recentemente, se depois não os posso comentar com ninguém? Com quem poderei eu discutir impressões de leitura dos livros que ainda ando a ler? Parece estúpido, não parece? E por que carga de água me levantarei cedo a um domingo chuvoso para ir almoçar ao "Aqui há Peixe" ou ao "Trinca Espinhas"?

Companhias, há muitas - pessoas especiais, pelos vistos, nem por isso...

2005/08/31

Da série "mas o que é que eu tenho a ver com isto?"

Vocês não perguntaram, mas eu digo-vos na mesma: sim, gostei de passar estes dez dias de férias deste ano em São Pedro de Moel, mas continuo na minha de que não há melhor sítio para se estar no Verão do que na Zambujeira do Mar (em Setembro, de preferência). Assim, no próximo ano espero regressar às origens e guardar a beleza de São Pedro para os fins de semana grandes de Inverno, quando ela pode ser apreciada na sua verdadeira grandeza.

2005/08/24

Manifesto

Só para dizer que escrevi o post anterior contra a corrente deste blog, e apenas porque embirro solenemente com o eng.º Sócrates e com tudo o que ele representa, bem como com toda a gente que votou nele. Mas a verdade é que o meu estado de espírito ultimamente não tem tido grande coisa a ver com política e outras mesquinhices, pelo que este espacinho blogosférico vai voltar à sua toada normal de publicar coisas fúteis, crípticas (para alguns) e, genericamente, desinteressantes - e com um pouco mais de regularidade, acho eu.

Demasiado mau para ser verdade!

Toda a gente fala agora da pose cretina de José Sócrates, do seu insuportável pedantismo, das suas precoces e inoportunas férias, feitas como que de propósito para mostrar ao tuga estúpido que se está a marimbar para quem cá fica, para os incêndios, para a miséria, enfim, para tudo o que o chateie - e falam também da evidente e confrangedora ignorância e incapacidade que o fulano exibe de discutir tecnicamente qualquer assunto que extravaze a opção "o que é que se almoça hoje?". Tema também de conversa é a tomada de assalto do polvo socialista, já nosso bem conhecido, a todos os "tachos" apetecíveis deste país, bem como o desenterramento de um velho a raiar a senilidade, e com muitos esqueletos no armário (a que pode acrescentar agora o do camarada Alegre), para disputar as eleições presidenciais.

Mas, porra! Será que só perceberam isso agora? Há uns meses, quando votaram nele (sim, porque muitos dos que agora falaram foram dos que lhe deram a maldita maioria absoluta), não viam já que o homem era um incompetente oportunista, que apenas disfarçava (mal) as suas lacunas intelectuais e morais à custa de um empolado pedantismo?

Mas algo cheira a podre aqui, parece-me: a imprensa, antes tão célere a relatar qualquer espirro de Santana Lopes, perdoa agora e passa um conveniente véu sobre as abstrusas iniciativas e declarações de Sócrates, num exercício que raia o escandaloso. Só gostava de saber o que diriam todos estes comentadores de pacotilha, que diariamente enchem os jornais das suas desinteressantes divagações, se Santana tivesse gozado umas férias destas três meses depois de ser eleito, e com qualquer tipo de calamidade a assolar o país (Ah, esquecia-me; para o iluminado com voz de falsete, estes incêndios não são uma calamidade. Pois...)!

Enfim, é o país que temos, e agora aturem-no, vocês que votaram nele. Eu, por mim, tenho a consciência tranquila, e espero ansiosamente a queda de quem nunca merecia sequer ter sido assistente de contabilista, quanto mais Primeiro Ministro!

2005/08/22

Alternative muzik

Esta coisa de se carregar um CD shuttle, mais ou menos ao sabor da inspiração, e depois pormo-nos a ouvi-lo reserva-nos por vezes surpresas (?) interessantes. Não é, então, que a minha escolha musical quase aleatória para esta semana foi, notem bem: The Ordinary Boys, The Divine Comedy, Gene, Catatonia, Mercury Rev e Kings of Convenience?

Alguma queixa, ou algum palpite sobre o meu estado de espírito? Anyone for a ride?

Gostava de ter estado aqui por estes dias:


Pode a história repetir-se, quase vinte anos depois?

2005/08/20

Houston, temos problemas!

Tenho que ser humilde e recorrer à sapiência de quem percebe realmente destas coisas, está mais que visto. A verdade é que, há já algum tempo, todas as (poucas) cogitações que eu vou escrevendo neste espaço introspectivo a que convencionamos chamar blog, vão aparecer muito lá em baixo, já depois dos links exibidos na ala direita da página, ficando apenas um solitário título cá em cima, em precário equilíbrio.

Ora, já aqui o disse antes, os meus conhecimentos de informática são mais ou menos equivalentes aos que detenho de ordenha, pelo que a simples hipótese de me pôr a mexer no template me causa pele de galinha. Posto isto, já deverão estar a calcular o que vos quero pedir, estimados e conhecedores leitores: como raio é que eu mudo esta porcaria?

Obrigado.

2005/08/17

Back

Isto pode parecer muito estúpido e superficial à maioria (cerca de 3) dos meus leitores, mas a verdade é que hoje fui acometido dumas saudades indescritíveis dos ténis e botas John Smith que na minha adolescência ia comprar a Ayamonte.

(E sim, já voltei das férias)

2005/08/08

Férias!

Até dia 15 procurem-me (mas só se for mesmo muito importante) em São Pedro de Moel. No net at all!

2005/07/29

Divagação

Enquanto faço a minha terapia nocturna de Logan, Montecristo e terraço, a olhar as luzes longínquas de Lisboa, vou pensando, meio assustado: e se a vida que vivo for apenas um equívoco? Por vezes temo que, quando as coisas parecem correr - ou encaminhar-se - demasiado bem, apareça alguém ou algo que me diga: "mas tu acreditaste mesmo que tudo isso era para ti?". E lá caio eu desamparado da altura de 50 andares, depois de alguém me cortar os fios invisíveis que me mantinham a flutuar por cima da humanidade.

Mas, enquanto cortam e não cortam, deixem-me ficar a sonhar com aquela viagem de há uma semana atrás, às 4 da manhã, entre a Casa do Castelo (sim, sim, malgré tudo o que já disse, lá estive na festa da rentreé) e Vilamoura. E a ouvir Matt Bianco...

2005/07/21

Pois...

E se o (meu) mundo mudar por estes dias?

