2003/09/12

A realidade

Passei todo o Verão sem ver, ao vivo, uma chama maior do que a do meu fogão. Sabia que havia incêndios por todo o País, e sentia aquele sentimento misto de frustração e revolta que todos os portugueses deviam sentir. Mas hoje, ao fim da tarde, ao passar pela A8, vi bem as enormes chamas na zona de Mafra e da Malveira - e pensei como o homem pode ser, simultaneamente, grandioso e reles!

P.S.: Também havia umas chamas, mais pequenas, na zona da "casa-mais-famosa-do-país-logo-a-seguir-à-Casa-Pia"; se algum dos bombeiros que andar nessa zona ler isto, gostava de lhe fazer um pedido: não era possível encaminhar esse fogo para a dita casa? Muito agradecido!

Onde é que está o meu prémio?

Devo ter sido o único que passou o dia de ontem sem falar na(s) efeméride(s)!

Ainda há esperança para os feios!

Fossem todas as mulheres como a Charlotte (e como a minha querida Lu, faça-se justiça!), e muitas depressões seriam evitadas (para mais informações, ler post de anteontem, Quarta-feira, intitulado "as listas").

2003/09/11

On the road

Se há coisa que adoro fazer é conduzir; de preferência sozinho. Adoro fazer grandes viagens, pois nelas tenho espaço para ordenar as minhas ideias. Quando conduzo oiço a minha música - alto ou baixo, como me apetecer - fumo as minhas cigarrilhas, canto (não é bonito, garanto-vos), e até faço diálogos (não, não são monólogos) sozinho. Não sou esquizofrénico, mas gosto de me colocar perguntas, em voz alta, e depois responder-lhes. Em que outro lugar o poderia fazer?

Se Jack Kerouac tivesse um carro com ar condicionado e leitor de CDs, teria escrito o dobro dos livros!

Aproveitem agora a última oportunidade, ou então esperem pela próxima!

Nunca se sentiram incomodados por comprar, digamos, uma camisa por determinado preço, porque a senhora da loja disse que aquela não iria para saldos, e uma semana depois passar novamente pela loja e ver que a mesma camisa está a metade do preço?

Pois bem; desde Segunda-feira que um grupo de pessoas está "acampado" (presumo que dormem nos carros) numa bomba de gasolina perto de Coimbra, porque sabiam que hoje, Quinta-feira (!), seriam postos à venda naquele lugar bilhetes para aquela que será a terceira ou quarta "última oportunidade" de ver os Rolling Stones ao vivo (devia ser mais "ao morto", ou talvez "ao embalsamado") em Portugal. Nunca fui grande fã dos tipos e, apesar de ainda ter para aqui uns vinys, dificilmente me apanhariam numa coisa dessas; talvez os quarenta anos me tornem mais "quadradão", e resolva ir vê-los lá para a quinta "última vez" que eles cá vierem!

Portobello Road

Apesar das limitações a que aludi no post anterior, não poderia deixar de vir aqui aconselhar os meus leitores no que a compras cinéfilas diz respeito; como todos sabem, hoje é Quinta-feira, e como todos sabem também - ou deviam saber - é dia de DVD no "Público". Comprei o de hoje, "O Delfim", de Fernando Lopes, e vou vê-lo assim que puder. Confesso, no entanto, que não é dos que mais me fascinará nesta colecção; não aprecio por aí além o estilo "xaroposo" de José Cardoso Pires, bem como o ego (e não só...) inchado de Alexandra Lencastre, ou a polivalência de Rogério Samora - se bem que tenha gostado bastante de ver este último a representar Shakespeare no D. Maria II.

Mas é já do filme da próxima semana que vos quero falar: chama-se "Oito mulheres", ainda não o vi, mas, pelas referências que li e ouvi, deve ser de delírio - e, mesmo que não o seja, tem sempre a mais-valia de podermos observar em acção uma mulher tão bonita como Fanny Ardant.

