2009/01/24

Sinais de desespero socialista ou "Fuga, Parte II"

1. Sócrates, ao ser confrontado com os óbvios indícios de irregularidades no caso Freeport, que agora voltam à baila, achou que o mais importante a destacar era o facto de o aparecimento de novos dados suceder normalmente em anos eleitorais. Das duas uma: ou acha que a sua oposição manipula o Ministério Público, ou acha que este é oposição ao PS. Uma e outra a raiar a paranóia, diga-se de passagem.

2. Ontem foi novamente votado na Assembleia da República um projecto de Decreto-Lei apresentado pelo CDS visando a suspensão do actual sistema de avaliação de professores, e a sua substituição por um modelo mais justo. O PS, que quando todos olham para a lua prefere olhar para o dedo que aponta, achou que a congregação de esforços de toda a oposição, e até de alguns deputados seus, em defesa desta proposta, constituia uma estranha aliança contra o governo. Ou seja, pouco lhes importou o conteúdo da coisa, mas sim a forma. Como se fosse verosímil esperar que o BE ou o PCP votassem ao lado do CDS apenas para fazer o jeito a este último, mesmo que não acreditassem ou concordassem com a matéria da votação.

O último de que nos lembramos assim, começou por ver fantasmas - que por acaso até lhe dava jeito ver - e acabou por se "refugiar" na ONU.

Lugares #25


Oeiras, hoje por volta das 15 horas.

2009/01/21

Crise de imaginação

A Standard & Poor's é, provavelmente, a mais importante empresa de rating a nível mundial, o que, contudo, não é suficente para a transformar necessariamente numa instituição fiável, como infelizmente os seus graves falhanços têm vindo a demonstrar pelo mundo fora. Não obstante, é a agência que temos, e é a que avalia a performance das diversas economias espalhadas pelo globo.

Foi essa mesma Standard & Poor's que decidiu hoje aumentar o nível de risco Português de AA- para A+, concedendo mais uma machadada à nossa imagem internacional. Na prática isto significa que, da próxima vez que Sócrates e a sua comitiva forem tentar angariar um empréstimozito lá fora, no intervalo dos mediáticos joggings e das calinadas de "Piño & Lino", o seu interlocutor consultará a avaliação de risco disponível, e far-lhe-á a cara do tipo do banco quando lá vamos pedir mais um empréstimo para um aspirador especial de corrida, e o monitor mostra que ainda lá se encontram por pagar as prestações da viagem ao Brasil, do plasma que ocupa uma parede da sala ou do leasing do BMW.

Interessante, no entanto, é ouvir a naturalidade com que o Governo, pela boca de Teixeira dos Santos, explica tudo com esta crise de tão largas costas. Só falta explicar por que razão, se é de uma crise internacional que se trata, apenas Portugal e mais dois países foram penalizados, e apenas um país europeu, a Grécia, apresenta um rating inferior ao nosso. A crise, pelos vistos, não é para todos.

Lugares #24


Fátima, hoje ao fim do dia.

Donde saíu este cromo?

José Saramago, um dos espanhóis que melhor domina a língua portuguesa, manifestou, no seu blog, perplexidade por Obama ser "uma pessoa (é um homem, podia ser uma mulher) que levanta a voz para falar de valores, de responsabilidade pessoal e colectiva, de respeito pelo trabalho, também pela memória daqueles que nos antecederam na vida". A minha perplexidade é outra mas decorre dessa: mas qual será o político, seja de que quadrante for, que não invoca estes valores ao falar em público? Onde é que está a novidade? Até Hitler deve ter defendido a memória dos seus antecessores.

Até quando vai durar a adoração? Pouco faltará para vermos debates empolgados sobre o que Obama jantou, a marca de pasta de dentes que usa ou, ainda mais transcendente, o número que calça - e tudo isso passarão a ser novas referências mundiais, provindas que são do messias.

2009/01/20

Histeria


A crer na enjoativa irracionalidade que contagiou meio mundo relativamente à eleição de Obama, espero bem que amanhã, quando me levantar, já tenha acabado a fome em África, que o messias já tenha deixado cair a dívida, que alguém já tenha tapado o buraco da camada de ozono, e que os soldados americanos no Afeganistão e Iraque já tenham sido chamados de volta. En passant, não me admirarei também se a América, com o seu potencial bélico, expulsar amanhã os israelitas do seu país, que os palestinianos há tanto cobiçam - tanto que não hesitam em matar os seus filhos! - de forma a que estes pacíficos e razoáveis palestinianos, vítimas de uma perseguição injusta que apenas o HAMAS combate, possam finalmente viver em paz, sem ouvir a palavra "judeu".

O estado de demência que assola metade da população mundial lembra-me aqueles transes colectivos das plateias frente a um "pastor" brasileiro, que lhes vai curar todas as maleitas - mas para pior.

Como ouvi hoje, não deixa de ser curioso notar que esta esquerda sem rumo nem coerência que por aqui passeia o seu folclore, sempre condenou a influência dos Estados Unidos nos restantes países mundiais, mas agora, babados que estão com a chegada do seu salvador, já acham que ele traz no saco de golf as soluções para todo o mundo.

Lavem a cara, vejam-se ao espelho, ganhem juízo!

João Aguardela: 1969-2009


Obrigado, João, por me teres ajudado a amadurecer.