2005/07/18

Terceiro mundo

Há umas horas, em digressão profissional por este horrível Algarve estival, resolvi entrar em negociações com um indivíduo que, numa banca montada numa rua de Olhão, vendia descontraidamente produtos de contrafacção. O motivo do meu interesse foi uma camisete, vulgo polo, imitação não assim tão perfeita (o crocodilo parece querer esconder-se debaixo do sovaco) da marca Lacoste - contudo, aproveitei assim o ensejo de comprar uma peça de vestuário que aprecio especialmente por ser prática, e que parece ter caído em relativo desuso: uma camisete lisa, de uma só cor. Com efeito, na maior parte das lojas que visito só me apresentam pedaços de pano com todo o tipo de riscas e estampagens, mais próprios doutro tipo de culturas e etnias do que da minha pacata simplicidade de vestuário. Que saudades dos meus tempos de adolescência, em que era fácil encontrar um polo de malha piqué da Lacoste, de uma só cor - e, quando o preço era proibitivo, havia diversos sucedâneos igualmente de bom gosto e discrição, da Mike Davis ou da portuguesíssima Coronel (alguém se lembra desta?).

Bom, mas voltando às minhas negociações com o simpático comerciante de raça cigana, que me garantiu estar a comprar um produto original, e que o podia procurar se aquilo encolhesse na primeira lavagem, que prontamente a trocaria, voltando a isso, dizia, fiquei a pensar: se existe, em tão grandes quantidades, lotes de produtos contrafeitos, é porque alguém os faz, evidentemente. E quem? Naturalmente muitas fábricas de têxteis, principalmente da zona Norte do país, que vêem no negócio da contrafacção, e na procura de que são alvo por parte dos vendedores ambulantes, uma forma de fugir ao descalabro que a ausência de encomendas e a deslocalização para Leste do fabrico de muitas marcas estrangeiras, lhes provocou.

Ou seja, a contrafacção parece-me algo absolutamente necessário à viabilidade económica de muitas pequenas e até médias indústrias deste país. Curioso, não?

2005/07/14

Já?

Este blog faz hoje dois aninhos.

2005/07/10

Silly season

Pois é; tenho coisas importantes para fazer mas esta altura do ano inibe-me - aliás, mais do que inibe, bloqueia-me. Há toda uma vida sentimental para reorganizar, mas parece-me que terá que esperar pelo fim de Setembro, altura em que caem de maduras as poses de quem pouco mais tem para dar do que um sorriso Pepsodent, e em que vêm ao de cima valores mais tradicionais, como o gosto por uma boa conversa, por um bom passeio, por um bom bocado de tarde...

2005/07/04

Indignação

Sanguinário, sensacionalista, abjecto, ignorante, manipulador, são apenas alguns dos muitos adjectivos que se me afigurariam justos para qualificar a abertura do noticiário das 20 horas, ontem, na SIC (aliás, soube a posteriori que as outras estações de televisão também pautaram as suas intervenções pela mesma bitola). Com efeito, parece-me no mínimo indecente que uma estação de televisão, para a qual o automobilismo não existe quando não há acidentes, e em que "desporto" apenas rima com "futebol", venha apresentar como abertura de um jornal em horário nobre um acidente de viação, com a particularidade de ter envolvido uma viatura que participava num rali, ainda que tenha acontecido num sector de ligação, e evidenciando um desconhecimento de causa aterrador, mesmo depois de terem sido ministradas aos jornalistas algumas noções base do funcionamento de um rali - mas, evidentemente, e tal como nos tablóides, a informação rigorosa pouco interessa quando temos a hipótese de ganhar share à custa de desinformação maliciosa e intencionalmente pervertida. E, neste caso, o propósito único do jornalista (faz-me algumas comichões referir-me a quem produz uma peça daquelas como "jornalista") não é outro senão o de tentar mostrar à opinião pública que os pilotos de automóveis são seres destituídos de consciência, equiparáveis a street racers (gente que qualquer participante em corridas regulamentadas detesta), capazes de passar a vida a acelerar na via pública, levando à frente tudo o que lhes apareça pelo caminho.

Neste momento de dor, quero deixar os meus sentidos pêsames à família açoriana envolvida no desastre de sexta passada, mas, por uma questão de coerência - palavra que certamente não faz parte do léxico da SIC - esses mesmos pêsames deverão ser extensivos aos milhares de famílias que perderam já entes queridos em acidentes rodoviários, mas que a SIC não noticiou porque não aconteceram com um carro de ralis e, portanto, não davam audiências.

Quero também deixar um forte abraço de solidariedade e ânimo ao Ricardo Teodósio e ao Paulo Primaz, e desejar-lhes toda a força para que possam estar de regresso aos ralis, onde fazem tanta falta, o mais rapidamente possível.

2005/06/27

Progresso

É algo que me intriga o facto de a maior parte dos médicos, que dispõem sempre das mais avançadas descobertas da ciência e da tecnologia para o desempenho das suas funções, continuarem a assentar os dados dos seus pacientes em arcaicas fichas de cartão, com as pontas dobradas pelo uso e cheias de sublinhados numa caligrafia ininteligível, ao invés de um muito mais prático terminal de computador, onde lhes seria possível aceder rapidamente ao historial clínico de cada pessoa pelo simples premir de uma tecla.

Em contrapartida, sinto nostalgia por já não existirem praticamente arquitectos românticos, que continuem a usar o papel vegetal preso em grandes estiradores, bem como as canetas de tinta da China que nos deixavam os dedos capazes de fazerem inveja ao menos asseado dos mecânicos. Não, todos se renderam às maravilhas do AutoCAD e similares.

2005/06/21

Limpeza de Verão

Memo para um destes dias: limpar a lista de links dos blogs que já fecharam e acrescentar muitos outros com interesse que entretanto surgiram.

2005/06/20

Adeus...

Nem sei bem o que aconteceu - qualquer coisa relacionada com uma praga de insectos, sangue envenado, rins parados, sei lá, merda! - e também isso não interessa para nada já; a Fraldas, a minha cadela, foi abatida esta tarde...

Desculpa, Fraldas, por não ter sido um melhor dono.

Ocean spray

Para que não me venham agora dizer que pus o post abaixo só para manter algum interesse no blog, mas que não escrevo nada de relevante, volto ao assunto dos meus estados de espírito, que neste momento é de alguma alegria e entusiasmo. E isto porque ontem, finalmente, concretizei o aluguer duma rica casa em São Pedro de Moel, com uma pequena vista para aquele oceano maravilhoso, e na qual conto passar uma pequena mas feliz parte das minhas férias deste ano.

Podem ir para o Algarve descansadinhos da vida, que não me vão encontrar por lá (já me chegam as viagens praticamente semanais em trabalho).

2005/06/17

I'm back!

Bom, a pedido de várias famílias (não muitas, mas algumas), vamos lá voltar a escrever alguma coisa aqui. Esperemos que nos surja alguma inspiração, para não voltarmos a alguns posts enfadonhos que andavam para aqui a aparecer ultimamente. Mais novidades em breve...

