2003/12/31

Não resisti...

Bom, está bem; prometo reconsiderar. Até lá, desejo-vos um ano de 2004, bem como os que se seguirem, com toda a felicidade do mundo!

And now, it's party time!

2003/12/29

"O fim ou tende misericórdia de nós"

Tudo tem um tempo de vida útil, mesmo que esse tempo seja "para sempre"; não é o caso deste blog, no qual, apesar da sua tenra idade, vou descobrindo uma progressiva perda de qualidade que só me pode ser imputada a mim.

Os motivos para tal não terão interesse para os meus leitores, mas a verdade é que também eles o devem sentir, e a prova disso está nos decréscimos do site meter e dos comentários.

Por isso, aproveitando o fim do ano, e com um título "roubado" a um livro lindíssimo de Jorge Silva Melo, também este blog vai findar esta fase da sua existência. Se voltará ou não, logo se verá.

Obrigado por tudo!

2003/12/25

O nível da esquerda

Fernando Rosas tem um aspecto patusco; não sei se é do cachimbo, mas aquele putativo candidato a Presidente da República desperta-me normalmente sentimentos parecidos com os que me desperta o Avô Cantigas, cada vez que vejo um ou outro - o que, felizmente, é raro.

F.R. faz parte de uma associação de partidos de extrema-esquerda, admiradores de Estaline e quejandos, que conseguiu eleger alguns deputados à Assembleia da República. Chama-se, esse pequeno grupo, Bloco de Esquerda, mas, tirando a menção à dita na designação, têm comportamentos sociais mais equiparados aos de pequenos-burgueses e nouveaux riches. Há até uma deputada que, pelas declarações que dela li, faz perfeitamente jus ao estereótipo da "loura-burra", e que magnanimamente dispensa os auxílios que a instituição prevê para a sua deslocação em transporte público, preferindo locomover-se no seu proletário Mercedes-Benz.

Bom, mas com isto tudo desviamo-nos de F.R.. Pois bem, o Avô Cantigas esteve de maus fígados esta semana, e publicou ontem no "Público" um artigo de opinião carregado de bílis e azedume contra Paulo Portas, a quem, entre outras coisas pouco edificantes, epitetava de "trauliteiro de extrema-direita" e, mais cripticamente, de "Pato Donald". En passant, Rosas referia-se ao C.D.S. como "um partido de extrema-direita", e ao seu eleitorado como "franjas menos exigentes do eleitorado". Ofender-me-ia, e a mais umas centenas de milhares de portugueses, se o impropério tivesse sido proferido por alguém com nível intelectual e cívico para o fazer - vindo de quem vem, pouco mais poderá merecer do que o profundo desprezo que se confere a quem se pôe em bicos de pés, porque doutra forma não será visto.

Talvez o tom do discurso surpreenda os mais distraídos; para mim, no entanto, é tristemente típico da esquerda deste país.

Bonjour tristesse

Há já alguns anos que acho o 25 de Dezembro um feriado muito pouco civilizado; uma pessoa sai de manhã, não encontra nenhum jornal do dia, todas as pastelarias onde se pode tomar um pequeno almoço decente estão encerradas (porque ontem e anteontem ficaram "até às trezentas" a fazer filhós, troncos de Natal e outras coisas especialmente indigestas), e as pessoas com quem se gostaria de beber um café estão resgatadas e tornadas incomunicáveis pelas famílias (quase me apetece dizer famiglias). E, daqui a bocado, os restaurantes terão filas centopeicas de gente, todos vestidos com a "roupinha dos Domingos"!

Bom Natal. Pois...

2003/12/23

Quem empresta não melhora!

Quando procuro determinado CD ou livro e não o encontro (acontece mais com os primeiros do que com os segundos) é que eu sinto como fui estúpido em não ter conseguido dizer um redondo "não!" a quem mos pedia sempre emprestados, e nunca tinha a boa educação de os devolver!

2003/12/21

Resoluções de ano novo

Há tantas coisas que eu gostaria de mudar ou melhorar em mim, mas para quê fazer resoluções? Apenas para, lá para meados de Janeiro, sentir a frustração de já me estar a desviar da maior parte dos objectivos traçados?

A menos que nomeie, como primeira resolução, passar a ter uma maior força de vontade; e também pensar que, se acreditarmos naquilo que desejamos, Deus recompensar-nos-á. Mas há tanta gente a pedinchar-Lhe...

2003/12/18

Namoros

Não tinha muita vontade de voltar a politizar este espaço, que considero essencialmente de lazer e boa disposição, mas factos recentes na vida política nacional a isso me obrigam. Numa estratégia de divisão com base na insinuação maldosa, há já muito que o Partido Socialista tem vindo a atacar o C.D.S./P.P., acusando-o de "radicalismo de direita", e de ser o cérebro deste governo de coligação. O objectivo parece pouco menos que óbvio: minar a confiança e o respeito mútuo entre os dois partidos da coligação, induzindo no P.S.D. a ideia de que está a passar a imagem de ser conduzido pelo seu parceiro mais pequeno, e de estar, em suma, a fazer "figura de idiota útil". Esperarão, então, os iluminados socialistas que Durão Barroso dê um murro na mesa, e exclame: "Chega! A partir de agora mando eu nesta coisa!"

Novamente o referendo sobre o aborto surge em cima da mesa, como cavalo de batalha a jeito; independentemente de se concordar ou não com a penalização de tal actividade, e dando de barato os esforços de aproximação que os responsáveis dos partidos do poder estão a evidenciar, parece-me contudo que há aqui um facto incontornável: a despenalização do aborto já foi referendada e venceram os apologistas do "não"! Esperarão, pois, os defensores doutras opiniões, que se façam tantos referendos quantos os necessários para que o resultado seja a seu contento?

Não sou apologista de teses da conspiração, mas parece-me que, com tanta sanha ao C.D.S., com "jeitos" destes - que o "País relativo" não perdeu tempo a salientar - e com um discurso brando em relação ao P.S.D., já faltou mais para Ferro Rodrigues, à semelhança do seu sebastiânico antecessor, "pôr o socialismo na gaveta" e começar a pensar em termos de bloco central.

Paranóico, eu? Falaremos de novo disto dentro de um ano.

2003/12/17

David e Golias

Não gosto de futebol - já aqui o disse muitas vezes - mas há uma equipa pela qual não posso deixar de sentir simpatia: o Vitória de Setúbal. Gosto do "Vitórria", se bem que não conheça o nome de nenhum jogador, ou sequer do treinador, e apenas saiba quem são alguns dirigentes por serem meus amigos.

Foi por isso com alegria que li, há uns minutos, que a "minha" equipa eliminou, na corrida para a taça, o Sporting. Ora, ora, pensavam que eram "favas contadas", não?

Que azar dos diabos!

Poderão não acreditar, mas a verdade é que até me considero uma pessoa asseada, e que preza a higiene nas pessoas com quem convive e nos sítios que frequenta. Ora, esta atitude aplica-se com especial veemência nas casas de banho públicas que, por natureza e definição, são espaços especialmente propícios a situações de sujidade diversas.

Mas eu sou um tipo com azar; eu quero que as casas de banho dos centros comerciais e das áreas de serviço onde paro estejam limpas, sim, mas bolas - é preciso que estejam sempre a limpá-las (e indisponíveis, portanto) quando eu mais urgência tenho para me servir delas?

Tiro e queda!

Este tal de Panda é fenomenal. Muito obrigado, Papoila e Senhor Carne; que o menino Jesus ignore o vosso presépio herege e vos cumule de prendas, são os meus votos!

Quanto aos outros leitores, "me aguardem"; estou de volta, em versão renovada e sem vírus!

2003/12/13

Socorro!

O meu teclado n~~ao esta bom; de cada vez que tento colocar um acento qualquer, ele coloca logo dois, sem esperar que eu escreva a respectiva vogal, e assim n~~ao consigo escrever em condiç~~oes!

Quem me ajuda?

2003/12/10

Terapia

Não há coisa melhor para nos devolver - a nós e aos nossos problemas - à nossa insignificância, do que passar um bocadinho no Cabo de São Vicente, noite escura, junto ao farol, só a ouvir o rumor do mar e a sentir o frio de Dezembro.

Quero dizer, deve haver outras coisas melhores, mas esta funciona; foi o que comprovei há uns minutos atrás!

2003/12/09

Let it roll, baby, roll!

Estive por um triz para ir ver estes Doors do século XXI; um grupo de amigos foi, e insistiram bastante para que os acompanhasse. Mas alguma coisa cá dentro me dizia que não devia ir...

Não vi, obviamente, nenhum concerto dos Doors ao vivo - tinha oito aninhos quando Jim Morrison foi encontrado morto num apartamento em Paris - mas cresci a saber que o rock n'roll era aquilo; mais, que a verdadeira música alternativa e independente passava por ali, se bem que ninguém soubesse bem o que era música alternativa (há quase trinta anos, bastava gostar de Pink Floyd ou The Police para se ser rotulado de subversivo e alienado - já para não falar em The Clash).

Também gosto de The Cult, e até tenho alguns discos da banda; mas ver Ian Astbury a mimetizar Morrison, e a ajoelhar-se frente ao seu túmulo no cemitério Père-Lachaise (aconteceu ontem), não bate certo. Há aqui algo de extremamente oportunista e até de profano. Não funciona...

2003/12/08

De volta à civilização

Bolas, que era demasiado profundo!

2003/12/05

Off-line

Fim de semana grande, de partida para o Portugal profundo (mas profundo mesmo!), actualizar leituras, retiro espiritual.

Portem-se bem que eu já venho!

2003/12/03

Lista de Natal

A Ana fez já uma extensa e refinada lista de Natal, o que me fez lembrar como gosto de fazer listas. Assim, ainda que mais modesto, aqui vai um pequeno rol dos bens e serviços que gostaria de receber nesta quadra:

- Uma quinta na serra - podia ser a de Nossa Senhora d'El Carmen, acompanhada pelo respectivo orçamento para remodelação, restauro e decoração;

- Uma casa para passar férias em São Pedro de Moel, com piscina e vista para o mar, obviously;

- Uma carrinha Audi A4 2.5 tdi quattro;

- Um Porsche 911 targa, de 1971, mais ou menos;

- Um Mitsubishi Lancer Evo 8 Gatmo, e respectivo budget, para fazer o Campeonato Nacional de Ralis;

- Uma moto 4 e uma mota de água, ambos Bombardier;

- Um jantar no Ribamar com todos os meus amigos, para compensá-los do relativo flop que foi a festa do meu quadragésimo aniversário;

- Uma viagem a Veneza, com hotel na Piazza San Marco, e saída directa para os canais (de caminho, gostava de regressar a Rapallo, Porto Fino e Florença);

- Uma reforma vitalícia, com um número composto por não menos de seis algarismos à esquerda da vírgula;

- A viagem à Irlanda, finalmente - conhecer todas aquelas falésias e os pubs nas terriolas, de que o meu amigo J. (onde andará?) me falou um dia;

- O Brett Anderson a juntar-se de novo ao Bernard Butler, e a fazerem um concerto privativo dos Suede só para mim e para quem eu quisesse, onde eu quisesse;

- Um curso de golfe, e um equipamento completo - dos bons! - para o jogar;

- Um mano para o Lourenço;

- E, principalmente, trocava todos os anteriores pela total recuperação da minha sobrinha Vera!

Aceitam-se sugestões e donativos (work in progress).

Os luxos pagam-se!

Se há coisa que não compreendo, são as pessoas que querem ter acesso a um determinado luxo sem pagar por isso. Fazem-me impressão os caçadores que defendem o regime livre, e o alegado direito a devassarem propriedade alheia impunemente. A caça já foi uma actividade imprescindível à sobrevivência da espécie, mas isso foi há muitos séculos atrás. Hoje em dia, é uma actividade de lazer, praticada maioritariamente por gente sem formação, que destrói os sítios por onde passa, que abandona e abate os cães que "não servem", e, principalmente, que muitas vezes anda bêbeda e com uma arma nas mãos. Querem caçar? Pois paguem por esse direito, e façam-no em coutadas próprias.

De forma análoga, defendo o aumento cada vez maior do preço do tabaco e do álcool - e olhem que, neste caso, até fumo e bebo, ainda que moderadamente. Pois se não são bens essenciais, e se são comprovadamente danosos para a saúde e segurança, que sentido faz que sejam baratos?