Por fim, na colecção "concorrente", do "Diário de Notícias", aviso-vos de que vai sair amanhã um DVD que, para mim, é imperdível: "Notting Hill". Sim, eu sei que o filme é para lá de lamechas, que Hugh Grant é um canastrão que só sabe representar bem uma personagem - o próprio Hugh Grant - e que o que disse acima a respeito de Alexandra Lencastre é duplamente válido para Julie Roberts. Mas - bolas! - adoro ouvir o sotaque cockney de H.G. (como o de Tony Blair, e como Herman José tenta desesperadamente imitar), deliro com o sotaque galês do seu companheiro de casa, e, principalmente, fico fascinado ao "revisitar" Portobello Road, onde já tantas vezes me "perdi"!

A sequência em que H.G. caminha por Portobello, enquanto o tempo vai mudando progressivamente, numa metáfora "disneyana" das estações, é, para mim, simplesmente soberba!

Um pouco de paciência...

Venho aqui só para dizer, numa atitude pessoal e de relativa exposição da minha intimidade (espero que apreciem devidamente), que, durante algum tempo, dificilmente postarei mais do que um ou outro comentário rápido e ocasional; isto porque a minha vida profissional deu umas reviravoltas muito rápidas e inesperadas nos últimos dias (para melhor, espero...) e nas próximas semanas poderei andar em formação por sítios tão distantes como Peniche, Braga, Portimão e até Vigo!

Também o concurso sobre identificação de músicas a partir de trechos da respectiva letra acabou! Vocês acertavam tudo, e eu começo a sentir que quem não percebe nada de música sou eu. De qualquer forma, todos os que acertaram, tentaram, ou leram apenas, estão, como calculam, convidados para as famosas tortas e moscatel de Azeitão - temos é que combinar bem a agenda, porque cheira-me que os próximos tempos vão ser frenéticos.

Entretanto, se sentirem a minha falta, aproveitem para fazer algo útil, como pensar numa prenda condigna para o meu aniversário (post: "Ó tempo, volta para trás...", mais abaixo), ou lembrarem-se de alguém - figura pública ou não - que merecesse ter um blog (post: "Pessoas que eu acho que deviam ter um blog:", logo acima daquele). Vou sentir a vossa falta - e vou certamente perder fregueses; que pena, logo agora que o sitemeter ia de vento em popa. Mais, c'est la vie!

Para se entreterem, deixo aqui a última música; vim a ouvir este CD hoje no regresso de Peniche:

I'm a student of just one master
I'm only afraid of one monster
I stand illuminated

All my visions crowd down to one bead of sweat
My whole life bears down on one hour
I stand illuminated


Não se vão todos embora, está bem?

2003/09/10

Difíceis, não é?

Aguentem-se lá com estas duas:

Be in my video,
Darling, every night
I will rent a cage for you
And mi-j-i-nits dressed in white
(teeny-little-tiny-little...)

Twirl around in a lap dissolve
Pretend to sing the words
I'll rent a gleaming limousine;
Release a flock of ber-herna-herna-herna
Herna-her-nerds

Wear a leather collar
And a dagger in your ear
I will make you smell the glove
And try to look sincere, then we'll

Dance the blues
Let's dance the blues
Let's dance the blues
Under the megawatt moonlight

Pretend to be chinese,
(one-hung-low)
I'll make you wear red shoes
There's a cheesy atom bomb explosion
All the big groups use

Atomic light will shine
Through an old venetian blind
Making patterns on your face,
Then it cuts to outer space

With its billions & billions &
Billions & billions and

Be in my video
Darling, every night
Everyone in cable-land
Will say you're 'outa-site'

You can show your legs
While you're getting in the car, then
I will look repulsive
While i mangle my guitar

Reen-toon-teen-toon-teen-toon
Tee-nu-nee-nu-nee,
Moo-ahhhh

Reen-toon-teen-toon-teen-toon
Tee-nu-nee-nu-nee,
Moo-ahhhh

Reen-toon-teen-toon-teen-toon
Tee-nu-nee-nu-nee,
Moo-ahhhh

Tee-nu-nee----moo-ahhhh
Tee-nu-nee----moo-wah-wah-wah-ooo


Esta era fácil, não era? Então, aqui vai a piéce de resistance:

Walk on by
Walk on through
So sad to beseige your love so head on
Stay this time
Stay tonight in a lie
I'm only asking but I...
I think you know
Come on take me away
Come on take me away
Come on take me home
Home again

And if the mountain should crumble
Or disappear into the sea
Not a tear, no not I

Stay in this time
Stay tonight in...
Ever after, this love in time
And if you save your love
Save it all

Don't push me too far
Don't push me too far
Tonight
Tonight
Tonight...

