Este blog tem andado meio parado, não só por falta de disposição - que não de tempo, infelizmente - do seu autor para nele escrever, mas também por me ter dado conta, de há uns tempos para cá, de que os blogs perderam a sua força da altura do lançamento, em que éramos apenas uns poucos (perdoem-me o pretensiosismo, mas a verdade é que este espaço fará em breve seis anos). Agora os blogs estão demasiado banalizados e servem para tudo, desde colocar fotos de um casamento até aos resultados de uma equipa de futsal lá da empresa, e esta dispersão acabou por ter efeitos práticos nefastos para o núcleo que se mantinha: apenas uma meia dúzia se aguentou com leitores fiéis, precisamente aqueles que mais vezes eram actualizados ou citados em órgãos de comunicação mais abrangentes. A este propósito, e perdoem-me desviar a conversa, não posso deixar de me sentir intrigado com os critérios que o
"Público" utiliza para os seus destaques diários do que é escrito em blogs; a verdade é que aparecem sempre meia dúzia de blogs absolutamente desconhecidos, as opiniões neles expressas são incipientes e revelam frequentemente desconhecimento de causa, e até se conseguem encontrar vezes demasiadas erros crassos de ortografia e de outro tipo (lembro-me, por exemplo, de um "especialista", que viu o seu blog transcrito no "Público", referir-se a um jogo de futebol entre o Porto e o Sporting como um
derby!). Não sou adivinhador, mas não deverei andar muito longe da verdade se imaginar que aqueles retalhos de blogs são da responsabilidade de algum estagiário a quem se diz, por exemplo, para fazer um apanhado do que dizem os blogs sobre o atentado a Ramos Horta. Vai daí, o esperto estagiário faz uma pesquisa no
Google com as palavras "Ramos Horta atentado blog", e faz um
copy/paste dos cinco ou seis primeiro blogs que encontrar, sem cuidar sequer de averiguar da relevância do seu conteúdo. Fácil, prático e nada profissional.
Mas desviei-me do assunto que aqui trazia, a minha actualização cultural e de lazer nestes dias de forçada inactividade, como forma de manter o espírito tão são quanto possível. Não serei exaustivo, e desde já espero que os meus leitores relevem a petulância de lhes dizer o que ando a fazer como forma de guia espiritual. Mas, se não acharem necessário este aconselhamento, sem qualquer finalidade comercial, sabem que são livres de clicar lá em cima num botão qualquer e saltar para outro
site tão depressa como aqui vieram parar.
Posto isto, ficam a saber que, descoberta a minha veia monárquica recentemente, ando a ler a biografia dessa grande personagem portuguesa que foi D. Carlos, cobarde e infamemente assassinado. A propósito, há dias, nas comemorações do centenário do regicídio, ouvi a
troupe do costume, ie, o Bloco de Esquerda e os seus "artistas" justificarem o voto contra um voto de pesar por D. Carlos proposto por um deputado do PSD, por alegadamente se estar assim a branquear a imagem de uma pessoa e de um regime que "já na altura eram alvo de grande contestação popular". Dando de barato que a pessoa que pronunciou isto, penso que o inefável Dr. Fernando Rosas, não estava a confundir monarquia com a ditadura que sucedeu pouco depois da instauração da república - esta sim, culpa dos republicanos, que depois de tomarem o poder com um criminoso golpe de estado, não souberam conduzir o país - aceitando que não há confusão, dizia, só podemos concluir que a afirmação é dolosa e intencionalmente mentirosa, já que a contestação partia apenas de um limitado grupo de revoltados, incluindo Aquilino Ribeiro, cuja memória - essa sim - se tenta branquear agora. A "contestação popular" a que alude o BE era tanta que, nas eleições democráticas que já durante a monarquia se realizavam em Portugal, nunca o Partido Republicano atingiu sequer os 10%! Mas também pouco mais se poderia esperar de quem não tem dignidade nem honra: bastava observar meia dúzia de provocadores disfarçados de palhaços (uma redundância, o disfarce era desnecessário...) que foram nesse mesmo dia para o Terreiro do Paço provocar quem relembrava a memória do Rei e do Príncipe Real, dando vivas ao Buiça no verso de faixas usadas anteriormente noutros "números artísticos" do bloco.