Os jovens estudantes, que vão de carro para a Universidade, que faltam semanas a fio, a pretexto de eternas "queimas das fitas", "festivais de tunas" e quejandos, e que subsistem exclusivamente através da mesada dos pais - que também pagam por inteiro a propina académica, seja ela qual for - têm tanta razão para protestar contra o preço daquelas, como razão tem o elefante quando diz à formiga: "pisaste-me!"

Se se pode exigir assim, levianamente, que quem tem poder para tal satisfaça as nossas necessidades, gostaria de pedir ao Governo, por este meio, que me providencie os meios necessários para dar a volta ao mundo num veleiro, durante um ano. Muito agradecido.

2003/11/29

God is in the details

Não há como a língua inglesa para resumir numa pequena frase toda uma filosofia de vida. A de cima, por exemplo; se não andarmos atentos aos pedacinhos especiais de vida, o que andaremos cá a fazer?

2003/11/28

Um raio que parta o futebol!

Passo o dia a ouvir que o Sporting perdeu com uma equipa húngara, ou coisa que o valha; ontem era porque uma cambada de miúdos estúpidos e mimados partiram as instalações de uns balneários em França; anteontem era porque o Vitor Baía não tinha sido convocado para o Mundial; amanhã será porque o defesa direita do Santa Eulália de Baixo tem uma tendinite aguda na parte exterior do menisco, e a mulher gasta muito dinheiro em roupa. Eu que abomino futebol, sou obrigado, até à estupidificação, a ouvir falar de futebol, e penso: mas se os nossos jogadores e equipas perdem tudo, e só dão desgostos aos sócios, é porque jogam mal - e, se jogam mal, por que raio é que hão-de receber salários pornográficos? Para mais, demonstrando indíces de cultura e educação apenas comparáveis ao de grunhos pré-históricos.

E lembro-me de, em 1995, ter ido receber os meus amigos Rui Madeira e Nuno Rodrigues da Silva ao aeroporto de Lisboa, depois de eles terem garantido o título mundial de Ralis, grupo N. Estávamos apenas alguns amigos e familiares - nem televisões, nem jornais. O Rui passou ao lado de uma magnífica carreira mundial, vendo pilotos como Freddy Loix - que ele "aviava" com uma perna às costas - promovidos ao estatuto de top-drivers.

O mesmo se prepara para acontecer com Armindo Araújo, um dos melhores pilotos que já surgiram em Portugal, que cometeu apenas a proeza de, desde que se iniciou, ter ganho todas as competições que disputou - incluindo o Campeonato Nacional de 2003. Mas, neste país redondo, não haverá nunca lugar para nenhum desporto que não seja jogado com onze palermas de calções e uma bola.

E querem que eu goste de futebol? Mandasse eu, e não haveria um estádio de pé!

2003/11/27

Neo-românticos

Mais uma machadada na minha desgraçada nostalgia: lá em baixo está a passar na televisão o teledisco dos Visage, "Fade to grey". O tempo não espera por nós...

2003/11/26

Sem culpa nem remorso

Não compreendo aquelas pessoas que não são capazes de deixar um livro a meio, mesmo que o estejam a achar detestável; se um livro não presta, vai directamente para a estante (ou pior), e pronto - fica mais tempo livre para lermos outro livro!

2003/11/24

Novos links

Não tenho actualizado a minha lista de links aqui ao lado muito assiduamente, mas isso é apenas um sinal da minha atávica preguiça, e não de falta de interesse pelo que vai aparecendo. A verdade é que tenho recebido alguns simpáticos mails de colegas bloguistas, dando-me conta das suas novas criações, as quais tenho todo o gosto em divulgar, ainda que aprecie os respectivos conteúdos de formas diferentes.

Já falei antes no "Jóias da Coroa", que me pareceu bastante bem elaborado, e que mereceu até o link da praxe aqui ao lado; hoje falar-vos-ei de alguns outros, tais como o "Mais ou menos virgem", um conceito sui generis de blog, elaborado a partir de um anúncio fictício colocado na net, e desenvolvido com base nas subsequentes respostas recebidas. A seguir com moderado interesse, mas alguma curiosidade voyeurística.

Depois, recebi também um mail de 'Morrissey' (há só um...), dando conta da criação do "There is a light that never goes out" (por acaso há um erro no nome do blog: escreve-se "light", e não "ligth", mas agora já está); a par com "L'écume des jours", deve ser um dos nomes de blogs mais lindos da blogosfera. Quanto ao estilo, está-se a afinar, mas promete.

Por fim (last but not the least), recebi um mail do Pedro Adão e Silva, informando de que se prepara para jogar em múltiplos tabuleiros, e que, para tal, criou - com alguns amigos - um novo blog dedicado exclusivamente a uma das suas declaradas paixões: o surf. Tenho pena de nunca ter sentido o apelo das ondas, mas tenho grandes amigos entre a tribo, e admiro, sem ironia, o seu modus vivendi. Aconselho a visita, e o link vai ser colocado muito em breve aqui ao lado, fica prometido!

Terminada a ronda pelos mails recentes, não queria deixar de chamar a atenção para um fenómeno de universo paralelo na blogosfera: alguém, com muita paciência e razoável talento, anda a copiar, post por post, alguns dos blogs mais populares cá do burgo, alterando, no entanto, o sentido e a linha de raciocínio dos originais. Para já descobri dois: o "Bimba ininteligível", que, como facilmente se depreenderá, parodia o blog da Charlotte, e o "Parola consulta", que glosa... adivinhem quem (desculpa, Ana)!

Para já tenho-me rido um bocado; se o tom não descambar demasiado, continuarei freguês.

2003/11/21

O regresso do herói



Já estava a desesperar sem as corridas, bolas!

No próximo Sábado, dia 29, disputa-se o Rallye Casino de Espinho; se os meus leitores lá quiserem dar um salto, façam o favor de procurar entre as viaturas participantes o carro de cima. Lá dentro, sentado na bacquet do lado direito, com um ar concentrado e agarrado a um molho de papéis, há-de estar, se Deus quiser, este vosso escriba.

Update: São 21 horas de Domingo, e acabei, há minutos, de chegar de Vale de Cambra, dos reconhecimentos do rallye. Estou com uma enxaqueca das antigas, cansadíssimo, mas feliz: estou de volta ao que gosto de fazer!

2003/11/20

"Oportunidades que perdi e não voltarei a ter" ou "Carpe diem"

- De ir ouvir os Nirvana numa tarde de Outono, em Cascais;

- De pedir um autógrafo a Ayrton Senna, quando estive a um metro dele, numa conferência de imprensa (e ele disse-me "boa tarde", caraças!);

- De passar noites mágicas no Seagull;

- De passar tardes não menos mágicas no bar do Carvalhal;

- De receber mimos da Madalena, e de lhe dizer o quanto gostava dela;

- De ter sido melhor;

2003/11/19

Novidade

O ourives da coroa enviou-me um simpático e-mail, convidando-me a visitar o seu blog; acedi, e fiquei surpreendido com a qualidade. Recomendo, e actualizaria desde já a lista de links aqui ao lado, não fora o facto de estar a escrever num cibercafé, algures no reino dos Algarves, e estar com o tempo contado (até porque, daqui a nada, vou ao cinema ver "Love actually" - "O amor acontece" em português").

Mas, voltando ao "Jóias da coroa", o que eu me ri ao revisitar o sketch do "spam", dos Monthy Python; e o curioso é que ainda há dias estive a reler o do "Dead parrot", talvez o mais genial de todos, num calendário que trouxe de Londres, há já muitos anos. Aí está uma boa sugestão de prenda para a quadra natalícia: um (ou mais) DVD(s) com o conjunto dos episódios do "Monthy Python's Flying Circus" (com o Swatch do Manoel de Oliveira funcionou...).

E, já agora, tal como o João, e ao contrário da Charlotte, também idolatro "The Office", talvez por ser tão... como nós!

2003/11/18

Pausa

Desculpem lá, mas por estes dias não me tem ocorrido nada de relevante sobre o que escrever, e também não tenho tido muito tempo para o fazer. Entretanto, acabei por ser convencido a fazer o download do Messenger, e agora ando entretido com aquilo. O que é que se há-de fazer?

P.S.: Se quiserem, posso acrescentar-vos à minha lista de contactos do Messenger; basta enviarem-me um e-mail com o vosso endereço hotmail ou msn.

2003/11/16

Apagão

Foi do computador aqui de casa, ou a blogosfera esteve mesmo inacessível durante mais de meia hora? Poderão os blogs, um destes dias, ser completamente apagados deste emaranhado de impulsos eléctricos? Se sim, perderá todo o sentido o tempo que passamos aqui, a desabafar, a dizer coisas sérias ou não, a procurar empatias ou discussões, a viver as nossas vidas.

Mas, pela parte que me toca, não me arrependo; vale sempre a pena tentarmos construir algo em que acreditamos!

Pertenço a este filme:

Fiz este teste, sugerido pela Charlotte, e fiquei a saber que o filme da minha vida é este:

E os vossos, quais são?

Três sugestões:



1 - Para quem gosta de música - e não de RFM, "O homem que mordeu o cão", e outras banalidades do género - recomendo vivamente o novo (penso que é o primeiro) CD dos The Postal Service, de nome "Give up". Eu ainda não me cansei de ouvir "Such great heights" e "Sleeping in".



2 - Não sei se será sacrilégio ou heresia escrever isto, mas estou-me a divertir de morte a ler o romance de um dos novos valores da literatura inglesa, de nome Glen Duncan; quanto ao livro, chama-se "Eu, Lúcifer".



3 - Não vos tenho maçado muito com os títulos de DVD que saem à Quinta-feira com o jornal "Público", até porque considero que os desta terceira série são de uma qualidade bastante mais heterogénea do que os da segunda, que era excelente; no entanto, não posso deixar de vos chamar a atenção para o filme desta semana: "Toda a gente diz que te amo!", um dos filmes da minha vida, de e com Woody Allen. As imagens de Veneza de madrugada (o jogging), de Paris junto ao Sena, e de Woody Allen, himself, a cantar! Imperdível!

Uma boa semana!

2003/11/15

Pesquisas

Há já algum tempo que não vos maço com as chaves que alguns leitores colocam nos seus motores de busca para virem parar a este cantinho da blogosfera; mas isso não quer dizer que não continuem a surgir interesses - como dizer? - curiosos entre os internautas. Um dos temas mais recorrentes à procura do qual os leitores têm aparecido continua a ser o "folclore", nas suas infinitas declinações; no entanto, ultimamente tem-se assistido a um galopante aumento do número de pessoas em busca de "quintas para casar em Azeitão", e de "Alexandra Lencastre" (esta última, em situações mais ou menos comprometedoras).

No entanto, vão aparecendo outras situações com interesse: "Rei de Mónaco Ayrton Senna da Silva" (sim, porque Rainier é só príncipe!), "Francesinhas", "Venda de Ford Cortina", "Sistemas de contagem de automóveis" (não sei sequer o que será isto, mas torna-se preocupante que o assunto "automóveis" seja tão comum nestas pesquisas), "Imagens de Emanuelle Seigner" (pois, eu também andei à procura, mas as que encontrei...), "Ferro Rodrigues" (saia do prédio, por favor, e entre numa porta ao lado), "Céu vermelho" (isso não se procura na Internet, caro leitor, mas sim numa falésia), "Luís Filipe Borges" (também algumas portas ao lado), "José Sócrates gostos" (não conheço nem me interessam), "Fotos de Patrick Depailler" (grande piloto!), "Dedicatória para uma mãe que está a casar" (sem comentários), "Campeões de matraquilhos", "Catarina Tallon" (também não a vi por aqui), "Zezé Camarinha videos" (quando estiver com o Zezé eu peço-lhos, pá!), e isto entre muitos outros!

Mas um dos mais originais será, talvez, um freguês que ainda deve estar online, e que "Procura Portuguesa para cara metade". Boa sorte!

Isto não está grande coisa!

Bareze-me gue ando a chogar uba gribe! Bareze, bareze...

2003/11/14

À janela do escritório...

Vejo o dia cinzento. Vejo as vinhas acabadas de vindimar. E vejo, lá bem ao fundo, a auto-estrada para o Alentejo.

Passam centenas de carros, milhares de pessoas, milhões de pensamentos. Fascina-me pensar na paleta de emoções que segue junta - e contudo tão distante - naquele pedaço de alcatrão: ali, a poucos metros de distância, convivem a alegria, a tristeza, a angústia, a paixão, o medo, e todas as emoções que se possam imaginar.