Esta vem mesmo a calhar:

De que música é este bocadinho de canção, cujo título - mas só o título - se pode aplicar ao dia que eu tive hoje, pelo menos até agora?

Just a perfect day
problems all left alone
Weekenders on our own
it's such fun

Just a perfect day
you made me forget myself
I thought I was
someone else, someone good

Oh, it's such a perfect day
I'm glad I spent it with you
Oh, such a perfect day
You just keep me hanging on
You just keep me hanging on

2003/09/09

Futuristas e Neo-românticos

Não andei com cortes de cabelo "abichanados" - como diria um famoso bloguista - mas também tive a minha fase de fascínio pelos futuristas, confesso. Achava extremamente arrojados todos aqueles adereços, o ar andrógino e o menear sincopado. E gostava das músicas, claro. Vejam lá se se lembram destas duas:

Don't say a word, I know what you're thinking
It's plain to see
I see my opportunities shrinking
In front of me
I know you've made up your mind
But don't say
Although I'm guilty of no crime
It's the same

Guilty, guilty you've found me guilty...


e:

Don't you ever, don't you ever
Stop being dandy, showing me you're handsome
Don't you ever, don't you ever
Stop being dandy, showing me you're handsome

Prince Charming
Prince Charming
Ridicule is nothing to be scared of
Don't you ever, don't you ever
Stop being dandy, showing me you're handsome

Jornal do Incrível

Numa voltinha rápida pela blogosfera, dou com uma mensagem acabadinha de pôr no blog da Charlotte: "liguem depressa para a SIC-notícias!"

Na minha surpresa, pensei que tivesse havido algum golpe de Estado, ou pior; ainda me lembro do dia em que Salazar caíu da cadeira - o que me chateou não ter havido desenhos animados à hora de almoço!

Afinal, estava um tipo esquisitíssimo a falar, um tal de "não-sei-quê" Castelo Branco, a dizer qualquer coisa como: "detesto conduzir (nas férias); deviam fazer umas 'pensõezitas' ao pé dos hotéis para podemos trazer os nossos motoristas!"

A mensagem já lá não está; o humanóide também não. Deve ter sido um sonho...

Pessoas que eu acho que deviam ter um blog:

Pelas melhores razões:

- João Bénard da Costa;
- António Lobo Xavier;
- Miguel Sousa Tavares;
- Daniel Sampaio;
- Sophia de Mello Breyner;
- António Lobo Antunes;
- José Megre;
- Anabela Mota Ribeiro;

Por - como é que hei-de dizer? - outras razões (mas estes com comentários obrigatórios):

- Eduardo Prado Coelho
- Paula Bobone;
- Herman José;
- Margarida Rebelo Pinto;
- Francisco Louçã;
- Amilcar Theias;
- Teresa Guilherme;
- Alberto João Jardim;
- Mário Soares (ou João Soares, me da igual!);

E entre os amigos e relativos:

- Lu;
- Nuno Rodrigues da Silva;
- António Chumbinho;
- Marisa Pinto;
- João Titta Maurício;
- Rita Saldanha;
- Ana Sofia Fonseca;
- João Viegas;
- Paulo Homem;
- Renato Rodrigues;
- José Eduardo Oliveira;
- Mabe Mira;
- Ana Carla Nazaré;

Era para colocar aqui ainda mais uma rubrica, a dos blogs que nem deviam existir, como este, mas não me apetece "comprar" guerras.

Nota: Este post não vai estar nunca encerrado; em qualquer altura poderei fazer updates do mesmo. Para tal, peço também a contribuição dos meus leitores, com sugestões sérias - ou não!

