Alguns de vós saberão que já desde o ano passado resido mais perto de Lisboa, mais concretamente em Carnaxide, no concelho de Oeiras. A minha capacidade de adaptação a novas situações não me tem deixado mal ao longo da vida, e por isso nunca me coloquei objectivamente a questão sobre se preferia esta nova morada ou a anterior, em Vila Nogueira de Azeitão - nunca me tinha passado pela cabeça, pronto. Mas este fim de semana o meu amigo Paulo colocou-me directamente a questão, em conversa casual e descontraída, e fez-me pensar.
É verdade que quem mora perto da cidade tem uma quantidade de infraestruturas disponíveis que não podem ombrear com as de uma aldeia que ainda mantém algumas características de rusticidade: aqui, à distância de alguns passos, existem famácias, táxis, bancos, supermercados, tabacarias, quiosques, e apenas falo de algumas coisas a que posso aceder sem sequer mexer no carro (aliás, a partir de certa hora é melhor nem pensar nisso, pois seguramente no regresso não terei lugar para o estacionar). Mas, em contrapartida, existe aqui uma impessoalidade a que um assumido rústico, como eu, talvez não se habitue facilmente. De acordo que os simpáticos empregados do café aqui de baixo, um dos principais e mais movimentados cá da terra, me cumprimentam com cordialidade quando lá passo a tomar o pequeno almoço - e que excelentes croissants eles lá têm. Mas em Azeitão tudo é diferente, mais lento, já com um cheirinho a Alentejo (que ainda não é, contrariamente ao que se pensa): não há lugar a que se vá em que não encontremos meia dúzia de pessoas conhecidas, com tudo o que isso tem de bom e de mau. E depois há o trânsito, mas disso falarei noutra altura.
Mas, balanço feito, e voltando sempre que posso a Azeitão, não me estou a dar nada mal com esta nova experiência - até porque não falei dos motivos por que aqui estou, e esses fazem toda a diferença. Afinal, acho que me vou habituar a isto.
2007/03/27
Os "engenheiros" deste Governo
Se eu fosse engenheiro civil, se além diso defendesse a aberrante localização do novo aeroporto de Lisboa na Ota, se tivesse sido convidado para defender esta posição no programa "Prós e Contras" da RTP1, ontem, e se tivesse um pingo, pelo menos, de ética profissional não me parece que tivesse muitas soluções a não ser declinar a proposta. É que tornou-se absolutamente confrangedor ver profissionais, alguns deles certamente com grande capacidade e conhecimentos técnicos, a "embatucarem" na defesa do indefensável, sem quaisquer dados de engenharia a sustentarem as suas teses - e com os poucos arremedos de números a serem de imediato arrasados, para mais com o ridículo acrescido de os estarem a tentar justificar perante uma plateia de colegas, assim um pouco como se um médico quisesse justificar, num congresso ou simpósio, a eficácia da Aspirina contra o cancro da pele. E, por fim, foi triste ver estes profissionais a enveredarem envergonhados, mas na flagrante ausência de algo mais para dizer, pela argumentação política, mostrando inequivocamente os seus interesses em algo que só politicamente poderia ter alguma justificação.
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