Tudo à janela do meu escritório. Como num filme.

2003/11/12

"Os imortais"

Acabei há minutos de ver o filme acima mencionado, de António Pedro Vasconcelos, e recomendo; apesar de alguns anacronismos simplesmente impressionantes (por exemplo, a acção principal da história passa-se em 1985, mas todas as viaturas que surgem são para aí da década de sessenta!), o filme vale pelo enredo, pela imagem, mas, sobretudo, pela genial interpretação de Nicolau Breyner, uma espécie de Columbo (alguém se lembra?) à portuguesa, o melhor papel que eu já o vi alguma vez representar - e eu até o achava um bocado canastrão!

É claro que também há a Emanuelle Seigner, mas aí todos os comentários que eu pudesse fazer seriam redundantes; a propósito, tenho que procurar, para ver de novo, "Bitter Moon", realizado pelo marido, Roman Polanski, e também com uma grande interpretação de Peter Coyotte.

2003/11/11

Que mais desilusões me reservarão estes dias?

O Ferro Rodrigues não se demite;

Os Suede separaram-se;

Já acabei de ler "High Fidelity", de Nick Hornby, que é daqueles livros em que estamos sempre a rezar para que não acabe;

Amanhã vou outra vez para o raio do Algarve (e a minha sobrinha faz anos, e eu não estou cá!);

A Margarida Rebelo Pinto escreveu mais um livro;

Ando cheio de saudades de Veneza, Portobello, Triana e S. Pedro de Moel, e não sei quando lá voltarei (Sexta-feira devo ir a Peniche, mas não é bem a mesma coisa);

O Totoloto não me saiu na semana passada;

Não consigo encontrar o CD dos Postal Service em lado nenhum;

Ainda ninguém me confirmou um patrocínio para fazer o Campeonato Nacional de Ralis no próximo ano;

Cada vez escrevem menos comentários neste blog;

And so on...

Não lhe digam que fui eu que vos avisei!

A Lu faz hoje 33 Primaveras; não se esqueçam de lhe dar os parabéns!

2003/11/10

Conselho


Se alguma vez pensarem em ter um cão, nunca escolham um basset-hound, como a Fraldas cá de casa; é difícil pensar numa criatura mais teimosa, irra!

Divagações nobelísticas

Li o "Fado alexandrino" duas vezes: uma quando saiu, e outra uns anos depois. Li também "Os cus de Judas", "Memória de elefante", "Explicação dos pássaros" e "Exortação aos crocodilos". Depois, começou a fase lunar do autor e deixei de conseguir ler António Lobo Antunes; já tentei várias vezes "arrancar" com "Não entres tão depressa nessa noite escura", mas aparece-me sempre um Nick Hornby ou um António Tabucchi que me desencaminham.

Pois bem, logo agora que eu estou a perder a admiração sem limites que tinha por A.L.A., e pela sua quinta de Benfica, é que se afigura mais forte o seu lobby para um hipotético Nobel. Não me admiro; li o "Memorial do convento", "Ensaio sobre a cegueira", e foi tudo o que dei para a causa Saramago. Depois, ouvi os desmandos de um velho que, lá por morar nuns penhascos em Lanzarote, pensa que é maior que um homem, e cansei-me. Parece que é preciso escrever algo de ininteligível para se aceder á coisa (a propósito, há tempos li em qualquer lado que os tradutores para sueco da obra de J.S. foram escrupulosos ao ponto de acrescentarem ao texto uma completa pontuação; isso talvez explique a razão pela qual os membros da Academia Sueca, algo equivocados, lhe atribuiram o Nobel).

Mas será mesmo necessário ser-se críptico para se poder ser um putativo laureado? Não poderá toda a gente escrever com a pureza de Dario Fo? Ou serei apenas eu que estou a ficar preguiçoso para ler?

2003/11/09

Lembram-se de tudo!

Ora aqui está um blog com mais interesse do que muita pseudo-intelectualidade que por aí grassa.

P.S.: Meninas, abstenham-se de comentar. We know what you're saying!

"Não se ama alguém que não ouve a mesma canção!"

Os meus níveis de nostalgia estão a atingir níveis preocupantes; depois de almoço, num ataque de saudosismo, meti-me no carro, debaixo de um dilúvio, e fui de propósito à FNAC comprar "O melhor de Rui Veloso/ 20 anos depois". Já tinha a maior parte das canções, é verdade, mas em vinyl, e como não tenho prato de gira-discos...

Agora, quem é que me consegue aturar a trautear "Porto Sentido", "Jura", "Todo o tempo do mundo", e tudo o mais?

Sebastien Loeb será campeão em 2004!



O desporto só tem a perder com atitudes destas; os responsáveis da Citröen, depois da desistência de Carlos Sainz logo no princípio do Rali de Gales (antigo RAC), deram ordens a Sebastien Loeb e Daniel Elena para refrearem o andamento no resto da prova, por forma a garantir o título de construtores para a marca. O reverso da medalha é que, com esta decisão, "cortaram as pernas" a Loeb que era um dos poucos pilotos que podia lutar pelo título mundial de pilotos, e que, assim, nada pôde fazer para impedir Petter Solberg de vencer a prova, e de se sagrar Campeão Mundial.

É meritório para Solberg, que também é um excelente piloto, mas é cretino por parte da Citröen!

P.S.: Que saudades dos ralis; a adrenalina do princípio do troço, a respiração do piloto nos meus intercomunicadores, o motor no regime máximo, os dedos do controlador a encolherem-se junto ao vidro segundo a segundo, e eu, com o dedo no botão do cronómetro, caderno aberto na outra mão, a entoar: "cinquenta direita média menos longa atenção entra tarde e fecha no fim não corta!" (escreve-se "50 DM-Lg Att! Ett FxF NC"). Parece que para o ano já há para aí umas hipóteses em estudo.

Vantagem de cá

Para todos os que, como eu, apreciam as proezas de "Guga" Kuerten e companhia, eis aqui uma nova e espectacular forma de jogar ténis virtual!

Depois digam-me quem ganhou.

2003/11/08

Uma velinha

O título de Campeão Mundial de Ralis está ao rubro, e decide-se amanhã, no País de Gales, entre o norueguês Petter Solberg e o francês Sebastien Loeb. Neste momento, P.S. comanda o rali, com uma vantagem razoável sobre S.L., e este já teve ordens de equipa para controlar o andamento, por forma a garantir o título de marcas para a Citröen, pelo que é altamente provável que "Hollywood Solberg" venha a ser o novo Campeão do Mundo - o que, diga-se de passagem, será perfeitamente merecido.

Mas, se me permitem, prefiro o virtuosisimo de Sebastien Loeb, e ainda acredito que, amanhã, ele se irá sagrar o novo Campeão do Mundo. Novidades daqui a pouco.

A Ribeira

Já aqui falei disto há algum tempo, mas hoje voltou a acontecer: quase a chegar a casa, passa o "Porto sentido", do Rui Veloso, na rádio. E eu, que nem sou especial admirador da terra, fico com um respeito enorme, de repente, por uma cidade que consegue ser descrita de forma tão bela.

Ver-te assim abandonada
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento

E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa


Apetece-me voltar ao Porto!

2003/11/07

Quem diria?

Fui citado por João Pereira Coutinho, com cujos escritos não raras vezes embirro - mas aos quais, a maior parte das vezes, teria de tirar o chapéu, se o usasse - na sua extensa lista de agradecimentos.

De nada, rapaz; welcome back!

Raindrops keep falling on my head...

Eu já vos tinha avisado; em determinadas circunstâncias, a minha tendência para o kitsch é assustadora e patológica. Em alturas de maior desespero, até já cheguei a ler um livro de Margarida Rebelo Pinto, vejam lá!

Desta vez não cheguei a tanto; contudo, na passada Quarta-feira à noite, sozinho em Portimão e sem saber bem o que fazer, decidi-me por ir ao cinema. Menos mal; o filme era piroso, sim, mas de uma piroseira politicamente correcta, se é que existe o termo: "Kill Bill", o último da saga do genial Quentin Tarantino que, no entanto, nunca mais recuperou a mão para os flashbacks e desmontagens temporais de "Pulp Fiction" (que outro filme acaba com os protagonistas a sairem de um café onde acabaram de tomar o pequeno almoço, e de evitar um assalto, quando sabemos de antemão que um deles - Vincent Vega, a personagem de John Travolta - morreu a meio do filme?).

Mas o pior não foi isso; depois de comer uma sopa da "Companhia das sopas" (será isto kitsch?), resolvi visitar a Worten, uma espécie de bazar de quinquilharias no que a CDs diz respeito. E adivinharão os meus queridos leitores que CD comprei? Não precisam, eu digo-vos: uma colectânea com cinquenta temas - cinquenta! - de Burt Bacharach, interpretados por pirosos que vão de Dionne Warwick a Elvis Costello. E o pior é que ando com as músicas na cabeça; não paro de cantar "I say a little prayer for you", que no CD surge pela voz de Aretha Franklin, ainda que eu prefira a versão dos Gene.

Que vergonha!



2003/11/06

Revolucionário, avant la lettre!



A vida tem destas coisas; nasci e passei a minha infância no Barreiro, (então) vila com fortes tradições de resistência anti-fascista. Lembro-me bem dos conselhos que se davam amiúde entre os adultos: "não dês muita conversa a fulano, porque me parece que ele é da PIDE!". E, antes de 1974, toda a gente que se prezava participava em encontros, mais ou menos clandestinos, nos quais eram divulgados e/ou transaccionados diversos produtos que, de outra forma, rapidamente sucumbiriam ao traço azul - e os meus inconformados pais não eram excepção!

Foi por esse meio que, desde a mais tenra idade, comecei o meu processo de familiarização com os temas de José Mário Branco, Francisco Fanhais - que foi o padre que baptizou a minha irmã - ou José (só se tornou "Zeca" depois do 25 de Abril) Afonso, que ainda tive o grato prazer de conhecer pessoalmente, entre muitos outros.

Foi também por esses longínquos tempos que fiz a minha primeira viagem a Madrid. Lá chegado, em plena Plaza Mayor, apaixonei-me por uma guitarra que devia ter aproximadamente o meu tamanho. Tanto fiz, que me ofereceram a dita guitarra, com a condição de, mal chegasse a Portugal, iniciar a minha formação musical.

Assim foi; passei semanas a dedilhar e a tentar ganhar calo suficiente nos dedos para conseguir apreender todas as notas que podiam compor uma melodia - isto, até ao dia em que, finalmente, o meu professor me achou apto a tentar tocar sequências mais complexas, e me pediu para escolher uma música de que gostasse para tentar tocá-la no instrumento.

Era a minha oportunidade, e eu, pirralho de oito ou nove anos, não a deixei fugir; aclarei a garganta e, meio desafinado, cantei tão alto quanto podia:

Chamava-se Catarina
O Alentejo a viu nascer
Ceifeiras viram-na em vida
Baleizão a viu morrer!


E o professor, boquiaberto: "não preferes cantar a 'Mamy blue'?"

Ontem passei por Baleizão, mas nunca consegui aprender a tocar guitarra; some things never change!

2003/11/05

Para apreciadores

Há coisas que sempre terei dificuldade em compreender, por mais que me tentem sensibilizar; encontram-se entre estas a suposta beleza que existe no futebol. Não consigo, por mais que me esforce, ver qualquer tipo de sentido estético nas corridas e pontapés de um grupo de adultos em calções.

Por oposição, tenho dificuldade em explicar a quem não apreciar a coisa, toda a magia duma imagem de carros de Ralis. Ainda ontem, enquanto esperava que o Lou se despachasse para o levar à escola, via de novo as espectaculares imagens do Rali da Catalunha, disputado na semana passada e vencido por Gilles Panizzi. Como é que se pode explicar por palavras o fascínio que me provocou ver a forma alucinada e temerária como Carlos Sainz conduzia frente ao seu público, ou o olhar apreensivo de Marc Marti, ao seu lado? Como é que posso traduzir o respeito que me provoca ver Sebastien Loeb a conduzir, sem nunca "tirar pé", aconteça o que acontecer? E o minimalismo, a pureza da condução de Richard Burns?

Para quem me lê, todos estes devem ser pilotos mais ou menos iguais uns aos outros, apenas diferenciáveis pelos números apostos nas portas das suas viaturas - mais ou menos o que eu acho dos jogadores de futebol, com a diferença de que estes trazem o número nas costas!

2003/11/02

Outra semana que começa!



