Passo o dia a ouvir que o Sporting perdeu com uma equipa húngara, ou coisa que o valha; ontem era porque uma cambada de miúdos estúpidos e mimados partiram as instalações de uns balneários em França; anteontem era porque o Vitor Baía não tinha sido convocado para o Mundial; amanhã será porque o defesa direita do Santa Eulália de Baixo tem uma tendinite aguda na parte exterior do menisco, e a mulher gasta muito dinheiro em roupa. Eu que abomino futebol, sou obrigado, até à estupidificação, a ouvir falar de futebol, e penso: mas se os nossos jogadores e equipas perdem tudo, e só dão desgostos aos sócios, é porque jogam mal - e, se jogam mal, por que raio é que hão-de receber salários pornográficos? Para mais, demonstrando indíces de cultura e educação apenas comparáveis ao de grunhos pré-históricos.
E lembro-me de, em 1995, ter ido receber os meus amigos Rui Madeira e Nuno Rodrigues da Silva ao aeroporto de Lisboa, depois de eles terem garantido o título mundial de Ralis, grupo N. Estávamos apenas alguns amigos e familiares - nem televisões, nem jornais. O Rui passou ao lado de uma magnífica carreira mundial, vendo pilotos como Freddy Loix - que ele "aviava" com uma perna às costas - promovidos ao estatuto de top-drivers.
O mesmo se prepara para acontecer com Armindo Araújo, um dos melhores pilotos que já surgiram em Portugal, que cometeu apenas a proeza de, desde que se iniciou, ter ganho todas as competições que disputou - incluindo o Campeonato Nacional de 2003. Mas, neste país redondo, não haverá nunca lugar para nenhum desporto que não seja jogado com onze palermas de calções e uma bola.
E querem que eu goste de futebol? Mandasse eu, e não haveria um estádio de pé!
Governar
Há 11 horas
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