2005/05/25

Indisponibilidade

Desculpem a interrupção. Este blog talvez siga dentro de momentos.

2005/05/13

Alex


Não me interessam paticularmente os Laureus Sport Awards, espécie de Óscares do desporto, mas se há, entre os nomeados deste ano, alguém que merece de caras ser distinguido, esse alguém só pode ser Alessandro Zanardi!

2005/05/10

KKK

Kaiser Chiefs, Kasabian e Keane. Detesto quando toda a gente descobre as coisas boas antes de mim - dá-lhes um ar popularucho, desculpem lá o snobismo.

2005/05/04

Novidades

Depois de uma fase meio amorfa, começo a recuperar gradualmente o gosto por tudo aquilo que considero importante para manter uma mente limpa; e, como não sou egoísta, resolvi partilhar as minhas últimas descobertas com os meus leitores. Assim, na leitura recomendo vivamente o novo romance de Douglas Coupland, "Eleanor Rigby", enquanto que na música, depois de muita insistência, face a alguma pouca vontade do funcionário, consegui convencer os serviços da FNAC a importarem-me o álbum de estreia dos Delays, "Faded seaside glamour" - e o mínimo que posso dizer é que, só hoje, já fez mais de quinhentos quilómetros em powerplay.

2005/05/01

Onze anos já...


... e parece que foi ontem!

2005/04/29

Dualidade

Sempre que participo numa prova de todo-o-terreno experimento sentimentos contraditórios: até cerca de metade do percurso vou a rezar para que o carro perca uma roda, ou coisa do género, para acabar aquele martírio de saltos e pó. Daí para a frente, e já que nos estamos a aproximar do fim, peço por tudo para que a viatura aguente mais uns quilómetrozecos, para sentirmos a gratificação do pódio final.

Não sei como é que fui cair nisto de novo, mas sexta feira, dia 6 de Maio, lá me apresentarei de novo no Estoril, preparado (estarei?) para cumprir os mais de 1000 quilómetros em pistas de terra de Portugal e Espanha, mais os 600 quilómetros de ligação, que irão constituir o percurso da Baja Vodafone 1000 deste ano. Nunca hei-de aprender.

2005/04/26

Surrealismo

Cenário: rua de Setúbal, onze da noite, à porta de um restaurante, o carro não pega nem por nada. Chamo o serviço de assistência do ACP, e apresenta-se um rapaz muito jovem, prestável e bastante educado mas que, infelizmente, percebia ainda menos de mecânica do que eu.

Rapaz - Bom, não sei o que se passa com o seu carro. O mais que eu posso fazer é rebocá-lo para uma oficina à sua escolha.
Eu - Acha que a Renault aqui de Setúbal aceita carros durante a noite?
Rapaz - Sim, está lá um segurança que abre as portas e amanhã de manhã o senhor só tem que lá ir e explicar o que se passa.
Eu - Óptimo, mas entretanto como é que vou para casa?
Rapaz - Não há problema; o ACP paga-lhe também um táxi até casa. Está incluido na assistência. Vou já ligar a pedir um táxi (O rapaz liga um número no telemóvel, espera um pouco, e depois começa a falar com um interlocutor). Sim? Fala fulano, da Companhia de Reboques não sei quantos. Estou aqui a fazer o serviço que me pediram, mas o carro não trabalha e vai ter que ficar em Setúbal. Era para pedir um táxi para o sócio ir para casa. Como? (depois para mim) Onde é que mora?
Eu - Na Quinta do Anjo, perto de Palmela.
Rapaz (para o telemóvel) - Na Quinta do Anjo, perto de Palmela. (Depois de uma pausa, de novo para mim) A quantos quilómetros é que isso fica daqui?
Eu - Não sei; talvez uns quinze...
Rapaz (de novo para o telemóvel) - A cerca de quinze. Como? Se calhar é melhor falarem os senhores com o cliente. (E para mim) Fale lá com eles, que eles dizem que só pagam táxi se estiver a mais de vinte quilómetros de casa.
Eu - Como? (E aceitando o telemóvel) Estou?
Operador do ACP em off - Boa noite.
Eu - Boa noite; penso que aqui o senhor do reboque já lhe explicou o que se passa...
Operador do ACP - Sim, mas tenho que o informar que no contrato de prestação de serviços que o senhor assinou está lá escrito que só tem direito a transporte para casa se se encontrar a mais de vinte quilómetros.
Eu - Bom, eu disse quinze, mas não sei bem a quantos quilómetros estou. Provavelmente até são vinte.
Operador do ACP - Não sabe a quantos quilómetros está da sua casa?
Eu - Não; devia saber?
Operador do ACP (ignorando a minha pergunta feita em tom irónico e já levemente irritado) - Onde é que o senhor mora?
Eu - Na Quinta do Anjo.
Operador do ACP - Só um momento, não desligue, que eu vou verificar a distância aqui no computador (segue-se música). Sim, senhor Aldino? Obrigado por ter esperado. Sabe, eu estive a ver a distância aqui no computador e, na verdade, não é nada parecida com a que o senhor afirmou.
Eu - Não?
Operador do ACP - Não; aqui no computador diz que entre a Quinta do Anjo e Setúbal distam exactamente treze vírgula nove quilómetros.
Eu - Bom, eu disse quinze, não me parece grande a diferença...
Operador do ACP - Pois, mas nestas condições não lhe podemos fornecer transporte para casa. Só se...
Eu - ...se estiver a mais de vinte quilómetros, já ouvi. Mas acha que isso tem alguma lógica, pagarem as deslocações grandes e não as pequenas?
Operador do ACP (depois de uma pausa para pensar) - O senhor devia ter lido o contrato de assistência.
Eu - Pois, mas não li, e nada disto me parece fazer sentido. Como é que o senhor acha que eu vou agora para casa, noutra localidade?
Operador do ACP - Só um momento, por favor (mais música). Estou? Obrigado por ter esperado. Caro senhor Aldino, tenho aqui uma colega que lhe vai confirmar o que lhe disse.
Eu - Uma colega?
Operadora do ACP (chamada em conferência) - Boa noite.
Eu - Boa noite...
Operadora do ACP - Caro senhor, acabei de verificar no meu computador que a distância entre Setúbal e a Quinta do Anjo é de treze vírgula nove quilómetros.
Eu - O seu colega chamou-a só para me dizer isso? Mas ele já mo tinha dito.
Operadora do ACP - Pois, mas infelizmente nessa situação o senhor não tem direito a transporte para casa.
Operador do ACP - Pois, vê?
Eu - Desculpem lá mas isto parece-me tudo um perfeito disparate. Então vocês acham normal que o ACP pague as viagens mais caras e não pague as teoricamente mais baratas?
Operadora do ACP - O senhor devia ter lido o contrato de assistência.
Eu - Está bem, mas não li; agora o que pergunto é o seguinte: eu estou numa cidade onde poderei recorrer a alguém para me levar a casa, mas se estivesse numa estrada deserta, às três da manhã, o meu carro se avariasse a dezanove quilómetros de casa, o reboque o levasse para uma oficina na direcção oposta, o que me restaria fazer? Andar dezanove quilómetros a pé?
Operadora do ACP (depois de pensar durante alguns momentos) - O senhor devia ter lido o contrato de assistência.
Eu - Bom, não interessa; vou chamar alguém que me leve a casa. Boa noite.
Operador do ACP - Há mais alguma coisa que possamos fazer por si, senhor Aldino?