A vida vai torta
Jamais se endireita
O azar persegue
Esconde-se á espreita

Nunca dei um passo
Que fosse o correcto
Eu nunca fiz nada
Que batesse certo

E enquanto esperava
No fundo da rua
Pensava em ti
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto
Quero-te tanto

De modo que a vida
É um circo de feras
E os entretantos
São as minhas esperas

E enquanto esperava
No fundo da rua
Pensava em ti
E em que sorte era a tua
Quero-te tanto
Quero-te tanto.


(Nota: post um bocadinho surrealista e muito neura)

Conhecem isto?



Como diz a M., manual de sobrevivência para pais com filhos adolescentes; hei-de lá chegar, se Deus quiser!

Custa-me perceber...

Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto, inaugurou um destes dias (penso que ontem), uma nova artéria da cidade que servirá para aceder ao novo Estádio do F.C.P.. Durante a cerimónia foi constantemente vaiado, ao que parece, por adeptos portistas. Também ouviu alguns elogios, como nos conta Jorge Marmelo, na reportagem que elaborou para o "Público", mas isso, normalmente, não constitui notícia (a propósito, hei-de falar um dia destes de uma conversa recente com um Secretário de Estado, em que se falava do "que era e do que não era notícia", na opinião de uma jornalista desse exercício de masturbação intelectual chamado "Expresso").

Custa-me perceber a mentalidade de pessoas que apoiam incondicionalmente o presidente de um clube desportivo que é, objectivamente, malcriado, mal formado, arruaceiro, arrogante e ordinário (no sentido pejorativo do termo) - em suma, um autêntico escroque. E custa-me perceber pessoas que, morando numa cidade em que o edil tenta fazer alguma coisa pela mesma lutando contra mafiosos lobbies futebolísticos, se colocam do lado do clube, e contra o autarca e, por inerência, contra a sua própria qualidade de vida e das suas famílias. Tudo para que esse oportunista, que dá pelo nome de Pinto da Costa, e que - para utilizar uma expressão agora muito em voga - se está "cagando" para eles, possa embolsar mais uns milhares - ele e o seu inner circle sem escrúpulos!

Já me custa menos perceber que um autarca vizinho, especialista em "tiros no pé", e ressabiado com umas eleições autàrquicas atípicas, se ponha constantemente em bicos de pés para se poder candidatar a alguns ossos que P.C. de vez em quando lhe lança por cima do rio. Mas lá voltaremos.

2003/11/01

Máquina do tempo



Quem me conhece, e/ou acompanha regularmente este blog, sabe da fase nostálgica que ando a atravessar; começou quando vi que tinha acabado de fazer trinta anos e, no dia seguinte, já estava a fazer quarenta. Esta melancolia agrava-se mais quando, por vezes, encontro coisas que me são especialmente familiares e descubro que as conheci há vinte e tal anos.

Quem estiver atento ao blog também sabe da minha compulsão para comprar CDs e livros, seja onde for - e assim sucedeu hoje de novo: fui ao Jumbo de Setúbal fazer umas compritas domésticas mas, como de costume, não consegui resistir áqueles cestos de promoção com CDs "fundo de catálogo". E, bem lá no fundo, lá estava isto: "Pyramid", álbum conceptual de Alan Parsons Project que, a par com o maravilhoso "Flesh and Blood", dos Roxy Music, me ajudou a crescer.

E já lá vão vinte e quatro anos!

Crise de meia idade



Já vi os Blur actuarem ao vivo duas vezes mas, mesmo assim, continuo a gostar dos falsetes do Damon Albarn - e até comprei o "Think tank", se bem que não o consiga ouvir no carro (aproveito aqui para lançar uma praga sobre quem inventou esses CDs à prova de cópia, bem como sobre os tipos que embrulham aquilo num celofane tão intrincado que demoramos horas para tirá-lo!).

Não sei se isto será aceitável, principalmente num tipo que já passou dos quarenta anos, mas ando com vontade de ir vê-los de novo ao Coliseu, na Quarta-feira. Haverá cura para isto?

2003/10/31

Redacção: os blogs

Costumo ler as revistas portuguesas de livros com algumas reservas; de entre elas, confesso a minha particular preferência pela "Ler", se bem que já tenha detectado nas suas prosas erros de ortografia dificilmente desculpáveis num blog, quanto mais numa revista literária. Mas a habitual qualidade dos artigos e crónicas lá ia compensando a coisa - até hoje!

Hoje, precisamente, comprei a edição Outono 2003 e, ao ver na capa uma chamada para uma peça sobre blogs, logo corri a ler o supra citado texto. Que desilusão; ao melhor estilo "eu-gosto-muito-da-vaca-porque-a-vaca-nos-dá-o-leite", o jornalista limita-se a debitar alguns lugares comuns sobre a blogosfera, tão banais e incipientes que mais pareceriam uma introdução ao assunto - até pelo tamanho: duas páginas - duas! - quando a média de páginas por artigo ultrapassa frequentemente as seis páginas!

Em adenda surge ainda uma lista de blogs da moda, mas, mais uma vez, nada de novo: os suspeitos do costume. Enfim...

Gazeta

Eu sei, eu sei; tenho estado a falhar. Ainda que não me sirva de desculpa, sempre vos digo, no entanto, que tenho andado em viagem (profissional, claro), e que os cibercafés que tenho encontrado têm ligações mais lentas do que as que D. Afonso Henriques usava. Serve como desculpa?

2003/10/28

Desculpem lá!

Quase 48 horas sem postar; a vida às vezes custa!

2003/10/26

Um sonho



Já vos tinha falado de São Pedro de Moel? Acho que sim...

"Agosto"

A queda de Trujillo, e da sua tirânica ditadura na República Dominicana (não são só praias...), magistralmente romanceada por Mário Vargas Llosa no romance "A festa do chibo", não mereceram um único comentário.

Vejamos agora o que se passará com "Agosto", filme de 1988, de Jorge Silva Melo, filmado aqui na Serra Mãe, e que também é um dos filmes da minha vida. A propósito, recomendo, também de J.S.M., os livros (guiões) "O fim ou tende misericórdia de nós" e "António, um rapaz de Lisboa"; deste último título recomendaria também a peça, se ainda estivesse em exibição. Uma das melhores peças de teatro que já vi, e na qual, para mais, entrava a minha amiga Sandra Reis Silva.

Lindo!

Nem toda a carne é fraca (anseio todos os dias pelas novas desventuras do poeta)!

Marte ataca!

Quem me conhece minimamente - ou quem lê regularmente este blog - sabe já bem de algumas das coisas que me provocam ansiedades; e uma delas é, precisamente, aglomerados de pessoas.

Serve este intróito para descrever a minha manhã de ontem. Precisando de trocar uns boxers, que me haviam oferecido na véspera e que tinham sido comprados no Colombo (só podendo, portanto, ser trocados aí), pensei o seguinte: "ainda é cedo, pode ser que a coisa não tenha muita gente, trocamos as cuecas, almoçamos, e... ala!". O raciocínio estava perfeito, não fora eu, por manifesta falta de cultura geral, ter esquecido um simples detalhe: ontem era a inauguração de um campo de futebol do outro lado da rua, e, em consequência, por todo o lado se viam magotes de gente com cachecóis, camisolas ou bandeiras vermelhas (vou-me abster de fazer juízos intelectuais apenas pelo facies, pois sei que posso ser injusto e resvalar para a sobrevalorização).

Estávamos cercados, e a situação só tinha tendência a piorar.

No entanto, e numa reacção puramente instintiva, o Lou reagiu muito mais rapidamente do que eu à ameaça premente: descobriu que, carregando no botão vermelho das escadas rolantes, conseguia imobilizar, de cada vez, grandes quantidades de criaturas vermelhas. Foi o que nos valeu para fugir dali. Penso que os tipos do cachecol ainda lá devem estar, à espera que a escada volte a trabalhar.

P.S.: Para não ferir susceptibilidades, garanto-vos que o meu discurso seria o mesmo se os cachecóis fossem verdes, amarelos com bolinhas, ou mesmo azuis (bom, está bem; neste último caso eram capazes de ser um bocadinho piores).

2003/10/25

Rosa do Mundo

Inspirado por Possidónio Cachapa (a propósito, ofereceram-me ontem "Segura-te ao meu peito em chamas", que não conhecia; já comecei a lê-lo), abri o livro "Rosa do Mundo/ 2001 poemas para o futuro" (ed. Assírio e Alvim), mais ou menos ao acaso; saíu-me este soneto lindíssimo de David Mourão Ferreira:

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos

Zé:

Já ouvi a Patricia Barber; para que saibas, quando a oiço, sinto-me como se estivesse na esplanada do Fresco, na Zambujeira do Mar, numa manhã fria (mas sem chuva), com um galão cheio de espuma à frente (e o mar mais além, logo a seguir à falésia), e um livro nas mãos.

Expliquei-me?

Agradecimento

Não quero passar por indelicado; por isso venho, por este meio, agradecer sincera e penhoradamente, a todos os que me parabenizaram pela minha recente entrada nos "entas" (vd. post "É hoje!", de 23 de Outubro). Agradeço, naturalmente, a todos os que o fizeram pessoalmente, via net ou telefone (e foram muitos), mas principalmente àqueles que ontem, debaixo de um dilúvio inenarrável, lutando com constantes faltas de luz, fizeram o favor de se me juntar, em Azeitão, no bar "Páteo Alvorada" (passe a publicidade, mas os donos também são grandes amigos), para festejar esta data.

A todos e a cada um, o meu obrigado do fundo do coração, e espero vê-los de novo a todos daqui a dez anos (pelo menos)!

2003/10/24

Alterações

O extraordinário filme "Às Segundas ao sol" não mereceu grande debate, apesar de ser verdadeiramente lindo. Vejamos agora o que se vai passar com este romance, "A festa do chibo", do peruano Mario Vargas Llosa - a mim deixou-me obcecado até agora, e já o li há mais de dois anos!

Do contra

Gosto do tempo assim, fresquinho...

O blog segue dentro de momentos!

Peço desculpa à minha legião de fãs, mas a verdade é que as Sextas-feiras, ultimamente, têm sido dias terríveis para postar; isso, e alguma confessa falta de inspiração, fazem com que este blog, hoje, esteja em stand-by!

Mas, se assim o desejarem, podem usar as vantagens da interacção e, a partir das caixas de comentários, deixarem-me sugestões, as quais desde já agradeço.

2003/10/23

Sem comentários

"O Partido Socialista entende claramente que a Drª Fátima Felgueiras só deve
voltar a exercer as suas funções de Presidente de Câmara quando toda esta
situação estiver esclarecida e se ela vier a ser declarada inocente. Até ao cabal esclarecimento da situação ela não deve voltar a exercer o cargo. Se ganhar o recurso, devia suspender o mandato pela sua vontade. Por muito doloroso que isso seja, eu separo o que tem a ver a responsabilidade
política com a solidariedade pessoal."


Paulo Pedroso, sobre Fátima Felgueiras, ao programa Grande Júri/TSF, 11 de Janeiro de 2003

É hoje!



O senhor que aparece nesta foto (o da direita) chama-se Alessandro, mas é mais conhecido por Alex - Alex Zanardi, para ser mais preciso. É italiano, e distinguiu-se principalmente como piloto de automobilismo. Chegou a correr na Fórmula 1 mas, apesar de ter militado em algumas das equipas mais competitivas (como a Lotus ou a Williams), nunca conseguiu grandes feitos. Foi nos Estados Unidos, ao volante dos potentes Fórmula Cart, que A.Z. mostrou tudo aquilo que vale, tendo sido Campeão entre os yankees em 1997 e 1998. Infelizmente, foi também ao volante de um destes carros que, em 15 de Setembro de 2001, A.Z. sofreu um violento acidente em Lausitz, na Alemanha, do qual resultou a amputação de ambas as pernas. A foto acima foi tirada nesse dia, alguns momentos antes da prova. Alex Zanardi faz 37 anos hoje, dia 23 de Outubro.



Já este senhor chama-se Wayne Rainey, é americano, e tornou-se mundialmente conhecido por ter sido um dos mais rápidos pilotos de motociclismo de sempre, rapidez essa traduzida em vários títulos de Campeão Mundial. Ficarão para sempre na nossa memória os duelos com Kevin Schwantz, outro sobredotado. A carreira de W.R. nas motos terminou no dia 5 de Setembro de 1993 quando, em consequência de um estúpido (como são todos!) acidente, a moto lhe caiu em cima das costas, fracturando-lhe a coluna, e provocando-lhe uma paraplegia que dura até hoje, 23 de Outubro, dia em que faz 40 anos!



