2003/12/18

Namoros

Não tinha muita vontade de voltar a politizar este espaço, que considero essencialmente de lazer e boa disposição, mas factos recentes na vida política nacional a isso me obrigam. Numa estratégia de divisão com base na insinuação maldosa, há já muito que o Partido Socialista tem vindo a atacar o C.D.S./P.P., acusando-o de "radicalismo de direita", e de ser o cérebro deste governo de coligação. O objectivo parece pouco menos que óbvio: minar a confiança e o respeito mútuo entre os dois partidos da coligação, induzindo no P.S.D. a ideia de que está a passar a imagem de ser conduzido pelo seu parceiro mais pequeno, e de estar, em suma, a fazer "figura de idiota útil". Esperarão, então, os iluminados socialistas que Durão Barroso dê um murro na mesa, e exclame: "Chega! A partir de agora mando eu nesta coisa!"

Novamente o referendo sobre o aborto surge em cima da mesa, como cavalo de batalha a jeito; independentemente de se concordar ou não com a penalização de tal actividade, e dando de barato os esforços de aproximação que os responsáveis dos partidos do poder estão a evidenciar, parece-me contudo que há aqui um facto incontornável: a despenalização do aborto já foi referendada e venceram os apologistas do "não"! Esperarão, pois, os defensores doutras opiniões, que se façam tantos referendos quantos os necessários para que o resultado seja a seu contento?

Não sou apologista de teses da conspiração, mas parece-me que, com tanta sanha ao C.D.S., com "jeitos" destes - que o "País relativo" não perdeu tempo a salientar - e com um discurso brando em relação ao P.S.D., já faltou mais para Ferro Rodrigues, à semelhança do seu sebastiânico antecessor, "pôr o socialismo na gaveta" e começar a pensar em termos de bloco central.

Paranóico, eu? Falaremos de novo disto dentro de um ano.

Sem comentários: