2003/07/26

John Schlesinger

Morreu ontem o realizador John Schlesinger, que dirigiu um dos filmes mais bonitos que já vi: "O cowboy da meia-noite".

Para além das extraordinárias interpretações de Jon Voight e Dustin Hoffman (acho que ainda houve para ali uns Óscares), recordo especialmente uma música que, por vezes, ainda me baila na cabeça. Não sei quem a cantava nem o seu nome, mas começava assim:

Everybody's talking at me
I don´t hear a word they're saying
Only the echoes of my mind


Alguém se lembra disto?

Casamentos

Hoje já encontrei, seguramente, mais de dez casamentos.

O que é que leva esta gente a achar que o melhor dia para um casamento é no pino do Verão, quando se destila de calor?

Top 3

Com a devida vénia, vôo rasante sobre alguns dos mais belos bytes de prosa recente da blogosfera:

1.º lugar:

Exm.ª Senhora Dona Dor
Largue-me.
Sem outro assunto de momento,
Papoila

por Ana Melo Baptista

2.º lugar:

Gostava que acreditasses. Gostava tanto QUE acreditasses. Só.
por Manuel Falcão

3.º lugar:

"Napoleão com as suas tropas
conquistou muitas nações
mas tu, com os teus olhos,
conquistas muitos corações"
(...)
Que saudades do platonismo!

por Luís Filipe Borges

Menção honrosa:

Sou um gajo discreto, que não faz alarde da sua vida sexual.
por anónimo

Preparem-se; em breve haverá mais.

2003/07/25

Catherine Millet

Esta senhora, que há algum tempo escreveu um livrinho de algibeira em que se entretinha a relatar as suas mais escabrosa proezas sexuais, deu uma entrevista à TSF que foi transmitida hoje.

Não li a totalidade do livro, confesso - melhor dizendo, só li um ou outro bocadinho avulso. Mas li o suficiente para ficar admirado quando a senhora disse, nessa entrevista, que nunca se sentiu muito fascinada com o sexo. Olha se se sentisse...

Publicidade da Optimus

Penso que as grande companhias de comunicação móvel do nosso país devem gastar fortunas obscenas em publicidade aos seus produtos. Mas, nessa disputa titânica, há uma que se destaca especialmente: as campanhas da Optimus são do mais paupérrimo e piroso que pode haver.

Desde spots redundantemente óbvios e cenas de humor mais que forçado, até plágios descarados, de tudo existe um pouco. Lembram-se dum anúncio da Optimus em que diversas personagens, sem falar, mostravam painéis em que estava escrito aquilo que lhes ia, supostamente, na mente? Pois bem, essa campanha foi descaradamente decalcada de uma campanha anterior de promoção do VW Golf IV, e esse plágio provavelmente só não teve mais consequências porque esses publicitários falhos de imaginação tiveram a sorte de essa campanha (a da VW) não ter sido exibida em Portugal (pelo menos que eu me lembre).

Mas é tudo mau nas campanhas da Optimus? Não, respondo eu; há alguém competente ali, um oásis num deserto de ideias. É o tipo que escolhe a música: antes era ao som dos excêntricos e fabulosos Mercury Rev que os figurantes ou o locutor debitavam banalidades. Agora, o som é o dos não menos brilhantes dinamarqueses Mew. Quais Dandy Wahrols, qual quê - música boa é nos anúncios da Optimus!

Destoa ouvir um som de qualidade num anúncio tão fraco, mas é bom de ouvir. Está bem, concedo que há o risco de banalizar músicas lindas, mas, afinal, é só um trechozinho. Temos o resto do CD todo, virgenzinho, não conspurcado, só para nosso deleite, não é?

Quando houver nova campanha da Optimus, vejam-na com ouvidos de ouvir; isto se o tipo que escolhe a música não tiver sido entretanto despedido, por não conseguir manter o nível geral da equipa!

Pesquisa #3

Entre as palavras chave usadas para vir cá parar, nos motores de busca, encontra-se agora no top - destronando o espectacular "labaredas escape" - a expressão de hoje: "como ajudar as birras de bebes dois anos".

Se cá voltar a pessoa que pesquisou, deixo-lhe uma dica - útil ou não, logo decidirá: o meu filho tem dois anos, e eu não sei!

Carros antigos

Reencontrei há dias o meu amigo Luís Paes do Amaral, recém regressado do Brasil onde esteve a viver, e fiquei a babar-me; então não é que ele comprou, para as suas "voltinhas", um impecável Mercedes cabriolet da década de setenta?

Tem tudo, o sacana do carro; para além de estar impecavelmente restaurado, é azul escuro e tem capota branca, e - piéce de resistance - matrícula italiana, de Roma, lugar para onde o Luís vai viver a seguir.

O que mais pode um homem pedir para ser feliz?

Blondie

Casei em Fevereiro de 1998. Uns familiares da minha mulher, imbuídos das melhores intenções, mas desconhecedores da minha patológica aversão a multidões, resolveram oferecer-nos passes permanentes para visitar a Expo 98. A minha mulher ainda lá foi ver aquilo algumas vezes. E eu bem que tentei; fui lá uma vez, com o melhor espírito zen que se pôde arranjar, mas foi um fracasso. A visão daquelas filas enormes e magotes de pessoas depressam começaram a provocar-me suores frios, e não descansei enquanto dali não zarpei. Nunca mais lá voltei durante a feira.

Aliás, minto; voltei algumas noites para ver alguns excelentes concertos na Praça Sony. Lembro-me, por exemplo, de ver excelentes performances dos Foo Fighters, com Dave Grohl, e de ter flutuado com as ambiências etéreas dos Smoke City.

Mas, durante a Expo, não foi nenhum desses o concerto que preferi ver; o melhor concerto foi o de uma banda inglesa, os Gene (não confundir com os "Gene loves Jezebel", esta mais Rock FM), apontados durante algum tempo pela imprensa britânica como a next big thing, mas agora caidos no esquecimento. E é uma pena, pois a sua sonoridade "à Smiths" era deliciosa. Continuo a ouvir os seu álbuns no carro (as viagens de carro servem-me para ordenar as ideias, mas lá voltaremos noutro post), e oiço, com especial ternura, uma cover de "I say a little pray for you", de Burt Bacharach. O meu "pezinho a puxar para o chinelo" a voltar sempre ao kitsch, que adoro sem complexos.

Infelizmente para os Gene - mas felizmente para mim! - o seu concerto na Expo não deve ter contado com uma assistência superior a cem pessoas, a maioria curiosos de passagem.

Voltei à Expo mais tarde, já depois da feira acabar, para ver Blondie; mais valia não ter ido! Teria sido preferível lembrar Debbie Harry como a bela mulher que aparecia a cantar "Heart of glass", e não como a decadente - ainda que esforçada - ruína que cantava "Maria" na Expo. Eu bem fujo do tempo, mas ele anda atrás de mim, a provar que não se esquece de ninguém (tenho mesmo que comprar o Swatch "Curta metragem").

Estava a brincar...

Pensavam mesmo que se viam livres de mim com essa facilidade? Em última instância, resta-me o exercício narcisístico de ler sozinho o que escrevo.

Poucos leitores, mas bons!

Assim vou à falência!

Praticamente todos os bloguistas dizem que não escrevem para comparar números de leitores, mas acho que todos mentem!

É verdade que, em primeira instância, esta actividade surge como forma de catarse de todas as questões - transcendentes ou mesquinhas - que se acotovelam dentro da nossa cabeça; mas não é menos verdade que, se não esperasse ter leitores, seria preferível escrever um diário secreto!

Mas cada vez vem menos gente aqui; nem e-mails me mandam! Não estou a agradar, é? Tenho falta de originalidade? Digam qualquer coisa. Onde é que andam os vinte e três leitores de segunda-feira? Sabem quantos leitores cá vieram hoje? Nove - foi o dia mais fraco desde que instalei o contador de visitas, sabiam?

Sei que estes números não são nada, por exemplo, quando comparados com os blogs de Pacheco Pereira, o desejo casar, ou mesmo o blog da minha amiga papoila, mas bolas - são os meus leitores, e não os queria perder.

Deixo-vos uma ameaça: se não tiver mais leitores rapidamente, ponho o lugar à disposição!

2003/07/24

Pesquisas #2

Continuando a tentar perceber o que leva uma pessoa, que até podia estar a fazer algo de realmente interessante, a visitar este blog, continuo hoje a analisar as palavras chave introduzidas pelos poucos leitores que cá vêm parar através dos motores de busca.

Entre outros, hoje detectei alguém que aqui veio parar ao fazer uma pesquisa no google com as palavras "anabela+mota+ribeiro+fumar". Excepção feita ao fumo, presumo que deve ser alguém de excelente gosto.

Mas, o que me deu mais gozo na análise dos resultados, foi ver que o meu blog surgia no segundo lugar entre os sete resultados encontrados, enquanto que o famosíssimo pipi tinha que se contentar com um humilhante quarto lugar.

Pierre de Coubertin não tinha razão: que se lixe a participação - eu quero é ganhar!

Rodrigo Leão com Lula Pena

Levantei-me hoje com este bocadinho de música:

Ay, abrazame esta noche
Aún que no tiengas ganas
Prefiero que me mientas

António Lobo Antunes

Aqui há algum tempo a minha amiga Patrícia enviou-me um mail com um poema que tinha achado muito bonito, e que, por isso, queria partilhar com os amigos. Era (é) um poema do nosso putativo Nobel António Lobo Antunes, e chama-se "Todos os homens são maricas quando estão com gripe".

Quando o li, não pude deixar de sorrir; isto porque, apesar de já não o ler ou ouvir há algum tempo, conheço-o de cor. Faz parte de um conjunto que L.A. escreveu propositadamente para musicar um álbum de Vitorino, com cerca de dez anos, chamado "Eu que me comovo por tudo e por nada". Escusado será dizer que esse CD já foi resgatado da estante, e voltou a ser powerplay no meu carro.

Como se sabe, L.A. não é profícuo a escrever poesia; lembro-me até de, na altura em que este álbum surgiu, ter lido que esta era a primeira vez que escrevia poesia, pelo menos para consumo externo.

E é uma pena que não escreva mais, pois "mete no chinelo" muito pseudo-poeta que por aí anda. Podia transcrever aqui o lindíssimo "Bolero do coronel sensível que fez amor em Monsanto", mas ficará para outra ocasião. Com a devida vénia, prefiro transcrever este:

Ana

O mar não é tão fundo que me tire a vida
Nem há tão larga rua que me leve a morte
Sabe-me a boca ao sal da despedida
Meu lenço de gaivota ao vento norte

Meus lábios de água, meu limão de amor
Meu corpo de pinhal à ventania
Meu cedro à lua, minha acácia em flor
Minha laranja a arder na noite fria

Swatch

Gosto dos relógios Swatch; não os colecciono, como a minha amiga Maria João, que já tem setenta e tal, mas gosto deles. São práticos, (relativamente) baratos, o que faz com que, se os perdermos ou se se avariarem, não tenhamos demasiada pena, e, principalmente, são divertidos.

Não sou uma fashion victim - longe disso! - mas apercebi-me recentemente de que foi lançado um modelo de homenagem ao realizador Manoel de Oliveira. Achei o modelo muito engraçado - mais engraçado do que o dedicado a Álvaro de Siza Vieira, desenhado pelo próprio. Este - o de M.O. - apresenta na pulseira uma série de fotogramas, ao que me parece de "Aniki Bóbó", porventura o seu mais movimentado filme. Não tive ainda tempo de ver o aparelhómetro de perto. Se não estou em erro, chama-se "Curta metragem".

Só tem um problema; inspirado, como é, em Manoel de Oliveira e na sua produção cinematográfica, deve demorar uma hora a contar o tempo de uma acção que dura cinco minutos. Mas isso nem sempre é uma desvantagem. Há situações que gostaríamos que se eternizassem - para essas alturas, nada melhor do que medir o tempo com um "Curta metragem".

Acho que vou comprar um Swatch desses - a menos que alguém se antecipe e mo ofereça!

2003/07/23

As paixões são assim...

