Aqui há uns tempos, cheguei de Londres ao aeroporto de Lisboa; numa atitude, que depois vim a perceber ser temerária, entrei num táxi na praça daquele interface, e pedi ao motorista para me levar à Penha de França, onde tinha deixado o carro em casa de uma amiga. Com um facies revelador da desilusão sofrida, por não lhe ter antes aparecido um incauto inglês a pedir-lhe um serviço para Cascais, o motorista lá cumpriu dolorosamente o trajecto sem um comentário. Mesmo assim, e imbuído da boa disposição que as estadias em Londres sempre me provocam, no fim da viagem ofereci o troco ao cro-magnon, convicto de que estava a cometer uma boa acção, a qual seria devidamente apreciada. Mas não o pensou assim a besta e, ao arrancar, mandou pela janela as moedas que constituiam o aludido troco.
Não é caso único, infelizmente; familiares meus já tiveram contenciosos mais graves com exemplares da fauna, por pedirem 'apenas' um serviço entre a Portela e o Terreiro do Paço.
Foi, por isso, com uma incredulidade indescrítivel, que há uns minutos ouvi na rádio algo como isto: os motoristas de táxi do aeroporto reivindicam o direito a cobrar uma taxa acrescida aos utentes, por considerarem que prestam um serviço com requisitos de qualidade acrescidos.
Está muito calor, o rádio não estava muito alto, e por isso só posso pensar que se tratou de algum delírio ou alucinação auditiva minha. Digam-me que não é verdade, por favor.
Governar
Há 11 horas
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