O Parlamento debate hoje uma recomendação do CDS-PP no sentido de prevenir os excessos na actuação da ASAE, a autoridade para as actividades económicas que tem ficado tristemente célebre nos últimos tempos pela sua fúria esterilizadora, tentando entrar dentro da cabeça de cada português e ensinar-lhe o que deve fazer, comer, vestir e tudo o resto. Uma entidade que não conhece o significado da expressão "bom senso", mas apenas a de "stricto sensu", confundindo-a, no entanto, com "non sense" demasiadas vezes. Para a ASAE, e para o seu Director, figura de ar patusco saída de esconsos corredores socialistas, mas à procura de um rápido protagonismo que lhe dê, a breve trecho, o lugar governativo que (acha que) merece, para a ASAE, dizia, a tarefa não estará completa enquanto não existir neste país um selo em cada ervilha, e todos os protugueses estiverem condicionados para apenas fazer o que lhes é mandado, como em "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley. Uma perfeição asséptica, assim a meio caminho entre a terra da Barbie e a aldeia do Noddy.
Nesta sanha regularizadora, alguns acham razoáveis casos como o relatado esta manhã no Fórum da TSF (infelizmente só consegui ouvir alguns minutos), de uma senhora que terá sido multada em 3.000,00€ por fabricar em casa rissóis, que depois vendia a restaurantes ou a outras pessoas. A memória é curta, pois quem defende agora a aplicação de leis aberrantes de forma cega e insensível, ainda há pouco tempo se congratulava pela visão humanista dos juízes que, nos casos de aborto, sempre se regeram por uma apreciação enquadrada e social, e sempre mandaram em paz e absolvidas as mulheres que abortaram.
Como de costume, o Governo, muito palavroso mas pouco ou nada actuante, assobia para o lado, e delegou (eufemismo para "despachou") para o Parlamento, designadamente para a Comissão de Assuntos Constitucionais, a criação de um Grupo de Trabalho que se dedique ao recenseamento das actividades tradicionais não enquadradas neste espartilho que nos querem vestir, para, presume-se, as regulamentar posteriormente com o seu carácter excepcional. Tenta assim o Governo lavar as mãos, depois de se ter tornado insustentável a continuação na defesa do absurdo, mas "esquece-se" de referir que poderia ele próprio, Governo, poupar tempo e possíveis falências e outras perdas irreparáveis, regulamentando desde já essa área, uma vez que existem regulamentos europeus que já prevêem a possibilidade de adequar as normas gerais à produção tradicional em cada país.
Nada, infelizmente, a que não estejamos já habituados por parte de quem tanto investe na forma que não tem tempo para pensar em conteúdos!
Nota: Texto tambem publicado no blog CDS Setúbal
Governar
Há 12 horas
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