...começam com grande chama, mas depressa estabilizam em velocidade de cruzeiro, isto quando não acabam violentamente.

Serve esta introdução para dizer que, depois de uma fase de grande produção "bloguística", começo a perder um pouco o ritmo; não se aflijam os admiradores, pois continuarei a vir aqui "postar" até que a mão me doa. Mas, realisticamente, assumo que, sozinho, não conseguirei manter muito tempo o ritmo de escrita que apresentei até aqui.

Hoje, por exemplo: vou daqui a pouco para Lisboa (já estou com pele de galinha, só de pensar no trânsito), volto pelo Barreiro, e à noite ainda tenho que me encontrar com uns amigos em Setúbal. O mais certo é nem sequer abrir o computador quando chegar a casa (provavelmente já nem vou ver o meu principezinho acordado...).

Agradeço a todos os que têm vindo aqui (I know who you are!) e prometo fazer os possíveis por manter o nível da coisa. Só vos peço que continuem a usar à vontade as caixas de diálogo e o e-mail - o vosso feed-back é-me essencial.

Obrigado a todos!

Pesquisas

São engraçadas as formas como alguns internautas vêm cá parar. Há dias andou aqui alguém que fez uma pesquisa combinada no Google, com as chaves "zambujeira+radar" - tudo bem até aqui. Mas hoje, surgiu cá alguém que introduziu como palavras chave para a sua pesquisa a improvável combinação "labaredas+escape"; desconfio de que terá ficado desiludido, mas nunca se sabe.

P.S.: Já passámos alegremente a barreira da centena; a próxima meta é o milhar, e depois um milhão, e depois...

Albert Cossery #2

Há dias referi Albert Cossery, escritor egípcio que vive desde 1945 num quarto de hotel em Paris, a propósito de outro assunto; agora, enquanto esperava que um blog abrisse, peguei num seu livro que estava aqui à mão e, na contracapa, li este precioso naco de prosa, alegadamente proferida numa entrevista concedida pela personagem:

"Não compreendo como podem as mulheres suportar os homens, o seu peso, a sua vulgaridade, quer eles sejam quadros, médicos ou outra coisa qualquer. As mulheres não têm nenhuma hipótese, ou melhor, têm uma sobre 10.000, 20.000 de encontrar algum homem interessante."

Confere, meninas?

2003/07/22

Realmente, não se faz!

Pedro Mexia chama-nos a atenção:

"Que tenha havido um golpe de estado em S. Tomé, acho grave. Mas que isso tenha estragado as férias a Bárbara Elias, acho gravíssimo."

Chama-se silly season, o post. Eu não diria melhor.

Morte

Há pouco surgiu a confirmação oficial de que dois dos filhos do ex-ditador Saddam Hussein, Udai e Qusai (acho que é assim que se escreve) foram mortos. Em vida ambos foram déspotas sanguinários, e era bem conhecido o rasto de morte e de terror que deixaram no Iraque. O próprio povo libertado fez questão de festejar exuberantemente a notícia das suas mortes, tão logo a soube.

Mas há algo aqui que não está bem; mesmo para um empedernido conservador e liberal, como eu me assumo, a morte surge sempre como um castigo excessivo. Ninguém, por mais barbáries que tenha cometido, merece morrer. Nem Bin Laden, nem Hussein, nem os algozes do III Reich, nem tampouco estes dois desgraçados.

A morte não está certa - todos o sabemos - e essa é a maior prova da superioridade da cultura ocidental sobre o islamismo!

Ao mesmo tempo, os terroristas da ETA (presume-se que tenham sido eles) voltaram a lançar o terror em Espanha, desta vez em zonas de veraneio (para quem gosta do género). Nenhuma causa, seja no País Basco ou na Tchetchenia, pode sobreviver e assumir-se como justa quando apela ao terrorismo e ao sacrifício de inocentes.

Não aceito a pena de morte mas, ao contrário da esquerda "moderna", advogo o regresso da prisão perpétua. Há que mostrar a esta gente que vivemos num mundo civilizado - ou não vivemos?