Ó tempo, volta para trás...

Falta pouco mais de um mês para a minha vida mudar; não será uma mudança muito grande em termos práticos, mas para mim - que tenho andado a desenvolver a minha costela negativista - terá reflexos imprevisíveis em termos psicológicos. Eu explico: dia 23 de Outubro, entrarei nos "entas". Ora, dando de barato que não chegarei aos cem, posso dizer que vou entrar na última fase da minha vida, certo?

Nem quero pensar nisso. Entretanto, para a minha legião de fans, deixo aqui uma breve lista com sugestões de presentes que seriam muito apreciados pela gerência. Atenção à especificidade dos artigos - não aceito coisas parecidas (isto é mesmo rabugice dos quarenta, não é?).

1 - Um Porsche 911T ("T" de Targa), versão entre 1971 e 1973, restaurado, e de preferência no laranja original da marca; igual ao do Ric Hochet, alguém se lembra? Em alternativa, também posso aceitar um Morgan, desde que seja em british green.

2 - Uma casa na zona de São Pedro de Moel; não é preciso que seja muito grande, desde que seja perto do mar. E pode ser por mobilar.

3 - Um patrocínio para disputar a edição do próximo ano do Troféu Datsun 1200, organizado por José Megre y sus muchachos. Será um valor à roda dos 20.000€, mas dedutível no IRC por um valor superior (sem "manigâncias"). E olhem que este é um bom investimento: ainda há cinco anos, fui Campeão Nacional de Clássicos (tinha que ser) na minha classe - e não, não era o único!

Deixo-vos já estas sugestões porque sei que precisam de algum tempo para tratar das coisa; mas se tiverem outras opiniões, não se coíbam de as apresentar; estudo tudo (olha, uma cacofonia)!

Entretanto, estou algo desiludido por não terem identificado ainda a música abaixo, de que eu tanto gosto. Vou-vos dar uma ajuda; aqui vai um excerto de outra canção lindíssima do mesmo álbum:

Pretty women out walking with gorillas down my street
From my window I'm staring while my coffee grows cold
Look over there! (Where?)
There's a lady that I used to know
She's married now, or engaged, or something, so I am told

Is she really going out with him?
Is she really gonna take him home tonight?
Is she really going out with him?
'Cause if my eyes don't deceive me,
There's something going wrong around here

Serviço público

Como disse há uns posts atrás, não fumo, exceptuando umas míseras cigarrilhas açorianas ocasionais (uma caixa de 10 dá-me para mais de um mês!), quando conduzo, e sempre sozinho. Isso dá-me o afastamento e a isenção necessários para comentar a notícia que está neste momento a ser alvo de debate na TSF, no "Fórum", sobre a intenção da Comunidade Europeia, de colocar imagens de choque nos maços de tabaco.

Em boa verdade vos digo que não acredito que haja uma simples alma que vá deixar de fumar por o maço de cigarros ostentar uma imagem de uma garganta cancerosa, ou de um pulmão reduzido a cinzas; o que vai acontecer é que aqueles fumadores compulsivos e mal educados, que não conseguem deixar de fumar, mesmo quando partilham um espaço restrito com outras pessoas - fumadoras ou não - vão continuar a fazê-lo, com uma agravante: como seres pouco sensíveis que são, não os incomodarão por aí além as ditas "imagens de choque" dos maços, até pela imunidade que progressivamente adquirirão. Quem se sentirá incomodado serei eu, e outros como eu, que passarão o almoço a olhar para as tétricas fotos de um maço que alguém fará questão de colocar em cima da mesa, junto às chaves do carro e aos dois telemóveis.

Para os fumadores mais sensíveis, que terão pudor de andar com um portfolio de cirurgia oncológica às costas, sugiro uma medida simples e cool: adquiram uma cigarreira bonita e, assim que comprarem um novo maço, procedam ao transbordo de todos os cigarros. De seguida, desfaçam-se rapidamente do maço obsceno - de preferência num contentor apropriado.