Balanço do fim de semana

Estive num aniversário com pessoas de quem gosto, fui a um congresso mal contado, li "(o melhor das) Comédias da vida privada" de Luis Fernando Veríssimo, vi alguém de quem tinha saudades, adiei algo que não posso contar (porque é ilegal), e jantei no Portinho com a melhor das companhias que, de resto, esteve comigo durante quase todo o fim de semana. Acho que correu bem.

2005/04/19

Promessa é promessa!

Bom, parece que sempre tenho que ir ver o meu Vitória de Setúbal ao Estádio Nacional. Quem é que leva a feijoada e o garrafão?

On ne voit bien qu'avec le coeur! (parte II)

Eu, que não tenho por hábito ler a dita imprensa cor de rosa - apesar de confessar que não resisto à tentação de folhear uma revistinha nas salas de espera - sinto-me de certa forma fascinado com o recente casamento de Carlos de Inglaterra e Camilla Parker-Bowles. Melhor dizendo, não é bem com o casamento que me sinto fascinado, mas sim com a história de amor subjacente.

Recapitulemos: Carlos, príncipe de Gales, não propriamente uma beleza de homem mas, mercê da sua condição social, pessoa com capacidade e condições para conquistar muitas donzelas com atributos físicos mais evidentes do que a sua noiva, conhece Camilla numa bela manhã - vamos imaginar que foi numa manhã - há mais de trinta anos atrás. Camilla é senhora de uma beleza física peculiar, mas Carlos, dando provas da elevação de espírito que só se encontra ao alcance de alguns, apaixona-se pela mulher e não pelo "embrulho". A paixão, como se sabe, é correspondida mas, por diversos motivos, conserva-se quase secreta e acaba por se tornar mesmo proibida.

Os restantes detalhes são por demais conhecidos até chegarmos de novo aos dias de hoje em que ambos, depois de vidas preenchidas, se reencontram e percebem que ainda se amam como há trinta anos. E a beleza da história está precisamente neste facto: um amor que resistiu décadas, entre duas pessoas com características bastante diferentes, e que acabam por afrontar tudo para poderem ficar juntos.

Bem sei que histórias destas se passam todos os dias anonimamente em Odivelas ou no Cacém, com finais mais ou menos felizes ou trágicos, mas parece-me que todas elas são dignas de nota. É sempre fácil falar, mas sinto especial e sincera admiração por quem é capaz de, de facto, colocar em causa todos os valores que antes tinha dado como adquiridos e iniciar de novo o percurso, sem preconceitos e desprezando o politicamente correcto. Parece-me, afinal, que o caminho para a felicidade pode passar por aí.

2005/04/17

Intimidades dirigidas

Este blog tem andado algo intermitente, tal como a disposição do seu autor. Como a maior parte dos leitores saberá decerto, acontecimentos recentes na minha vida fizeram-me repensá-la de alto a baixo. Comecei por querer desistir do blog (e de muitas outras coisas, confesso agora), mas os amigos, e alguma força interior - que nem sei onde fui buscar - acabaram por me permitir continuar em frente. Desculpem a sucessão de clichés, mas até o próprio acto de escrever e pensar em assuntos que aparentem coerência se anda a tornar penoso para mim.

No entanto, parece-me que agora as coisas começam a fazer algum sentido; todo este tempo de introspecção, de meditação, fizeram-me perceber muitas partes da minha vida que estavam "arrumadinhas", sem ninguém lhes tocar, e questionar outras tantas - e sei agora, com alguma clareza, o que quero e o que não quero. É ou não estúpido virmos a perceber que a solução para a nossa felicidade provavelmente esteve sempre à distância de um e-mail ou de um telefonema, e que nós nunca a vimos assim?

(Mais pormenores provavelmente muito em breve; não sei bem o que vai acontecer a seguir, e parece-me até que ninguém sabe nem sequer calcula...)

2005/04/14

Tristeza

Nunca, como nos últimos meses, me senti tão desiludido com tantas pessoas ao mesmo tempo. Será defeito meu?

2005/04/13

Intervalo

Pelos vistos a única pessoa que dá pela falta dos meus escritos... sou eu!

2005/04/08

Arroz

Damien Rice bem me podia oferecer uma comparticipação nos seus royalties pelo acréscimo de vendas do seu último álbum que se ficou a dever à minha influência.

2005/03/28

Este blog há uns dias acordou assim:


...e ainda não passou!

Nota: Com os agradecimentos e desculpas devidos à Charlotte pela semi-inspiração.

2005/03/23

"Music When The Lights Go Out"

Is it cruel or kind not to speak my mind and to lie to you
Rather than hurt you
Well I'll confess all of my sins after several large gins
But still I'll hide from you,
Hide what's inside from you.

And alarm bells ring when you say your heart still sings
When you're with me,
Oh darling please forgive me
But I no longer hear the music
Oh no...


The Libertines

2005/03/17

The lamb lies down on Broadway!

Em 1975 tinha 11 anos. Lembro-me de a "malta" mais velha do Barreiro, onde vivia então, andar a combinar uma ida a Cascais para ver os Genesis, supra-sumo da época do psicadelismo. Com muita inveja, nós, os pequeninos, ouvíamos mas sabíamos de antemão que não podíamos ir, não só porque era demasiado longe para irmos on our own, mas também porque o bilhete já na altura custava uns indecentes oitenta "paus"!

No regresso do "pessoal do Bairro", os tipos mais velhos que tinham ido ao Dramático de Cascais, ficámos todos a saber que este percursor dos agora banalizados concertos de bandas estrangeiras tinha sido um delírio, e isso apenas contribuiu para aguçar mais a nossa vontade de "ganhar asas". Entretanto, íamos ouvindo o "Foxtrot" até as espirais do vinyl estarem gastas.

Só fui ao Dramático de Cascais muitos anos mais tarde, mas menos de dois anos depois do concerto dos Genesis estava no comboio da linha, com o meu amigo J.G., de mochila às costas, para acamparmos no autódromo uma semana porque iria decorrer o Campeonato Mundial de Karting, e nós não queríamos perder pitada. Éramos, na maior parte dos dias, as únicas pessoas na bancada, assistindo a treinos, mangas, eliminatórias, e sei lá o quê mais. Entre os muitos miúdos que aceleravam nos "gingarelhos" dava especialmente nas vistas o virtuosismo de um tal Ayrton Senna da Silva, de que todos voltámos a ouvir falar muitos anos mais tarde.

