2004/03/28

Listas


O Fernando tem andado a intercalar na sua escrita posts com o título genérico "12 discos da minha vida", normalmente seguido de um ordinal e do título de um álbum. Num divertidíssimo livro que li há pouco, "Alta fidelidade", de Nick Hornby, o protagonista, um fulano imaturo chamado Rob Flemming, passa toda a narrativa a fazer listas das "cinco-mais-quaisquer-coisas" da sua vida - aliás, o romance começa logo por nos apresentar "as minhas (dele) cinco namoradas mais memoráveis de todos os tempos", e segue com os melhores álbuns, as melhores músicas de soul, as melhores indies, etc., etc.

A ideia é tentadora, e acho que todos temos uma certa tendência para classificar de alguma forma, numa escala qualitativa, tudo aquilo com que contactamos de uma forma ou de outra nas nossas vidas; mas, por outro lado, existe sempre o risco de, ao elaborarmos essas listas, esquecermos algo ou alguém que merecia integrá-la (e Rob Flemming vivia deliciosamente atormentado com isso).

Mas, malgré tout, e voltando à interessante ideia do Fernando, leio a certa altura, a respeito do genial "Achtung Baby", dos U2, qualquer coisa como: "é um disco que se ouve do princípio ao fim, sem sentirmos a necessidade de saltar músicas". Isto fez-me tocar uma campainha cá dentro - a mim, que sou um compulsivo saltador de músicas, para grande irritação da Lu - e levou-me a pensar: existirão discos que eu consiga ouvir do princípio ao fim, sem sentir a tentação de avançar uma faixa?

Pensei, pensei, e mesmo correndo o risco acima aludido de me esquecer de algum, descobri que existem até muitos: para além do bem citado "Achtung Baby", também "The unforgettable fire" dos U2, inevitavelmente "London calling" dos The Clash, "Dog man star" dos Suede, "Knife" dos Aztec Camera, "Fold your hands child you walk like a peasant" dos Belle & Sebastian, qualquer um dos Portishead e, claro, "Out of season" de Beth Gibbons.

E existem, de certeza, muitos outros de que não me lembro agora; é a injustiça de se fazerem listas, estão a ver?

Nota: Já agora, gostava de saber a vossa opinião a este respeito; se tiver adesão, vou pensar em fazer regularmente uns questionários "cinco +", à Rob Flemming. Para já digam-me lá quais são, em vossa opinião, os cinco álbuns que se conseguem ouvir do princípio ao fim sem interrupções ou quebras de qualidade.

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