Eu, pela minha parte, já decidi: se a medida em questão for extensiva também às bonitas caixas de cigarrilhas, resgatarei uma linda cigarreira de prata que foi oferecida ao meu avô (que não fumava!) pelos seus colegas de emprego, uma semana depois de eu nascer, e que a minha avó me ofereceu na véspera do meu casamento. Era o "Something old" do poema (para quem não sabe, nos casamentos os protagonistas deverão usar: Something old/ something new/ something borrowed/ and something blue).

Não precisam de agradecer este conselho; basta não fumarem em espaços fechados que partilhem comigo ou com os meus.

Mais uma música

Só uma, mas uma especial; faz parte de um primeiro álbum, que deve ter quase 25 anos, e que eu dancei nas famosas garage parties dos anos setenta e oitenta (eu era muito tímido, e para dançar, já tinha tomado umas misturas explosivas, que nem vos vou contar...). Comprei o álbum na altura, e ainda o tenho aqui, apesar de ter andado por tudo quanto era festa, sempre a "rasgar". Gosto tanto da música, e sei-a de cor de tal maneira, que não resisto a transcrevê-la toda:

Come on you people get your dancing shoes on
Reds and yellow and pinks and blues on
Too late, too late
To stay home and sit around

Purple leopard skin and see-through plastic
Whatever you want, but just make it drastic
Too late, too late, to stay home and sit around

What you wanna bet
We ain't started yet
Baby stick around
Baby stick around

Pushin' and shovin' and sweat wet leather
Up and down we go chained together
Too late, too late
To stay home and sit around

Somebody tellin' me the latest scandals
Somebody steppin' on my plastic sandals
Too late, too late
To stay home and sit around

What you wanna bet
We ain't started yet
Baby stick around
Baby stick around

Too late, too late
To stay home and sit around

What you wanna bet
We ain't started yet
Baby stick around
Baby stick around


Quem estiver, como eu, à beira dos quarenta, e conseguir ouvir isto sem sentir nostalgia, está morto!

É por isto que eu às vezes penso em "fechar a loja"!

Anda um tipo a pensar que até dá "uns toques" com a caneta, e depois, de repente, vê textos ao pé dos quais os seus parecem contas de merceeiro. Isto para dizer que dois dos melhores blogs da blogosfera foram hoje actualizados:

O "Umbigo" voltou aos seus melhores dias (para provável satisfação de Ana Sá Lopes), e colocou hoje no seu blog uma rábula deliciosa aos textos de Daniel Sampaio; mesmo um admirador confesso - como eu sou - dos escritos de D.S., não poderia resistir a sorrir ao ler aquilo. Sorrir? Que digo eu? Rir, rir a bandeiras desfraldadas!

Quanto ao outro, é um caso mais complicado. Há um tipo, que eu já mencionei aqui várias vezes, que tem o dom de escrever textos lindos, com a facilidade com que eu bebo um copo de água. Tem um blog, chamado "Encalhado", e desconheço o seu nome (o que não é importante). Ora, acontece que eu publiquei, aqui há dias, um post neste pasquim a dar conta da beleza da coisa, e a aconselhar os meus leitores a fazerem-lhe uma visita; mas este meu amigo, que é um caso evidente de falta de noção do seu valor, resolveu escrever um post no seu blog a agradecer-me a consideração de o ter mencionado, e a retribuir-me - imaginem - o elogio!

Caro amigo: agradeço-lhe muito o agradecimento (que redundante...), mas parece-me que não deveria ocupar espaço do seu blog com tais coisas. Todo o espaço é pouco para publicar as suas maravilhosas histórias (sempre embirrei um bocadinho com o "estórias", que me parece um brasileirismo...). Se muita gente que anda por aí, a vender milhões de livros em Portugal, a escrever em revistas, e até a dar aulas de escrita criativa, se muita dessa gente, dizia, tivesse metade do seu talento, então estaríamos muito melhor servidos!

E fico sinceramente zangado se perder uma linha que seja a agradecer-me. Não se agradecem os actos de justiça!