Mas estou a transivergir, e tudo isto vem a propósito do famoso concerto dos Genesis em Cascais, em 1975, e da vontade de voar que esse acontecimento despertou nas crianças que nós éramos, à beira da adolescência. E tudo isso veio de novo ao meu encontro hoje, trinta anos depois, ao comprar a revista "Cais" de Março, integralmente dedicada ao tal concerto.

2005/03/16

"Caça à multa"

A semana passada, na zona de Beja, um invisível radar das autoridades apanhou-me em excesso de velocidade. A falta é assumidamente minha, e não há nada a fazer, a não ser pagar voluntariamente a coima aplicada e aguardar serenamente pela notificação da sanção acessória.

Mas há algo aqui que me revolta profundamente; o radar estava, como é costume, emboscado, por forma a que o incauto automobilista não o descortinasse, e assim incorresse mais facilmente em infracção. Ora, ao não ter conhecimento da existência de um aparelho de medição de velocidade nas proximidades, o condutor não moderará a sua velocidade, e não diminuirá naturalmente o risco de acidentes, mas colaborará, involuntariamente é certo, para a engorda dos cofres do Estado. A isto chama-se fazer repressão, ao invés de uma muito mais desejável prevenção.

Parece-me a mim - mas estou disposto a aceitar outras opiniões - que muito mais se poderia ganhar em termos de diminuição da sinistralidade nas nossas estradas se a existência de radares fosse profusamente noticiada, mesmo nos casos em que eles não existem ou em que se encontram fora de funcionamento; desta forma as pessoas tenderiam a abrandar automaticamente, sem saber exactamente qual a localização ou fiabilidade do aparelhómetro, e assim poderiam diminuir consideravelmente a perigosidade das estradas. Mas este procedimento apresenta um inconveniente óbvio para as autoridades: se os radares estivessem visíveis, e as pessoas pudessem abrandar quando os vissem, muito menos gente seria multada, e menos dinheiro entraria nos cofres da corporação e, por inerência, do Estado. Então, que se lixe a segurança - nós queremos é muita gente a "dar gás" para poder encher os bolsos!

Aqui há uns tempos vi, numa auto-estrada, uma viatura de controle de velocidade, que possuía um placard com letras garrafais no tejadilho onde se podia ler a inscrição: "controle de velocidade". Resultado? Todos os condutores diminuiam automaticamente a velocidade. Poderá não ser uma boa política para as finanças públicas, mas é, seguramente, uma iniciativa de efectividade comprovada e merecedora de enaltecimento em termos de segurança rodoviária.

Já agora, lembro-me também de uma curiosa reportagem que passou na TV há mais tempo ainda, sobre uma tosca imitação de radar, feita a partir de um tripé e de umas caixas coladas, que a GNR de Portalegre decidiu instalar junto á entrada sul da cidade. Receitas para a corporação? Zero. Diminuição da velocidade de passagem dos veículos, naquele ponto tão perigoso? Enorme!

Os mais cínicos dir-me-ão que apenas falo desta maneira porque fui multado há pouco tempo, mas a esses poderei mostrar um editorial do "Jornal de Azeitão", escrito há mais de três anos, onde defendi precisamente o que refiro acima: a exposição dos radares, mesmo quando falsos!

2005/03/15

Praga


Desculpem lá o hiato nos posts - acho que ando cansado. Isto passa, não se preocupem, mas sabiam-me bem uns dias fora.

2005/03/09

Diz-me o que fazes...

É curioso verificar como a vida académica pode influenciar definitivamente a maneira de ser de uma pessoa. A análise que farei a seguir baseia-se exclusivamente em observações pessoais e, portanto, subjectivas, pelo que as extrapolações poderão ser incorrectas ou injustas, apesar de me reportar a uma amostra de várias dezenas de pessoas. Mas, mesmo correndo os riscos que normalmente se correm quando se tenta generalizar, tenho reparado que:

Os advogados e juristas tendem a ser pessoas bem dispostas e, se não forem eles próprios donos de um sentido de humor fino, conseguem contudo perceber normalmente as subtilezas e ironias do discurso alheio. Por norma são cultos, ou pelo menos tentam cultivar-se, mas apresentam como desvantagem o facto de gostarem de passar a vida a invocar a sua profissão, e os casos com que se deparam no dia a dia. Se estiverem vários advogados juntos, então, o melhor mesmo é sair de mansinho.

Os arquitectos são normalmente pessoas que acham, lá no fundo, que este mundo é demasiado limitado para eles, pelo que tendem a ser incompreendidos eternos. São pessoas de trato agradável, mas o seu discurso resvala com facilidade para assuntos de teor mais etéreo, pressupondo que o interlocutor tem capacidade para acompanhar, o que nem sempre é verdade.

Os engenheiros costumam ser pessoas rigorosas e mais disponíveis para um humor simples do que para subtilezas "amaricadas". Gostam frequentemente de discutir questões em frente de um copo, e possuem uma inexplicável tendência para deixar crescer bigode, especialmente os do género masculino.

As pessoas que se formam nos cursos de Gestão ou Economia, talvez pelos elevados graus de exigência dos mesmos, acabam por se tornar algo solitárias, e até mesmo obsessivas em alguns casos. Não obstante, não deixam de ser pessoas agradáveis, e podem até tornar-se excelentes companhias, apesar de uma aparente insegurança que nunca os abandona.

Não conheço muitos médicos, mas parece-me que as características dos advogados se adaptam, mais coisa, menos coisa, a esta classe profissional, com especial ênfase ao facto de estarem constantemente a descrever-nos os pormenores da última operação que fizeram, de preferência enquanto jantamos.

Reclamações anyone?

2005/03/06

A primeira de muitas

Ontem foi um dia muito especial: o Lourenço participou, com 4 anos e um mês, no primeiro rali da sua vida. Tratou-se do Rali Alfasado, uma prova de regularidade histórica na região de Setúbal, e o mais importante é que o Lourenço, fazendo equipa com o pai e o seu fiel Alfa 1750 Berlina, ganhou redundantemente a prova. Isto quer dizer que o meu filho ganhou a primeira prova automobilística em que participou, com a idade de 4 anos.

Quanto ao resto, não consigo encontrar palavras para exprimir a alegria do meu petiz ao carregar dificilmente três taças nas mãozinhas, perante a desilusão de algumas dezenas de adultos.

2005/03/02

Se Louçã usasse saias...

