2008/10/25

Bichos Papões

Que fique desde já bem claro: para mim, que até me confesso um entusiasta de automóveis e de corridas, a mera hipótese de pensar em ir passar uma tarde de fim de semana para a Avenida da Liberdade a ver uma promoção - ainda que disfarçada de "demonstração" - de Fórmula 1, apresentar-se-me-ia tão razoável como pensar em ir ver um concerto do Tony Carreira.

No entanto, os argumentos normalmente aduzidos contra estas iniciativas por outros são pouco menos que risíveis, e apenas vão tendo alguma injusta visibilidade por mexerem com valores ditos politicamente correctos, ainda que manipulando-os e adulterando-os de acordo com as suas conveniências.

Recuperando um argumento falacioso e estafadíssimo dos ecologistas & C.ª para a sua campanha contra as corridas, José Carlos Mendes, d'"O Carmo e a Trindade", indigna-se com a iniciativa, não devido aos transtornos causados no trânsito, por exemplo, mas sim devido à poluição produzida, utilizando mesmo de inusitado dramatismo para falar em "poluir tudo até ao limite". Esquece-se, contudo, de calcular quantos carros particulares teriam passado no mesmo local durante as horas em que a Avenida esteve fechada para a dita "demonstração", e quantas toneladas de CO2 teriam sido libertadas para a atmosfera durante esse tempo. É que, mesmo dando de barato a orgulhosa ignorância que alguns gostam de alardear sobre aquilo que condenam, é do mais elementar bom senso saber que um carro de Fórmula 1 não é um reactor nuclear com rodas - é um carro com um motor de explosão a gasolina, como os de milhões de pessoas, com a diferença de ser mais potente e, por isso, emitir um pouco mais de CO2, mas não deixa de ser um carro...

P.S.: É inútil quando se fala de pessoas com conhecimento zero mas pretensão cem; logo depois de ter escrito o que se lê acima volto ao blog da sua proveniência e vejo escrita a pérola "aqueles carrinhos a darem cabo do pavimento de alcatrão...", por MP (Margarida Pardal, presumo). Vou antes tentar ensinar o meu cão a catalogar-me os livros por temas e não por ordem alfabética - não deve ser necessária tanta paciência nem devo ter que aturar tanta ignorância petulante.

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