2003/09/08

O questionário do "Avatares de um Desejo"

Sob o título "Manual do Blogger/Blogador", publicou o Bruno Sena Martins, há já uns dias, um post em que nos dava algumas indicações sobre comportamentos politicamente correctos na blogosfera. Na altura dei respostas mentais ao supra citado questionário, e conclui desde logo que não tenho os mínimos - nem de perto nem de longe!

No entanto, como o B.S.M. está agora a fazer o levantamento dos "colegas" que responderam ao post, aqui deixo a minha modesta contribuição para um estudo estatístico da blogosfera:

1 - Ler a coluna de opinião do público e do Dn
R - Leio diariamente o "Público", incluindo a maior parte das colunas de opinião; a propósito, as ladainhas de EPC são "artigo de opinião"?
2 - Usar o google com perícia para se armar nas discussões em curso
R - Uso, mas sem perícia nenhuma; e quando chego às discussões, elas já acabaram!
3 - Conhecer a biografia de pelo menos um destes famosos: JPP, FJV, PM
R - Conheço mais ou menos a do PM, desde a fase do MRPP, até ser cherne. Serve?
4 - Utilizar o Pedro Rolo Duarte como o anto-cristo local
R - Coitado; o gajo nem tem muita piada, mas já lhe basta ter a Amélia sempre à perna!
5 - Ter um clube de afeição para poder postar às segundas-feiras (Conselho pessoal:o porto permite saír sempre por cima)
R - Simpatizo com o Vitória de Setúbal, mas não sei o nome de um único jogador. E, além disso, ninguém discute os seus jogos à Segunda (excepto os velhotes do Bairro dos Pescadores, mas esses não têm blog).
6 - Ter um poema de reserva para citar quando o site-meter der mostras de fragilidade
R - Sim, arranja-se qualquer coisa; pode ser W.H. Auden?
7 - Tratar por "tu" a vida e obra de Tolstoi
R - De quem?
8 - Fingir ardor nas discussões mesmo que o tema seja indiferente
R - Eu gostava era de saber fingir que não estou empolgado!
9 - Saber onde é que o Iraque fica no mapa
R - Essa é fácil; fica ali, na direcção da Itália, um bocadinho mais para lá (tem que se virar à direita).
10 - Falar d@s respectiv@s apenas quando já se tem uma reputação consolidada ou mais de 30 anos
R - A minha reputação não deverá ser das melhores, mas já tenho mais de trinta anos.
11 - Fazer periodicamente a ode de um cineasta de que ninguém ouviu falar
R - Impossível. Aqui toda a gente conhece tudo: quem é que nunca ouviu falar de Jim Jarmusch?
12 - fazer alusão à fnac uma vez em cada 15 dias
R - Estou-me a atrasar, é verdade; custos de morar fora da cidade...
13 - tentar juntar copos e livros no mesmo post para dar prova de excentricidade
R - Tipo: "estava eu a beber o meu bagaço, e a ler o 'Sei lá'..."?
14 - dizer uma asneira de vez em quando (mostra inconformismo)
R - Porra, que esta merda deste questionário nunca mais acaba!
15 - Utilizar o dicionário online para apoiar a escrita
R - Dicionário online? Is there such a thing? E ninguém me dizia nada?
16 - Inventar mails recebidos para dar um ar de interactividade ao blogue
R - Também estou a falhar; só me escrevem (e não é invenção) os tipos todos do "Público" a darem-me "Your details", ou coisa do género.
17 - Dar algumas gralhas ara mostrar um certo negligé
R - Dar u qê?

Está bom assim? Tenho aproveitamento?

Pronto, está bem; não tenho mais nada para dizer!