O tempo

Ainda estou no meu gabinete, mas não por muito mais tempo. Sairam há pouco daqui dois miúdos que cá estão a estagiar; são dois estudantes, de mais ou menos dezasseis anos, que vão cá estar um mês, ao abrigo de um protocolo de colaboração com a sua escola.

Mas não é que eles, quando se me dirigem, me chamam "senhor engenheiro"? Apetece-me dizer-lhes que não sou tão mais velho, que ainda ontem era como eles... Mas sei que é mentira!

Por onde é que o tempo passou, que eu não o vi passar?

Bébés

Não percebo como há gente que não tem paciência para bébés; ou melhor, percebo um pouco porque - mea culpa! - antes de ser pai, também eu era um pouco intolerante para bébés que choravam em restaurantes, ou que faziam birras enormes em locais públicos.

Não consigo explicar a quem não é pai, a alegria que é ter um filho; nem consigo dizer com que orgulho vê um pai todas as sucessivas manifestações de formação de carácter do seu rebento - o que não quer dizer que aceite pacificamente todas as asneiras do bébé.

Aqui há uns tempos, o colunista João Pereira Coutinho escrevia numa revista que "não percebe que interesse podem ter os bébés, (porque...) não é possível manter uma conversa inteligente com eles" (cito de memória).

Talvez seja improvável que J.P.C. leia isto mas, a ele e a todos os que perfilharem das suas ideias, só tenho uma coisa a dizer: aprendi que é possível termos uma conversa inteligente com um bébé; basta esforçarmo-nos por sermos tão inteligentes quanto ele!

2003/07/21

Só...

"Poder saber pensar! Poder saber sentir!"
Bernardo Soares, in "Livro do Desassossego"

Leitor n.º 100

Pois é; aproximamo-nos a passos largos da centena de leitores. Quem diria que, em quatro dias (desde que instalei o contador), teríamos já 74 visitas? Por este andar, vamos chegar à centena antes de passar uma semana. Vocês são uns leitores fantásticos!

Tenho que pensar num prémio para a centésima pessoa a entrar. Para me ajudar, caro leitor, quando entrar, verifique lá em baixo, no contador de visitas, qual o número que lhe foi atribuido. Se for o cem, diga qualquer coisa - se não for, diga na mesma!

E-mail

Em "Thinks", excelente romance de David Lodge, traduzido em Português como "Pensamentos Secretos" (isso, e uma capa muito "Margarida Rebelo Pinto style"...), a certa altura um do narradores - um tipo chamado Messenger - pergunta à outra narradora - ops, sou péssimo para fixar nomes - com que frequência abre a sua caixa de correio electrónico. Ela, neófita nessas andanças, diz-lhe que o faz de dois em dois dias, ao que ele se ri e lhe diz que, onde trabalha, toda a gente o faz de vinte em vinte minutos.

Lembrei-me disso ao constatar que, a partir das onze, começo a abrir com uma frequência anormal a caixa de correio; e o pior é que fico genuinamente contente com qualquer forward sem importância que me enviem, ainda que prefira, obviamente, uma mensagem personalizada.

Será isto grave? Terá cura?

Outra canção:

Deitei-me ontem a pensar numa canção, e acordei hoje a pensar noutra; ando muito melómano.

Dantes, ouvia-se muito uma canção dos Boomtown Rats, chamada "I don´t like Mondays". Não era uma canção muito gira (excepto se ouvida no Seagull, de preferência depois das 4 da manhã), mas tinha uma mensagem empática...

2003/07/20

Canção para dormir:

"Tom the model", de Beth Gibbons & Rustin Man.

How can I forget
Your tender smile
Moments
That I have shared
with you


(Desculpem, mas não me lembro de mais; o CD está lá em baixo, no carro)

Albert Cossery

Na sua coluna semanal d'"o Independente", "Vida de cão", João Pereira Coutinho (ex-autor da defunta coluna infame e, proximamente, de novo blog), diz-nos que passa diariamente dezoito horas - dezoito! - na cama.

Ao contrário de J.P.N., do Complot, não invejo a criatura. Mas lembrei-me imediatamente de Albert Cossery, escritor egípcio radicado em França, inveterado adepto do descanso, que só escreve um livro de cinco em cinco anos - livros geniais, contudo, temos que admitir!

