2003/11/10

Divagações nobelísticas

Li o "Fado alexandrino" duas vezes: uma quando saiu, e outra uns anos depois. Li também "Os cus de Judas", "Memória de elefante", "Explicação dos pássaros" e "Exortação aos crocodilos". Depois, começou a fase lunar do autor e deixei de conseguir ler António Lobo Antunes; já tentei várias vezes "arrancar" com "Não entres tão depressa nessa noite escura", mas aparece-me sempre um Nick Hornby ou um António Tabucchi que me desencaminham.

Pois bem, logo agora que eu estou a perder a admiração sem limites que tinha por A.L.A., e pela sua quinta de Benfica, é que se afigura mais forte o seu lobby para um hipotético Nobel. Não me admiro; li o "Memorial do convento", "Ensaio sobre a cegueira", e foi tudo o que dei para a causa Saramago. Depois, ouvi os desmandos de um velho que, lá por morar nuns penhascos em Lanzarote, pensa que é maior que um homem, e cansei-me. Parece que é preciso escrever algo de ininteligível para se aceder á coisa (a propósito, há tempos li em qualquer lado que os tradutores para sueco da obra de J.S. foram escrupulosos ao ponto de acrescentarem ao texto uma completa pontuação; isso talvez explique a razão pela qual os membros da Academia Sueca, algo equivocados, lhe atribuiram o Nobel).

Mas será mesmo necessário ser-se críptico para se poder ser um putativo laureado? Não poderá toda a gente escrever com a pureza de Dario Fo? Ou serei apenas eu que estou a ficar preguiçoso para ler?

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