Este senhor não precisa de apresentações, mas sempre vos digo que se chama Edson Arantes do Nascimento, é brasileiro, e conserva (graças a Deus) o perfeito uso de todos os membros, ainda que já não exiba a destreza dos tempos em que foi considerado o melhor jogador do mundo! E também faz hoje, dia 23 de Outubro, 63 anos!

A conclusão a extrair da análise destes três casos parece-me óbvia, pelo menos para os mais supersticiosos: os nascidos a 23 de Outubro não se deverão dedicar a desportos motorizados, mas sim ao futebol.

Mas eu, que também faço hoje quarenta anos, que abomino futebol, e que adoro tudo o que tenha rodas e faça barulho, o que é que faço?

2003/10/22

Reminiscências

Esta manhã, ao circular, em trabalho, por esse Algarve plastificado, com o qual - como já todos devem saber - eu embirro solenemente, tive uma agradável surpresa: de repente, ao passar por uma das raras zonas arborizadas da 125, todo o carro foi violentamente invadido por um cheiro intenso a alfarrobas.

E eu, instantaneamente, recuei mais de trinta anos, e vi, nitidamente, os passeios que dava no burro da minha tia-avó Isabelinha, em Messines.

Maldito tempo, que não pára!

2003/10/21

Quem anda à chuva (e ao nevoeiro)...



Foi desta forma que acabou a participação do meu grande amigo Nuno, neste fim de semana, no Rally do Algarve (onde também estive). E ele, que anda sempre - mas sempre mesmo - com a maquineta fotográfica à distância de um braço, não perdeu tempo a fotografar o "estrago" e a mandar o retrato por e-mail.

Afinal, nada que não tivesse já também acontecido a este vosso amigo; são as contingências de se fazer algo que se adora. E pensam que o Nuno (ou eu - desculpem a imodéstia - que no ano passado fracturei o cóccix e uma costela, num acidente também num rally) queremos deixar de correr, mesmo sabendo que somos navegadores - isto é, que vamos no "lugar do morto"?

Qual quê! Cada "palhaça" dá-nos uma injecção de adrenalina para a próxima prova! E eu já estou é a sentir-me parado há demasiado tempo...

2003/10/20

Não há direito, carago!



Por que raio é que os Tindersticks foram tocar ao Porto, e não vieram tocar aqui a Azeitão?

Finalmente a glória!

Quero dizer, não é bem a glória, mas não deixa de ser engraçado ver assim o meu nome misturado com os dos Makinens, Gronholms e quejandos. Só que isto está desactualizado - eu fiz o Rally de Portugal seis vezes e não três!

(Desculpem lá este acesso de vaidade)

Raiva

Sei bem a ternura que se pode ver nos olhos de uma criança de trinta meses - o meu filho tem trinta e dois!

Por isso mesmo, só posso desejar que as pessoas (serão pessoas?) que violaram, seviciaram, e acabaram por matar a pobre Catarina, sofram, para o resto das suas vidas - que espero, do fundo do coração, que sejam o mais curtas possível! - mil vezes mais do que fizeram.

Que Deus me perdoe se peco por pensamentos, mas não consigo pensar em nada melhor para desejar a um pai que faz isto!

2003/10/19

Não percebi!

Já antes me manifestei em relação à conveniência de os editores do "Público", pensando nos pobres de espírito como eu, passarem a fazer acompanhar o cartoon semanal de Vasco de uma memória descritiva ou explicativa da piada subjacente; isto, naturalmente, partindo do princípio de que é suposto estes desenhos terem piada.

Hoje, por exemplo, foi publicado um cartoon (sem direito a publicação na versão online, penso eu), em que se podia ver uma grande montanha, e, na sua encosta, a palavra "Portugay" em letras garrafais, semelhantes àquelas junto à cidade dos anjos onde se pode ler "Hollywood".

Para além disso, no sopé da dita elevação, podia-se ver uma espécie de sinal de trânsito, no qual surgiam as silhuetas de duas pessoas de mãos dadas, aparentemente de tamanhos diferentes (uma alusão a um adulto e uma criança?).

Dando de barato que não há qualquer engano ou equívoco neste desenho, então sou levado a concluir que o autor quis chamar a atenção dos leitores para uma das seguintes coisas:

1 - Portugal é um país com uma elevada taxa de homossexualidade;

2 - Aproveitando o tema omnipresente da pedofilia, V. chama a atenção para o facto de existirem muitos gays em Portugal e, como toda a gente sabe, os pedófilos são sempre gays;

3 - Ou talvez o autor queira fazer um trocadilho com o nome do nosso país, propondo uma terminação parecida com a de países latino-americanos com níveis culturais semelhantes, como Paraguai ou Uruguai.

Por favor, digam-me o que é que isto quer dizer, para eu me poder rir!

O meu pézinho a fugir para o chinelo!



A Lu vai-me matar, mas não resisto a colocar aqui esta foto; acho Kylie Minogue uma excelente cantora, principalmente quando está calada!

2003/10/18

Podia-me mostrar as plantas, se faz favor?



Esta é a casa de Frank O. Gehry, o arquitecto ex-encarregado pelo putativo projecto do "Casino-do-Parque-Mayer-que-afinal-já-não-fica-no-Parque-Mayer-mas-sim-no-Cais-do-Sodré-ou-na-Bica-do-Sapato-ou-no-raio-que-o-parta-quero-lá-saber-onde-fica-a-porra-do-Casino-eu-nem-sei-se-vai-ser-um-Casino-ou-uma-fábrica-de-conservas"!

Como já disse antes, acho Gehry uma fraude como, aliás, acho muitos arquitectos contemporâneos. A história do "Rei vai nu" aplica-se perfeitamente a esta elite: toda a gente se sente coibida de tecer reparos à obra de Álvaro Siza, mesmo quando ela é descaradamente decalcada de uma obra qualquer noutro lugar. Ninguém fala dos trabalhos que Tomás Taveira despudoradamente rouba a alunos e a estagiários pagos "a amendoins" (e estou à vontade para o dizer, pois já fui seu aluno). Quanto ao "mestre" Gehry, trabalha assim:depois de uma refeição bem regada, dobra meia dúzia de guardanapos, vira-se para os seus ajudantes de campo e diz, por exemplo: "O Guggenheim de Bilbao vai ser assim!"

O resto da história é simples; os seus funcionários, japoneses e quejandos - esses sim, os verdadeiros génios - fazem milagres para materializar em três dimensões os arrotos pós-prandiais do mestre. Quanto a este, tudo o que tem a fazer é esticar a mão e pedir dezassete milhões de euros (sim, dezassete milhões de euros, leram bem!) pelo projecto de algo que não se sabe onde ou sequer o que vai ser!

Para quem não está a seguir bem esta ladaínha, fiquem a saber que F.O.G. pediu, pelo trabalho de projectar (projectar apenas; não construir) o futuro Casino do Parque Mayer, a bagatela da quantia acima mencionada. E, pelo que se lê, Pedro Santana Lopes mandou-o ir roubar para a terra dele - e, se realmente o fez, fez muito bem!

"Às Segundas ao sol"

Depois do álbum "London calling", dos The Clash, que deu alguma discussão sadia, eis novo objecto de culto. Este é, sem sombra de dúvida, o melhor filme que eu vi nos últimos tempos: "Às Segundas ao sol", de Fernando Léon de Aranoa, e com a "next big thing" do cinema espanhol, Javier Bardem ("Carne tremula", de Pedro Almodovar).

2003/10/17

E agora, a coisa mais egoísta que eu já escrevi neste blog!

Tenho vergonha de o confessar, mas a verdade é que gostava de ter o Sanatório do Outão só para mim, para minha casa particular; fazia-lhe meia dúzia de obras, mantinha a praia privativa, e depois, convidava os amigos (afinal não sou assim tão egoísta, pois não?).

Já agora, mandava deitar abaixo as torres de Tróia e a fábrica antiga da Secil, para não me estragarem a paisagem - e, já que estava com a mão na massa, também demolia a fábrica nova, que faz tanta falta ali como uma epidemia de peste!

2003/10/16

Sejam sinceros!





Desculpem-me ser tão chato, mas continuo na minha; qual a imagem de praia mais bonita, entre as duas acima (e notem que não fui "mauzinho", e não coloquei uma daquelas fotografias de praias a abarrotar de gente no Verão)?

2003/10/15

Subtil

O meu aniversário está aí, a pouco mais de uma semana, e, provavelmente, muitos de vós ainda estão indecisos sobre o presente a dar-me. Deixem-me dizer-vos que me contento com pouco, desde que seja em british green!

Kandinsky



Este quadro é de um dos meus pintores favoritos, Wassily Kandinsky, mestre da Bauhaus, e, sobre ele, andei meses a fazer um trabalho na faculdade. Mas, em vez de me ter farto, cada vez o aprecio mais!

Desculpem lá, mas agora, que descobri "isto" das imagens, vou usá-las um bocadinho mais.

Finalmente imagens!

Já aqui há algum tempo, a Papoila, a quem agradeço encarecidamente todas as ajudas, me tinha tentado ajudar a colocar imagens neste blog; na altura tentei, não consegui, e chateei-me - fica sem imagens, e pronto!

Mas hoje, o E.D. enviou-me um simpático mail, no qual me ensinava uma maneira bastante mais fácil de "sacar" imagens - e elas aí estão!

No cabeçalho do blog - decidi agora mesmo - vai surgir regularmente uma capa de livro, CD, filme, ou outra coisa qualquer, que tenha especial siginificado para mim; e nada melhor, para começar, do que o melhor disco de todos os tempos: "London calling", dos The Clash. Alguém tem dúvidas?

De qualquer forma, aceito sugestões.

Dia não oficial do dador de medula óssea



Sim, eu sei que o dia que a Ana escolheu para esta espécie de campanha ainda agora começou. Mas, como eu, daqui a bocado, terei que sair de casa muito cedo, e dificilmente terei acesso a um computador até à noite, vou deixar já aqui a minha contribuição; espero que não me levem a mal.

Como os mais atentos saberão, esta não é a primeira vez que aqui apelo à dádiva de medula óssea. Através dessa dádiva, poderá o leitor, sem qualquer tipo de risco para a sua saúde, vir a salvar pessoas que padecem de leucemia, em Portugal, na China ou em qualquer outro lugar.

O mais terrível sobre a leucemia - grosso modo, uma variedade de cancro que afecta o sangue - para além de ser, em muitos casos, mortal, é que se trata de uma doença com uma incidência particularmente chocante em camadas jovens. Como se trata de uma maleita que se propaga através da reprodução de células malignas, e como, nos jovens, devido precisamente à sua pujança, a reprodução das células se faz com maior vigor, dá-se este efeito irónico e perverso de tanto as células boas como as más serem reproduzidas.

Não me prolongarei mais sobre este assunto que, de resto, já abordei em posts anteriores. Apenas gostaria de acrescentar, em adenda ao que escrevi acima, que o processo de inscrição para potencial dador (que é reversível em qualquer altura, desde que o dador manifeste essa intenção) começa pelo preenchimento de um banal inquérito, que pode ser obtido no CEDACE-Registo Português de Dadores de Medula Óssea, situado em Lisboa, no Campo de Santana (ou Campo Mártires da Pátria), n.º 130. Para quem reside longe da capital, existe sempre a hipótese de proceder à inscrição através do site, ou de solicitar esclarecimentos adicionais pelos números de telefone 218823534/5.

Preenchido este questionário, e aprovado pelos responsáveis, é então o voluntário convocado para uma sessão de análises que, na prática, consiste numa vulgar recolha de sangue. Por fim, se vier a surgir algum paciente compatível com o nosso tipo de medula (e Deus queira que surja!), é então efectuada a colheita de medula propriamente dita; em relação a esta intervenção, que anteriormente era feita através de punção, o que poderia eventualmente impressionar os espíritos mais sensíveis, diz-me a minha amiga A. (que sabe bastante mais disto do que eu, infelizmente pelos piores motivos), que agora já se pode colher medula através doutra simples recolha de sangue - chama-se esta técnica citaférese.

Que este dia seja o princípio de algo bom, é o meu maior e mais sincero desejo!

2003/10/14

Gentlemen drivers

Existe um filme, de John Frankenheimer, chamado "Grand Prix", que eu já vi vezes sem conta - curiosamente, e ainda bem, sempre no original, sem legendas ou dobragens. Trata-se de uma história passada no mundo da fórmula 1 dos anos 60, na qual se mistura uma correcta descrição das corridas e seu ambiente de então, com o lado emocional dos homens que as faziam.

