2004/07/31

E ninguém me avisava?

Valeu a pena a petição: a Xobineski voltou!

Lémingues

Há algum tempo, o presidente da distrital do Porto do P.S., Francisco Assis, foi a Felgueiras no rescaldo do caso Fátima Felgueiras, e foi agredido por apoiantes da dita - ausente por motivo de banhos - supostamente também simpatizantes ou militantes do mesmo P.S.; ou, pelo menos, instigados por militantes.

Há menos tempo, numa disputa fratricida pela presidência da concelhia do P.S. de Matosinhos, Narciso Miranda e Manuel Seabra envolveram-se numa cena de ciúmes para conseguirem a atenção de Sousa Franco, candidato do partido às eleições europeias. A (triste) história meteu até contratação de "gorilas", e terminou da trágica forma que todos conhecem: com a morte de Sousa Franco momentos depois, por ataque cardíaco fulminante.

N'"O Independente" de ontem vem relatada, com alguns detalhes demasiado específicos para se tratar de uma simples invenção, toda a urdidura que António Costa montou, por forma a envolver Paulo Pedroso e Ferro Rodrigues no processo Casa Pia (justa ou injustamente), e assim ascender "naturalmente" à liderança do P.S..

Por mim acho que vou deixar de criticar o P.S., mais que não seja por caridade - eles já têm demasiados opositores lá dentro, e pelos vistos não resolvem as divergências através do simples debate de ideias.

2004/07/30

Ídolos como nós

Alguns de vós ir-me-ão achar naïf, e até infantil pelo que vou contar (os outros já achavam antes), mas há pequenas histórias que acho que nunca deixarão de me fascinar.

Em conversa com o meu colega J.P., fiquei a saber que, em anos não muito distantes, ele trabalhou em Inglaterra, na indústria hoteleira. Soube também que desempenhou essas funções em Bristol, e que conhecia razoavelmente a zona em volta, mais ou menos até Cardiff. E, principalmente, contou-me que, no restaurante em que trabalhava, era comum ter a visita dos membros dos Stereophonics, dos Catatonia, dos Manic Street Preachers, e - pasme-se! - até dos Portishead. O J.P. provavelmente serviu umas lambchops a Beth Gibbons, e viu de perto umas grandes bebedeiras de James Dean Bradfield, bolas!

É evidente que sei que até as divas precisam de comer, mas tudo isto assim contado torna as coisas tão terrenas, e ao mesmo tempo tão surrealistas, não é? São pessoas que nos habituámos a idolatrar, e de repente percebemos que são verdadeiras - já o sabíamos antes, claro, mas assim, de uma forma tão próxima e tão real, dá para ficar de boca aberta.

Desculpem lá o deslumbramento; a normalidade regressa dentro de momentos.

2004/07/28

Férias

Não, ainda não estou de férias, mas ontem passei perto da minha querida Zambujeira do Mar e não resisti: almocei de novo no Café Fresco, uma tosta de frango, um galão com espuma "até às orelhas", e aquela tarte de maçã inigualável - e, principalmente, pouca gente, o jazz, a minha mesa favorita (à sombra, frente à falésia), e aquele maravilhoso fresco húmido do Atlântico, que nos faz sentir a pele sempre molhada.

De noite vim pernoitar ao hotel do costume, aqui na Praia da Rocha, de onde vos escrevo; e encontrei um "forno" indescritível, gente, gente e mais gente a passear nas ruas por não aguentarem o calor dentro dos seus apartamentos de férias, todos com as suas melhores toilettes de noite - leia-se saltos altíssimos para elas, e calças vincadinhas para eles.

Agora, explique-me quem puder: como é possível gostar disto?

2004/07/26

Como ajudar a passar estes dias de Inferno por menos de 500,00€:

Comigo tem resultado:

1 - 399,00€: um ar condicionado portátil, comprado na E. Leclerc, e estrategicamente ligado no piso dos quartos umas horas antes da "deita". Faz maravilhas, acreditem!

2 - 16,19€: O álbum "Cinema", de Rodrigo Leão, com as vozes (entre outras) de Beth Gibbons e Sónia Tavares. A consumir sem moderação, principalmente no carro (e também com o ar condicionado sempre no máximo).

3 - 4,40€: Uma cadeira de plástico simples, daquelas de esplanada, comprada na Makro. Não sei se já vos disse, mas ao lado deste lugar onde tenho o computador, possuo um terraço muito simpático; existe uma mancha de pinheiros em primeiro plano, e ao fundo vejo Lisboa da forma como ela me parece mais bonita - de longe. Como bónus, ainda consigo apreciar a Serra de Sintra, maravilhosamente recortada. De noite então, a vista é lindíssima mas, por preguiça, até hoje pouco ou nada usufruía dela. Agora tudo mudou: com uma cadeira de espaldar, aproveito o fresco das noites a fumar um Villiger n.º 9 e a pensar em coisas boas.

4 - Grátis: Um passeio pela baía de Cascais ontem, domingo, num galeão do sal, iniciativa da Câmara Municipal de Cascais, de que eu gozei por simpático convite de umas amigas. Regenerei energias, é verdade, mas tenho cá um palpite de que este passeio me vai sair caro: é que saí de lá com um "bichinho" a atazanar-me para me inscrever num curso de velejador, e de seguida procurar um veleiro antigo para recuperar, sabem? Pode ser que passe, ou talvez não...

2004/07/25

Serra Mãe

Quando escolhi este título para o blog, pensei que a expressão era do conhecimento da generalidade dos leitores; confesso que me senti algo desiludido quando comecei a perceber que poucos eram aqueles que realmente conheciam a origem da mesma. Pois bem, para que não restem dúvidas, esclareço agora toda a gente que a expressão "Serra Mãe" foi primeiramente utilizada (tanto quanto sei) pelo poeta azeitonense Sebastião da Gama, para designar nos seus poemas a Serra da Arrábida, pela qual nutria uma desmedida paixão.

Sebastião da Gama morreu novo, vítima de tuberculose, mas deixou-nos um legado fantástico de poesia, e um exemplo de amor pela serra que é hoje seguido por todos os azeitonenses, mesmo pelos "adoptivos", entre os quais me incluo há quase trinta anos. Aliás, tenho o grato prazer de conhecer pessoalmente a sua viúva, D. Joana Luísa, dona de assinalável espólio referente ao poeta, parte do qual pode ser observado no Museu Sebastião da Gama, pequeno mas interessante espaço cultural logo à entrada de Azeitão, para quem vem de Lisboa.

Não sou grande coisa a memorizar poesia (que saudades do meu avô Álvaro), mas toca-me principalmente um poema que termina mais ou menos assim:

"...julguei ter a serra por mãe,
quando afinal não serei mais que seu bastardo!"


Acabei agora de voltar da serra, que está a arder em várias zonas, mas principalmente no seu maciço central, na zona das antenas, e não consigo colocar em palavras a dor que trago na alma.