2003/10/14

Gentlemen drivers

Existe um filme, de John Frankenheimer, chamado "Grand Prix", que eu já vi vezes sem conta - curiosamente, e ainda bem, sempre no original, sem legendas ou dobragens. Trata-se de uma história passada no mundo da fórmula 1 dos anos 60, na qual se mistura uma correcta descrição das corridas e seu ambiente de então, com o lado emocional dos homens que as faziam.

Não me lembro bem das corridas dos anos 60, mas recordo-me de idiossincrasias interessantes de pilotos que vi correr; lembro-me, por exemplo, de John Watson, de quem se dizia só andar bem quando estava apaixonado. Ou de Patrick Depailler, que fumava compulsivamente antes de entrar no carro. Já para não falar de David Purley, que, em plena prova, parou o seu carro junto ao do seu amigo Roger Williamson, envolto em chamas, tentando, pelo meio do fogo, resgatá-lo. E, toda a gente decerto se lembrará, do misticismo e devoção que rodeavam todas as participações do inigualável Ayrton Senna da Silva. Tudo muito distante das coreografias maquinais dos pilotos de hoje em dia.

É por isso que, quando leio na "Pública" de Domingo, uma peça de promoção desse artigo de marketing que dá pelo nome de Michael Schumacher, acompanhada de um pretenso quadro estatístico comparando os feitos de M.S. aos do argentino Juan Manuel Fangio (como se alguma vez se pudessem comparar), não posso deixar de sorrir. Sorrio, quando vejo que os "especialistas" do "Público" confundem conceitos básicos, como potência e cilindrada, mas principalmente quando leio que, guiando cada um o seu carro, M.S. daria três voltas ao circuito do Mónaco, no mesmo tempo em que J.M.F. completaria apenas duas. Talvez, mas, como diria o meu saudoso amigo Thomaz de Mello Breyner, para Fangio as fazer assim, tinha que "tê-los" mil vezes mais pretos do que os desse traste chamado Schumacher!

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