Não me lembro bem das corridas dos anos 60, mas recordo-me de idiossincrasias interessantes de pilotos que vi correr; lembro-me, por exemplo, de John Watson, de quem se dizia só andar bem quando estava apaixonado. Ou de Patrick Depailler, que fumava compulsivamente antes de entrar no carro. Já para não falar de David Purley, que, em plena prova, parou o seu carro junto ao do seu amigo Roger Williamson, envolto em chamas, tentando, pelo meio do fogo, resgatá-lo. E, toda a gente decerto se lembrará, do misticismo e devoção que rodeavam todas as participações do inigualável Ayrton Senna da Silva. Tudo muito distante das coreografias maquinais dos pilotos de hoje em dia.

É por isso que, quando leio na "Pública" de Domingo, uma peça de promoção desse artigo de marketing que dá pelo nome de Michael Schumacher, acompanhada de um pretenso quadro estatístico comparando os feitos de M.S. aos do argentino Juan Manuel Fangio (como se alguma vez se pudessem comparar), não posso deixar de sorrir. Sorrio, quando vejo que os "especialistas" do "Público" confundem conceitos básicos, como potência e cilindrada, mas principalmente quando leio que, guiando cada um o seu carro, M.S. daria três voltas ao circuito do Mónaco, no mesmo tempo em que J.M.F. completaria apenas duas. Talvez, mas, como diria o meu saudoso amigo Thomaz de Mello Breyner, para Fangio as fazer assim, tinha que "tê-los" mil vezes mais pretos do que os desse traste chamado Schumacher!

2003/10/12

Não vai mais bebida para a mesa da Dr.ª Ana Gomes!

Eu compreendo-vos, socialistas desesperados; nós também temos um Daniel Campelo, e não sabemos mais o que fazer para nos vermos livres dele. É que o gajo nem se colou à "Nova Democracia", como os outros! Mas, pelo menos, vai estando calado...

Devo ser mesmo um tipo difícil de aturar!

Mostram-me dezenas (centenas, milhares?) de fotografias de mais umas férias "deslumbrantes" no Brasil; mergulhos com golfinhos, passeios a cavalo na praia, passeios de Buggy nas dunas - enfim, a panóplia toda!

Mas eu, enquanto vou desfolhando maquinalmente fotos, só consigo pensar que ainda não voltei a Londres desde que abriu a "Tate Modern"!

Por um mundo melhor!

Faz hoje uma semana, publiquei aqui um post em que apelava aos meus leitores para que se inscrevessem como potenciais dadores de medula óssea; contava, a propósito, que conheço casos de leucemia no meu inner circle de amizades, que muito me têm perturbado. A resposta àquele post foi pouco mais que nula, e, se me permitem, fiquei um pouco desiludido convosco.

No entanto, ainda estão a tempo de se redimir; a Ana propõe num post recente que, num dia próximo a combinar (segundo outra Ana, será na Quarta-feira, 15 de Outubro, mas ainda não disponho de confirmação), todos escrevam posts em que apelem à adesão ao Registo Português de Dadores de Medula Óssea. É, sem dúvida, uma iniciativa meritória, e só espero que a adesão seja maior do que a triste amostra que eu tive - pela minha parte, nem é preciso dizer que só um cataclismo me impediria de aderir!

Entretanto, descobri que, também no "Glória Fácil", já se falou há uns dias do mesmo assunto, e se deixou o mesmo apelo. Bem hajam!

2003/10/10

Baixo consumo

São precisas poucas coisas para me fazer feliz; por exemplo, neste momento, basta-me a perspectiva de um Sábado chuvoso, com duas revistas de automóveis clássicos que acabei de comprar (uma originária de cada lado do Canal da Mancha, pois a forma como se abordam os clássicos altera-se completamente com a travessia), mais a "Os meus livros" - que traz uma entrevista, que ainda não li, mas que só pode ser sen-sa-cio-nal, com Paula Bobone, e ainda, muito provavelmente, mais um artigo mensal de Marcelo Rebelo de Sousa, onde o "professor" nos recomenda cerca de 3.425 livros que diz ter lido no último mês - e ainda, se tal não for suficiente, "Nada do outro mundo", excelente livro de contos de António Muñoz Molina que comecei a ler há dias (a propósito, do mesmo autor, um escritor fétiche do meu pai, recomendo "Os segredos de Madrid").

E há ainda a Carla Bruni, que me tem feito excelente companhia por estes dias!

Depois, haverá uma caldeirada para o almoço, numa tasca que os meus sogros desencantaram "não-sei-onde", e, para finalizar, no Domingo, deverei aproveitar para deixar o Lou na minha mãe, e ir ao cinema em dose dupla; quero ver "Adeus Lenine", e outro filme qualquer que ainda não escolhi, mas que provavelmente será no King, pois adoro aquela livraria Assírio e Alvim.

Espero que chova todo o fim de semana!

Afinal sempre havia gato!

Eu bem que andava intrigado; o meu modesto sitemeter andava a passo de caracol, enquanto que outros sistemas de contagem, noutros blogs, pareciam autênticas lebres. Afinal, está esclarecido o mistério: o sitemeter apenas conta uma visita do mesmo IP, se este estiver mais de meia hora sem aceder ao blog - doutra forma, é uma page-view, e dessas, tenho para cima de 12.000. Mas os outros sistemas de contagem, mais simpáticos para os donos do blog, contam uma visita por cada page-view.

Tudo bem!

2003/10/09

Zezé Camarinha rules!

Toda a gente que vem regularmente a este blog sabe da minha aversão de estimação pelo Algarve. Ora, acontece que ontem tive que ir, por motivos profissionais, a essa província, e só hoje voltei. A minha antipatia cresceu, posso-vos dizer. Abomino aquelas estradas, pejadas de anúncios em inglês, que nos confundem nos cruzamentos, aquela construção sem qualquer tipo de estilo arquitectónico, a não ser o "tudo-ao-molho", e os alemães reformados por todo o lado, babados com todo aquele "plástico".

Hoje até fui ao super-mercado "Apolónia", que António Barreto tanto gabou na sua crónica do "Público" de Domingo passado, mas a predisposição para apreciar aquilo que aparentava ser, realmente, um belo espaço comercial, foi minada pela irritação de estar "no Algarve". Está bem que o meu pai é algarvio, e que tenho lá bastante família, mas estão na serra, e isso já não faz parte (por enquanto), desse Algarve horrível.

Mas, o mais insólito ainda estava para acontecer; entrei num escritório duma empresa portuguesa, em Ferragudo, onde tinha marcada uma entrevista com um senhor - holandês, por sinal - mas, depois de tentar explicar à recepcionista ao que vinha, ela respondeu-me:

I'm sorry, sir, but I can't understand you; could you please speak in english?

2003/10/07

Coincidências?

Se eu fosse adepto da teoria da conspiração, diria que os palhaços do tuning andam a ler este blog, o que me encheria de desgosto. Mas a verdade é que hoje, ao fim da tarde, a minha cara-metade vinha de Lisboa e, na auto-estrada, um atrasado mental (as usual) começou a fazer-lhe sinais de luzes, apesar de ver que ela própria também vinha a ultrapassar. Depois, quando a Lu se desviou para a direita, o mongolóide passou para a frente dela e travou violentamente, até fazê-la parar na faixa de rodagem. De seguida, qual herói de pacotilha, saíu do carro e interpelou a Lu, violentamente, batendo-lhe no espelho e no próprio carro. Gostaria, contudo, de ter visto a reacção desta pedaço de merda se, em vez da Luísa, encarasse com um tipo com a minha corpulência.

Duvido que gente com esta estatura moral frequente blogs, mas se porventura algum de vós conhecer um cobardolas que se locomova num VW cinzento, de matrícula 62-12-SH, faça-me o favor de lhe dizer que amanhã, de manhã, já terei acesso aos seus dados pessoais (incluindo, provavelmente, o número de telemóvel), e que, a partir daí, a sua vida vai ganhar uma animação inusitada.

Não costumo ser tão maquiavélico, mas o que fariam vocês num caso destes?

2003/10/06

Desabafo

Devem haver poucas pessoas mais estúpidas e cretinas do que (todos) os adeptos do tuning automóvel!

Casas

Já aqui disse uma vez que gosto de quartos de hotel por serem assépticos e impessoais, e digo agora que, pelas mesmas razões, detesto casas assim. Gosto de entrar numa casa e, mesmo sem saber nada sobre os seus proprietários, poder fazer um retrato aproximativo deles. Gosto de bisbilhotar os livros que lêem, os CDs que ouvem, os videos ou DVDs que têm - isto, naturalmente, quando têm algumas destas coisas, o que nem sempre é verdade.

Há casas deprimentes; são aquelas em que entramos, e as coisas estão exactamente no sítio em que deveriam estar, a higiene é irrepreensível, e em que tudo combina com tudo (e nada combina com nada). São casas sem personalidade, que poderiam muito bem passar por um apartamento mobilado, algures num aldeamento da moda, no Algarve.

Alguns acusar-me-ão de despeito, por saberem que, com uma cadela e um filho de dois anos em casa, será difícil mantê-la primorosa - é um facto, mas a verdade é que este tipo de pensamento não me vem de agora. Sempre pensei assim, primeiro inconscientemente, e depois assumidamente, a partir da altura em que li um magnífico texto de Manuel Graça Dias (possivelmente o melhor arquitecto português - e sei do que falo) em que se referia jocosamente às pessoas que lhe pediam aquilo que ele designava por "decoração instantânea"; aquelas pessoas que, para combinar com o seu espremedor Phillipe Starck, gastam 20.000 euros para comprar toda uma mobília do mesmo designer!

P.S.: O texto em apreço foi inicialmente publicado numa crónica d'"O Independente", chamada "Vida Moderna", e mais tarde, em 1992, fez parte de uma compilação com o mesmo título, editada por João Azevedo.

O que é que se anda a passar?

Vem cá pouca gente, quase ninguém escreve comentários; fartaram-se?

2003/10/05

Kapa

Não o descobri sozinho, confesso; foi num post da Charlotte. Mas fiquei extasiado ao reler, neste blog, os textos da revista "Kapa", que eu venerava religiosamente!

Muito obrigado pelo serviço público, seja lá quem fôr, e que nunca lhe doa a mão!

Dependências

Hoje estou em maré de vos confessar as minhas vergonhosas adições. Sabiam os meus caros leitores que, quando entro num sítio onde se vendam livros e/ou CDs - mesmo que seja num hipermercado - sinto uma dificuldade inenarrável em controlar os meus instintos de comprar algo? E o pior é que, na maior parte das vezes, sucumbo (a propósito, lembrei-me agora de uma cena no magistral "South Park": uma das personagens, um professor da escola, está prestes a consumir droga. Aparecem então o anjinho e o diabinho da praxe a esvoaçarem junto à sua cabeça, prontos a aconselhá-lo. Diz o diabinho: "Não percas tempo, avança"; e o anjinho: "Sim, do que é que estás à espera?").

Gostaria de criar um grupo dos leitores anónimos. "Boa noite, o meu nome é Aldino, e sou leitor!"

Ou isso, ou não tarda, e estou a assaltar velhinhas para arranjar dinheiro para a minha dose diária!

Lourenço em dose tripla

1 - Perguntamos ao Lou:"queres um mano ou uma mana?". Resposta: "uma banana"!

2 - Se encontrarem o Batatoon estrangulado, look no further - fui eu! É o mínimo que posso fazer para me vingar, depois de andar um dia no carro com o Lou, só podendo ouvir a "Dona Girafa" e quejandos! Ainda por cima, tendo comprado hoje no CCB o excelente CD de compilação dos The Clash, publicado já depois da morte de Joe Strummer. Police came looking for Jimmy Jazz...

3 - Uma mais críptica, pelo menos para quem não me conhece: "o que queres ser quando fores grande?"; "piloto de carros"!

Qual é a admiração?

O prof. Freitas do Amaral disse ao semanário "Expresso", que Paulo Portas é comparável a Estaline por, alegadamente, ter retirado a sua (supostamente) insigne figura da história do partido. Toda a gente ficou chocada.

Mas, perspectivando o caso, também podemos dizer: um tipo sem ponta de carácter, mas com um ego desmesurado, disse algo abjecto a um jornal sensacionalista, que desce onde for preciso para vender. O sentido da frase é o mesmo, e assim já bate tudo certo!

