2007/03/21

Talvez durem mais um ano...

Há uns anos, fui dos primeiros a reconhecer-lhes o talento, ainda eles andavam por aqui, na blogosfera. Agora parece-me que o fedor se deve à putrefacção do bichano. O Gato Fedorento, como seria de esperar, rendeu-se ao mercado e adaptou-se a ele. A piada agora é formatada, repetitiva, quase revisteira em alguns casos. A subtileza perdeu-se para dar lugar ao riso fácil, ao trocadilho esperado, quase alarve, e os quatro jovens irreverentes que em tempos não muito distantes me fizeram rir às lágrimas, aburguesaram-se. Mudam-se os tempo, mudam-se os alvos...

Além disso, os rapazes têm ideias políticas, como é natural e desejável, especialmente numa época de tanto desinteresse social; discutível é, porém, o facto de não se coibirem de as misturar com o seu programa de entretenimento, numa promiscuidade aparentemente inocente, mas à qual subjaz uma perfeita consciência do seu efeito sobre o telespectador. Porque será que, do actual espectro político, apenas o Bloco de Esquerda é sistematicamente poupado às caricaturas da trupe? Só os ingénuos acreditam em acasos.

1 comentário:

Aldino Brito disse...

Caro bloggocêntrico:

Talvez me tenha explicado mal; nada tenho contra a parcialidade quando assumida, que não é bem o caso do "Gato", mas não vamos por aí. De facto, até aprecio bastante as produções artísticas, ditas tendenciosas, de alguns indivíduos de esquerda - assim de repente, lembro-me de Nanni Moretti (nestes dias tão falado) ou dos Manic Street Preachers. A diferença destes últimos em relação ao grupo de humoristas de que falo no post, é que aqueles angariam os próprios meios de divulgar as suas mensagens, enquanto que o "Gato" usa uma entidade estatal para passar a sua mensagem política. Talvez não me chocasse tanto se o fizessem numa televisão privada, mas também não acredito que tivessem tanta liberdade para o fazer nesse caso..

E não peça desculpa nunca por intervir neste espaço. Tenho todo o prazer em aceitar e ler comentários de todos os tipos, que aliás agradeço. Apesar da minha assumida militância, aqui reina esse tal "pluralismo democrático".