Passa hoje exactamente um ano sobre a data em que a maioria dos portugueses que se deram ao trabalho de ir votar escolheram a legalização da IVG, eufemismo para aborto, desde que praticada até às dez semanas de vida do feto. Segundo tenho ouvido, e se tenho interpretado bem, parece que os "objectivos" estão a ser cumpridos, ou talvez não, nem é isso o que mais me interessa. O que me choca é a forma como se podem estabelecer "objectivos" quando é da morte de seres humanos que falamos, como se fossem generais a determinar qual o número de baixas a infligir ao adversário. Tudo, realço como fiz há um ano, decidido por quem cá anda, e que o pode agradecer a quem decidiu pela sua vida, mas que agora se arroga o direito divino de decidir sobre a vida alheia.
Bom, mas passada que está esta batalha dura para tão galvanizados lutadores, outras se aproximam. Não falo ainda da abolição, tout court, das toiradas, previsível próxima etapa de quem defende sem dúvidas a morte de seres humanos indefesos, por decisão da mãe, mas que se indigna com o sofrimento infligido a um toiro de quatro anos. Continuo ainda no tema do aborto (desculpem lá, mas não usarei o vosso querido eufemismo de "Interrupção blá blá blá", apenas e tão só porque ele representa uma mentira nos próprios termos, já que uma interrupção pressupõe um reatamento posterior), para dar conta de uma nova reclamação que o Movimento Democrático das Mulheres (MDM) passou largos minutos a defender, em tempo de antena pago pelos contribuintes, há bocado, antes do Telejornal na RTP1. Regozijando-se com o sucesso da nova lei, sucesso esse consubstanciado no número de mortes de bebés, estas mulheres não se encontram ainda satisfeitas, e reclamam agora uma maior urgência no atendimento de um caso de aborto a pedido. Não reivindicam, curiosamente, mais consultas de apoio psicológico e de aconselhamento a quem quer abortar, mas sim que as pessoas que atravancam os hospitais com os seus extravagantes pedidos de ser tratados a cancros ou fracturas, tenham respeito pelos casos muito mais graves e prioritários de quem engravidou porque não lhe apeteceu estar a pensar muito no assunto, e agora precisa rápida e urgentemente de matar a vida que traz no ventre.
Os defensores do "sim" sempre se ofenderam muito por ser tratados como criminosos, mas para mim é difícil pensar noutro nome para quem, conscientemente, defende a morte de vidas humanas.
Governar
Há 11 horas
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