Há bocado, meio irritado, pensei em especular sobre a quantidade e qualidade das frustrações que podem levar uma senhora, cujo pedantismo eu já tinha dificuldade em suportar, a escrever "que existe um laço afectivo diferente entre a mulher, que teve de carregar um feto na barriga durante nove meses, e o homem que se limitou a depositar nos ovários um montinho de espermatozóides". Mas depois achei que seria desperdício gastar prosa e espaço deste modesto blog com tamanha enormidade, e desisti.

2005/03/01

Filmes

Todos os anos a história se repete irritantemente: a indústria cinematográfica americana monta uma operação gigantesca de propaganda, e o resto do mundo assiste, embevecido, à suposta consagração dos "melhores filmes do mundo". Será que sou eu o único que acha que os Oscares apenas premeiam os "melhores filmes do mundo, desde que sejam americanos"?

Sim, já adivinho as objecções dos defensores da coisa: há uns anos atrás o genial Roberto Benigni foi premiado com "A vida é bela" (a propósito: nunca viram "O monstro"?), mas mesmo isso parece-me ter sido uma clara manobra de charme e de marketing dos responsáveis da Academia, para calar quem, como eu, acusa a cerimónia do Kodak Theatre de ser um mero exercício de auto adoração. E, se me vierem com o argumento de que os Estados Unidos são o país de origem de grande parte dos filmes de todo o mundo, eu respondo: então porque é que nunca aparece um filme indiano para amostra, sabendo que a Índia é o maior produtor cinematográfico do globo?

De resto, e se a cerimónia é tão internacional como a querem pintar, por que raio é que há um prémio para o "melhor filme estrangeiro"? Porque os americanos não são estrangeiros, claro!

A propósito, acabei de ver há mais de uma hora "Mar adentro", e a verdade é que ainda não consegui recuperar o fôlego - que sucessão esplendorosa de paisagens (a Galiza, meu deslumbramento...) e de histórias de amor. As escolhas são sempre injustas, mas se me perguntarem qual o amor que mais me tocou neste filme de culto, elegeria sem pestanejar o fraterno de José por Ramon. Alguém tem um lenço?

2005/02/27

Se o meu sangue não me engana...


É justo prometer a alguém que havemos de ir a Rialto ou a Triana?

Intimidades

Mais uma semana que se acaba, uma semana em que vivi mais uma série de experiências novas, algo em que a minha vida tem sido fértil nestes últimos tempos.

E, se há uma semana que acaba, há outra que começa, novinha, cheia de potencialidades e de perspectivas. Está bem que é menos uma semana de vida que nos resta, e visto dessa forma é deprimente, talvez; mas é também todo um mundo de hipóteses novinhas em folha que volta a ficar ao nosso alcance. O problema é que, lá para o fim de terça-feira, e se não tiver sucedido nenhuma das coisinhas que eu elegi como "bons acontecimentos" para estes dias, começo a sentir uma tristeza a invadir-me aos poucos, e o desânimo a tomar conta das horas e a fazer-me ansiar por melhores tempos - é o meu lado triste e negativo, mas que hei-de eu fazer?

2005/02/25

The female of the species is more deadly than the male!

É tudo a ajudar: o rádio do carro encravou e, como se não fosse bastante, ficou-me lá dentro com o "Spiders", dos Space, de que nunca me canso. Já espreitei bem fundo para dentro das entranhas do animal, mas ele encontra-se a digerir a coisa, e não parece dar sinais de se compadecer das minhas súplicas.

E agora, como faço para ouvir "how can heaven hold a place for me, when a girl like you has cast a spell on me"?

2005/02/21

Galiza


Queria estar aqui, e não sair nunca...

Eles divertem-se.

Se há coisa que me surpreende nesta fase, pós conhecimento dos resultados eleitorais, é a alegria do Bloco de Esquerda. Senão vejamos:

1 - Diziam que queriam tornar-se na terceira força política do país, e afinal continuaram no quinto lugar que, diga-se de passagem, já é muito mais do que merecem;

2 - O PS obteve, infelizmente para todos nós (inclusive para a maioria dos que votaram nele), uma maioria absoluta, pelo que é absolutamente irrelevante para a governação que o Bloco tenha 1, 3 ou 8 deputados, até porque Sócrates nunca pensará em "dar uma mão" a canhotos, tal é o pavor que tem do eleitorado do centro, aquela grande massa oscilante que decide as eleições;

3 - Resta pois, ao Bloco - e daí talvez a sua alegria - continuar a ser inconsequente, trauliteiro e demagogo, sabendo de antemão que nunca poderá comprovar na prática as atoardas que regularmente vai mandando ao país, sempre naquele tom arrogante de "nós-somos-os-únicos-intelectuais-cá-do-burgo"!

Deus guarde Portugal!

2005/02/19

Matemática e estatística

Se o CDS/PP tinha, nas sondagens para as últimas legislativas, cerca de 2% e até mesmo 1% das intenções de voto, e depois veio a obter nas urnas cerca de 8,5%, parece-me legítimo pensar que, a manter-se a mesma margem de erro, e já que todas as sondagens apontam agora para uma votação no meu partido de sempre de cerca de 8%, que o CDS/PP vai ter desta vez para aí uns 15% dos votos!

De resto, ainda continuo sem perceber que raio de perversão pode levar uma pessoa a votar em partidos que defendem a não utilização de armas pela polícia, mesmo na Cova da Moura.

2005/02/16

Apelo

Preciso urgentemente de um mês de férias, cheio de dias cinzentos e chuvosos, de uma casa em São Pedro de Moel bem aquecidinha e com vista para o mar, e de mais algumas coisas...

2005/02/09

Rosas

No dia 6 de Fevereiro de 2001, às primeiras horas da madrugada, nasceu o menino mais bonito do mundo, o Lourenço, meu filho. Nesse dia, depois de dormir umas poucas horas, comprei três rosas e levei-as para a clínica - três era o número de elos que, a partir dessa data, passava a constituir o centro da minha vida.

No dia 5 de Fevereiro de 2005 as três rosas murcharam. Desculpem as lágrimas no teclado. Não sei se fará sentido mais alguma coisa, inclusive continuar com este blog.

2005/02/03

Pipocas

Influenciado por diversas leituras apologísticas da coisa, decidi-me ontem a ir ver esse tão elogiado "Closer". Patético! Tal como em "Lost in Translation", assistimos aqui à demonstração prática de como se pode arruinar uma ideia óptima com uma sucessão de confrangedores e previsíveis clichés - por exemplo, o diálogo entre dois dos protagonistas logo no princípio do filme, na sala de espera de um hospital, é um descarado pastiche de um diálogo entre Samuel L. Jackson e John Travolta em "Pulp Fiction": "pigs are filthy animals...". Para rematar, não poderia deixar de estar presente o habitual moralismo - mas penso que é essa a única maneira de o público americano ver o filme e, principalmente, de o perceber.