Eu sei que vocês gostam disto; e eu também gosto. So, why not? Mais três:

És cruel
Meteste a tua filha num bordel
Enforcaste o caniche com cordel
És cruel

És tarado
Pintaste o sexo cor de rebuçado
No circo tu serias um achado
És tarado

És um porco imundo
Quando queres vais até ao fundo
Não sei onde vais parar


e:

In this world as we know it
Sorrows come and go
Now we see the satellite's gone up to the sky
But it's not as nice as looking in your eyes

Woh, take it for a little while
No, i could watch it on tv, yeah

Satellite of love, oh, satellite of love
Satellite of love, satellite of...


e também:

Looking like a born again
Living like a heretic
Listening to arthur lee records
Making all your friends feel so guilty
About their cynicism
And the rest of their generation
Not even the government are gonna stop you now
But are you ready to be heartbroken?
Are you ready to be heartbroken?

Não precisam de agradecer!

É uma vergonha: os deputados da Nação, nata da nossa inteligência, supra-sumo da cultura, e motivo de orgulho pátrio de todo e cada português, vêm-nos dizer que trabalham em "condições miseráveis"! Não se faz, realmente. Pela minha parte, pouco posso fazer para ajudar, mas desde já humildemente me ofereço para substituir um desses esforçados e sacrificados servidores do povo, se isso contribuir, de alguma forma, para o alívio do seu pesado fardo.

Aliás, dentro das minhas modestas possibilidades, gostaria de aproveitar para criar um movimento de solidariedade na blogosfera, com o seguinte lema: "um blogger por um deputado!" Os voluntários para substituição de deputados deverão contactar os Serviços da Assembleia da República, mencionando a iniciativa desinteressada deste blog - mas, antes de se decidirem, lembro-vos que é um trabalho (?) árduo, com apenas uma secretária (penso que estamos a falar de mobiliário...) para cada oito deputados, e miseravelmente pago.

Vá lá...

Eu sei que estão mortinhos por adivinhar mais canções; aqui vão duas preciosidades - tratem-nas bem:

There's always been Ethel:
Jacob, wake up! You've got to tidy your room now
And then Mister Lewis:
Isn't it time that he was out on his own?
Over the garden wall, two little lovebirds: cuckoo to you!
Keep them mowing blades sharp

I know what I like, and I like what I know;
getting better in your wardrobe, stepping one beyond your show.


e:

Hide in your shell 'cause the world is out to bleed you for a ride
What will you gain making your life a little longer?
Heaven or Hell, was the journey cold that gave your eyes of steel?
Shelter behind painting your mind and playing joker

Too frightening to listen to a stranger
Too beautiful to put your pride in danger
You're waiting for someone to understand you
But you've got demons in your closet
And you're screaming out to stop it
Saying life's begun to cheat you
Friends are out to beat you
Grab on to what you can scramble for


(o que eu adorava esta música; o vinyl até deve ter as espirais mais fundas no lugar dela...)

Descubra as diferenças:

Ferro Rodrigues, líder muito provavelmente transitório do PS, apelou, no seu comício de reentré, à unidade da esquerda para contrariar o que ele designou de "um governo de extrema-direita".

Ontem foi a reentré comunista (não renovadora), na Festa do Avante; nela, Carvalhas renovou o empenho comunista "no avanço de convergência de todas as forças de oposição ao Governo".

Na reentré socialista, Ferro Rodrigues preocupou-se em atacar furiosamente o ministro Paulo Portas, numa estratégia enviesada de duvidoso alcance.

Ontem, Paulo Portas, o 'moderno' Ministro da Defesa", foi o membro do Governo mais atacado no discurso do secretário-geral do PCP.

Os itálicos não são meus; tirei-os do "Público".

Aviso ao Senhor Louçã: não sei se já fizeram a vossa reentré, mas, se não a fizeram, não vale a pena - nós já sabemos o que vão dizer!

2003/09/07

Adeus Zambujeira, que eu vou partir!

Já há quase vinte anos que não escolho o Algarve para passar férias; tenho-vos falado já bastante da minha alergia a multidões e às coisas politicamente correctas, para ser necessário explicar esta opção. Como também penso que não será necessário explicar a opção tomada há cerca de quinze anos, de começar a passar as férias na Zambujeira do Mar - que, nessa altura, pouco mais era do que uma simpática aldeia de pescadores. Só que o resto da história é conhecida: veio o raio do festival, que faz tanta falta à terra como uma epidemia de peste, e a antiga mística perdeu-se - ter-se-á, eventualmente, ganho uma nova mística, de gosto discutível, e mais "plastificada" (precisamente o que me irrita no Algarve!), mas não me restam dúvidas sobre quem saíu a perder do "negócio": eu! No entanto, as alternativas eram relativamente poucas, pelo menos até hoje.

