2003/07/27

Notícias relevantes

Há já muito tempo que não compro o "Expresso". Não sou nenhum iluminado, mas já tinha percebido há uns anos o que agora toda a gente vê: que o nível do jornalismo praticado naquela casa está, mais ou menos, ao nível da sarjeta.

Ontem, por exemplo, e ao que sei por vários blogs, e também pela consulta do site (não faço link, porque a consulta do jornal online é paga), a principal chamada de capa refere-se a um juíz que se candidatou ao Supremo, e que ao seu processo de candidatura adicionou dois documentos não obrigatórios: um provando a sua descendência nobre, e outro provando a sua opção homossexual.

Não me interessa aqui discutir se estes dados pessoais do senhor serão indispensáveis para uma boa apreciação do seu processo de candidatura; resisitirei também, por muita curiosidade que me tenha despertado a informação, a especular sobre qual a entidade que estará em condições de passar um documento comprovativo da opção sexual de outrém.

O importante aqui é saber se algum tablóide, do mais sensacionalista que exista, chamaria este assunto para principal destaque da sua edição. O "Expresso", contudo, fê-lo, e - quiçá? - talvez tenha ganho mais um nicho de mercado. A juntar à "Hola" e a uma ou outra revista de decoração avulsa, observo cada vez mais gente a levar também o famoso saco de plástico para casa.

Tenho, aliás, uma teoria para justificar o interesse desmedido do português médio pelo "Expresso", em lugar de semanários com muito melhor qualidade de informação, mas muito menos espessura, como é o caso d'"o Independente". É simples; alguma vez observaram um "portuga" típico num hotel estrangeiro, num pequeno almoço de buffet?

Eu conto-vos: atafulha o seu prato com uma quantidade inverosímil de coisas, a maior parte das quais não comerá. Mas fá-lo, apenas porque entende que se puder recolher mais comida, pagando o mesmo, incrementará a sua relação preço-quantidade. Esquece-se, no entanto, que tal procedimento não melhorará, necessariamente, a relação preço-qualidade.

Adaptem este raciocínio ao tamanho do "Expresso", vejam o que se consegue "espremer" de relevante daqueles "não-sei-quantos" quilos de papel, e depois digam-me qualquer coisa.

1 comentário:

Anónimo disse...

Por que nao:)