Contudo, e como em "Lost in Translation", também aqui há uma coisa que se distingue do resto pela sua qualidade: parece-me que a banda sonora é divinal, apesar de não ter ficado até ao fim para ver a ficha técnica e saber quais os intérpretes. Mas acho que tenho que ir à FNAC uma destas noites.

2005/01/31

Cansado mas feliz!


Em A Rua, Galiza

Em Tuy, Galiza também

Neste momento em que vos escrevo estas breves linhas, a minha vontade é mais de cair na cama do que de qualquer outra coisa; de qualquer forma, sempre vos posso contar que, tal como previsto, passei o fim de semana no interior da Galiza a disputar o VI Rali de Invierno, um rallye de regularidade para viaturas clássicas, e, apesar de não ter conseguido manter o ratio de 1/1 de participações/vitórias do meu Alfa Romeo 1750 berlina, a verdade é que me parece que conseguimos obter um resultado bastante meritório: 19º da geral (106 participantes), 6º da classe (cerca de 30), 6ª equipa portuguesa (entre 51) e, principalmente, primeiros dos estreantes e dos poucos (se não os únicos, mas não consigo garantir) que não levavam qualquer aparelho auxiliar de medição quilométrica, para além dos que equipam de origem a própria viatura!

Mas, mais do que a classificação, confirmei as suspeitas que tinha de que a Galiza é um local maravilhoso, apesar das temperaturas negativas encontradas, e até de algumas tímidas amostras de neve. E também provei que, mau grado alguns "velhos do Restelo", e apesar dos seus 33 anos, o Alfa está "aí para as curvas", como bem provam os cerca de 2000 km feitos em 3 dias, muitos deles em ritmo rapidinho...

2005/01/23

Onomatopeia do amor

- É possível que duas pessoas se apaixonem sem que exista um clic dos dois lados?
- Sei lá, pá. Olha mas é para o mar e deixa-me ler o jornal!
- Sim, eu sei que é estranho, mas pensa lá: tem que haver um clic instantâneo, simultâneo, para que a relação entre duas pessoas possa funcionar?
- De que raio de coisa tu havias de te lembrar agora...
- Vá lá, dá-me lá a tua opinião.
- Bom, parece-me que tem que haver um clic, sim, mas, agora que me perguntas, não me parece indispensável que ele tenha que surgir em simultâneo.
- Achas?
- Sim; acho até que essas coisas só surgem em simultâneo nos filmes. Na vida real há sempre apenas uma pessoa que faz clic e que, a partir daí, passa a vida a tentar que a outra pessoa também faça clic - a tentar cativá-la; não leste "O Príncipezinho"?
- Li, claro; és capaz de ter razão. E quanto tempo deve esperar a primeira pessoa que fez clic pelo clic da segunda?
- Sei lá, bolas. Acho que depende da intensidade do clic da primeira. Se tiver sido uma coisa muito forte, pode esperar o resto da vida!
- O resto da vida?
- Sim, o resto da vida!
- E isso não será demasiado tempo?
- Se, como te disse, o clic tiver sido dos fortes, não!
- E se a pessoa esperar pelo clic da outra o resto da vida e ele nunca acontecer?
- Azar; mas ao menos provou, pelo menos a si próprio, o quão estava apaixonada.
- Sim, mas isso de nada lhe adiantou.
- O que é que queres que te diga mais? Não há explicação lógica, e ainda menos racional, para essas coisas. Mas também há casos em que vale a pena esperar, em que o clic da segunda pessoa surge ao fim de anos.
- Quer dizer que nos casos em que não há clic, não vale a pena esperar?
- Eu não disse isso. De resto, como é que sabes se vai haver clic ou não? Se te aconteceu um clic dos fortes, só te resta esperar pelo outro clic - e é claro que vale sempre a pena esperar, aconteça o que acontecer.
- Sim, mas quanto tempo devo eu esperar por esse clic, afinal de contas?
- Porra, não percebeste mesmo nada do que eu te disse!
- ...
- Olhe, sefáxavor! Traga-me uma tosta de frango e um galão com espuma.
- Diz-me lá: quanto tempo achas que devo eu esperar por esse clic da outra parte?
- Tu? Bom, se estás mesmo apaixonado, no mínimo o resto da vida. Agora deixa-me ler o jornal!
- O resto da vida?

Um pai de família tradicional

A aparente modernidade do Bloco de Esquerda só pode mesmo enganar os mais distraídos - é preciso não esquecer que, debaixo daquela capa de liberdade intelectual, dorme um bicho encostado ao radicalismo de esquerda, porventura o mais sanguinário e reaccionário dos fundamentalismos. Disso mesmo nos veio esta semana lembrar o seu líder, o super-demagogo Francisco Louçã, ao considerar publicamente que Paulo Portas não teria direito a ter opinião sobre o aborto por nunca ter gerado uma vida, ou por "não conhecer o sorriso de uma criança". Ficam também assim, por esta ordem de ideias, excluídos do mesmo direito à opinião, os simpatizantes e membros do seu grupo de trabalho homossexual, que devem dar bastante jeito para ir buscar mais uns votos e, principalmente, para compor um retrato de abertura espiritual do grupelho, mas que, na opinião do afinal tradicionalista e intolerante Louçã, não têm - nem podem nunca vir a ter! - conhecimento de causa sobre uma das mais folclóricas bandeiras daquela gente.

Mas, mais incrível e ilustrativo da cegueira intelectual e "encarneiramento" que grassa por aquelas bandas, é o facto de praticamente todos os aspirantes a "louçãzinhos" se babarem na defesa da argolada do mestre, com o "semi-guru" Teixeira Lopes a ensaiar mesmo indecorosas incursões por aquilo que considera ser a vida privada de Portas. Isto já não é apenas demagogia nem populismo - é doentia obsessão totalitária e mostra-nos novamente o quão perigosa se pode tornar a seita, assim os socialistas desta terra se lembrem de lhes dar boleia!

2005/01/20

On ne voit bien qu'avec le coeur!


Ainda há uns dias lia, num qualquer jornal, que, após um aturado inquérito a nível internacional, estudiosos haviam chegado à conclusão de que apenas cerca de 2% (dois por cento!) das mulheres se sentem bem com o seu aspecto físico. Não me admira, e atrever-me-ia até a dizer que, se a sondagem fosse extensiva ao género masculino, a percentagem de insatisfeitos não diferiria muito. No entanto, muitas das pessoas que se acham feias - ou pouco bonitas - são apenas e tão só vítimas da estereotipificação que todos os media e demais meios promocionais fazem da beleza. É por isso que todas as pessoas que não apresentem parecenças físicas evidentes com Gisele Bündchen ou George Clooney tendem a andar deprimidos e a amaldiçoar a sua sorte.

