Curiosa, a forma como toleramos ou não determinadas situações: José Mourinho foi treinar para Itália, e preocupou-se em aprender o italiano suficiente para dar a primeira conferência de imprensa na língua do país para onde emigrou. Recusou, até, falar em português (se bem que não tenha tido o mesmo grau de exigência para com quem o interpelou em inglês), para não confundir o seu italiano recente com outra língua latina. Hoje, no final de um jogo meio "a feijões", em Vila Real de Santo António, vimos (não fui só eu) o novo treinador do Benfica, um fulano bronzeado de olhar esbugalhado, a falar o seu espanhol materno, sem sequer se preocupar em introduzir, de forma educada, algumas expressões em português - e não acredito que não as conheça, assim como qualquer um de nós sabe pelo menos meia dúzia de palavras em castelhano.
Não sou benfiquista, como todos sabem, e por isso não me incomoda minimamente que esta equipa, de orçamento milionário, ande a fazer jogos mais próprios de protagonizar a "Liga dos Últimos". Mas sou português, e acho de uma arrogância extrema que este tipo não se dê sequer ao trabalho de simular algum esforço. Decerto, se fosse benfiquista, queixar-me-ia a quem de direito pela falta de educação. Mas, como não sou, fico a apreciar o profissionalismo e inteligência de Mourinho, por oposição ao seu colega acima citado, e a orgulhar-me de que ele seja um português de Setúbal.
Governar
Há 12 horas
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