Confissão

O bloguismo tem efeitos secundários, e ninguém me avisou; há três meses, quando se iniciou este espaço, andava eu a ler "A família Trago", do cabo-verdiano Germano Almeida. Gosto muito da escrita de diversos escritores da diáspora, e G.A. é um deles; o livro também era - e deve continuar a ser - muito interessante, e divertidíssimo como só as histórias de africanos o sabem ser. Mas, acreditem ou não, é com vergonha que vos confesso que, desde que fiquei blog-addicted, nunca mais abri o livro - e ele (o livro) não merece.

Eu, que não me conseguia deitar nunca sem (pelo menos) meia hora de leitura, há quase três meses que praticamente não pego num livro. Pelo meio iniciei o excelente "Koba o terrível", de Martin Amis (recomendo também "Água pesada", do mesmo autor), num exercício de zapping livreiro que faço amiúde; mas, mesmo com este, o ritmo de leitura tem sido bastante mais lento do que o que era habitual. E a culpa é deste terrível blog, que me prende aqui horas intermináveis, frente a um bocado de plástico com um écran.

O que é que eu faço?

2003/10/04

Porquê?

Este assunto será, porventura, o mais sério e aquele sobre o qual mais me custou escrever até hoje.

Voltei a encontrar hoje, em Pedrógão Grande, o meu amigo L., que já não via há mais de um ano - não o via, mas tive notícias suas entretanto, e não eram nada boas: um amigo comum contou-me que, à filha de L., tinha sido diagnosticada leucemia. É uma rapariga de dezasseis anos, mas, infelizmente, não é o único caso que conheço na minha lista de amizades mais próximas - com as mesmas idades, aproximadamente!

Tinha algum receio de voltar a encontrar L., por não saber como se encontraria psicologicamente, e como estaria a reagir à notícia. Mas ele, depois de me abraçar, sorriu (um sorriso triste...), e disse apenas: "agora, temos que viver um dia de cada vez...". Será uma frase banal, para muitos, mas a mim - não tenho vergonha de o dizer - fez-me chorar!

Ora bem, a verdade é que existem, no nosso país, formas de ajudar quem padece destas maleitas; uma das mais óbvias, é a dádiva regular de sangue. Mas, para o caso específico da leucemia, há também uma outra forma de auxílio: através do transplante de medula óssea. Não é um processo complicado, nem tampouco doloroso, e requer apenas alguma disponibilidade de tempo: meio dia para fazer os testes de compatibilidade (basicamente recolha de sangue) e, caso se seja seleccionado, cerca de 24 horas de internamento para a recolha da medula propriamente dita. Em Portugal, os eventuais voluntários deverão contactar o CEDACE-Registo Português de Dadores de Medula Óssea, que fica em Lisboa, no n.º 130 do Campo Santana, e que tem os telefones n.ºs 218823534/5. Em caso de subsistência de dúvidas, por favor não hesitem em contactar-me via e-mail, e eu, dentro das minhas modestas possibilidades e conhecimentos da questão, tentarei responder-vos e encaminhar-vos.

O que peço não é para mim, pelo menos directamente; mas, se ao menos um dos meus leitores sentir, ao ler estas linhas, um impulso para dar esse passo, já terá valido a pena este post!

Não é garantido que a nossa disponibilidade possa salvar alguém, pois as probabilidades de compatibilidade são baixíssimas, mas, se todos dermos um pouco de nós, ajudaremos decerto a deixar um mundo melhor aos nossos filhos - meditem nisto por uns minutos, é só o que vos peço!

2003/10/03

"Thank God it´s Friday!"

Há uns anos (há uns vinte e tal - eu é que penso que o tempo não passa), havia uma música muito funky com este nome; cantavam-na os Commodores, ou outro grupo do género. Nunca fui grande apreciador do estilo - apesar de ter tido a minha fase disco-sound (mas não dançava, descansem...), mas o título e o refrão ficaram-me na cabeça, como uma espécie de grito de guerra - um pouco como o "I don't like Mondays", dos Boomtown Rats.

Hoje ando novamente com aquele estribilho na cabeça; é Sexta-feira, o trabalho está quase pronto (e ainda nem é hora de almoço), daqui a pouco vou comprar "o Independente", e, mais para o fim da tarde, arranco para São Pedro de Moel - não, ainda não comprei lá a minha casa de sonhos; vou lá para ver um Rally que começa esta noite na Marinha Grande, mas também para encontrar os meus amigos "das corridas" (este ano não estou a correr, mas a "família" é unida).

O que mais poderia pedir? Só que o meu filho Lou viesse comigo; mas, apesar de gostar, ele ainda é muito pequenino (já o levei ao Autódromo do Estoril, tinha ele pouco mais de dois anos, e delirou. Maluquinho? Qual de nós?).

2003/10/02

Os comentários estão de volta!

O que eu não faço pelos meus leitores; não havia comentários, mas ei-los aí de novo. Está bem, são diferentes, e há ainda um "problemita" com a localização do sitemeter, mas, se percebessem tanto de informática como eu, não criticariam.

Agora, principalmente para todos os que me mandaram e-mails a dar-me conta da situação (os quais sinceramente agradeço), quero ver-vos comentar os posts todos que ficaram em branco até isto "rebentar pelas costuras"!

2003/10/01

Está no "Gato fedorento":

Um português vai à neve e paga bem para: acordar todos os dias às 8 da manhã, viver num T0 com kitchenette, ir às compras e achar que é tudo caro, sofrer ao frio e à chuva enquanto enfrenta bichas sucessivas para apanhar dois ou três transportes diferentes – sempre lotados – até ao destino final. Ou seja, um português de classe média, média-alta, paga mais de cem contos por semana para experimentar viver como um português de classe baixa.

Chapeau! Por essas e por outras é que eu torço tanto o nariz quando me querem convencer de que "a neve é óptima". A trilogia é conhecida: "neve-Vilamoura-Brasil, é o máximo!". Mas eu, iconoclasta assumido, embirro com as três!

Pedido de ajuda

Muitos de vós têm-se-me dirigido, através de e-mail, reclamando contra o facto de os comentários não se encontrarem acessíveis; confirmando esta tese, aparentemente, não tenho tido praticamente feedbacks nos últimos dias. No entanto, eu consigo escrever sem dificuldades, e não só de computadores onde se encontre efectuado o login do site de comentários. Assim sendo, não sei, sinceramente, como resolver o problema - isto, dando de barato que o mesmo ainda subsiste.

Gostaria, assim, de solicitar a todos os que me quiserem ajudar, o favor de tentarem escrever qualquer coisa na caixa de comentários deste post e, caso não o consigam, o favor acrescido de me informarem do facto, via e-mail, acrescentando as horas e o dia a que o tentaram fazer. Desde já agradeço essa ajuda penhoradamente.

Update: depois de ter colocado este post, já recebi alguns e-mails a darem-me conta das dificuldades em aceder aos comentários. O meu obrigado ao "Encalhado" e à "Papoila", e a todos os que me têm ajudado nesta questão. O curioso é que, normalmente, quando isto acontece, nem eu consigo abrir os comentários - mas, desta vez, em todos os computadores em que mexo - sejam eles quais forem - consigo colocar comentários; será magnetismo?

De qualquer forma, por inépcia minha, e alguma falta de tempo à mistura, iremos proceder da seguinte forma: até ao fim de semana, esperaremos que a coisa se resolva por si - se continuar "encravada", vou arregaçar as mangas e trabalhar no template (até tremo, só de pensar na última vez que o fiz, e quase apaguei tudo). Já agora, poder-me-ão os meus amáveis amigos sugerir-me alguns sites que disponibilizem o serviço de feedback, para além do "Blogextra" e do "Enetation"?

2003/09/30

Sweet, sweet rain!

Não me digam que não é lindo, ver a chuva lá fora, a cair nas vinhas aqui mesmo em frente às vidraças do escritório!

2003/09/29

Cada maluco com a sua mania

O meu Alfa Romeo 1750 berlina , de 1972 (igual a este, mas azulinho), já acabou o restauro e era para ir hoje, finalmente, à inspecção; afinal, decidimo-nos (eu e o mecânico), por lhe calçar ainda uns pneuzinhos novos para se apresentar mais condignamente. Mas, se Deus quiser, ainda começa esta semana a "bombar".

Os sonhos não envelhecem; quando me sentar ao seu volante, estarei a concretizar um sonho lindo, com trinta anos de maturação!

Preso por ter cão...

Quando os comentários estavam "de baixa", queixavam-se de que queriam escrever e não podiam. Agora, que eles estão novamente operacionais, (quase) ninguém os usa!

2003/09/28

A massa cinzenta

Há, em Portugal, uma grande "massa cinzenta". Não, não me refiro à quantidade de neurónios, nem isto é uma alusão velada a Pacheco Pereira, que por certo mereceria uma resposta melhor elaborada à sua carta aberta a António Lobo Xavier, publicada há uns dias no "Público" - se J.P.P. se pode, petulantemente, arrogar em destinatário de um excelente artigo de opinião de A.L.X., obviamente não endereçado, por que razão não me poderei eu assumir co-destinatário da supra citada "carta aberta"?

Mas este tema ficará para próxima oportunidade, já que me estou a desviar do assunto sobre o qual queria escrever. A "massa cinzenta" a que me refiro, é constituída por muitos milhares de pessoas, que se caracterizam por não terem gosto próprio - ou melhor, partilham todos o mesmo gosto, o "gosto politicamente correcto".

Todos os legionários da "massa cinzenta" sabem que, se não souberem discutir à Segunda-feira os lances dos jogos de futebol da véspera, estarão condenados a traumatizantes ostracismos. Sabem também que, se não tiverem no seu curriculum uma visita de um dia à Expo'98, de preferência fazendo parte do milhão de almas que partilharam o espaço na última noite, serão violentamente desprezados. Lutam e esgatanham-se para encontrarem "o seu lugar ao sol" (literalmente), no Verão, em Vilamoura, sabendo que só isso lhes poderá dar algum statu. E, ouvindo dizer que vêm cá os Rolling Stones, estão dispostos a vender a mãe para conseguir um bilhete!

Claro que, na maior parte das vezes, pouco ou nenhum proveito tiram dos factos; duvido que mais de metade dos "enlatados" que estiveram no recinto da Expo'98 na ocasião que refiro acima, não estivessem a pensar na asneira que haviam cometido - ou que muitas das pessoas que se acotovelaram a noite passada, em Coimbra, para (tentar) ver alguns sexagenários aos pulos tivessem: a) um conhecimento razoável do reportório do grupo, b) assisitido ao concerto em condições (físicas e psicológicas) minimamente dignas. Mas "que se lixe"! Como diz o meu amigo H.P., bom conhecedor e analista de personalidades, estiveram lá, e isso é que "dá pontos"!

Nem uma referência ouvi aos Primal Scream que, com os nossos Xutos & Pontapés, abriram o espectáculo; e, no entanto, deve ter sido a melhor performance da noite!

Músicas dos Rollings Stones ouviam-se nos anos 70; agora cheira tudo a requentado. Mas, para os saudosistas, recomendo o excelente álbum "Lipstick traces", dos Manic Street Preachers; é duplo, e o segundo CD é só (penso) dedicado a covers. Lá poderão encontrar uma fantástica versão de "Out of time", dos Stones, mas também belas interpretações de "Can't take my eyes off you" ou "Raindrops keep falling on my head" (não sei quem interpretava originalmente estas duas, mas sei que a segunda foi escrita pelo rei do pop-kitsch - expressão minha - Burt Bacharach), ou ainda as recriações soberbas de "Train in vain", dos The Clash, e "Last Christmas", dos... Wham!

Aposto o que quiserem, que ninguém é capaz de ouvir este CD, e não andar depois a cantarolar estas canções!

Duas francesinhas

Este fim de semana "conheci" duas novas francesinhas:

1 - Ontem, num restaurante em Leça da Palmeira, frente ao Oceano (não me lembro do nome, mas é perto das piscinas), descobri umas "francesinhas à nossa (deles) moda" que são de truz. Há coisas que eu não consigo comer, se não estiver na sua zona; só como leitão na Mealhada, sopa de pedra em Almeirim, e francesinhas no Porto - chamem-me esquisito, se quiserem!

2 - Com algum atraso em relação à blogosfera (mea culpa - vocês avisaram, eu sei), descobri Carla Bruni, outra francesinha; mas, para recuperar, fui até ao Porto e vim, sempre a ouvir "Quelqu'un m'a dit", versão non stop. Serait ce possible alors?