Dito isto, só podemos mesmo enaltecer a nova campanha da Dove que, na senda do que tem feito ultimamente, volta a mostrar mulheres reais nos seus anúncios - afinal, elas são 98% do seu mercado!

2005/01/18

Crise

Desculpem lá, mas a disposição para escrever aqui não tem sido a melhor, a inspiração também foi de férias, e, por isso, a produtividade tem sido nula. Importam-se de esperar mais um bocadinho?

2005/01/12

Ciao, Fabrizio Meoni


E adeus também a Gilles Lalay, John Deacon, Manuel Pérez, Richard Sainct, e a tantos outros. Percebem agora porque é que eu digo que, apesar do meu (modesto) passado motociclístico, nunca correria o Dakar?

2005/01/10

Recaída


Identificação do problema: um Mercedes Benz 350 SLC, de 1973, igual a este, mas de cor champagne, caixa automática, ar condicionado, à venda aqui perto...

2005/01/08

Como criar o blog mais visitado da blogosfera nacional:

Fazer uns copy pastes de algumas coisas mais ou menos crípticas e, principalmente, desconhecidas, polvilhar com uns quadros e fotos de vez em quando, usar sem parcimónia toda a correspondência de leitores recebida e, muito raramente, escrever algo de original.

Mas não é só "palha", convenhamos; foi através do Abrupto que descobri esta coisa da Geoloc que, para já, me está a deixar entusiasmado.

2005/01/06

Futurologia

O país depois de 20 de Fevereiro:

Depois de uma campanha sinuosa, em que a frase mais ouvida será "eu nunca disse isso", o PS ganhará finalmente as eleições, mais por demérito do adversário do que por mérito próprio. Sócrates assumirá então o cobiçado lugar de Primeiro Ministro, mas o facto de apenas dispor de uma maioria relativa não o deixará instalar todos os boys necessários para um bom controle do aparelho. Desorientado, abandonará o cargo (muito) antes do fim do mandato, deixando-nos como mensagem "eu não sei andar nisto!".

Canibalizado por dentro, o PSD lutará até ao fim, mas não será suficiente, mesmo tendo em conta a debilidade intelectual do principal adversário. Santana Lopes apresentará a demissão de líder do partido, ainda nessa noite, e deixará aos ressabiados que minaram o seu trabalho a responsabilidade de fazer melhor. No entanto, os Pachecos, Marcelos e Cavacos do PSD ainda demorarão a perceber que existe vida para além do seu umbigo, pelo que se seguem tempos difíceis para o partido. Triste, muito triste...

O CDS prosseguirá tranquilamente o seu caminho, mostrando ao país que é o único partido com um projecto coerente e estruturado para o poder. Depois de uma campanha em que vai tirar dividendos óbvios do excelente trabalho efectuado pelos seus ministros, obterá um resultado histórico, ultrapassando os 10%, e provavelmente chegando aos 20 deputados (não obstante, as sondagens dar-lhe-ão sempre cerca de 3 a 4%, como de costume). Mas, mais importante do que isso, o partido assumir-se-á finalmente como uma opção credível para disputar a vitória em eleições legislativas num futuro talvez não tão longínquo como alguns pensam.

Aproveitando da melhor forma a desilusão e o marasmo que grassam no país, o BE voltará ao seu discurso demagógico, inconsistente e inconsequente. No entanto, a sua atitude trauliteira granjeia-lhe cada vez mais adeptos entre o povo português (vide comportamento dos nossos automobilistas), pelo que não será de admirar se conseguirem chegar aos 4 tachos - digo, deputados.

Tendo que descontar do seu eleitorado cativo as pessoas já falecidas, a CDU deverá quedar-se pelos 5 deputados, ou menos. No entanto, todos estamos ansiosos por ouvir Jerónimo de Sousa na Assembleia, e - porque não? - vê-lo ensaiar alguns passos de dança.

Manuel Monteiro tem fortes possibilidades de se tornar o líder político mais popular no seu prédio.

Depois conversamos.

2005/01/05

Aprendam:

Quem se mexe muito fica sempre mal na fotografia!

2005/01/04

Derivas e derrapagens

Segundo tenho ouvido, existem telenovelas cujos primeiros episódios começam a ser exibidos sem que o final da série esteja ainda pronto, ou sequer programado; destina-se este procedimento a, através de sondagens de opinião, ir aferindo o grau de receptividade que o enredo está a ter junto do público e, caso seja necessário, alterar o rumo dos acontecimentos por forma a agradar a esse mesmo público. É assim possível que uma personagem que teve um sério acidente e se encontra em coma há uns meses - à espera dos resultados da tal sondagem - ressuscite ao fim de alguns episódios para vir a casar com a heroína (essa ou a outra).

Ora, o comportamento da liderança do Partido Socialista, nestes dias que antecedem uma campanha que se quer esclarecedora, têm-me feito lembrar essa forma de seguir, "ao sabor das ondas".

Primeiro, Sócrates lembrou-se de desenterrar o fantasma da co-incineração, pela qual se bateu para lá do razoável enquanto Ministro do Ambiente, e prometeu retomar o processo; contudo, várias entidades, entre as quais as "chatas" das populações dos sítios então designados para a instalação dos aparatos, vieram desde logo a terreiro lembrar-lhe que a coisa não é assim tão pacífica (a propósito, um destes dia ainda hei-de comentar aqui aquilo que considero ser uma negociata escandalosa para viabilizar por mais uns anitos o cancro que constitui a fábrica da Secil no Outão, no meio da Serra da Arrábida). Bom, confrontado então com esta falta de entusiasmo, logo o putativo Primeiro Ministro se apressou a esclarecer que afinal não era bem assim, que se iriam estudar as várias opções, patati, patatá.

Ontem, foi um porta-voz dos socialistas, cujo nome agora me escapa, que considerou como plausível o aumento da taxa do I.V.A. para os 20%, como forma de amealhar receita para a reposição dos benefícios fiscais aos Planos Poupança-Reforma. Em pânico, pelas consequências que um anúncio destes poderia trazer em termos eleitorais, lá veio hoje novamente Sócrates (não há lá mais ninguém?) dizer que era uma falsidade, que ninguém tinha afirmado isso, e o arrrazoado do costume.

Se isto é assim e ainda não chegaram ao Governo, Deus nos livre de os ver lá. É que o último deles que por lá andou também era especialista em zigue-zagues e recuos - e deixou o País como se sabe!

2005/01/03

Comentário mais snob (até agora) de 2005


Não se consegue comprar nada decente nesta terra; levem-me a Londres urgentemente, por favor!

2005/01/02

Ano velho, ano novo

Bom, este já passou; o que é que se segue?