2005/03/17

The lamb lies down on Broadway!

Em 1975 tinha 11 anos. Lembro-me de a "malta" mais velha do Barreiro, onde vivia então, andar a combinar uma ida a Cascais para ver os Genesis, supra-sumo da época do psicadelismo. Com muita inveja, nós, os pequeninos, ouvíamos mas sabíamos de antemão que não podíamos ir, não só porque era demasiado longe para irmos on our own, mas também porque o bilhete já na altura custava uns indecentes oitenta "paus"!

No regresso do "pessoal do Bairro", os tipos mais velhos que tinham ido ao Dramático de Cascais, ficámos todos a saber que este percursor dos agora banalizados concertos de bandas estrangeiras tinha sido um delírio, e isso apenas contribuiu para aguçar mais a nossa vontade de "ganhar asas". Entretanto, íamos ouvindo o "Foxtrot" até as espirais do vinyl estarem gastas.

Só fui ao Dramático de Cascais muitos anos mais tarde, mas menos de dois anos depois do concerto dos Genesis estava no comboio da linha, com o meu amigo J.G., de mochila às costas, para acamparmos no autódromo uma semana porque iria decorrer o Campeonato Mundial de Karting, e nós não queríamos perder pitada. Éramos, na maior parte dos dias, as únicas pessoas na bancada, assistindo a treinos, mangas, eliminatórias, e sei lá o quê mais. Entre os muitos miúdos que aceleravam nos "gingarelhos" dava especialmente nas vistas o virtuosismo de um tal Ayrton Senna da Silva, de que todos voltámos a ouvir falar muitos anos mais tarde.

Mas estou a transivergir, e tudo isto vem a propósito do famoso concerto dos Genesis em Cascais, em 1975, e da vontade de voar que esse acontecimento despertou nas crianças que nós éramos, à beira da adolescência. E tudo isso veio de novo ao meu encontro hoje, trinta anos depois, ao comprar a revista "Cais" de Março, integralmente dedicada ao tal concerto.

2005/03/16

"Caça à multa"

A semana passada, na zona de Beja, um invisível radar das autoridades apanhou-me em excesso de velocidade. A falta é assumidamente minha, e não há nada a fazer, a não ser pagar voluntariamente a coima aplicada e aguardar serenamente pela notificação da sanção acessória.

Mas há algo aqui que me revolta profundamente; o radar estava, como é costume, emboscado, por forma a que o incauto automobilista não o descortinasse, e assim incorresse mais facilmente em infracção. Ora, ao não ter conhecimento da existência de um aparelho de medição de velocidade nas proximidades, o condutor não moderará a sua velocidade, e não diminuirá naturalmente o risco de acidentes, mas colaborará, involuntariamente é certo, para a engorda dos cofres do Estado. A isto chama-se fazer repressão, ao invés de uma muito mais desejável prevenção.

Parece-me a mim - mas estou disposto a aceitar outras opiniões - que muito mais se poderia ganhar em termos de diminuição da sinistralidade nas nossas estradas se a existência de radares fosse profusamente noticiada, mesmo nos casos em que eles não existem ou em que se encontram fora de funcionamento; desta forma as pessoas tenderiam a abrandar automaticamente, sem saber exactamente qual a localização ou fiabilidade do aparelhómetro, e assim poderiam diminuir consideravelmente a perigosidade das estradas. Mas este procedimento apresenta um inconveniente óbvio para as autoridades: se os radares estivessem visíveis, e as pessoas pudessem abrandar quando os vissem, muito menos gente seria multada, e menos dinheiro entraria nos cofres da corporação e, por inerência, do Estado. Então, que se lixe a segurança - nós queremos é muita gente a "dar gás" para poder encher os bolsos!

Aqui há uns tempos vi, numa auto-estrada, uma viatura de controle de velocidade, que possuía um placard com letras garrafais no tejadilho onde se podia ler a inscrição: "controle de velocidade". Resultado? Todos os condutores diminuiam automaticamente a velocidade. Poderá não ser uma boa política para as finanças públicas, mas é, seguramente, uma iniciativa de efectividade comprovada e merecedora de enaltecimento em termos de segurança rodoviária.

Já agora, lembro-me também de uma curiosa reportagem que passou na TV há mais tempo ainda, sobre uma tosca imitação de radar, feita a partir de um tripé e de umas caixas coladas, que a GNR de Portalegre decidiu instalar junto á entrada sul da cidade. Receitas para a corporação? Zero. Diminuição da velocidade de passagem dos veículos, naquele ponto tão perigoso? Enorme!

Os mais cínicos dir-me-ão que apenas falo desta maneira porque fui multado há pouco tempo, mas a esses poderei mostrar um editorial do "Jornal de Azeitão", escrito há mais de três anos, onde defendi precisamente o que refiro acima: a exposição dos radares, mesmo quando falsos!

2005/03/15

Praga


Desculpem lá o hiato nos posts - acho que ando cansado. Isto passa, não se preocupem, mas sabiam-me bem uns dias fora.