Problemas técnicos

Vários leitores se me têm dirigido, queixando-se de que as caixas de comentários deste blog nem sempre estão acessíveis. Não querendo alijar responsabilidades, até porque sou completamente inepto em coisas informáticas, parece-me, no entanto, que se trata de um problema do site que me fornece o serviço, que anda "intermitente".

De qualquer forma, apresento os meus sinceros pedidos de desculpa, e peço-vos um pouco de paciência e persistência.

O mestre

"Descobri" Possidónio Cachapa, como já descobri alguns outros bons escritores: entrei numa livraria, demorei-me pelas badanas, principalmente do que não conhecia, e comprei "A materna doçura". Era Dezembro, estava na "Valentim de Carvalho" do CCB, e a noite ainda me reservava mais boas surpresas: de seguida, livrinho debaixo do braço, "fui apresentado" aos Gift, que faziam a primeira parte dos Divine Comedy (Neil Hannon não precisa de apresentações, presumo).

Voltando a P.C., acabei por ler esse livro quase "de uma vez", em transe. De seguida, desdobrei-me em promoções ao mesmo junto de todos os meus amigos e conhecidos. Não espero que P.C. me pague comissões ou royalties, mas a divulgação que fiz daquele livro deve ter sido bem superior à que fez a Assírio & Alvim!

É, por isso, com um fascínio confesso, que vejo P.C. a citar-me no seu blog; cita-me a propósito do amor que eu confesso ter à Arrábida, e do amor que eu descobri que os penichenses têm às Berlengas. Por acaso, a sua opinião sobre a vida urbana parece-me não diferir muito da minha, mas, mesmo que diferisse, what a hell! O tipo que era, e é, uma referência para mim, citou-me, e o resto é história!

Quase que me sinto tentado a retomar o romance que tenho na gaveta há uns anos.

2003/09/26

Boas e más notícias (para mim)

Primeiro as boas: fiquei a saber, nesta curta estadia em Peniche, onde estavam um Datsun 1600 SSS e um Porsche 911, ambos da década de 70; as más notícias são que o dono também sabe o que eles valem...

Mas ainda acredito que vou conseguir ter aquele Sunbeam Alpine (igual a este) que eu sei onde está à venda.

2003/09/25

Mais filmes bons!

Não quero ter a pretensão ou a veleidade de sugerir que os responsáveis de marketing do "Público" foram sensíveis a um post que publiquei aqui, o mês passado, sugerindo uma lista para uma - então - hipotética terceira série da sua colecção Y de DVDs; no entanto, a verdade é que surgiu mesmo uma terceira série, que começa precisamente hoje, com "Traffic", de Steven Soderbergh (teria preferido "Sexo, mentiras e vídeo", mas não está nada mal), e nela surgem duas das propostas que eu então havia deixado: "E a tua mãe também!", do mexicano Alfonso Cuarón, e "Toda a gente diz que te amo", de Woody Allen.

A colecção, como sucedeu com a segunda série, é, toda ela, excelente; mas, se me permitem, aconselho-vos especialmente estes dois. Depois digam-me se gostaram.

Provocação

A minha semana em Peniche está a chegar ao fim; mal conhecia esta terra maravilhosa, mas fiquei adepto incondicional. E ainda menos conhecia as suas gentes, como é natural. Agora, já conheço um pouco melhor alguns penichenses, e constato, com grande alegria, que a esmagadora maioria tem um apego e orgulho na sua vila notáveis.

Consigo até encontrar alguns pontos comuns com os azeitonenses: não serão todos, mas a verdade é que muitos penichenses nutrem uma paixão desmesurada pelas Berlengas. Para quem não sabe, as Berlengas são ilhas, às quais esta gente vai sempre que pode. E fazer o quê? Acampar, passear, mergulhar, enfim: ir!

Metem-se nos seus barcos semi-rígidos e aí vão eles, atravessando esta amostra de oceano traiçoeiro que medeia entre o Cabo Carvoeiro e a "sua" ilha. Durante a semana, é vê-los a combinar: "vais à Berlenga este fim de semana?". Não têm nenhum objectivo enunciável - vão às Berlengas apenas por as amarem!

Os azeitonenses, por sua vez, veneram a Serra da Arrábida; qualquer azeitonense que se preze já calcorreou os caminhos da serra, já acampou na areia do Portinho, já se perdeu no Conventinho - em suma, todos os azeitonenses, herdeiros bastardos de Sebastião da Gama, sentem a "Serra-mãe" como sua, tal como as gentes de Peniche "possuem" as Berlengas!

Como é que querem que eu goste de Lisboa? O que é que eu teria lá para me afeiçoar? O Colombo?

2003/09/24

O Padre Manuel

Não sei se já mencionei aqui o Padre Manuel mas, se não o fiz ainda, devia tê-lo feito. O Padre Manuel Frango de Sousa foi, provavelmente, a mais polémica figura pública que passou por Azeitão nas últimas décadas - e digo "foi" porque, infelizmente, morreu há pouco tempo, num estúpido acidente doméstico.

Foi ele quem celebrou o meu casamento, na capela da quinta de Nossa Senhora d'El Carmen, no coração da Serra Mãe, e também o da maioria dos meus amigos, quase sempre na Igreja de São Lourenço, a sua paróquia. O Padre Manuel, entre outras idiossincrasias, tinha uma forma de celebrar os casamentos que arrepiava todos aqueles que não estavam familiarizados com a personagem, mas que divertia todos os autóctones; começava sempre as cerimónias dizendo: "se algum dos presentes conhecer algum motivo pelo qual este casamento não se deva realizar, peço-lhe que fale agora!" - assim, a frio!

Depois, fazia um silêncio de mais de um minuto (uma eternidade nessas circunstâncias, acreditem), em que todos nos entreolhávamos, na expectativa de ver aparecer uma mulher com três crianças ao colo, a reclamar a assunção da paternidade por parte do noivo. Durante esse hiato, olhava fixamente para todos os presentes, e, por vezes, interpelava mesmo directamente algum porventura mais sorridente, perguntando no seu tom circunspecto: "o senhor (ou senhora) conhece algum motivo? Quer partilhá-lo connosco?", ou outra coisa do género.

Uma vez, em conversa informal e meio divertido, o Padre Manuel confidenciou-me que procedia dessa forma para garantir a atenção dos presentes que, doutro modo, tenderiam a dispersá-la.

Contudo, outra das características dos casamentos por si celebrados, que normalmente horrorizavam as "beatas" mais fervorosas e menos habituadas a inovações, consistia no facto de pedir sempre uma salva de palmas aos presentes para festejar a união dos noivos.

Não pude, por isso, deixar de me lembrar do bom Padre Manuel, quando li esta notícia de hoje no, "Público", em que se refere que o Vaticano se encontra a ultimar um documento, no qual, entre outras inanidades, se prevê a futura proibição de palmas nas igrejas. O Padre Manuel era um Padre Católico, e acredito que, apesar da admissível surpresa, nunca ninguém terá pensado estar a lavrar em pecado ao bater palmas na Casa de Deus.

E ainda falam em modernização, e em cativar fiéis...

2003/09/23

Ingratos

Apanham uma pessoa com pouco tempo disponível para postar, e viram-me todos as costas!

2003/09/22

O que mais se pode pedir?

Há muito tempo que não sentia uma paz de espírito tão "filha da mãe" como a que estou a sentir agora. Acabei o dia a ver um pôr do sol, como penso que nunca vi igual: o céu vermelho, o Atlântico cinzento, o chão molhado da chuva, e as Berlengas e os Farolhões (agora já sabem onde estou...) perfeitamente recortados num cenário de nuvens cinzentas - e, no rádio do carro (nem sei que posto era), começou a tocar "I can see clearly now"!

Para encerrar as novidades do dia, estou a escrever de um cibercafé, algo que nunca tinha feito antes, situado num parque de campismo por cima da falésia, onde disponho de um bungallow só para mim - e tudo de graça!

Para este cenário ser perfeito, só me faltava ter a minha família perto de mim; tenho tantas saudades do meu Lou...

2003/09/21

"Incompreensível"

Sim, "incompreensível", foi o adjectivo que a Charlotte (a propósito, parabéns atrasados!) usou para classificar a magnífica série "The Royle family"; confesso que me desiludiu um bocadinho.

Dou de barato que, se C. não a conseguiu compreender, não foi, decerto, por não ser suficientemente inteligente; talvez tenha sido, isso sim, porque os Royles funcionam num comprimento de onda que apenas pode ser assimilado por quem consiga gerar alguma empatia com aquela família disfuncional - uma espécie de representantes do bas fond mais decadente da vida familiar. E isso preocupa-me: é que eu compreendo os Royle até demais!

Intervalo

Por motivos profissionais, a partir de amanhã estarei fora da base, e esta situação durará até Domingo. Não sei se, no sítio para onde vou (um sítio lindo, mas que eu não vos digo onde é...), terei acesso à Internet. Se tiver, continuarei, certamente, a postar estas coisas inconsequentes a que vos habituei; se derem pela minha falta durante muitos dias seguidos, é porque não arranjei computador - mas também pode ser porque apenas me apetece ouvir o mar, ou até por ter sido preso ou assassinado!

Route 66

Não sei se se têm estado a aperceber do que são as coisas; ainda há dias mal sabia do paradeiro do meu amigo José Carlos Soares - apesar de ele morar a cerca de 10 km da minha casa - e, neste momento, estou prestes a embarcar com ele, e com mais o Jorge Costa - que só conheço da blogosfera, mas que, avalizado pelo J.C.S., só pode ser boa pessoa - estou prestes a embarcar, dizia, na aventura da minha vida: atravessar, de carro, os Estados Unidos da América, coast to coast, pela mítica Route 66. São 12.000 km de deserto e, se lá fôr, vou carregado de bloquinhos e máquinas fotográficas; daqui a um ano procurem o livro nas bancas!

2003/09/19

Coisas que me irritam

1 - Parar o carro para deixar passar na passadeira uma pessoa que mais ninguém deixava passar, e essa pessoa retardar propositadamente o passo enquanto atravessa, olhando para mim de soslaio com ar de gozo;

2 - Empregados de restaurante que não esperam que façamos o pedido parados junto à mesa, e que nos obrigam a gritar "...e ponha gelo e limão nos copos!" enquanto se afastam com pressa (corolário: depois trazem os copos sem gelo nem limão, e fazem um ar profundamente enfadado quando dizemos: "mas eu pedi...");

3 - Pessoas que nunca dizem "se faz favor" ou "obrigado";

4 - Pessoas que, em edifícios públicos, com escadas rolantes ou outros meios de deslocação vertical, passam à minha frente para os elevadores mesmo vendo que eu estou com um carrinho de bebé;

5 - Pessoas que, no meio de uma conversa, atendem o telemóvel sem sequer dizer "com licença";

6 - Fumadores que "puxam" do cigarro em qualquer lugar, sem olhar a quem está, ou pode vir a estar, por perto, e que largam a "beata" com a mesma displicência, seja pela janela do carro (acesa, para fazer um efeito mais bonito), ou na areia da praia;

7 - Egos descontrolados, como Pacheco Pereira, Margarida Rebelo Pinto ou Herman José;

8 - Pessoas sem capacidade de síntese nem objectividade - odeio estar numa reunião, que demora pelo menos o quádruplo do tempo que poderia demorar, a ouvir alguém cuja vida não tem absolutamente interesse nenhum para mim, a desviar-se dos pontos em análise para falar de tudo e mais alguma coisa, desde que inclua catárticos pormenores dos seus casos pessoais;

9 - Jornalistas que não percebem rigorosamente nada daquilo sobre o que estão a falar, ou a escrever, mas que o relatam com um sensacionalismo abaixo de sarjeta - já sem falar nos erros de ortografia omnipresentes (estas regras aplicam-se a 99,8% dos jornalistas em geral, e a 99,9% dos jornalistas de televisão);

10 - Falta de pontualidade, principalmente quando sistemática e praticada intencionalmente ou, pelo menos, sem esforço visível para o evitar. Até já ouvi alguém dizer que a falta de pontualidade dá charme! No comments;

11 - Ouvir usar as palavras "derivado" e "empolgar" em lugar de "devido" e "empolar" - entre muitas outras;

12 - Calor - e ouvir dizer que "nunca mais chega o tempo quentinho";

Work in progress; aceitam-se sugestões.