E, nos seus livros, faz também o elogio da preguiça; se não acreditam, leiam "Mandriões no Vale Fértil". Doentiamente fascinante!

Correcção:

É sempre bom consultarmos outros blogs, mais que não seja, porque podemos corrigir-nos a nós próprios - alguns bloguistas não acham que os seus textos devam, ou possam ser corrigidos, mas isso levar-nos-ia a uma discussão maior, sobre o tamanho do ego e da humildade.

Se bem se lembram os meus leitores, há dias disse-vos que, infelizmente, João Bénard da Costa não havia escrito a sua habitual crónica de sexta feira no "Público". Na altura, ressalvei que esta informação se baseava na consulta da versão online do supra citado diário, pois não havia adquirido a versão impressa. Pensava eu, na minha ingenuidade, que não havia "lápis azul" na transposição do real para o virtual naquela casa!

Puro engano; o blog Campo de afectos, felizmente também atento a estas coisas, informa-nos de que saiu, realmente, mais uma excelente (não li, mas só pode ser excelente) crónica de João Bénard da Costa na versão em papel, desta vez sobre o póstumo "Vai e vem", de João César Monteiro; só que, por critérios editoriais - ou outros, menos óbvios - essa crónica não conheceu o direito a "viajar" para o espaço virtual.

E assim se começa a desmoronar a confiança de anos num jornal...

Lindo

O que é que querem? Gosto destes textos, em que se expõe a alma; quase que me vem uma lágrima ao olho.

Como, por exemplo, este, que L.F. Borges escreveu esta madrugada no celebérrimo desejocasar, sobre o seu putativo casamento.

Fazem falta mais textos assim, límpidos e bonitos, entre os milhares de mensagens crípticas, private jokes, e massagens ao ego que circulam nos blogs.

Bem haja!

Mais um Domingo de sol!

Hordas de "portugas" a correr para as praias, restaurantes apinhados, calor, muito calor. E depois, há esta gente toda contente, a suar as estopinhas. Daqui a bocado estarão de regresso, "entupindo" alegremente as estradas e auto-estradas. E são três meses, pelo menos, deste inferno...

Porque é que não nasci na Irlanda?

Algum dia tinha que ser!

Nas minhas deambulações pela blogosfera, encontro muita coisa; por exemplo, ainda agora, encontrei um blog de uma senhora papoila, que se diz muito indignada com a situação de excepção de que gozam os habitantes de Barrancos, isto no que toca à autorização para matar o touro na arena.

Eu também acho que está mal; essa autorização devia abranger, obviamente, todo o país - a hipocrisia tem limites, irra!

Toda a gente sabe que o touro, nas corridas portuguesas, é abatido à posteriori, já em situação bastante debilitada e, na maioria dos casos, com febres e outros sintomas de grande sofrimento. Mas, para os intolerantes que não apreciam a festa brava, parece que "longe da vista, longe do coração"!

A solução para estas almas, que - ordinariamente - se entretêm a epitetar outros cidadãos, só porque não partilham dos mesmos gostos, de "aburguesados", "marialvas" ou "novos ricos" (cito de cor), a solução, dizia, parece-me óbvia: se não gostam, não vão!

Aproveitem o tempo a comer os vossos franguinhos assados, abatidos com duas semanas de vida, ou uma bela sapateira cozida viva, e afastem-se prudentemente de matadouros e afins, porque - e desculpem-me outro aforismo (ou o mesmo de cima, mas por outras palavras) - "o que os olhos não vêem, o coração não sente"!

Eu, e outros como eu, continuaremos a atravessar a fronteira muitas vezes, para arcarmos sozinhos com a culpa e o remorso de ver morrer na arena animais com 4 ou 5 anos de vida em liberdade.

Não queria ter falado já sobre as touradas, mas irritou-me esta forma maniqueísta de colocar as coisas.

DN

Só tenho pena de não me conseguir habituar a ler o "Diário de Notícias", ao Sábado, por perder uma coisa: as entrevistas de Anabela Mota Ribeiro!