2004/03/19
Dia do pai
Por norma embirro um bocado com tudo o que me soe minimamente a establishment; encontram-se assim, nessa longa lista, as datas em que é suposto festejarmos algo, mas que mais não são do que um pretexto do consumismo e dos lobbies dos comerciantes para gastarmos mais uns trocos em prendas cuja espontaneidade fica abaixo de zero, mas que possuem o condão mágico de aliviar as consciências dos ofertantes por mais uma saison - e (ó heresia!) essa minha embirração começa logo pelo próprio Natal, e estende-se a dias da mulher, da criança, do pai, do emigrante, do mercenário, do bêbedo ou do que quer que seja.
Mas esta manhã, bem cedo, fui forçado a engolir parte desta minha arrogância; e quem me deu esse banho de humildade foi o Lourenço que, de cima dos seus três anos, foi ter comigo enquanto me barbeava e me disse: "feliz dia do pai, papá; gosto muito de ti!"
O que mais posso pedir para ser feliz?
Mas esta manhã, bem cedo, fui forçado a engolir parte desta minha arrogância; e quem me deu esse banho de humildade foi o Lourenço que, de cima dos seus três anos, foi ter comigo enquanto me barbeava e me disse: "feliz dia do pai, papá; gosto muito de ti!"
O que mais posso pedir para ser feliz?
2004/03/14
Erros de casting
Há, entre os meus leitores adultos, alguém que esteja a viver a vida com que sonhou um dia? Era só para saber se ainda vale a pena sonhar.
A "Vírgula"
Miguel Sousa Tavares é daqueles opinion makers a respeito dos quais é difícil ter uma opinião consolidada, tão díspares são por vezes as suas tomadas de posição; por exemplo, quando fala do direito ao fumo ou do Futebol Clube do Porto é insuportável, mas desta vez confesso que subscrevo de cruz tudo o que diz nos pontos 1 e 2 deste artigo (há quem continue a achá-lo "insuportável", mas contra isso nada podemos fazer).
Terroristas bons vs terroristas maus
Alguns poderão ter achado estranho o facto de eu não ter escrito nada sobre os ignóbeis atentados de Madrid; não o fiz, contudo, por duas razões:
Em primeiro lugar encontrava-me na altura, como os mais atentos decerto terão reparado, a cumprir um importantíssimo voto de silêncio.
Em segundo lugar, senti de repente que tudo o que eu pudesse dizer sobre terrorismo seria redundante, não só em relação àquilo que já escrevi anteriormente neste blog, mas também em relação ao que se iria escrever noutros locais - na blogosfera ou fora dela (aliás, parece que existe também vida fora da blogosfera, por inédito que isso possa parecer). No entanto, tal como o Alberto, fiquei desde logo à espera do primeiro "mas...".
Sofro, como todos os humanistas, com o sofrimento alheio; mesmo assim, e apesar de me considerar ideologicamente de direita, não consigo conceber a pena de morte como castigo aceitável.
Mas há outras coisas que me custam também bastante a aceitar em tudo isto, a começar pela mentalidade comezinha da "nossa" esquerda (pelo menos assim se designam), que continua a acreditar que existe sempre uma justificação em tudo isto. Mais, os "canhotos" cá do burgo, acham lá no íntimo que seria preferível que os atentados pudessem ser imputados à Al-Qaeda, o que, pelas suas enviesadas e peculiares linhas de raciocínio, o tornaria logo directamente imputável a Bush, Blair e ao próprio Aznar, do que à ETA, situação esta que, para além de ser menos "justificável" (?) politicamente, poderia render votos extras ao PP espanhol. Como se pudesse haver um terrorismo menos mau do que o outro...
Em primeiro lugar encontrava-me na altura, como os mais atentos decerto terão reparado, a cumprir um importantíssimo voto de silêncio.
Em segundo lugar, senti de repente que tudo o que eu pudesse dizer sobre terrorismo seria redundante, não só em relação àquilo que já escrevi anteriormente neste blog, mas também em relação ao que se iria escrever noutros locais - na blogosfera ou fora dela (aliás, parece que existe também vida fora da blogosfera, por inédito que isso possa parecer). No entanto, tal como o Alberto, fiquei desde logo à espera do primeiro "mas...".
Sofro, como todos os humanistas, com o sofrimento alheio; mesmo assim, e apesar de me considerar ideologicamente de direita, não consigo conceber a pena de morte como castigo aceitável.
Mas há outras coisas que me custam também bastante a aceitar em tudo isto, a começar pela mentalidade comezinha da "nossa" esquerda (pelo menos assim se designam), que continua a acreditar que existe sempre uma justificação em tudo isto. Mais, os "canhotos" cá do burgo, acham lá no íntimo que seria preferível que os atentados pudessem ser imputados à Al-Qaeda, o que, pelas suas enviesadas e peculiares linhas de raciocínio, o tornaria logo directamente imputável a Bush, Blair e ao próprio Aznar, do que à ETA, situação esta que, para além de ser menos "justificável" (?) politicamente, poderia render votos extras ao PP espanhol. Como se pudesse haver um terrorismo menos mau do que o outro...
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