2008/12/16

Carpideiras a metro

O CDS, vá-se lá saber porquê, sempre teve o dom de congregar em atenta observação do que se passa no seu interior muita gentinha, aparentemente sem nada de mais útil para fazer. Será razoável que os seus militantes, entre os quais me incluo há mais de vinte anos com orgulho, se interessem pelas movimentações cirúrgicas que avulsos materialistas desiludidos vão protagonizando no seu interior em cada momento; já será mais estranho que pessoas de outros partidos revelem uma obsessão a raiar a patologia, salivando pavlovianamente de cada vez que existe algum tipo de questão interna no CDS. Eu, pelo menos, não tenho essa tara voyeurista de me fascinar com o que se passa na casa do vizinho.

Há uns meses eram "centenas" os militantes de Setúbal que iriam protagonizar uma "desfiliação maciça"
, e as carpideiras do costume não se esqueceram de dar disso eco suficiente em tudo o que fosse suporte para tal. Infelizmente já não tiveram a mesma disponibilidade para proporcionar destaque idêntico ao facto de apenas se terem vindo a confirmar cerca de dez desfiliações, de pessoas pertencentes às mesmas famílias, com o toque irónico de os supostos "líderes" do processo, aqueles que vociferavam raios e coriscos contra tão ingrata madrasta, não se terem afinal desfiliado ou, em casos mais flagrantes, terem deixado um conveniente "pézinho" dentro do partido.

Agora novamente surgem as maciças desfiliações natalícias
, e novamente também os outros partidos babam-se de êxtase, para ver se é desta que o vizinho de cima parte mesmo um braço à mulher ou, quem sabe, lhe espeta uma faca. Para já a dimensão da tragédia já vai em dois dirigentes, mas tudo indica que os números poderão ser catastróficos, e de novo poderão ser atingidos os níveis de destruição de Julho passado.

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