2007/09/09

Fénix

A SIC Notícias não pára de me surpreender, normalmente pela positiva. É bem verdade que há ali coisas dispensáveis, como a polivalência e prosápia de Moita Flores no caso da criança inglesa desaparecida, por exemplo, se bem que as suas declarações pouco passem do óbvio - mesmo para leigos. Mais eficazes, para uma razoável percepção da evolução do caso, com objectividade, são as visões lúcidas de Barra da Costa na RTP.

Mas há muitas coisas mais que meritórias, a principal das quais, sem dúvida, o renascimento de Mário Crespo no grande jornalismo, depois da travessia do deserto que lhe foi imposta na RTP, e que quase o atirou para a prateleira de recordações, da qual pouco mais reteríamos do que o transatlântico "F...-se!" em directo, aqui há uns anos - de resto tema de uma oportuna e brilhante (como sempre) crónica de Miguel Esteves Cardoso. Isto, evidentemente, se não tivesse acontecido o seu resgate pela SIC, e que nos proporciona actualmente o melhor jornal televisivo - com a vantagem adicional de encostar às cordas muita "esperteza saloia" deste nosso rectângulo.

"Agarrem-me..."

Conhecem aqueles cartoons, maioritariamente da época de ouro da Warner, tipo Tex Avery e quejandos, que parecem ter uma personalidade muito calma e sisuda e depois, de repente, por um qualquer motivo estapafúrdio e pífio, se descontrolam subitamente, esbugalhando olhos, gritando, dando saltos descontrolados? Pois é o que Pacheco Pereira me lembra de cada vez que alguém murmura sequer os nomes de Paulo Portas ou Santana Lopes perto de si. É absolutamente desconcertante ver aquela figura de inteligência e capacidade de raciocínio enormes, qualidades de dimensão apenas comparável, de resto, à vaidade que o próprio tem nas mesmas, a debater com lucidez e conhecimento de causa impressionantes qualquer tema chamado à colação n'"A Quadratura do Círculo", e depois ler uma crónica como a sua na "Sábado" da semana passada, em que se consegue até adivinhar a espuma nos cantos da boca enquanto gasta cerca de meia crónica - que é de duas páginas - a criticar Portas pela (incorrecta, na sua opinião) utilização do YouTube na rentrée, ou pela não criação de um blog próprio, e não alimentado por zelosos assessores, como no caso de Luis Filipe Menezes - e aqui até concordo. Mas a paranóia da perseguição aqui reside no facto de Pacheco Pereira criticar o putativo blog que Paulo Portas podia ter, presumindo que, a existir, ele seria feito em moldes não capazes de cativar os habitués da net. Ou seja, não feliz por atacar de forma descontrolada e obsessiva Paulo Portas pelo que faz, agora resolve atacá-lo pelo que não faz mas podia fazer. Patético. Paulo Portas, presumo, agradece.