Já conhecia São Pedro de Moel (ou Muel?) há vários anos, por força dos vários ralis em que participei com base operacional na zona, mas raramente tinha ido lá passear com o espírito tão descansado como hoje. E o que vi fascinou-me; e, melhor ainda, fascinou também a Lu, já que as decisões cá em casa tomam-se por unanimidade, pelo menos até o Lourenço ter 14 anos, mais ou menos!

Não me preocupa falar aos leitores desta minha nova "descoberta", por duas razões: primeiro, não é de temer uma próxima invasão de leitores a São Pedro, dada a relativa pouca afluência deste blog (se sair alguma citação disto no DN, e o sitemeter "disparar", lá terei que voltar cá atrás para apagar este post), e segundo, porque eu não descobri coisa nenhuma. São Pedro de Moel já é por demais conhecido, mas as coisas que levam hordas para Vilamoura, são as mesmas que afastam essas carneiradas daquela terra: o tempo sempre fresco, a praia oceânica, com um azul maravilhoso, o sossego daquele pinhal, os quilómetros de pistas para ciclistas (eu ouvi esses risos...), o aspecto deliciosamente retro de toda a arquitectura, a (quase) ausência de discotecas e bares - tudo coisas que funcionam como mais-valias para este quase-quase quarentão (a propósito, já pensaram no que me vão dar nos anos? Falta pouco mais de um mês...).

Ou muito me engano ou, depois da promoção que lhe fiz hoje, as próximas férias vão ser passadas em São Pedro; a propósito, ninguém sabe de uma casinha para vender lá, boa (não precisa ser grande - qualquer T1 serve) e, principalmente, barata?

E agora, para não dizerem que me esqueci dos meus leitores melómanos, aqui vão mais três desafios, com sabor a nostalgia:

If man is five
Then the devil is six
Then god is seven
This monkey's gone to heaven


e:

Airport, you've got a smiling face
You took the one I love so far away
Fly her away, fly her away
Airport, you've got a smiling face
You took my lady to another place
Fly her away, fly her away


e, por fim:

And if the world does turn
And if London burns I'll be standing on the beach with my guitar
I wanna be in a band when I get to heaven
Anyone can play guitar
And they won't be anything anymore

Recomendado

Este novo blog parece-me muito bom; e, além de tudo o mais, tem a vantagem de, agora que eu ordenei os links alfabeticamente, impedir que o "Abrupto" seja sempre o primeiro. Um toque alternativo calha sempre bem!

Tabagismo

Não fumo, excepto uma ou outra cigarrilha ocasional, em viagens maiores, de uma caixa que anda sempre no carro. Mas não posso deixar de empatizar, até certo ponto, com os fumadores no que toca à medida agora tomada, referente às inscrições nos maços de tabaco. Já tinha visto uma fotografia num jornal, mas nem liguei, e até pensei que fosse montagem. No entanto, só quando um destes dias vi o maço de tabaco de um amigo em cima da mesa é que percebi a dimensão do ridículo; ninguém deixará de fumar - ainda não perceberam? - mesmo que todo o maço passe a ser preto, e a ter como única inscrição uma caveira e duas tíbias!

Já agora, também não percebo por aí além a preocupação dos fumadores, com algo que, objectivamente, não interfere com a saciedade dos seus vícios; seria bem pior se cada pessoa, ao puxar de um cigarro, tivesse que colocar antes umas placas, daquelas tipo homem-sandwich, com os dizeres: "Atenção! Aqui vai um parvalhão que pensa que é chaminé!" - ou então, dever-se-ia pôr antes nos maços: "Desculpem, mas sou um alarve, que não consegue estar uma hora num restaurante sem fumar a merda dum cigarro, mesmo vendo que está bastante gente a comer!"