Hoje estou para divagar, como João Bénard da Costa nas suas lindas crónicas de domingo no
"Público", desculpem outra vez a imodéstia de me comparar a tão grande figura. Voltemos pois ao livro que ando a ler, "D. Carlos", da autoria de Rui Ramos, edição do Círculo de Leitores (o que eu penei para arranjar este livro, já que eles mantêm aquela abstrusa regra de só vender a sócios - obrigado, cunhada!), apesar de recentemente ter surgido numa outra edição mais portátil (pelo menos não tem capa dura) e fácil de adquirir, da Temas e Debates. Entretanto, já está ali em fila de espera "D. Carlos - a vida e o assassinato de um Rei", de José M. de Castro Pinto, da Plátano Editora. Aparentemente trata-se de uma versão menos aprofundada mas mais objectiva do reinado e da morte da mesma personagem marcante da nossa nacionalidade, bem como das nossas ciências e artes.
Mudando de tema, mas ainda na leitura, também ali está já "O Crocodilo que voa", série de entrevistas ao recém falecido Luiz Pacheco por João Pedro George, livro a que aludi no post anterior. Não vai demorar muito a chegar à mesinha de cabeceira, palpita-me. Lá vai encontrar a companhia do "Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley, extraordinário exercício de antecipação, que só não tem tido a merecida rapidez de leitura devido à concorrência de outras obras. E vai encontrar também a Autobiografia dos Monty Python, algo que ninguém nascido nas décadas de sessenta ou setenta devia perder. De saída há uns dias veio "A Vida de Pi", de Yann Martel, lido com algum atraso relativamente à sua saída, mas que nada perdeu com o tempo. Vivamente aconselhado.
Ainda nas leituras, mas passando à imprensa, continuo,
malgré tout, a ler o "Público", a "Sábado" idem, e a recusar-me terminantemente a passar os olhos sequer por pasquins como o "Expresso", o "Sol" ou o "24 Horas", o que, contudo, não me impede de ir acompanhando à distância as divertidas acrobacias do arquitecto para rebaptizar as ofertas. Leio de ponta a ponta a
"Atlântico" todos os meses, assim como a
"Retro Course" e a
"Motor Clássico" - estas são, de resto, as únicas duas revistas de automóveis que compro, já que no que toca aos modelos actuais e às corridas, de que tanto gosto, a qualidade da oferta é abaixo de medíocre e mais vale actualizar-me na
net.
Passemos à música, só para dar conta, sem grandes comentários, dos dois últimos
power play do meu carro:
"Versus", dos Kings of Convenience (& amigos) e
"Distortion", dos Magnetic Fields. Ouçam e digam qualquer coisa depois.
A minha condição caseira, que eu muito prezo, também me levou a aumentar levemente os meus tempos de visualização de televisão. Na "caixinha" recomendo, pois, "A Quadratura do Círculo" sempre, "Conta-me como foi" e
"Men in Trees" série americana que vale especialmente pelas paisagens e pelos ambientes, estupidamente "traduzida" em português para "O Amor no Alasca". Aliás, já que falo nisto, e perdoem-me outro desvio, sempre achei que havia uma atitude generalizada de quem traduz títulos de filmes, no sentido de nos tentarem explicar, logo no título, pelo menos metade do enredo, não vá o portuguesinho típico não saber do que se trata. Haveria milhares de exemplos, mas lembro por exempo a "tradução" de
"Little Miss Sunshine" para um muito mais explícito "Uma família à beira de um ataque de nervos" - para mais plagiando, ou copiando quase, um título famoso de Pedro Almodovar. E, como as cerejas, falo-vos ainda dos "Devotchka", autores da banda sonora do filme. Um espanto. Voltando, no entanto, à televisão, de destacar a mais linda
sitcom romântica que me lembro de ver: é inglesa, passa aos domingos à noite na
"Britcom", por enquanto, tem paisagens maravilhosas de Gales, e chama-se "Gavin and Stacey".
De resto continuo a ir sempre que posso ver o Vitória de Setúbal (ainda ontem lá estive, a ver como se coloca o Guimarães, uma equipa que tem sido "levada ao colo" pelos árbitros, no seu devido sítio), os ralis, e só tenho faltado aos toiros porque toiros decentes só para lá da fronteira.
E pronto: a Madalena e o Lourenço estão cada vez maiores e mais bonitos, e falta-me muito pouco para estar completamente feliz!
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